sábado, junho 28, 2008

Que nome chamar?

Que nome chamar a quem (ou ao que), no dia último da semana em que o sr. João Proença da UGT apôs a sua impressão digital no Código Laboral, e em que a CGTP e quem está com a classe - isto é, os operários e os outros trabalhadores - manifestam o seu repúdio por tal atentado, arranja iniciativas de diversão e aparentemente muito interessantes e muito progressistas?

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(desenho de Baláck)

Ao mando dos sinais, até a sombra vira à direita!

sexta-feira, junho 27, 2008

Eles andam por aí... à solta e bolsando

Tinha resolvido dar-me uma folga. Não ler o Expresso durante umas semanas "de nojo". Isto sobretudo por causa de uns senhores que por lá publicam as suas opiniões, sobretudo um Raposo que dá pelo nome de Henrique. É que este fulano terá atingido o "direito" (para ele, decerto, a honra...) de representar uma ninhada que pulula e uiva por essas e outras páginas. Fazem alarde de leituras actualizadíssimas, coisas que só eles terão lido - se publicadas foram... -, têm um originalíssimo senso de humor, amassado em sobranceria, distância (estão lá pelas olímpicas alturas), desprezo pelos pobres mortais, ódio ostensivo ao que caricaturam como sendo esquerda, máxime aos comunistas. Trabalhadores, povo, massas, manifestações? Escumalha, apitos e gaitinhas.
No entanto, apesar da resolução que tomara (por uns tempos porque há que não os perder de vista...), acabei por tropeçar no textozinho do tal sr. Henrique Raposo, por a ele me ter trazido a notícia da morte de Tchinguiz Aitmantov, que fui logo ler e de que deixo nota no som-da-tinta.blogspot. com.
E não fujo ao aviso: está ali um requintado fascista!

Materialismo Histórico - 8 (trabalho social)

Dividindo o e cooperando no trabalho(*).
Se cabe aos seres humanos o papel essencial na formação das forças produtivas, pois são eles que criam os meios de produção para prolongar o seu corpo, esse processo de criação e de evolução das forças produtivas não se faz isoladamente.
Não é um homem ou uma mulher, isolados, que o inicia e o continua, em qualquer momento histórico. O trabalho começa pela partilha de experiências, de conhecimentos adquiridos e, depois transmitidos. No espaço e no tempo. No processo de trabalho, essencial para o processo de produção, os seres humanos entram – naturalmente! – em comunicação uns com os outros. O trabalho tem uma natureza social, pelo que, sendo o trabalho social, a produção também é social, e cada vez mais! Porque combina trabalho social cristalizado, acumulado em milénios, com trabalho social vivo.
A ficção de Robinson Crusoé… é ficção literária. E mesmo assim, o “homem só” ficcionado por Daniel Defoe teria vivido 30 anos numa ilha deserta e nela construiu uma casa, trabalhou a terra, criou gado e fez artesanato mas utilizou, para isso, instrumentos de trabalho que encontrou no navio naufragado e dispôs de grãos e sementes, que já tinham sido trabalho de outros, além de ter conhecimentos (ou competências) que qualificavam a sua força de trabalho. Para não falar do seu relacionamento com a cabrinha e o papagaio e, evidentemente, de que o autor não foi capaz de prescindir de lhe arranjar um Sexta-feira que, tenham-se os preconceitos racistas (e outros...) que se tiverem, foi um companheiro com quem Robinson dividiu trabalho e com quem cooperou no aproveitamento dos recursos da natureza para satisfazer as suas (e as dele, Sexta-feira) necessidades.
Passando da ficção verosímil para o materialismo histórico, os seres humanos começaram a dividir o e a cooperar no trabalho entre si… e entre si começou, por ter sido a partir do que os distinguia naturalmente, biologicamente: o homem e a mulher.
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(*) – foto de Sebastião Salgado

quinta-feira, junho 26, 2008

Isto está mesmo mal parado...

Um recorte é da Rádio Renascença de há perto de um ano, o outro é desta semana e da RTP. Vejam só!
(e esta continua:)
O Banco de Portugal revela (…) que também o montante dos empréstimos concedidos pelas instituições financeiras a particulares voltou a bater o recorde fixando-se nos 130,833 mil milhões de euros. Este valor representa um acréscimo de 10,22% em relação a igual período do ano transacto.
Face ao mês anterior, o crédito malparado aumentou em 41 milhões de euros ou 1,65%. O total do crédito de cobrança duvidosa não chega a atingir os 2 por cento do valor total do crédito concedido, valor que é considerado pelas próprias instituições financeiras como confortável, apesar de constituir um aumento significativo (…). O peso do crédito de cobrança duvidosa no total passou dos 1,12% registados em Março para os 1,92%.
A crise económica e o aumento do preço dos bens essenciais são justificações possíveis para o crescimento do endividamento dos portugueses.
As famílias recorrem cada vez mais ao crédito, sendo que aumenta o número daquelas que não têm rendimentos suficientes para assumirem na íntegra as dívidas.
(Eduardo Caetano, RTP - 2008-06-24 15:40:33)

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Acrescente-se que o número de pedidos de ajuda de famílias, por esta situação, até Maio de 2008 já ultrapassou o de todo o ano de 2006! É tema a que se terá de voltar muitas vezes...

quarta-feira, junho 25, 2008

Não resisto...

... a transcrever este "post" do samuel-cantigueiro ...

"Governação de contrabando
Perante esta imagem pode-se perguntar "o que é que Vieira da Silva (Ministro do Trabalho, Solidariedade e tal...), o símbolo da UGT e João Proença o seu principal dirigente (?) fazem juntos?"
A resposta é: Tudo!
Isto a propósito da "notícia" de que o Governo recua no despedimento por inadequação à função, o que poderá abrir a porta ao SIM da UGT ao novo Código do Trabalho.
O meu lado "mal disposto" diz-me que isto é apenas mais uma encenação, perfeitamente cozinhada com a UGT, em que cinicamente se faz de conta que se cede num ponto "muito importante" para na realidade fazer passar tudo o que o patronato e o PS realmente pretendem.
O meu lado dado à galhofa diz-me que esta coisa do "despedimento por inadequação à função" deixou os membros do governo aterrorizados e a temer pelos empregos...
Na realidade, o que isto me lembra é o velho truque dos contrabandistas, que deixam apreender uma carripana conduzida por dois desgraçados quaisquer, com quatro ou cinco artigos, para deixar brilhar os guardas, incluindo aqueles com quem combinaram o "negócio" da apreensão, enquanto à mesma hora "ali mesmo ao lado" passa a fronteira a verdadeira carga, em camiões TIR."
...
como a melhor forma de lembrar as manifestações, por todo o País, no dia 28 de Junho, sábado!

28 de Junho de 2008

28 de Junho de 2008
em todo o País
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terça-feira, junho 24, 2008

Materialismo Histórico - 7 (Base económica)

O materialismo histórico, no seu enunciado - e não se está mais do que a enunciar, e a convidar à reflexão conjunta -, tem a sua base. E a sua base é a base económica. Não no sentido, quase se diria pejorativo, que hoje merece o vocábulo economia e seus derivados, meros sucedâneos de finanças e moeda (ou dinheiro), mas no sentido de estudo da actividade racional do ser humano para, com os recursos naturais e com os que vai adquirindo ou socializando, satisfazer as suas necessidades, em que às naturais, biológicas, se vão somando as culturais, socializadas.
Já neste espaço e percurso houve quem, em comentário pertinente, tivesse vindo lembrar (até com a "ajuda" de Fidel Castro, e este "apoiado" directamente em Marx) que "na produção social da sua vida, os homens estabelecem determinadas relações necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção que correspondem a uma fase determinada do desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, ao contrário, o seu ser social que determina a sua consciência".
Ora a base económica é precisamente a relação primeira entre o ser humano e a natureza (de que faz parte), relação que, pelo trabalho, se racionaliza e socializa, e de onde decorrem as relações de produção correspondentes ao estádio (histórico) do desenvolvimento das forças produtivas materiais, que são os recursos existentes e os transformados pelo recurso primeiro - porque o acesso e aproveitamento dos recursos começa pela mão e pelo que "está à mão" - que é a força de trabalho.
Neste passo do caminho que gostaria de percorrer, será oportuno dar expressão gráfica ao que vai sendo escrito:

Depois, e com essa mesma intenção, sublinha-se o já dito: que as necessidades evoluem, sempre se acumulando, sendo uma necessidade satisfeita o começo de uma mesma (embora diferente) necessidade, pois quem come para matar a fome não deixa de comer mas pode tornar-se num gastrónomo, e novas necessidades vão sempre nascendo, como as culturais ou de lazer:


Do mesmo modo (gráfico!), as forças produtivas desenvolvem-se incessantemente porque o ser humano, prolongando o seu corpo, criando meios de produção que o auxiliem, instrumentos de trabalho que actuam sobre objectos de trabalho, permanentemente aumenta o seu domínio sobre a natureza libertando-se da total dependência ou servidão (nem sempre, ou muitas vezes não tendo em conta que faz parte dessa natureza, agredindo-a/se ou delapidando-a/se):
E tudo acontece, ao longo dos tempos dos tempos, historicamente, dividindo-se o e cooperando-se no trabalho, num quadro de relações sociais de produção.

domingo, junho 22, 2008

Na minha aldeia não há onde comprar jornais.
Em tempos, na vila lá em baixo não havia jornais à venda. Só se liam os da terra e uns outros que vinham da capital. Por assinatura ou correio postal.
A vida corria entre semeaduras e colheitas, entre vindimas e desfolhadas, no lagar e na eira. O gado convivia com as gentes e nós, os da "cedade", vínhamos a férias e gostávamos deste viver calmo, sem bulício, bonançoso. Até depressa, jovens que éramos, o aborrecermos.
Era assim que nesta Europa se vivia. Eram maus esses tempos... mas havia muitas coisas boas. Muitas.
Os ditadores tinham nomes conhecidos e temidos por todos, eram venerados por alguns (sabiam lá eles porquê...) e combatidos por uns poucos. E não havia jornais, nem televisão, nem rádio. Só uma grafonola em que giravam discos daqueles de 78 rotações sob agulha que fazia vrum-vrum, e tocava músicas de portas abertas para a rua onde os vizinhos se atardavam.
Agora não. Agora, na minha aldeia não há onde comprar jornais. Mas eles entram-me em casa pela porta do computador. Vivemos em liberdade e democracia, que muito por elas se lutou e sofreu. E pergunta-se (há quem pergunte, há!) para quê, para que foi essa luta, pois pensa-se (há quem pense, há) que elas teriam vindo à mesma, mesmo que por ela não se tivesse tanto lutado.
Vivemos, diz-se, em democracia porque se vota de vez em quando, e em liberdade porque não se é preso por dizer mal do governo. Pobres democracia e liberdade por que tanto se lutou.
Só há que continuar a lutar, dizemos nós. Os que lutaram antes e a lutar continuam. Pela democracia e pela liberdade
E, na minha aldeia, sabemos logo logo as notícias do mundo. E "ouvemos" coisas de espantar.
Querem um exemplo?
Os irlandeses disseram não a um tratado que uns tratantes dizem ser o melhor do mundo, ou pelo menos da europa. E, aqui, na minha aldeia, sei tudo (bem... quase tudo) que isso faz dizer.
Por exemplo: o senhor doutor Durão Barroso disse, num jornal de hoje, que «quando um governo assina um tratado, assume a responsabilidade da sua ratificação». E eu pasmo! E chego a ter saudades do tempo em que, na minha aldeia, gente desta não entrava em minha casa.
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Público de hoje





Não faça referendos!
Assim terá rendimentosTOP...
(...) Perante nós a grisalha moldura (...)

(do poema Vladimir Ilich Lénine,
de Maiakovsky)

quinta-feira, junho 19, 2008

Que grande sarilho!...


(no avante! de hoje, 19 de Junho)

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... e porque não obrigá-los a votar até aprenderem?,

assim é q'era... para aprenderem a ser "democratas à maneira"!

(isto digo eu... mas já ouvi uns zuns-zuns e até não faltam precedentes)

Materialismo histórico - 6 (trabalho abstracto)

Ligando tudo – e tudo tem de estar sempre ligado – o trabalho é uma necessidade. Individual E colectiva, social.
Mas o trabalho abstracto é um conceito, uma categoria económica e não uma realidade sensível, enquanto o trabalho concreto é o trabalho que se materializa, que tem um resultado, um produto, um valor para ser usado.
O conceito de trabalho abstracto é um dos conceitos fundamentais da economia política e aparece num momento do processo histórico. A ele se voltará oportunamente, deixando por agora apenas um apontamento como ponte[1] para futuro, porque alguns comentários o terão provocado ao considerar-se que a definição de trabalho como actividade racional arrasta a noção de abstracção: “construir na cabeça antes de construir em concreto” (ver adenda entre estes dois “episódios”).
Ainda deixaria a nota, para depois se retomar, que o trabalho abstracto se mede, geralmente, em unidades de tempo. Fala-se de oito horas de trabalho, de um dia de trabalho, de uma semana de trabalho[2]. O dispêndio de energia de todo o tipo tem uma dimensão temporal. Daqui que o conceito seja científico, desprovido de conotação ideológica e tonalidade moral. É independente da personalidade do trabalhador, e Marx afirma-o com clareza ao dizer ser o dispêndio de trabalho no sentido fisiológico e com carácter objectivo.
No entanto, fugindo a continuar com o que virá a ser tratado no momento próprio, apenas ainda diria, neste quase-desvio, que ao falar de trabalho e de abstracção nenhum outro exemplo seria mais elucidativo que… a descoberta do zero! A importância que teve no processo histórico, na abordagem materialista da História, da representação de coisa nenhuma, é a de um salto qualitativo.
E deixaria a referência a um dos livros em que mais terei aprendido – e apreendido – de materialismo histórico: Conceitos Fundamentais da Matemática, de Bento de Jesus Caraça!
O próximo “episódio” voltará (talvez…) aos carris do M.H.
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[1] Um apontemento… deixem-me brincar um bocadinho
[2] De 65 horas?... que escândalo!

quarta-feira, junho 18, 2008

Não estarão a abusar?

Depois da directiva das 65 horas semanais, a directiva do retorno ("dedicada" aos emigrantes... 18 meses de "prisão" sem julgamento!).
E isto é com o dito (mal) Tratado de Lisboa defunto, ou seja, com o Tratado de Nice em vigor, a fazer funcionar a UE!
Venho aqui, a correr, só para não deixar sem assinalação e desabafo estes escândalos sucessivos.

terça-feira, junho 17, 2008

Adenda a M.H. - 5

"Uma aranha realiza operações que se assemelham às do tecelão e uma abelha, através da construção dos seus alvéolos de cera, envergonha muitos mestres-de-obras humanos. O que, porém, de antemão distingue o pior mestre-de-obras da melhor abelha é que ele construiu o alvéolo na sua cabeça antes de o construir em cera." (Karl Marx, O Capital, livro primeiro, tomo I, página 206)

Materialismo histórico - 5 (trabalho)

As necessidades naturais dos seres humanos são idênticas às dos outros seres vivos, a começar pela de se auto-conservarem… vivos. Para isso recorrem, naturalmente, aos recursos do "meio" em que vivem. Aos que “têm à mão”, com o que “têm à mão”. Ou à pata, ou ao focinho, ou ao bico…
Mas há uma grande diferença. Há o que se pode assimilar a uma “diferença qualitativa”, ou melhor, a primeira e essencial e humanizadora diferença qualitativa.
O ser humano, ao servir-se da natureza, no "meio" em que é, fá-lo por uma actividade racional, que adapta e transforma o “meio”, libertando-se progressivamente da sua sujeição a esse “meio” que adapta e transforma ao seu serviço.
Mas os outros seres vivos não adaptam e transformam a natureza?, as formigas não “isto”, as toupeiras não “aquilo”, os pássaros não “aqueloutro”?
A diferença - qualitativa – estará em que a actividade do ser humano é… trabalho. Porque é racional, porque, ao servir-se, ao adaptar, ao transformar, o ser humano aprende, retém o aprendido, transmite o retido.
Com o ser humano, a organização da matéria atingiu o estádio de transmitir o retido porque experimentado e aprendido. Para explicar o porquê dessa “diferença” existem áreas do saber na humana busca constante de conhecer e explicar.
O trabalho é a actividade racional do ser humano que tem por fim transformar os objectos naturais (de trabalho) com o seu corpo e instrumentos (de trabalho) que vai criando para, com esses recursos, satisfazer as suas necessidades. Também em permanente evolução. Assim criando valores de uso, ou para uso, isto é, que satisfaçam necessidades humanas.
E porque retém e transmite, no espaço e no tempo, o que aprende e retém, o trabalho é colectivo, porque, hoje, usa o que até hoje foi aprendido e retido, aqui e ali. Divide o trabalho. Humaniza-se e socializa-se (o que é redundante…) pelo trabalho.

domingo, junho 15, 2008

12-15 de Junho: "NO to LISBON"

1. Tenhamos calma!
2. O referendo na Irlanda foi no dia 12.
3. O resultado foi conhecido e confirmado no dia 13.
4. Logo no dia 13, ontem e hoje, houve reacções... da reacção.
5. Nem chegámos, os que estão contra o tal Tratado - temos esse direito, não? - , a festejar.
6. Disso nos impediram as reacções da reacção, dos que não queriam que se corresse o risco de um povo "tresmalhar"... e um povo, o único que teve essa possibilidade, "tresmalhou"!
7. Desenhou-se, logo, a "solução" a partir da responsabilização do governo irlandês (coitado!... por ter tal povo e não ter conseguido prevenir a possibilidade dele se exprimir),
8. Chegou-se a descaros que nos fazem corar pelo destempero "à portuguesa".
9. Tudo isto é uma vergonha, uma imposição de um caminho, de um pensamento único, uma ditadura do capital financeiro, do neo-liberalismo, do federalismo, do militarismo.
10. Mas, atenção!, quem está com o problema são "eles"!
11. São "eles" que têm de encontrar uma "solução", e "nós" temos a força de os impedir de fazer ainda mais batota porque os irlandeses votaram NO to LISBON.
12. Força temos, mas muitos de nós (ainda) não o sabem
13. "Eles" são perigosos, não recuam perante nada... mas "eles" é que estão "à rasca".
14. E, no meio disto tudo, ainda não bebi uma Guiness!

sábado, junho 14, 2008

Antes de fechar e expediente (por hoje)

Duas palavras (depois de, para acabar, ouvir um senhor que foi eleito Presidente da República de um País que é o meu):
batoteiros, aldrabões!
Mais uma: desavergonhados! (E estou comedido...)
Vou à (outra) vida. (Ligeiramente) mais aliviado.

sexta-feira, junho 13, 2008

"Eles" bem tinham razão...

... para desconfiar de referendos e coisas dessas em que o povo mete o bedelho. O povo é para votar assim a modos de quem passa cheques em branco.
Vêem no que deu? E o trabalhão que isto agora vai dar para endireitar!

Estou aflito...

Como é que é possível?
O tempo, de repente, acelerou e sinto-me... atropelado.
Há tanta coisa que quero comentar!
O dia de ontem e a manhã de hoje foram, na sua aparente acalmia... alucinantes.
Vou tentar não deixar fugir tudo por entre os dedos (ou as teclas...).
Muita coisa (o quê?) irei procurar colocar no docordel.
Aqui, não quero deixar de dizer, à sal, que os que foram à Guarda, ao "café-concerto" do Teatro Municipal da Guarda, é que têm de lhe agradecer (e às suas/aos seus colegas, e àquela maravilhosa miudagem que tão bem se portou!)

E sai a devida vénia!

Crónica "à la minute"

Regressado de uma longa viagem, com o sol já de verão (finalmente!) a aquecer o carro sem ar condicionado (só aos poucos me vou habituando a novidades... que já estão longe de o serem), chegámos espapaçados!
Ela, foi descansar, até porque fizera a "despesa" da condução; eu, vim ver os blogs, pôr-me "em hora", deixar um "post" sobre os resultados na Irlanda, sentar-me espreguiçado no sofá, "ouver as últimas".
Apanhei a "sic-notícias", o programa "opinião pública" (parece-me que pela primeira vez...), o jornalista com um convidado, "professor do ISEG" ("olha um colega meu... o que irá sair dali?", pensei seu).
Cheguei numa altura em que se estava a dar a palavra aos ouvintes. E ouvi duas reformadas, um agricultor (transmontano de sessenta e tal anos), um estudante, uma professora universitária, e mais uns tantos. Todos mostrando o seu contentamento pelo resultado. Cada um dizendo coisas certíssimas, acertando em alvos que têm estado móveis e enevoados.
Grande opinião pública!
Pausa. Voltou-se ao convidado. E o que saiu dali? O "meu colega" (salvo seja) veio, meio encabulado, fazer o discurso da "elite", dos "políticos", dos "representantes" que afinal não representam ninguém. Muito sensato, muito cordato, muito "europeu", muito "necessidade de encontrar formas de". Com luvas de pelica e pézinhos de lã...
Estava para me vir embora mas ainda apanhei mais umas chamadas da dita "opinião pública", e a primeira delas logo a pôr o "senhor professor" no seu lugar, ao pedir-lhe, concretamente, que dissesse que benefícios da tal União Europeia, do tal euro, para a maioria da população, para as gentes. E deu-me ganas de telefonar e perguntar "e a que prazos" o que tivesse sido benefícios para alguns ou muitos.
Mas já estava já cansado. Há muito que não aguentava tanto tempo com os olhos e os ouvidos no pequeno écran... sem ser para um filme. E dei-me por satisfeito. Satisfeito!
Vim com mais força para trabalhar um bocado.

NÃO!

O povo da Irlanda votou! Porque não conseguiram impedi-lo de o fazer! E votou NÃO! Apesar de tudo o que foi feito para que votassse sim. Apesar de apenas um partido(*) - o Sinn Féin (7%) - defender o não. Apesar de.
E agora?
Além da expectativa sobre o que fará o 1º ministro português que cometeu a imprudência (será o termo adequado?!) de, na véspera, ligar a sua "carreira" (a sua carreira política, repito e sublinho) à aprovação do dito (e defunto ou nado-morto) Tratado de Lisboa, que se irá passar?, sabido que "isto não fica assim" e que já ter começado a campanha para se "recuperar do desastre" (decepção, diz o inefável MNE português...), mesmo antes deste oficializado.
Por agora, há que aguardar...
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(*) - Por uma questão de rigor, corrijo-me: o Sinn Féin é o único partido com assento no "Parlamento Europeu" que defendeu o não! Mas ainda vou investigar mais...

Materialismo histórico - 4 (recursos)

A necessidade do ser humano se auto-conservar obriga-o a recorrer à natureza de que faz parte. Colhendo frutos, arrancando folhas e raízes, bebendo água, tirando carne e peles de outros animais. Aproveitando o que tem à mão. E só a esses recursos naturais começou por recorrer… Mais capacitado ficou para o fazer quando “desceu à terra”, quando saiu da altura das árvores e, "aprendendo" a mover-se de pé, ficou com as mãos livres. Para colher, arrancar, beber, lutar com outros animais. Quando começou a descobrir que o braço podia chegar mais longe e mais fundo porque um ramo ou um osso o prolongava, que uma pedra podia ser o punho mais além do braço, que o ramo e a pedra podiam, ligados, ser o braço mais comprido e também com um punho.
E por aí fora… até que o osso de um animal descarnado feito instrumento, ano a ano, século a século, milénio a milénio(*), se transformou na nave espacial (lembram-se de 2001 Odisseia no Espaço, do Stankey Kubrick?, a sequência daqueles dois planos “era” materialismo histórico…)
Os recursos serviam, e servem, para satisfazer necessidades, e servem para completar o corpo, como recurso primeiro que é, para auxiliar a aceder aos recursos que as satisfazem directamente.
Depois, os recursos adquiridos como auxiliares foram-se tornando indispensáveis para transformar a natureza, para a fazer produzir. Como meios e objectos de produção. Trabalhando a terra. Lavrando, semeando, alterando os ciclos naturais. Descobrindo o lume ao afiar as pedras como cutelos das mãos, guardando o fogo, aproveitando materiais mais resistentes, e mais resistentes os tornando. Sempre os recursos, sempre o prolongamento e a complexificação do corpo humano. O primeiro e intrínseco recurso.
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(*) - adenda depois de uma visita às "gravuras de Foz de Coa", que parecia feita para este "episódio" do MH, em que um amigo nos deu uma lição daquelas que sabem tão bem (obrigado, José Pedro!). Foi... empolgante! E acrescento aos milénios dos milénios os milhões de anos dos milhões de anos. O que bem nos dá a dimensão temporal do que vivemos e do que foi vivido!

quinta-feira, junho 12, 2008

12 de Junho

Dia do povo da Irlanda votar por todos os outros povos dos Estados-membros da União Europeia.
Como se lhe pusessem uma batata quente nas mãos. No meio dos silêncios possíveis e dizendo-lhes livrem-se lá disso...

quarta-feira, junho 11, 2008

Que silêncio ensurdecedor...

  • Enquanto o País está como que surpreendido (quase assustado depois de tudo o que lhe tem acontecido), tanto que nem sequer o Europeu de futebol consegue ser a desejada e tão promovida diversão;
  • enquanto o relato do jogo com os checos foi ouvido, por tantos portugueses, em desesperantes filas para bombas de abastecimento de combustível;
  • enquanto a acção dos pequenos empresários do transporte de mercadorias (grande parte deles também motoristas) revela um nível de mobilização, de organização, de unidade que se diria inesperada;
  • enquanto esta acção que quase parou o País, e que ameaça continuar, parece estar totalmente dessincronizada das actividades da associação Antram que, em parte pelo menos, os deveria representar;
  • enquanto o governo parece ter tudo apostado nas negociações com a Antram e - ao que parece... - confia que vai acordar destes pesadelos e voltar aos “sonhos cor de rosa”;
  • enquanto, da Assembleia da República, a televisão nos dá imagem e som dos partidos que não fazem parte do “centrão” a tomarem posição, e a exigir posição do governo ausente e mal representado pelo grupo parlamentar do PS;
  • enquanto o PCP divulga a sua posição, e insiste em medidas claras, mínimas e urgentes que tem vindo a propor – aplicação do gasóleo profissional a este sector do transporte de mercadorias, e a criação de um imposto extraordinário sobre lucros das petrolíferas com origem no efeito de stock, a cobrar trimestralmente e destinado a suportar medidas de apoio às empresas;
  • enquanto toda esta complexa situação, já com lamentáveis e dramáticos acontecimentos, e com perspectivas tão sombrias, fere um silêncio ensurdecedor da parte do governo…
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(tudo isto é o que me parece depois de ouvir noticiários!)

Esta questão é verdadeiramente essencial

O conceito de liberdade - o meu!, aquele que aprendi, que elaborei, que fui assimilando como o ar que respiro, e que sei ser de quem queira pensar para além do palmo à frente do nariz... - assenta na consciência da necessidade e em tempo livre, isto é, aquele tempo de vida (da sua vida) que cada cidadão, cumpridas as obrigações para com a "cidade", usa como escolher fazê-lo em respeito pela liberdade dos seu concidadãos.
Para isso se lutou, há séculos, pela divisão das 24 horas do dia em 8 de trabalho socialmente necessário, 8 de recuperação, repouso, lazer e 8 de tempo livre. E tal está consagrado, também em convenções internacionais do trabalho da OIT, que foi criada em 1919 e se incluiu, em 1945 nas Nações Unidas.
Hoje, com o progresso técnico que se verificou, quando seria possível acrescer o tempo livre por menor ser o tempo de trabalho socialmente necessário, a exploração dos trabalhadores, a mercadorização da força de trabalho, exige mais e mais. Não só na quantidade como na sua própria gestão: 65 horas nesta semana, 31 na próxima, na seguinte se verá quantas horas e onde. Vida pessoal?, família?, estabilidade?... o quer é isso
Estruturar. mais que predominantemente exclusivamente a vida em sociedade em função dos interesses de quem organiza a economia e, sobretudo, as (suas) finanças, e não dos interesses e do bem estar dos seres humanos, é recuar civilizacionalmente.
Apenas estou enunciando... mas este é "o osso" das questões!

Atenção!, decisões destas vão ao cerne...

Aos órgãos de informação:

Sobre a proposta de alteração da jornada de trabalho

até às 65 horas semanais!

O PCP considera muito preocupantes as decisões tomadas pelo Conselho para o Emprego e Politica Social, na madrugada de 10 de Junho, e lamenta o facto de o Governo português, uma vez mais, não se ter oposto a uma proposta desta natureza que, aliás, vem ao encontro do projecto retrógrado de alteração da legislação laboral que quer impor em Portugal.

É particularmente grave a decisão sobre as alterações à Directiva de Organização e Tempo de Trabalho visando fragilizar os direitos laborais, abrir caminho ao prolongamento da jornada de trabalho até às 65 horas semanais, à desregulamentação do tempo de trabalho e a nova desvalorização salarial com a introdução do conceito de tempo inactivo.

Com as decisões tomadas, o Conselho cede às pressões do grande patronato europeu e dá continuidade ao caminho trilhado pelo Tribunal de Justiça Europeu no ataque a direitos e conquistas dos trabalhadores nos conhecidos processos Lavale, Viking e Ruffert.

O PCP, ao denunciar estas inaceitáveis propostas, reafirma que irá lutar, desde já, contra estas propostas nomeadamente no debate que se seguirá no Parlamento Europeu, exigindo respeito pelos direitos e pela dignidade de quem trabalha.


(11.6.2008
O Gabinete de Imprensa)

terça-feira, junho 10, 2008

10 de Junho

"Hoje eu tenho que sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça (...)"

Aquilo é comigo?...
... ou com aqueles daqueles tempos?!

Materialismo histórico - 3 (necessidades)

Reafirmo não ter a menor intenção de fazer um curso, ou algo parecido… e muito menos de filosofia. São, apenas, reflexões apoiadas em leituras e buscando ecos (isto é, comentários).
Por isso – aqui! – materialismo é o esforço de explicação científica da vida e do universo. A partir dessa explicação, o ser humano é matéria transitoriamente organizada cumprindo leis da natureza, leis que podem ou não ser conhecidas. Ou ainda não…
É por isso intrínseca ao ser humano, como animal-matéria organizada, a necessidade (spinoseana) de se auto-conservar. Vivo.
Para satisfazer essa sua necessidade essencial (vital), colhe da natureza o que esta lhe coloca “à mão”, depois “à mão de semear” (libertas as mãos por começar a deslocar-se sem delas precisar), depois aprende e retém como se servir do “meio” prolongando o seu corpo… e assim pelos séculos dos séculos materializando o processo histórico, alimentando-se, cobrindo o corpo, abrigando-se das intempéries, defendendo-se de outros animais – de que seria alimento e não os tornasse seu alimento –, perpetuando-se como espécie.
Necessidades que se podem chamar naturais e compõem um sub-conjunto, a que se foram juntando outras, que se podem chamar históricas. Algumas necessidades têm carácter “biológico” (cuja satisfação é indispensável para a conservação da vida), outras são consequência do viver em comum, do que é a cultura de uma dada sociedade num determinado momento (histórico). Mas as próprias necessidades “naturais” adquirem “dimensão cultural”, uma “segunda natureza” (social). A alimentação transforma-se em gastronomia, a protecção do corpo em moda, a preservação da espécie em amor. Sempre e tudo condicionado pela relação com o outro.
.

De muitas maneiras poderia (deveria?) continuar no tema. Para não o estender demasiado, apenas a referência a uma certa hierarquia:
..........necessidades “primeiras”, incompressíveis
..........necessidades “segundas”, relativas à forma de vida
..........necessidades “terceiras”, consideradas supérfluas, de luxo
E ainda umas notas… para eventual memória futura:
..........conjuntos sociais i) absoluto das necessidades, ii) real das necessidades, iii) das necessidades não satisfeitas
..........satisfação das necessidades, consumo, valor de uso
..........criação artificial de necessidades, publicidade, crédito
..........da "necessidade metafísica" (Schoppenauer)
.........."reino da necessidade" e "reino da liberdade"

domingo, junho 08, 2008

Centralidades

Leitor contumaz, este domingo está a ser de leituras. O problema (meu) é que não me poupo. E agora, no Expresso, há um colunista que particularmente me faz mal à saúde. Nem às colheres de chá e excipiente o deveria tragar, mas ainda não o arrumei em definitivo nos ilegíveis. Está quase…
Não que ache que os jornais não devam publicar opiniões diversificadas. Bem pelo contrário. Mas o facto é que se aparenta incluir um leque das opiniões, e este é muito redutor porque exclui "certas" opiniões, ou apenas as tolera (e muito selectivamente) lá de quando em vez para leitor ver, e pelo excesso de cambiantes do rosa ao negro sem na verdade mudar de cor.
Ora este opinativo, Henrique Raposo de seu nome, escreve como quem perora. Com uma “imensa graça” – assim se deve achar e, talvez, também lá em casa haja quem se ria… – e sempre definitivo. E o problema não é o de poder estar em desacordo com a sua opinião – há tanta e tanta gente com que não coincido... – ou o de abominar o seu estilo. O problema é que este plumitivo é, também no que respeita a objectividade, absolutamente primitivo. Termina o grosso do seu texto (que tem ainda uma “graciosíssima” adenda sobre “populismo caviar”) agradecendo ao mundo por lhe ter dado razão (nem o mundo existiria para outra coisa…) por estar provado, comprovado e incontroverso que “a globalização era benéfica para o mundo”. Tiraram-se os balancetes e o balanço final, e o resultado do exercício está apurado: ele tinha razão! Mas alguma vez não teve?!
No entanto, há um pequeno óbice. É que esta “opinião” (qual opinião?... esta sentença sem direito a recurso), inserta na última coluna da pág. 53, está cabalmente desmentida (humildemente corrijo: está posta em dúvida) a páginas 44-5 do mesmo jornal e caderno, em trabalho sobre o encontro da FAO (agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) com o seguinte título genérico:

Alerta No terceiro mundo podem surgir novos conflitos armados devido à escassez de alimentos
GUERRA PELO PÃO.
A tese de H.R., acintosamente proclamada, é a de que, por virtude da globalização (capitalista, digo eu…), "vivemos num mundo pós-europeu” porque há a (escondida) “ascensão económica da China, Índia, Malásia, etc.” e “a Europa e o Atlântico-Norte perderam a sua velha centralidade”.
Se a tais “alturas” chegasse este escrito, recomendaria ao convencido colunista que pensasse o que chama centralidade não apenas em termos geográficos, mas também em termos de capital financeiro. Recomendação de certeza inútil, mas tenho esta mania…
Desabafei, pronto. E "isto" é sério, hem.

A propósito da (dizem) mais velha profissão do mundo

«(...pretende-se o quê?...):
Defraudar os accionistas,
a quem o Estado português vendeu,
ainda recentemente,
uma promessa de lucros? (...)»
Professor doutor Daniel Bessa
(economista)
(Congelar os preços?,
in Expresso-economia, 7 de Junho de 2008)
Soltem-se os preços?
(... mais?!)
Há promessas (de lucros!) por cumprir...
como se fosse preciso lembrar!
_____________________
e vão dois ex-ministros da economia socialistas (ou pelo PS)

Antes de

Antes de olhar para os jornais,
antes de ouver os noticiários,
antes que consinta a invasão da histeria,
antes que a irritação me assalte
venho dizer que... gostei!

Sentei-me no sofá, tirei o som e vi,
atento, interessado,
e, confesso que surpreendido..., gostei!
Gostei do espectáculo,
da interpretação dos artistas,
da disputa leal, sem truques, sem "fitas",
jogo pelo jogo, "nós" a jogar com "eles",
"nós" a jogar melhor que "eles".
.
Não foi este, não foi aquele, não foi o tal,
(o de que até se conhecem as "proezas de cama")
foi a equipa!
E fiquei mesmo satisfeito por terem sido assim os golos,
obra colectiva, de trabalho conjunto,
"toma lá, dá cá e já está!"
.
Foi o futebol de que gosto,
aquele que ainda gostaria de jogar,
como quando dizia que o Eusébio na nossa equipa
não nos faria campeões
porque uma "estrela" no meio de dez "nabos"
não faz de um nabal uma constelação.
.
Ainda não vi os jornais, ainda não ouvi noticiários,
tenho a certeza de que me vou irritar
porque menos importância se dará aos que "carregaram os pianos"
... apesar de também terem sido eles
que tocaram as sonatas dos golos.



sexta-feira, junho 06, 2008

Até o Marquês!

Até o Marquês, impressionado (só houve um "extra-terrestre" que não se impressionou...), se incorporou na manifestação!

Materialismo Histórico - 2 (leis)

As leis, no sentido de ligação e dependência profunda, estável, regular, entre os fenómenos ou diferentes aspectos de um mesmo fenómeno, são o reflexo de processos objectivos que decorrem na natureza e são a própria essência[1] da evolução social. O carácter objectivo das leis reside em existirem, sejam ou não conhecidas pelo ser humano.
A “conquista", pelos fundadores do marxismo, do materialismo dialéctico, representa um salto qualitativo no estudo da essência da natureza, e particularmente da sociedade. No entanto, apesar da identidade do desenvolvimento dialéctico, há que distinguir as leis da natureza das leis da sociedade. Enquanto se pode chegar às leis da natureza pela observação seguida da abstracção, as da sociedade verificam-se em condições que mudam permanente sendo, por isso, tendenciais, e podem ser travadas ou aceleradas, perturbadas ou alteradas, por efeito de tendências contrárias. Toda a dinâmica social é o resultado da actividade do ser humano, o “produto” mais complexo e mais diferenciado da natureza e da sociedade.
O que comummente se chama “leis”, normas reguladoras da vida em sociedade, são promulgadas pelo Estado e não são independentes da vontade dos homens. São o resultado da relação de forças entre as classe que toma forma institucional, não sendo os Estados socialmente neutros. Essas “leis” exigem comportamentos e sancionam[2], as leis objectivas existem.
O MD, em que assenta o materialismo histórico, ao reconhecer o carácter objectivo das leis distingue-se claramente dos “sistemas idealistas”, que partem da tese de que as leis são apenas cenários imaginados por “sábios” para facilitar a compreensão da natureza e regular o viver em sociedade.

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[1] - Marx teria escrito, ou assim se traduziu e eu fixei, que se a aparência fosse igual à essência seria dispensável a ciência
[2] - Desde e enquanto houver classes, o Manifesto escreve que “o vosso direito é apenas a vontade da vossa classe elevada a lei” (vontade determinada pelas condições materiais e pelo estádio da relação de forças sociais)

A propósito da (talvez) mais velha profissão do mundo

"a turbulência que estamos a viver
resulta de uma desregulação do mercado"!
dito a 04.06.08 e repetido a 05.06.08
pelo professor doutor Augusto Mateus
(economista)

quinta-feira, junho 05, 2008

Uma anedota (?)

Um dia destes, ter-se-ia feito um concurso para se escolher a mais antiga profissão do mundo.
De pois de uma votação por chamadas telefónicas a baixo custo ficaram duas profissões para se apresentarem na final.
Com alguma surpresa as mais votadas foram a de médico e a de economista. Foi interpretado que outras profissões que costumam merecer o "galardão" o são por acumulação...
O representante de cada uma das profissões tinha de defender a sua candidatura.
Começou o médico. E tomou a Bíblia por testemunha. Se Eva foi criada a partir de uma costela de Adão, foi precisa uma intervenção cirúrgica. Aplausos e parecia imbatível.
O economista pigarreou e disse: "Adão e Eva... Paraíso... 'tá bem... e antes do Paraíso não era o Caos? E não foi um economista que o fez?!"
Ganhou!
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na minha opinião, falta acrescentar burguês a economista...

A caminho da "caminheta" (que pago!)...


Até já!

História moral * (com cheiro a benzina por causa das nódoas)

A aldeia (a cidade, a nação) politicamente organizada não dispunha daquele recurso, daquela matéria-prima, quando o produto dela resultante começou a ser indispensável para a produção e distribuição dos valores de uso que satisfaziam as necessidades dos vizinhos (cidadãos, nacionais).
Foi criada uma organização para importar a matéria-prima, a tratar, a tornar acessível, até para amortecer oscilações de preços por forma a não perturbar as outras actividades cada vez mais dependentes daquela matéria-prima e produto.
O mundo (a nação, a cidade, a aldeia) deu voltas, e nessas voltas a importância da matéria-prima foi crescendo desmesuradamente. E interesses poderosos conseguiram apropriar-se da organização, pois tão poderosos e espalhados eram os interesses que até provaram, como justificação, que havia que combater monopólios e restaurar – em todas as áreas – a livre e sadia concorrência. Assim os vizinhos iriam beneficiar. Logo, logo.
O facto facto é que, agora, o privatizado monopólio que trata a matéria-prima antes de a distribuir pelo mercado, faz uma gestão ao contrário. Muito profissionalmente, com os meios de que dispõe ou que de todos são e a que tem acesso, compra a matéria-prima quando o preço começa a subir (indirectamente promovendo a subida, ou até, com congéneres, promovendo-a directamente), armazena quanto pode, e vende, mais tarde, o produto tratado como se o tivesse comprado ao preço do momento, isto é, compra por 10 e vende como se estivesse a comprar por 10+X[1].
Mas os distribuidores, entre si concorrentes, não se amofinam com isso. Em "livre mercado", podem vender ao preço que lhes der lucro, a partir do preço a que compram. E lá o acertam entre eles, explícita ou tacitamente. Os vizinhos que paguem…
A aldeia politicamente organizada tem “entidades” para ver se tudo corre nos conformes, se o monopólio (privado) não faz especulação, se os distribuidores não acertam os preços entre si.
Já viram. Corre tudo bem!
Tudo corre no melhor dos mundos possível, com a mãozinha invisível a regular, os salários a não aumentar, o endividamento a crescer, e as gentes a aprender. Devagar.
Ah! e os gestores do monopólio privado indignados porque não se reconhece a benemérita acção da gestão em prol da aldeia e seus habitantes.
__________________________
* - quaisquer semelhanças com produtos, artes factos e personagens da vida real e actual (não) são pura coincidência.

[1] - …e como não são ovos não se estraga a omeleta.

quarta-feira, junho 04, 2008

Façam o Q'eu digo não o Q'eu faço... até antes de ser Código!

Nota à comunicação social
Os trabalhadores da CML exigem respeito
A maioria PS e Bloco de Esquerda na Câmara Municipal de Lisboa (CML) pretende aplicar o famigerado banco de horas, que não tem suporte legal, aos trabalhadores da limpeza urbana que irão trabalhar para o Rock in Rio.
Os trabalhadores foram informados da pretensão de as respectivas horas extraordinárias serem pagas em tempo, em reuniões que tiveram lugar com os trabalhadores dos respectivos serviços de limpeza.
Não podem ser os trabalhadores a pagar através do seu trabalho os mais de 400.000 Euros de isenção de taxas a um evento privado – Rock in Rio-, que o PS e o BE aprovaram na CML.
A Célula do PCP na CML repudia tal pretensão e exige que a maioria PS/BE cumpra os seus deveres para com todos os trabalhadores que prestem serviço no evento, pagando monetariamente o trabalho extraordinário efectuado.
A Célula do PCP na CML não pode, na presente circunstância, deixar de sublinhar a incoerência e a hipocrisia do Bloco de Esquerda, tendo presente o discurso nacional que faz de preocupação com a situação de dificuldade dos trabalhadores, bem como em torno do Código do Trabalho, preocupações que, pelos vistos, não tem na CML, subscrevendo medidas que atropelam esses mesmos direitos.
A Célula do PCP na CML apela à unidade dos trabalhadores contra tais pretensões, certa de que essa unidade derrotará tais intuitos e que os direitos dos trabalhadores serão respeitados.
Lisboa, 30 de Maio de 2008 A Célula do PCP na CML

O "bichino álacre e sedento" e a correspondente cartilha

Há temas que, por razões e/ou idiossincrasias cá minhas, tenho alguma inibição em pegar. Só com luvas e pinças. Por isso "ajudas" como a do Nicky são preciosas. Porque dizem tudo (ou quase) como gostaria de ser capaz.
.
A cartilha álacre. A voz do senhor dr. Manuel Alegre é grave, tonitruante. E através dela é muito bem sacado o argumento de autoridade da senectude, andar aqui há mais tempo do que outros e ter lutado pela liberdade durante a noite longa do Estado Novo, quando os outros eram menores ou ainda não tinham sido paridos. A criatura sabe do que fala e, caso seja necessário, versejará sobre o assunto, usando o esquema da rima emparelhada. Mas talvez não fosse mal pensado pôr-se a pensar que, se calhar - porque pode não ser certo -, andam aqui outras criaturas a lutar pela liberdade todos os dias, como o senhor dr. Manuel Alegre alardeia, embora sem o amparo do espectro da sua senectude e a afoiteza que tal espectro lhe garante. Claro que, agora, estes mais novos - e outros - lutam pela liberdade sem falar desde Argel ou em comícios da esquerda não se sabe bem qual, aquela. Pobres coitados. Melhor é que estejam quietos e calados, para ouvirem troar a voz antiga do bardo dos soltos e dos solidários e acenarem a concordância com a cabeça, como aqueles cães que quase já não se vêem na parte de trás dos carros. Cante-se, pois, a uma só voz, a voz do senhor dr. Manuel Alegre, a voz de todas vozes que clamam justiça social e não leram Rawls ou Walzer ou Dworkin. Se alguém quiser igual direito à voz e à autoridade da voz do senhor dr. Manuel Alegre que, antes, envelheça ou vá num DeLorean até ao passado sofrer as agruras que os do contra sofreram no tempo da ditadura. Ou isso ou o silêncio. É mais ou menos a doutrina que o senhor eng.º José Pinto de Sousa também gosta muito e recomenda. Nicky Florentino.
(em albergue dos danados)

Já está na agenda?




terça-feira, junho 03, 2008

Por memória...

Há sempre alguém que resiste... às vezes
Há sempre alguém que diz não... no intervalo de todos os sims

O que é preciso é avisar toda a malta
que há uns alguéns que resistem sempre
que há uns alguéns que dizem sempre não
.....à iniquidade
.....à injustiça
.....à discriminação
.....ao "homem lobo do homem"
.....à exploração!

Materialismo Histórico - 1

Parece que não resisto a um desafio (honesto)…
Mas com condições!
Duas vezes por semana (em princípio às 3ªs. e 6ªs.) vou colocar aqui um post sobre o tal materialismo histórico.
Não tenho um plano de publicação, embora tenha, claro, umas ideias mestras e sequentes. Tudo dependerá da "inter-actividade". Se houver comentários, com críticas, com perguntas, com dúvidas, com reservas, esses comentários condicionarão a sequência. Se não houver comentários… não haverá sequência!
Começo nesta 3ª. E com esta introdução:

O materialismo histórico (mh) estuda a sociedade e as leis do seu desenvolvimento. É parte integrante da concepção marxista-leninista da vida e do mundo, e procura dar uma interpretação científica, dialéctica e materialista, dos factos da vida social.
O mh trata dos problemas gerais do desenvolvimento histórico, como os das relações entre o ser humano e o meio em que se insere, das relações entre os seres humanos, da importância da produção material, da origem e lugar das ideias, da consciência social e das instituições.
O mh procura permitir a compreensão do papel do trabalho, e do que os trabalhadores, os povos e as indivídualidades representam na História, como se formam as classes e a luta de classes, como surgem as cidades e os Estados, porque há revoluções sociais e qual o seu significado histórico.
Nenhuma ciência social (economia política, história, sociologia, estética, etc.) pode desenvolver-se sem o mh, sem o conhecimento das leis gerais do desenvolvimento da sociedade, sendo a base metodológica de todas as outras ciências sociais.
O conhecimento das leis do mh – leis que ou podem ser gerais a todas as fases do desenvolvimento social, ou podem ser específicas de determinadas etapas do desenvolvimento da sociedade – permite agir sobre a vida social, transformá-la.

domingo, junho 01, 2008

E se vocês estivessem quietinhos...

E se vocês (mas todos...) estivessem quietos com as mãozinhas?


Quanto mais mexem, mais estragam... e pior cheira.

Tem mesmo de ser a malta a impedir-vos de tanto mexer e remexer!






José Magalhães

A Trabe de Ouro

Desta muito interessante "publicación galega de pensamento crítico", que há muitos anos leio (às vezes, só folheio...), transcrevo as últimas linhas (tal e qual) de um excelente artigo com o título curioso "Abaixo os polinomios, viva a estupidez!":
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... desprezar certas metodologias por obsoletas, apuntándose a unha verborreia de última xeración - os lugares comúns da modernidade aactual non moi distintos dos das modernidades que no mundo houbo -, non é máis que un intento de perpetuar os males que nos afectan.
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(Xenaro Garcia Suárez - 73, Tomo I/Ano XIX/2008)

1 de Junho

Olá!