terça-feira, setembro 30, 2014

segunda-feira, setembro 29, 2014

Com o povo...

Intervenção na sessão pública A dívida, o euro e os interesses nacionais (transcrita a pedido de alguns camaradas)

Em 1974, não posso precisar em que mês – o que para nós portugueses, teria significado… – uma jovem jornalista nascida nos Estados Unidos escreveu um livro que, só pelo título, tem, hoje, em Portugal, a maior actualidade: The Dept Trap, traduzido, anos mais tarde, em edição portuguesa, por A Armadilha da Dívida Externa – o Fundo Monetário Internacional e o Desenvolvimento da Dependência, quando já sobre nós pairava a abrupta  e abutre “ajuda” do tal FMI para, com as suas armadilhas, e acolitado pela então Comunidade Europeia, nos encarreirar fazendo-nos regressar ao carreirinho de que Abril nos desencaminhara. 
Era intenção da autora, Cheryl Payer, colocar em livro os esforços feitos pelos Estados dos países ditos em desenvolvimento (muitos deles recém independentes… politicamente), esforços para esses países e povos conseguirem algum controlo e soberania sobre as suas economias, e era também, ao mesmo tempo, uma denúncia e um alerta sobre qual o papel do FMI no sentido de contrariar ou até de anular esses esforços.

Muita outra literatura há sobre o tema e suas variantes, mas este livro, quase só pelo título e pelas datas referidas, parece ser à nossa medida. De então, e de hoje.
Na apresentação da edição portuguesa podem ler-se, quatro vectores que resumem o livro já em outras oportunidades revisitado:
«Em primeiro lugar, a filosofia subjacente aos “pacotes” de medidas económicas. É importante perceber que essas receitas não resultam de qualquer malvadez intrínseca dos funcionários do FMI (ou de erros técnicos seus), mas sim da lógica inerente ao funcionamento do sistema capitalista mundial. Se os pacotes tendem em geral a agravar o desemprego, reduzir níveis de vida, acentuar a dependência externa, mas a beneficiar multinacionais (diria grupos financeiros transnacionais…) e a ajudar ou prenunciar regimes militares de direita, tais consequências traduzem apenas as exigências de certo tipo de economia que, organizada a nível mundial, assegura o desenvolvimento duns a expensas do subdesenvolvimento doutros, isto tanto à escala internacional como intranacional.
«Em segundo lugar, convém perceber em concreto como o funcionamento do FMI está intimamente ligado à política externa dos EUA, e a pretensa neutralidade e respeitabilidade competente não passam de grosseiros disfarces para enganar ingénuos ou tranquilizar os cúmplices. A este respeito, repare-se no que diz a autora sobre as quintas-colunas locais, também compostas por aplicados rapazes (e raparigas, digo eu…) que estudaram economia em certas Universidades americanas ou, pelo menos, nos livros e autores que elas usam.
«Em terceiro lugar, registe-se a capacidade do FMI para a adequação do “receituário” à maior ou menor resistência do “paciente”. Onde se dispõe ainda de alternativas, de vontade política nacional suficientemente coesa e firme, o modelo padrão de política económica recomendada pelo FMI é adoptado, e cedências mais ou menos substanciais são ainda possíveis, Ao invés, tratamentos duros e inflexíveis são aplicados aos casos onde os governos perderam, também em sentido literal, toda e qualquer moeda de troca, ou pelo menos, a vontade de usá-la.
«Finalmente, o leitor poderá interrogar-se sobre alternativas…»    
A estas se voltará mais adiante.
E como tal se fará fora deste livro, ainda se deixa a “moral da história” com que ele termina:
“A moral deste trabalho é simples e antiquada: que as nações, como os indivíduos, não podem gastar mais do que ganham sem contrair dívidas, e uma dívida pesada obstrui o caminho à acção autónoma (teria traduzido por soberana). Isto é verdade, sobretudo quando o credor é também o cliente, o fornecedor e o patrão.”

Na década em que o livro foi publicado e traduzido aconteceram, na cena internacional, muitas e importantes coisas que, de certo modo, determinaram o que estamos vivendo.
Para nós, e antes de tudo, claro!, aconteceu o 25 de Abril de 1974. Mas, já antes, a chamada Europa a 6 (ou os 6 da CECA) tinha tentado e falhado o aprofundamento, com a moeda única – projectada como objectivo para 1980 – e o sr. Nixon decidira unilateralmente a inconvertibilidade do dólar, da moeda considerada comum desde Bretton-Woods, tudo convergindo para a criação, pela CEE – já a 9 –do ECU, esse cabaz de moedas, unidade de conta e peça de um Sistema Monetário Europeu, com um Mecanismo de Taxas de Câmbio e um Fundo Monetário Europeu.
Não se pode esquecer o que já houve, e de onde se partiu para o que somos.
Como outra nota que me parece de referir, é de 1975 a adopção para a integração capitalista europeia de uma estratégia (relatório Tindemans), que se baseava num núcleo super-integrado e numa periferia a ter de ser criada, numa orla em que se incluiriam as duas peças então isoladas do sul da Itália e da Irlanda.
(Não sei bem porquê… tenho esta tendência para falar de coisas passadas e vividas… ou sei!)
Sublinharia que se o livro de Payer trata da armadilha armada contra países e povos em busca de se libertarem da dependência pós-colonial, é a mesma armadilha, e são os mesmos fautores que criam situações de dependência quase ou pré coloniais.
Mas, tal como a vida, tudo é igual e tudo é também diferente. Desde 1971 que teria deixado de haver um sistema monetário mundial, como foi criado em Bretton-Woods, e, pela sua inconvertibilidade, as moedas bem como o crédito, tomaram os freios nos dentes para uma cavalgada infrene, possibilitada pela livre (ou libertina!...) circulação de capitais na forma-dinheiro (material ou não). E se não há sistema monetário mundial, há um sistema bancário-creditício transnacional que funciona impunemente acima de todas as leis e regras que ele próprio aceita, propõe ou impõe… aos outros.
A financeirização da economia poderia chamar-se o desfinanciamento da produção por a acumulação do capital-dinheiro se fazer por via de D-D’ mais do que pela metamorfose D-M-…P…-M’-D’, por esta circulação apenas se fazer em condições em que a criação de mais-valia só é possível com cada vez menos suportáveis taxas de exploração dos trabalhadores.
Neste contributo para esta sessão, queria deixar apenas uns dados e umas notas em que tenho reflectido a partir de episódios vividos em tarefa.
Daqui que, mais uma vez e de outra maneira, queira sublinhar o que já teria ficado entendido do que disse, e do que já foi dito e se vai dizer melhor que eu: que a dívida, qualquer dívida, tem a sua origem no déficit do que se produz em relação ao que se consome. Em termos monetários, do que se recebe (ou tem para receber) do que se paga (ou tem de se pagar). O primeiro caso, trata-se em contabilidade como registo de variações patrimoniais; no segundo está no campo das contaHabilidades.
E se se ataca o défice pela via da redução do que se consome ou gasta, isso obrigaria a reduzir os consumos ou gastos supérfluos, a começar pelos escandalosos, e nunca os indispensáveis a um viver digno das populações nestes tempos que vivemos.
Mas esse ataque deve sobretudo privilegiar o aumento do que se produz, usando os recursos naturais e/ou adquiridos, as localizações, as capacidades de criar… a riqueza nas nações.
E aqui coloca-se a questão clássica da divisão internacional do trabalho (DIT) no aproveitamento dos recursos.
Pois na divisão “europeia” de trabalho (e coloquei aspas a orlar a palavra europeia…), nos Estados que foram formando a orla periférica deste centro foi sendo preterida, condicionadamente segundo o peso no conjunto, a correlação de forças sociais e a resistência, foi sendo preterida ou até abandonada a capacidade de aproveitamento dos recursos, as vantagens comparativas nacionais, como a do mar nosso, ou que nosso foi, a das terras em pousio
Dessa estratégia, não explícita mas insidiosamente posta em prática com a cumplicidade das “quinta-colunas locais”, teria de resultar o endividamento externo desses Estados-membros. Como armadilha numa luta de classes sem tréguas ou hiatos.     
E é necessário, ao falar de dívida externa, ter presente que ela não é uma mas, sim, uma soma cujas parcelas são a dívida pública e a dívida privada, com as sub-parcelas empresas e famílias. E julga-se necessário fazê-lo pois há a tendência, que não tem raízes inócuas ou aéreas, para se falar de dívida como se ela fosse apenas a dívida pública.
As situações variam consoante os Estados, as contabilidades e as contaHabilidades. Públicas, e publicadas, e manipuladas. Que, não obstante, importa conhecer e dilucidar.
Numa página da internet, é-nos facultada, a evolução da dívida ao segundo. Acompanhamo-la – não ao segundo – e dela retiramos que a dívida externa da Irlanda ultrapassa, há muito, 1000 por cento do PIB, enquanto a sua dívida pública, apesar de ter absorvido alguma dessa dívida externa, tem diminuído. Nos últimos dois anos e meio, a Irlanda passou de segundo Estado com maior dívida pública dos 5 alvo de maior atenção (os PIIGS) para 5º, baixando, nas duas parcelas, mais de 10%. Em contrapartida, Portugal é o segundo em acréscimo de dívida externa (depois da Grécia) e é o segundo em acréscimo de dívida pública (depois da Espanha) no mesmo período, acréscimo que o torna o de mais elevada percentagem de dívida pública entre esses 5 Estados-membros.
Não será essa a leitura contabilística do Eurostat, que usa conceito de dívida pública definido e retirado de Maastrich, e mantém Portugal, nos últimos dados publicados (do 1º trimestre de 2014), no nada honroso 3º lugar de todos os 38 Estados-membros (mais a Noruega), com um acréscimo de dívida pública que é de 24% desde o 2º trimestre de 2011 (só ultrapassado pela Espanha). Aliás, o caso da Espanha merece referência pois, nestes 3 anos, teria subido 44% a sua dívida pública, apenas ultrapassada por Chipre, forte candidato a PIIGS, sendo parte da periferia e tendo tido forte resistência a esta armadilha, em que só recentemente caiu.
Estes dois casos merecem destaque, pois a Espanha passa de 12º a 7º e Chipre de 13º a 5º, com a agravante de ter tido um salto brusco pois no 1º trimestre de 2013 dívida pública de Chipre era estimada em 87,6% do PIB e já ultrapassa os 100% desde o 3º trimestre desse ano.
Aliás, o grupo dos Estados-membros com dívida pública superior a 100% do PIB merece destaque: eram 3 no 1º trimestre de 2011 e são 6, ou já 7 em 2014:
À Grécia, Itália e Portugal vieram juntar-se Irlanda, Chipre e Bélgica, com Espanha “à porta” com 97% no 1º trimestre.
Perguntar-se-á: e que tem o Euro a ver com isso?
Poderia responder-se com estas mesmas tabelas do Eurostat: enquanto no conjunto doa 28 Estados-membros a dívida pública subiu, entre 2011 e 2014, de 81,2% do PIB para 88%, isto é, 8%, enquanto na área do Eurogrupo (que está incluído na U.E.) atingiu 96,4% do PIB e subiu, desde 2011, 9%.
Mas trata-se, apenas de um sinal, com todas as cautelas e reservas que as estatísticas merecem.
O que vos posso transmitir como vivido vem de ter feito parte da comissão monetária do Parlamento Europeu, que acompanhou a criação da moeda única, primeiro projectada para 1995, com algumas pretensões a fundamentar técnica e teoricamente essa criação através do Mecanismo das Taxas de Câmbio com faixas de flutuação em que as moedas candidatas serpenteavam, estreitando-se num túnel até à flutuação zero numa zona monetária óptima ou fazendo por isso. Falhou. Porque, em vez de estreitar esmagando a serpente, esta, as taxas de flutuação, rebentou o chão e o tecto do túnel.
Em vez de acontecer o que acontecera 25 anos antes, ou seja, a constatação de que não havia condições, o Conselho Europeu de Madrid (de Dezembro de 1995) decidiu o adiamento por dois anos e forçar essa criação. Dessa cimeira saiu o 1º ministro português (Guterres) com a bíblica declaração de que “nasceu o euro e sobre ele se edificará a Europa!”.
O que me pareceu evidente foi que o euro iria ser criado custasse o que custasse, como moeda de um grupo de países, e seriam incómodos os que forçassem a sua entrada (à custa de sacrifícios dos seus povos) e teriam de pagar muito caro essa pretensão. No caso de Portugal, com uma dupla valorização: i) directamente, do escudo para se apagar no euro, ii) indirectamente, do euro em relação ao dólar. Em termos monetários, a competitividade da nossa produção sofreu brutal golpe, a juntar ao papel que nos estava reservado na divisão “europeia” de trabalho. E tornou-se um dos dentes mais aguçados da armadilha da dívida!
Continuando a década anterior de ilusão e de criação de condições, os anos deste século foram desastrosos economicamente. Há que pôr fim ao desastre!
Como? É a pergunta mais próxima da que fazer?
Há 20 anos que estou convicto que, estrategicamente, seriamos incómodos na moeda única mas que, uma vez estando nela, essa presença foi aproveitada como peça da armadilha encarregada de nos corrigir de descaminho a que nos levara o 25 de Abril.
É muito importante, para o povo português, não estar na moeda única mas sair dela pode ser perverso se, tal como na entrada, a correlação de forças sociais possibilitar (ou não impedir) que essa saída seja aproveitada para mais destruir Abrl e as suas conquistas e abertura para o futuro.
O imobilismo não pode ser a nossa atitude. E não tem sido, nem será! A exigência de renegociação da dívida e a mobilização das massas para espaldar essa exigência tem-no demonstrado. Vejo todas as iniciativas com esse sentido como necessárias, indispensáveis e… insuficientes. Mas é a força que temos.

Juntaria, ainda, duas últimas observações.

Uma, de fundo. Só esse esclarecimento e mobilização das massas, com a enfase na valorização da produção, poderá enfrentar e anular o que chamei perversidades em medidas inevitáveis e políticas servindo interesses nacionais E relembro e reforço as campanhas do PCP pela produção. Pôr Portugal a produzir!

Outra, talvez terminológica (e para terminar) Faz-se alguma confusão com os verbos renegociar e reestruturar. Há que renegociar a dívida pública, e há que reestruturar a dívida externa, quer numa quer noutra acção (verbalizar é agir) há que ter em particular atenção o controlo da circulação de capitais sob a forma de dinheiro, e desmistificar fórmulas falaciosas de capitalismo controlador, putativo sucessor de um capitalismo regulador cuja evolução recente tem episódios que são reveladores do seu sempre visto por nós como de inevitável fracasso. Sendo uma consensualidade que não se pode pagar uma dívida com uma política que a faz crescer – o último número é de 11% de aumento dos juros da dívida pública –, só uma política patriótica e de esquerda conseguirá renegociar e reestruturar, com complexas, exigentes, rigorosas traduções técnicas escoradas na nossa base teórica, num quadro geral em que são possíveis e necessárias solidariedades entre povos que é vital tornar protagonistas da política.

A força do Povo, por um Portugal com futuro...

Porque

09:02 29.09.2014

Juros da dívida de Portugal a subir em todos os prazos

Os juros da dívida de Portugal estavam hoje a subir em todos os prazos em relação a sexta-feira, alinhados com os da Grécia, Irlanda, Itália e Espanha. 


Porque...
não quero perder este "espaço de antena",
sobretudo porque não quero perder 
este tempo de contacto convosco!

quinta-feira, setembro 25, 2014

505 euros de salário mínimo... mas COM TROCO!

aqui a(POST)ADO:

TERÇA-FEIRA, SETEMBRO 16, 2014

Vai uma apostinha?


Aquela organização que usa a sigla UGT ainda vai ficar a "campeã" do aumento do salário mínimo (para 505 euros...), depois da tanta luta consequente e contínua por parte da CGTP, e das movimentações e manifestações de massas.
Vai uma apostinha? 

Tenho mesmo azar ao jogo!

Ou não jogo ou não jogam (apostam) comigo
... também dizem que só aposto pela certa!

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Fechado acordo 

para subir 

o salário mínimo

CRISTINA OLIVEIRA DA SILVA




Fechado acordo para subir o salário mínimo

Está selado o acordo: o salário mínimo vai aumentar para 505 euros e os descontos das empresas para a Segurança Social vão descer 0,75 pontos percentuais.
O acordo será formalizado hoje em concertação social, numa reunião agendada para as 18h30 que contará com a presença do Primeiro-Ministro, apurou o Económico. 
Em troca do aumento do salário mínimo para 505 euros, os descontos das empresas para a Segurança Social vão descer em 0,75 pontos percentuais.
No entanto, esta redução apenas deverá abranger os trabalhadores que recebem a remuneração mínima (485 euros) e que obrigatoriamente serão aumentados para 505 euros quando o novo montante estiver em vigor, apurou o Diário Económico. 
A subida para 505 euros, com efeitos a Outubro, era reivindicada pela UGT, mas os patrões inicialmente só estavam dispostos a ir até 500 euros. Já a CGTP queria aumentos mais significativos.

quarta-feira, setembro 24, 2014

Dias de agora - a mediocre idade

23.09.2014

(...)

Mais uma pequena nota sobre o que ouvi, ontem, no Prós e Contras
se tivesse dúvidas sobre o que se está a passar no Ministério da Justiça, tinha ficado totalmente esclarecido.

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O que se está a passar neste ministério, bem como no da Educação é… indesculpável seja por quem for, pense o que pensar.

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Sendo os objectivos o que são, e se escondem detrás do que se afirma objectivos serem, a mediocridade e a incompetência estão a desmascara-los e, criminosamente, a “sair-nos do pêlo”.

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Nem falo em dinheiro…porque não tem preço o que estão a destruir.

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E lembro-me de, quando Passos Coelho chegou ao lugar que ocupa, ter sublinhado o lado medíocre, rasca, do fulano.

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Neste curto intervalo de tempo, de poucos anos e tantas mudanças, tem sido dolorosa a confirmação.

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É que, ele e alguns muitos da sua equipa, agridem a inteligência mediana e a cultura básica.

(...)

domingo, setembro 21, 2014

Para este domingo



¡Ay qué trabajo me cuesta 
quererte como te quiero!

Por tu amor me duele el aire,
el corazón
y el sombrero.

¿Quién me compraría a mí
este cintillo que tengo
y esta tristeza de hilo
blanco, para hacer pañuelos?

¡Ay qué trabajo me cuesta
quererte como te quiero!


Por el arco de Elvira
quiero verte pasar
Para saber tu nombre
y ponerme a llorar.

¿Qué luna gris de las nueve 
te desangró la mejilla?
 
¿Quién recoge tu semilla
 
de llamarada en la nieve?
 
¿Qué alfiler de cactus breve
asesina tu cristal?

Por el arco de Elvira
voy a verte pasar
para beber tus ojos
y ponerme a llorar.

¡Qué voz para mi castigo
levantas por el mercado!
¡Qué clavel enajenado
en los montones de trigo!
¡Qué lejos estoy contigo!
¡qué cerca cuando te vas!

Por el arco de Elvira
voy a verte pasar
para sufrir tus muslos
y ponerme a llorar.


Tengo miedo a perder la maravilla 
de tus ojos de estatua y el acento 
que de noche me pone en la mejilla 
la solitaria rosa de tu aliento. 

Tengo pena de ser en esta orilla 
tronco sin ramas; y lo que más siento 
es no tener la flor, pulpa o arcilla, 
para el gusano de mi sufrimiento. 

Si tú eres el tesoro oculto mío, 
si eres mi cruz y mi dolor mojado, 
si soy el perro de tu señorío, 

no me dejes perder lo que he ganado 
y decora las aguas de tu río 
con hojas de mi otoño enajenado.

muito grato pela prenda que me deram 
da publicação e cd editados
pelo Sector Intelectual do Porto
do PCP.
deles se falará aqui




sexta-feira, setembro 19, 2014

citações

final de artigo de opinião de Aurora Teixeira no Expresso-diário on-line, de hoje


«(...)
Pode parecer despropositado, mas estas sucessões de eventos e as desculpas apresentadas por parte dos nossos ministros relembrarem-me a definição de 'hipócritas' de Abraham Lincoln: "indivíduos que depois de matarem os pais imploram por misericórdia alegando que são órfãos".»

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/nem-nem-e-nem-nem-nem-desculpas-para-que=f890123#ixzz3DmSqJCm4


A mim 
não me parece nada despropositado
por isso: 
cito!

CONVERSA UM

Cena 1 – há um quarto de século
O “político”- O banco que foi da tua família vai ser desnacionalizado… gostaria de to devolver!
O “banqueiro” - Quanto terei de pagar ao Estado para o poder controlar?
O “político”- Aí com uns 10 cifrões poderás ser dono disto tudo, que vale aí 100 cifrões…
O “banqueiro”- Mas eu não tenho essa massa disponível. 10, dizes tu?
O “político” - Eu arranjo quem tos emprestes, um banco francês que é mon ami…
Cena 2 – intermédia
O “político”- Andas metido em grandes negócios…
O “banqueiro”- Nem imaginas! É um ver se me avio pelo mundo todo, e com ajuda das Telecom unicações..
O “político”- Boa… mas não te esqueceste de pagar ao banco mon ami, de que te dei a dica e a cunha…
O “banqueiro”- Claro que não! Andamos numa boa! É só colaboração…
O “político”- Vê lá, não exageres. Sei de umas coisas que todos sabem e fingem não saber, que olha que são arriscadas…
O “banqueiro”- Não te preocupes! Tudo controlado sob a capa do capitalismo regulado… os reguladores funcionam não funcionando.
O “político”- Vê lá…
Cena 3 – actual
O “político”- E agora?
O “banqueiro”- É uma chatice… mas hei-de dar a volta por cima.
O “político”- Mas… e o teu banco?
O “banqueiro”- Olha, o Governo está a ver se o vende. As coisas estão a arranjar-se para ir ser comprado por 5 por quem me emprestou os 10 para eu ficar dono de 100 e, depois, de milhões… está descansado, cá por mim hei-de safar-me…


(voz off) – Olhe que talvez não, olhe que talvez não. Tantas vezes vai o cântaro à fonte…

saída pela esquerda… baixa?

Esclarecedor!

 - Edição Nº2129  -  18-9-2014

Soares ao telefone

O caso não é para menos e já vamos perdendo a conta às inúmeras notícias, reportagens, comentários e outras peças que sobre o caso BES/GES têm vindo à estampa. Uma informação abundante que vai circulando nos diferentes órgãos de comunicação, mais em jeito de novela policial do que de apuramento real dos factos e responsabilidades políticas e económicas inerentes ao colapso do império Espírito Santo. Estratégia ou não dos poderes dominantes, o facto é que na enxurrada da informação que vai estando disponível muitos vão perdendo o fio à meada por entre a complexa teia de labirínticas relações entre grupos económicos e poder político, ou perante a sucessão de episódios, como a recente demissão dos administradores do chamado Novo Banco, entre eles o conselheiro de Estado, escolhido por Cavaco, chamado Vítor Bento.
Surgem no entanto pequenas «pérolas» que lançam alguma luz sobre a forma em como este polvo foi ganhando (e está a ganhar, não nos iludamos!) força e poder na sociedade portuguesa, na inversa medida, claro está, do agravamento da exploração e pobreza do nosso povo.
Vem isto a propósito de uma reportagem exibida pela RTP1 no programa linha da frente que faz uma espécie de reconstituição da vida e percurso do banqueiro Ricardo Salgado e onde, lá para o minuto 5 da referida reportagem, nos aparece a figura de Mário Soares a explicar – por vaidade ou distracção – o seguinte: estávamos no início da década de 90 quando o próprio telefonou a Ricardo Salgado dizendo-lhe que estavam a «desnacionalizar» a economia e se ele não queria ficar com o «seu banco», ao que Ricardo Salgado lhe terá respondido que sim, mas que, pobre coitado, não tinha dinheiro, coisa que Soares se prontificou a resolver com um simples telefonema ao «mon ami Miterrand» que por via de um banco francês (BNP Paribas) lhe disponibilizou a massa.
Não sei quantos mais telefonemas fez Mário Soares nessa como em outras alturas para dar a mão a um punhado de capitalistas que anos antes eram o suporte do regime fascista. Mas o que é certo e seguro é que sem a intervenção activa do PS, mas também do PSD e CDS, não teria sido possível assistirmos ao criminoso percurso de privatizações de empresas estratégicas para o País e à reconstituição dos grupos monopolistas que a Revolução de Abril, por razões que são cada vez mais evidentes, justamente liquidou.

Vasco Cardoso

Vamos ao fundo do que está a ir ao fundo...

quinta-feira, setembro 18, 2014

Desculpas de maus pagadores

Colocação de professores: Crato reconhece erro, pede «desculpa ao país» e manda refazer listas (Expresso)

Professores já contratados pelas bolsas de contratação de escola não perdem o lugar. Entre mil a dois mil docentes poderão ser agora repescados.

Notícias Relacionadas

Que devem fazer os responsáveis políticos
quando se vêem obrigados a pedir desculpa
pelos erros e "transtornos"?!

Enquanto se vota na Escócia

... ler esta informação no sapo-Rádio Renascença ajuda a entender a importância deste voto dos escoceses ( e só os que lá vivem) mais os não-escoceses que lá vivem:  

O que vai a UE fazer 
se a Escócia quiser a independência?
Foto: Andy Rain/EPA
Bombardeados com perguntas, os responsáveis europeus mostram cautela (muita cautela): a questão tem um enorme potencial de contágio, cujo alcance ninguém é capaz de prever.

17-09-2014 20:24 por Daniel Rosário, em Bruxelas

Caso a Escócia se torne independente, deixará automaticamente de fazer parte da União Europeia e, caso assim o entenda, terá que voltar a solicitar a adesão. Esta era até há bem pouco tempo a posição oficial da Comissão Europeia. Era, mas já não é.
Não porque tenha deixado verdadeiramente de o ser, mas porque, à medida que avança a contagem decrescente para o referendo de quinta-feira, a ordem em Bruxelas é para evitar todo e qualquer tipo de comentário. Mesmo o mais factual e aparentemente inofensivo, para evitar qualquer derrapagem ou, pior ainda, acusação de envolvimento na escolha dos escoceses.
A cautela europeia em relação a este assunto decorre da sua delicadeza, mas não só. Esta é uma questão com um enorme potencial de contágio, cujo alcance ninguém é capaz de prever ao certo.
Por um lado, em relação ao destino da própria Escócia e a sua relação com a União. Por outro, em relação à situação de vários territórios de vários países europeus onde o separatismo ganha cada vez mais adeptos. Na vizinha Espanha, com a Catalunha. Mas também na Bélgica, com a Flandres. E há mais exemplos.
Numa altura em que a situação na Ucrânia já obrigou a redesenhar os mapas da Europa, com a anexação da Crimeia pela Rússia, as causas separatistas não entusiasmam Bruxelas. 
Uma lição via Europa?... 
A Comissão começou a ser bombardeada com perguntas há cerca de dois anos devido à situação na Escócia e na Catalunha e rapidamente estabeleceu a tese de que se parte de um território de um Estado-membro deixar de fazer parte desse mesmo Estado, o território em causa deixa de fazer parte da União. 
No entanto, em Fevereiro deste ano, Durão Barroso foi muito mais longe. Numa entrevista à BBC, afirmou que caso uma Escócia independente queira voltar a integrar a União, será “extremamente difícil (…), se não impossível”, obter o apoio de todos os outros Estados-membros.
Qualquer adesão tem que ser aprovada por unanimidade e ninguém garante que o Reino Unido, mas também outros países, como Espanha, percam essa oportunidade para dar uma lição aos seus próprios movimentos secessionistas. O aviso de Barroso foi factual, mas soou a ameaça. 
… ou o bom velho pragmatismo? 
No entanto, esta é a retórica pré-referendo e ninguém se atreve a ser demasiado taxativo em relação ao que acontecerá caso o “sim” à independência leve a melhor. O mais provável é que, depois de alguma confusão inicial, acabe por prevalecer o pragmatismo.
A verdade é que, embora não haja nenhum precedente idêntico, não faltam exemplos de soluções criativas para casos que mexeram com as fronteiras de países da União.

Basta pensar no processo da reunificação alemã, na saída da Gronelândia da então Comunidade Europeia e na ilha de Chipre, um Estado-membro com parte do seu território ocupada por um país terceiro.

Dez-a-fio

17.09.2014

(...)

  Entretanto, ontem à noite, respondi a um des-a-fio.
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  Ainda não o mandei e não sei se mandarei…
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  Mas fica aqui a resposta:
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 Dez-a-fio
Não costumo responder a desafios deste tipo. Os 10 mais isto ou mais aquilo (livros, filmes, canções). Temos tantas solicitações e tão variadas que dez-a-fios não me tentam. O facto é que, desta vez, me puseram a pensar quais os 10 livros (de ficção ou quase…) que mais me teriam influenciado, e desa…tei a fazer uma lista.
Não sei se sairão dez, nem estou certo que terão sido os que mais me influenciaram (no sentido de ter ficado diferente ou mais o mesmo depois de os ter lido). Mas que muito me influenciaram é tão evidente que, ao soltar a memória, esta os trouxe para a lista.
Começo cronologicamente, e cronologicamente procurarei continuar:
i)                    livros de Júlio Diniz (porque despertaram, ou acirraram, o gosto de ler, e de conhecer o País de que sou… e que não era, nem é, bem aquele…)
ii)                  As vinhas da ira, de J. Steinbeck (pelo que me deram, em ficção, a lição – de vida, de economia – que muitos tratados não tratam ou escamoteiam)
iii)                A mãe, de M. Gorki (pelas mesmas razões)
iv)                 Os subterrâneos da liberdade, do Jorge Amado (os três volumes comprados, em 1958, em Luanda, e aí começados a “devorar” –  eram em Santos, três soldados, baioneta calada…)
v)                  Djamilia, de T. Aitmantov, e Serioja, de Vera Panova (porque companheiros inestimáveis de tempos de muita leitura e reconstrução, no Aljube e em Caxias)
vi)                 Levantado do chão, de José Saramago (pela revelação de um enorme escritor, que era um amigo, a contar-nos a revolução e a reforma agrária)
vii)              O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago (porque me relata, ao vivo, o que foi o meu primeiro ano de vida, 1936)
viii)            E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto, de Rubem Fonseca (quase só pelo título, que se me agarrou…)
ix)                Dias comuns, de José Gomes Ferreira (diários que estimulam e ensinam – o que não quer dizer que eu tenha aprendido – a contar a História por cada um vivida)
x)                  Embora muito recentes, ainda a tempo (sempre é!) de me influenciar:
a.      Leite derramado, de F. Buarque de Holanda (pela surpreendente compreensão da velhice)
b.      O animal moribundo e O Fantasma sai de cena, de Philip Roth (pelas mesmas razões, embora sem surpresa…, e pelo enorme escritor que é)
c.       Chagrin d’école, de Daniel Pénnac (por, como todos os livros deste autor, ser o que e como eu gostaria de saber escrever)
d.      Nós, de Helder Macedo (porque, sendo um snsaio, me ter feito redescobrir Cesário Verde e nele me fixar – Se eu não morresse nunca/E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das cousas…)

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  Foi o que saiu!
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Se fosse hoje, 18, teria saído outra lista...