domingo, julho 18, 2010

Previsões económicas "à la carte"... - 4

As previsões "à la carte" revelam um "restaurante" à rasca...
Valem o que valem mas denunciam uma grande falta de rigor escondida atrás do "número exacto", ali certinho até às décimas de percentagem.
E mostram, também, o "ambiente" em que estamos a viver, as condições em que a luta se está a fazer e tem de continuar. Particularmente aquelas condições que se pretendem impor subjectivamente, através de campanhas de "informação".
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O "restaurante" está à rasca, desculpem o plebeísmo a este plebeu...
Das 32 comparações a partir das "previsões de verão" do Banco de Portugal, acabadinhas de ser públicas, com as previsões anteriores da mesma fonte e as mais recentes do governo (já nem falo das do PEC-1, de Março), apenas 3 coincidem como já sublinhei no "post" anterior, isto é, servem de confirmação, mas
  • 4 são substancialmente melhores;
  • 6 são melhores;
  • 7 são piores;
  • 12 são substancialmente piores,

Esta "classificação" resulta, evidentemente, de critério pessoal. Subjectivamente, avalio que a previsão do consumo privado, para 2010, de um crescimento de 1,3% vindo de 1,1% nas previsões da primavera, representa uma melhoria, e que, para 2011, uma diminuição de 0,9% (-0,9%!) corrigindo previsões de +0,3% nas previsões da primavera e de +0,5% nas previsões do governo (e +0,8% no PEC-1!) é piorar substancialmente.

Haverá quem assim não ache, pois considerará que o mal (ou um dos males) da economia portuguesa está no excesso de consumo privado, pelo que estas correcções nas previsões mostrariam que, neste aspecto, se vai no bom caminho, para o que muito contribuiria a sempre presença contenção salarial...

Que haja parte da população que, privadamente, consuma demais, estou inteiramente de acordo, mas que uma quebra de previsão de 0,8% de acréscimo do consumo privado médio dos portugueses em 2011 (PEC-1, em Março) para -0,9% (neste Julho) é, dados os actuais níveis de vida absolutos e relativos da população portuguesa, mais que substancialmente pior, é assustadoramente mau! Até porque esta quebra, a verificar-se, não será na parcela da população que, privada e egoisticamente, consome demais, mas na grande maioria da população que, privada e dificilmente, já (ou ainda) consome de menos.

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

É mesmo assustadoramente mau!!!!!
Quem foi que disse que a Estatística é mentirosa?

Um beijo.

samuel disse...

Para terem a noção do que dizes no fim do texto, teriam, entre muitas, muitas, muitas coisas que estão fora da sua compreensão, que fazer algumas compras no mini-mercado onde eu vejo as velhotas a fazer ginásticas diárias e e deixar tudo "no livro"... para entenderem o que significa realmente uma quebra do consumo privado.

Abraço.

Maria disse...

Entretanto a notícia de hoje é que 'em tempos de crise aumentou a venda de automóveis de luxo'.
Apetece-me dizer muitas asneiras......

Um beijo.