terça-feira, janeiro 26, 2016

Nesta marcha pelo/para o futuro, à boleia de palavras de outro, que para nós tomamos e divulgamos

Andamos (todos nós? muitos de nós!) à procura das palavras que digam o que importa dizer, neste momento tão particular das nossas vidas (e que, talvez..., nem seja mais particular do que tantos outros que já vivemos, e que viveremos enquanto vivos formos). Um momento particular das vidas de quem decidiu tomar partido, ser de um colectivo que joga xadrez e se recusa a mudar de modalidade desportiva como, por exemplo, o "jogo das damas" ou o "dos matraquilhos".  
Neste texto do Miguel Tiago, encontrei palavras que procurava. Palavras que, sendo dele, as tomo para mim, as subscrevo, as reproduzo, aproveitando o envio (e os sublinhados...) de um outro "peão" da cor que é nossa e do jogo que continua, contínuo, com as peças e os movimentos que fazemos. Nunca sem dúvidas, nem sempre certos, sempre prontos a corrigi-los.
 
As regras do jogo
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Publicado por Miguel Tiago

Se aceitarmos fazer uma partida de xadrez a jogar com 16 peões de pedras pretas contra um adversário que joga com o conjunto regular de pedras brancas, não podemos gritar surpreendidos "ah, mas tu tens uma dama!" quando os nossos peões tombarem às investidas da táctica adversária.


Assim é connosco, comunistas, que aceitámos participar numa luta nas conhecidas e não fáceis condições que o domínio dos grandes grupos económicos nos impõe. Quando decidimos, cada um, individualmente, iniciar o nosso percurso nesta marcha pelo futuro, já sabíamos que o presente não nos daria tréguas, já sabíamos que as forças do colectivo a que nos estávamos a ligar não tinham amparo nos jornais, nem nas televisões, nem nas rádios. Quando nos comprometemos com a luta dos comunistas, já sabemos que dependemos estritamente das forças do nosso colectivo.

Os comunistas não se queixam da falta de atenção que a comunicação social lhes dá. Os comunistas denunciam a propriedade e a missão da comunicação social, não para justificar as insuficiências do seu colectivo partidário, mas para ilustrar o quão poderosas são as forças do inimigo.

Os comunistas também não se iludem quanto à "inteligência" colectiva do povo e dos eleitores. Não se trata de haver gente que anda a dormir. Pelo contrário, o sinal de que os portugueses estão acordados é o facto de responderem aos estímulos que recebem. Quinze anos de estímulos a entrar pelas nossas casas adentro, fazendo de um líder do PSD, repentinamente, o Sr. Professor. Muitas horas de estímulos a menorizar e secundarizar outros candidatos, entre os quais, o comunista Edgar Silva.

A questão é relativamente simples: algum de nós seria comunista se em algum momento das nossas vidas não tivéssemos conhecido o Partido? Se em algum momento não nos tivéssemos cruzado com o PCP, ou com os seus militantes ou materiais de difusão e divulgação, teríamos desse partido a imagem que nos é oferecida por terceiros. Isso faria de nós "gente adormecida", "burra", menos inteligente?

Não!, faria de nós gente. Gente como toda a gente. Que é o que somos.

Tivemos a "sorte", a vida permitiu-nos, o Partido conseguiu, no nosso caso, romper as barreiras, furar o cerco, e chegar a nós. De uma forma ou de outra.

São assim as regras do jogo em que decidimos participar, voluntariamente porque a vida nos mostrou um caminho que entendemos como compulsivo por força da consciência social. E nessas regras, somos os peões de pedras pretas contra todo um arsenal. Não dependemos de convencer o adversário da nossa bondade, mas de redobrar os nossos esforços, melhorar a táctica, defender sem cedência a estratégia, unir as forças. Levar o Avante! a quem nunca o viu. Organizar na defesa dos seus interesses quem nunca lutou. Levantar primeiro a cara perante as injustiças. Ser o exemplo junto dos colegas de trabalho.

Romper o cerco, com as regras que aceitámos à partida. Até que pelos trabalhadores sejam feitas novas regras. Até que a ditadura dissimulada dos monopólios seja suplantada pela democracia dos trabalhadores.





obrigado, Miguel Tiago

segunda-feira, janeiro 25, 2016

"A HISTÓRIA NÃO TERMINA NESTA NOITE..." (Edgar Silva)

A LUTA (a de sempre!...) CONTINUA!

Neste lado do caminho da História,
mordendo o pó da estrada,
ferindo os pés nas pedras das vielas,
só me dá para gritar:
a luta continua!

Ou... (melhor?),
neste lado do caminho da História,
neste momento da luta (que continua!...)
só me dá para dizer:
obrigado, camarada Edgar,
obrigado ao Partido que te apoiou nesta tarefa,
contra tudo e contra "todos"
(que só alguns eram, mas força tiveram...)
A LUTA CONTINUA!

sábado, janeiro 23, 2016

Justificação de falta

Regresso a de onde nunca me ausentei. Algumas vezes me aconteceu isso na vida. Esta será mais uma, na espera(nça) que outras mais ainda venham a acontecer.
Estive fora, como quase todos os anos,  numa curta visita a Cabo Verde, de cunho estritamente pessoal. E, apesar de todos os progressos (e também, decerto, por incúria e azelhice minhas), desligado das comunicações sociais e internéticas, perdi o contacto convosco. O que, a mim!, muita falta fez. Mas presto-vos contas, transcrevendo páginas do quase diário:

A ida ao Fogo, a S.Filipe, não foi só para ir a Chã de Caldeiras; fomos recebidos (às 7 da manhã!) pelo presidente da Câmara (geminada com Ourém, e sendo ele conhecedor  da minha visita), que me levou a participar numa sessão comemorativa do 13 de Janeiro com uma espécie de “oração de sapiência” (a que o presidente da Câmara chamou “aula magna”), que justifica registo à parte.

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Embora me tivesse disponibilizado para o que entendessem útil, foi com surpresa que me vi em tais "altas cavalarias"... que correram bem e, embora com escassa assistência e participação, deu para reportagem e entrevista na TCV… ao nível de muitas intervenções sobre esse dia, como do Pacheco Pereira, convidado para S.Vicente (e outras “actuações”...).

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Falei de improviso, seguindo um guião em que procurei, com toda a experiência e alguma habilidade, não me imiscuir na política interna, em que o PAICV é o “partido da independência” simbolizada com o 5 de Julho (de 1975), e o MpD pretende ser o “partido da liberdade e da democracia” com a sua bandeira no dia 13 de Janeiro (de 1991), dia do fim do dito “regime de partido único”… o que teria acontecido porque “eles”, o MpD, ganhou as eleições de desse dia de 1991!... 

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Quer dizer, o “regime de partido único” (nascido do movimento  que conquistou a independência!) acaba e começa a o "regime da democracia" quando um partido de oposição ao dito “partido único” ganha as eleições... porque se o tal “partido único” as tivesse ganho ainda não seria democracia!

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Mas não me queria/podia meter nessa questão/debate pelo que escolhi, a propósito de feriados e datas, colocar como central o 25 de Abril, por tudo o que representa de luta contra o fascismo e a guerra colonial, enquanto data matriz de liberdade e democracia e, pela luta dos povos, das suas independências, do povo de Portugal e dos povos das ex-colónias..

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Depois, falei do processo caboverdeano, desde as dúvidas sobre a sua viabilidade como Estado, até ao lugar de Estado de desenvolvimento humano médio segundo o indicador do PNUD criado em 1990, bem acima de todas as outras ex-colónias portuguesas.

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E… disse mais coisas. Justificadas!

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E amanhã registadas. Talvez…
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E amanhã, 24 - e espero também a 14 de Fevereiro -, às 7 horas (hora que me persegue!), estarei, com os outros cidadãos indicados para membros, a abrir uma mesa de voto na minha freguesia... até ao encerramento e contagem dos ditos.

sexta-feira, janeiro 15, 2016

domingo, janeiro 10, 2016

sábado, janeiro 09, 2016

Se alguém mentiu, quem mentiu?

Notas de um/para um diário:

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O outro mail, do ..., chamando-me a atenção para um “post” Porque mentes tu, Edgar?, num blog  r/c esquerdo, que é… nauseabundo.

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Porque pega num episódio uma sem importância de maior, e faz dele um caso… “pulítico”.

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Reconstitua-se: num debate mais ou menos equilibrado – embora com alguma latente tensão –, Marisa Matias começou por ilustrar diferenças em relação à candidatura do Edgar, habilidosamente (ardilosamente…) colando-o à aprovação do orçamento rectificativo, o que levou Edgar a, com urbanidade mas com contida irritação, a esclarecer a sua posição.

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À luz da Constituição, Edgar explicou que, com a maioria concreta (PS/PSD, evidentemente casuística) da AdaR que aprovara o documento, o que PdaR teria a fazer seria devolver o documento – o que corresponderia a uma rejeição política – e, no caso da mesma maioria se manter apesar dessa sua rejeição, ao PdaR só lhe restaria 1) rejeitá-lo, o que implicaria 1.i) a dissolução da Assembleia da República ou 1.ii) a sua própria demissão, ou 2) aprová-lo institucionalmente, apesar da sua posição política negativa e declaração, e apenas por se tratar de uma emergência.

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Tudo estudado, no caso presente do orçamento rectificativo optaria pela aceitação "à segunda", o que seria discutível… mas justificado.

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Passado o primeiro incidente, este, em que se confrontou uma posição demagógica e sem base na Constituição e aplicação concreta enquanto putativa/o PdaR e uma posição de um outro candidato a cumprir e a fazer cumprir a CdaRP, o debate continuou sem que a tensão tivesse naturalmente diminuído, mas mantendo-se cordato.   

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Até que o moderador pôs a questão (daquele dia…) dos ensaios nucleares na Coreia do Norte… ao Edgar, claro, a que ele respondeu, claramente, dizendo que, sempre no respeito da Constituição, o PdaR deveria defender a paz e o desarmamento e condenar o seu contrário – como ensaios nucleares – viesse de onde viesse e, embora esta seja a minha “crónica”, referiu os E.U.A., o Irão, a Coreia do Norte

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Resposta dada? Qual o quê, como canta (tão bem, e sempre oportuno) o Xico!

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O que, inopinadamente (?!), para o que o moderador queria uma resposta, era se o Edgar achava se a Coreia do Norte era uma democracia ou uma ditadura, e perguntou-o sic.

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Ao que o Edgar respondeu que o PdaR – lugar a que se candidata – tem, enquanto tal, de se relacionar com todos os Estados, independentemente da sua opinião pessoal sobre a forma de organização de cada um deles, mas não deixou de dizer, de passagem, que não achava que a Coreia do Norte privilegiasse a democracia.

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Marisa Matias aproveitou a oportunidade para afirmar a sua opinião sobre a Coreia do Norte, definitiva e decerto bem informada, à margem da questão inicial do moderador (?), embora incluísse Israel entre os fautores de ensaios e amamento nucleares, referência que Edgar não fizera e… veio por bem.

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Interveio Edgar, sobre o tema, marcando a diferença sobre um voto de Marisa no Parlamento Europeu, em que teria sido incoerente ao votar a favor uma resolução que abriria espaço, segundo legítimas interpretações, à ingerência e invasão da Líbia em 2011, a coberto da defesa dos direitos humanos.

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Que foi ele fazer? Com alguma crispação, Marisa Matias disse que era mentira e mandou que se lessem as actas, o que veio a desencadear um recrudescimento de campanha contra Edgar, que atingiu raias do insulto (Porque mentes tu, Edgar?, por exemplo).

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Gostaria de ser capaz de acalmar as hostes: vistos os actos e as actas, 
  • havia, numa proposta de resolução, um ponto 10 que, pela sua gravidade – por abrir as vias para a agressão militar –, alguns deputados, entre eles Marisa, pediram votação separada e votaram contra; 
  • não tendo sido rejeitado tal ponto, e ficando incluído no conjunto da resolução. Marisa votou-o positivamente, 
  • isto é, votou sim (+) o que, antes e em separado, votara não (–); 
  • terá tido as suas razões, como houve quem tivesse, por razões suas, considerado dever votar não (–) o conjunto em que se incluía o que antes votara não (–).


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Se alguém mentiu, quem mentiu?



















(...)

sexta-feira, janeiro 08, 2016

«Os milhões, a bola e o resto»

 - Edição Nº2197  -  7-1-2016

Os milhões, a bola e o resto

As últimas semanas do ano ficaram também marcadas por notícias bombásticas sobre as muitas centenas de milhões de euros que as operadoras de telecomunicações decidiram despejar nos principais clubes de futebol profissional. A discussão, tantas vezes inquinada quando o assunto é «bola», ficou reduzida a uma espécie de competição sobre qual dos clubes teria feito melhor negócio, com as habituais horas de comentário televisivo que normalmente se destinam a dissecar arbitragens e declarações de dirigentes, a serem substituídas por análises a contratos, mais ou menos contaminadas por fervores clubísticos .
Mas a dimensão destes «negócios» obriga a um olhar mais atento e profundo sobre o significado de, num país marcado por tão profundas dificuldades e injustiças, de repente jorrarem centenas de milhões de euros para dois ou três clubes de futebol.
Obriga a que se denuncie a profunda diferença entre as verbas aventadas para estes clubes e aquelas que o País disponibiliza, quer para a democratização da prática desportiva, quer mesmo para a competição, incluindo a alta competição, do conjunto das outras modalidades. Exige que se reflicta sobre a ligação entre a privatização da PT e a liberalização do sector das telecomunicações e as opções que hoje determinam os principais focos de investimento destas empresas, onde mais do que o necessário desenvolvimento tecnológico para as necessidades do país, se privilegia o desvio de verbas para actividades de natureza especulativa que dominam a intrincada rede de negócios do futebol profissional. Reclama que se denuncie que, na base destas «prendas» aos adeptos, está uma estratégia que visa a generalização do pagamento para o acesso aos mais elementares conteúdos de televisão, ao mesmo tempo que esse mesmo acesso é negados às camadas mais desfavorecidas da população (relembrar que uma parte do território nacional não tem ainda cobertura da chamada TDT). Impõe ainda que se vislumbre, para lá das parangonas dos jornais, todo o fluxo submerso e cruzado de interesses financeiros obscuros que se movimentam nestes negócios e que, mais tarde ou mais cedo, acabam por emergir em situações como aquelas que o povo português vem amargamente conhecendo como os casos do BES ou do BANIF.

Vasco Cardoso 

quinta-feira, janeiro 07, 2016

Nem me atrevo a chamar-lhe o que me apetece

O sr. Henrique Monteiro ultrapassou-se. E conseguiu, até, ultrapassar - como é que é possível?! - um cavalheiro que s'assina Vasco Pulido Valente. 
Na sua última krónica, de hoje, que acabo de ler, HM excedeu-se. O título dela é, logo, convidativo: O pior dos candidatos - Edgar Silva. Depois, o texto abaixo de título é abaixo de tudo. Um vómito.
Seria natural que Edgar destoasse neste painel de candidatos. Que dele se discordasse, se estivesse do outro lado das suas opções de vida e luta, que fosse agredido ou mesmo ignorado... agora aquilo! É uma vergonha. Inaceitável! De que estatuto se arroga um ser humano para atacar - assim! - um outro que, no mínimo dos mínimos, merece respeito.
Com pretexto no que poderia um debate sério sobre conceitos como o de democracia, sobre realidades insuficientemente conhecidas e largamente usadas com tanta leviandade. Sobre a Coreia do Norte que se tornou na instituída personificação do Mal, da medieval ou nazi estrela amarela que se impõe na lapela do OUTRO!
Ainda com a mesma arrogante a arte e a manha de se conceder autoridade para, por contraste, atribuir distinção e louvor a Marisa Matias, que, nesse mesmo debate, teria nota bem negativa por ter dito ter votado uma decisão do PE ao contrário do que votou.
Mas... que estou eu a fazer? A escrever, indignado, sobre o que escreveu o sr. Henrique Monteiro? Paro já!  
têm aí o mail...

Esclarecimento sobre questão no debate Edgar-Marisa

Recebemos este mail, que esclarece uma questão delicada, e se reproduz:

«No debate de Marisa Matias com Edgar Silva levantou-se o problema do sentido de voto daquela eurodeputada na resolução que abriu caminho à intervenção na Líbia.
A eurodeputada pôs termo ao diferendo com a recomendação de consulta da acta.

Consultando a acta, afinal, vê-se que «Matias» votou a favor.
No Parlamento Europeu, em março de 2011, foi votada uma resolução imediatamente entendida como o abrir caminho para uma intervenção militar na Líbia (Resolução RC-B7-0169/2011, de 10/03/2011).
Essa resolução, além do seu evidente caráter geral de ingerência, continha um parágrafo decisivo (§ 10), aí incluido para justificar, legitimar e promover a intervenção militar, inseparável, como no Iraque, do objetivo do controlo do petróleo líbio.
O respetivo parágrafo, ao solicitar aos Estados-membros e à Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança a disponibilidade para a consideração da imposição de uma zona de exclusão aérea (com a justificação demagógica de impedir o regime de atacar a população civil), incentivou e desencadeou a posterior intervenção militar, e a sua cobertura pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, visto que, como todos perceberam, não se poderia impor uma zona de exclusão aérea sem o intermédio de meios militares.
Na verdade, a "zona de exclusão aérea" foi o pretexto para a agressão militar, para os mísseis, a aviação e o bloqueio naval dos EUA, França, Reino Unido, Canadá e da NATO, para o bombardeamento de populações inocentes, o apoio às forças revoltosas, a deposição do regime e a precipitação do país num caos infernal de que nunca mais saíu, de guerra de facções armadas, fundamentalismos religiosos e conflitos tribais, terrorismo e tráficos ilegais, perseguições e generalizada violação dos direitos humanos, repressão dos direitos cívicos e sociais, destruição da economia nacional e vagas massivas de refugiados que, para sobreviver, fogem do país e da guerra, aportando nomeadamente à Europa.
O fatídico parágrafo foi tão polémico que foi previamente votado à parte. A Marisa Matias, tal como os eurodeputados do PCP, votaram contra. Mas a posição foi muito minoritária e o parágrafo não foi retirado da resolução.
A resolução, com a inclusão do parágrafo crucial, foi então submetida a votação final e aprovada com o voto favorável da Marisa Matias, que nem sequer se absteve, e o coerente voto contra dos eurodeputados do PCP.
A resolução final aprovada, com o parágrafo aí disposto para abrir caminho à intervenção militar, contou inequivocamente com o voto favorável (nem sequer a abstenção) da Marisa Matias. Ao contrário do que esta afirmou e reiterou no debate televisivo com Edgar Silva, que tinha razão.

(cf. Resolução RC-B7-0169/2011, de 10/03/2011, § 10:
resultado da votação na p. 6:


Obrigado, amigo

Afganislónia

Há uns trinta anos, escrevia eu nos jornais, inventei um país, o Afganislónia, que era aquele Estado-argumento/argumento de Estado para atacar os países socialistas, e aqueles,partidos ou cidadãos conotados como (brrrr) comunistas que com estes países poderiam ter afinidades ideológicas de base. 
Porque o Pacto de Varsóvia invadia, a exemplo do caso do Afganistão, porque não havia liberdade de culto bastante ou suficiente expressão de pensamento e acção anti-socialista, no caso da Polónia, Walesa e Papa em estaleiro. ou já em situação. 
Defendiam-se condições para os trabalhadores, procurava preservar-se situações sociais, previam-se consequências funestas para a confusão nada inocente entre Europa e Estados-membros de uma associação a querer-se transformar em União Europeia... lá vinha o argumento definitivo da Afganislónia, dessas parcelas agora "pérolas" da liberdade e democracia deste mundo ocidental (ou acidental?)
Pois nos dias de hoje, sem os países do terrível Leste europeu (brrr) e o Afganistão em paz (?!), há um outro argumento (argu  mentem): a Coreia do Norte!
"Vá, diga lá se acha a Coreia do Nortevuma democracia? Salário mínimo? Pois...e a Coreia do Norte? Defendem a extinção de blocos militares e denunciam ingerência inadmisíveis? 'Tá bem... e a Coreia do Norte o qu'é qu'acha?"

Comício no Porto

segunda-feira, janeiro 04, 2016

Três destaques em leitura habitualmente rotineira


  • No caderno Economia do Expresso, descobri, na 1ª página, na coluna da dra. Manuela Ferreira Leite, cujo currículo é bem farto de cargos ministeriais e das mais altas responsabilidades no PSD (independentemente da independência partidária, claro), um naco do texto, que traz o título impressivo de A queda de uma ministra, que convida a destaque, vindo de quem vem.
(Dispenso-me de lhe publicar a cara...),  


  • No"miolo" do mesmo caderno, encontrei esta pergunta Crise vai acabar?, com esta resposta Na zona euro sim, em Portugal não, com texto que justifica a resposta - lead: PIB português está ainda 5,5% abaixo de nível pré-crise. Nos países do euro, 'regresso' a 2008 vai acontecer este ano (...) - e uma ilustração gráfica.





















  • No Público de ontem, entre outras coisas (a reportagem sobre Cabo Verde...), detive-me num trabalho sobre o Peso dos salários (volta a subir... diz ainda o título), mas logo o lead convoca para o destaque: Portugal inicia o ano com o peso dos salários ao nível mais baixo dos últimos 55 anos. As novas medidas podem, para já, mudar a tendência, A ilustração também ajuda a compor o puzzle, e a fazer vislumbrar como (e por, e para quê, e contra quem) as crises.
    ..

QUEM ATENDE AO CLAMOR DOS TRABALHADORES?

da DECLARAÇÃO DE CANDIDATURA (título do capítulo III)



sábado, janeiro 02, 2016

«Precisamos agora de Marcelo Rebelo de Sousa...» AJJ, em 1997

Ao transcrever o capítulo do livro de Ribeiro Cardoso no "post" anterior, tropeçámos neste pedaço das páginas 425-6, que relemos e também nos parece muito oportuno:






Marcelo, madeirense também (1997)

Pelo segundo ano consecutivo, Jardim teve a companhia do líder nacional do partido, Marcelo Rebelo de Sousa, que levou consigo Manuela Ferreira Leite, Nuno Morais Sarmento, José Luís Arnaut e Carlos Horta e Costa. Todos se misturaram alegremente com os dirigentes regionais do PSD, como Jaime Ramos e Carlos Machadinho. Escreveu Mário Ramires:
«Na hora das intervenções políticas, “e o Marco Paulo é logo a seguir aos discursos” – como não se cansava de repetir o animador de serviço –, “autonomia total foi a palavra de ordem do 1º orador, João Ramos (claro!). O homem prometia voltar a reclamar “um país, dois sistemas” para Portugal e a Madeira, qual China com Hong-Kong e Macau,
[…] Jardim subiu ao palco. […] Botou discurso: contra o “poder socialista de Lisboa”, contra o “regime corporativista tal como era no tempo de Salazar”, contra aqueles que “têm rótulos de socialistas e estão feitos com os grandes capitalistas”.
[…] Precisamos agora de Marcelo Rebelo de Sousa para acabar com essa pouca vergonha. […] Marcelo retribuiu-lhe o mimo: “Alberto João Jardim conta com o meu apoio político e pessoal agora e sempre.”

Marcelo falou de autonomia e da “vitória” na revisão constitucional, com o fim de “todos os poderes políticos importantes” dos ministros da República, e quebrou os últimos “muros” quando qual Kennedy berlinense, disse: “Na vossa companhia, sinto-me um madeirense também.” Seguiu-se Marco Paulo.» («Jardim nas nuvens», Mário Ramires, Expresso, 02-08-97)

Leitura recomendável para o fim de semana



O “crime” do padre Edgar
(páginas 185 a 192 na 2ª ediçao)


No seio da Igreja da Madeira muitas vozes se têm levantado contra a subordinação/colagem dos bispos pós-Abril ao poder político em vigor -para profunda irritação das hierarquias eclesiástica e do partido no poder. Mas o caso do padre Edgar dá que pensar.

O pároco de Porto Santo, Bonifácio Santos, em entrevista ao DN-M em 6 de Setembro de 94, a propósito das acusações de que a Igreja está muito subordinada ao poder político, diz que a coisa é mais profunda:
“Não se trata de estar ligado ou não ao poder político. Há um problema, talvez maior, que é o domínio do poder político-partidário em relação a toda a vida da sociedade. Em termos desportivos, culturais e até económicos”.
Em 11 de Julho do mesmo ano, no mesmo jornal podia ler-se uma conversa com o padre José Pascoal, que afirmou sem hesitar que nas paróquias da Calheta, onde na altura exercia a sua actividade, havia “verdadeiramente sinais de miséria”. Falou da existência de alcoolismo e focos de analfabetismo. Sublinhou que os pobres eram esquecidos, que denunciar não é uma atitude partidária e defendeu que um padre não se deve meter em partidos mas pode, sim, ter uma atitude política.
E quando a jornalista – Teresa Florença – lhe perguntou como é que via o ‘rótulo’ de marxista atribuído a quem levanta a voz para falar dos problemas da população, respondeu
“Talvez seja mais fácil rotular as pessoas e ignorar os verdadeiros problemas. É mais fácil encontrar um bode expiatório, uma desculpa”.
Já em 2006, o padre José Luís Rodrigues, a exercer no Funchal, numa longa entrevista concedida ao semanário Tribuna da Madeira, intitulada “Ninguém pode atirar pedras à Igreja por estar ligada ao poder político”, criticou frontalmente o facto dos subsídios à Igreja a terem “atirado para um canto”. Mas, sublinhou, não é só à Igreja que parece acontecer situações destas: “A mais pequena associação e tasca desta terra estão aprisionadas porque senão perdem o subsídio ou existem represálias”.

Obrigado, padre Edgar. Tomadas de posição semelhantes – umas inidividuais, outras colectivas - têm-se verificado com regularidade ao longo dos últimos anos no seio da Igreja madeirense.
Voltemos a 1994. Nesse ano, em 20 de Outubro, o “DN-M” publicava uma desenvolvida notícia intitulada: “Oito padres escrevem em defesa de Edgar”.
O texto, assinado por H.C., contava a seguinte história :
“O padre Edgar Silva, num artigo publicado neste jornal, criticou recentemente a orientação da Igreja madeirense. Disse que a instituição, na Madeira, estava hipotecada, financeira e politicamente. O Gabinete de Informação da Diocese do Funchal respondeu que os escritos e as atitudes do padre Edgar devem ser vistos à luz de alguém que afirma ter pouca fé, o que o leva a perder o sentido religioso e sacerdotal."
As divergências, já antes observadas no meio eclesiástico da Região, não ficaram por aqui. Um grupo de oito padres, descontente com a posição do Paço Episcopal, fez chegar ao padre Edgar uma carta de agradecimento e apoio pelas atitudes assumidas.
Na missiva, os sacerdotes dizem: “Obrigado Padre Edgar por seres cristão. Por seres, antes de tudo, cristão. Por nos lembrares que a Fé não é um cortejo de devoções ou um ritualismo intimista. Por nos lembrares que a Fé não suporta o conformismo dos temerosos e a boa paz dos que se demitem”.
Trata-se de um documento indirectamente pouco brando para com as  directrizes de D. Teodoro. As palavras de incentivo ao padre Edgar revelam claramente a aceitação de todas as observações do artigo assinado por aquele membro da Igreja madeirense.
A carta considera a exposição de Edgar como um forte apelo ético. Com considerações como esta: “Acreditamos que as tuas iniciativas e propostas de reflexão têm sido, ao longo destes anos, uma provocação cívica estimuladora e uma contribuição notável para a consciência daqueles direitos fundamentais da Pessoa Humana, tantas vezes ameaçados, na vida dos mais pobres”.
A solidariedade evidenciada pelos oito padres é ainda expressa por uma citação da Carta de S. Tiago - “Tu acreditas que o caminho para Deus é a Pessoa Humana e que ninguém pode amar o Deus que não se vê se não ama o Irmão que vê” (...)

Maior frescura eclesial. O padre Edgar já há muito andava nos jornais, dada a perseguição de que era alvo por parte dos poderes político e religioso. Um verdadeiro study case, o do padre Edgar - e uma das chaves para se perceber, conhecendo a sua história, a natureza ditatorial e persecutória do regime jardinista.
Vejamos, pois, o caso do padre Edgar - à luz do que foi sendo publicado na imprensa periódica da Madeira e do Continente.
Comecemos pela edição do DN-M do dia 8 de Julho de 1990, que dedicava um dossiê aos novos ventos que sopravam no seminário do Funchal.
Entre várias histórias, aparecia a do padre Edgar, que tinha sido ordenado um ano antes. Começava assim:
«Presentemente faz parte da equipa coordenadora do Seminário Diocesano do Funchal, é assistente de movimentos de acção católica, dirige um centro de reflexão cristã - ARCO – e trabalha com os miúdos da pedincha que vagueiam nas ruas desta cidade.
Não é um beato de sacristia e muito menos traja o colarinho e uma vestimenta a identificar a sua formação e missão eclesiásticas. É mais um dos tantos jovens que preferem os jeans, as práticas t-shirts, dando razão ao aforismo de que ‘o hábito não faz o monge’.
Deambula frequentemente pela cidade, promove conferências sobre temas de actualidade e, neste momento, está apostado em ajudar as crianças que pedem esmolas nas ruas do Funchal.
Entrou no Seminário com 16 anos e despertou para tal pela “via das questões sociais”, pois afirma ter sentido sempre “uma enorme inquietação perante o escândalo da pobreza e das desigualdades”..
Concluído o curso de Teologia, confessa que chegou a hesitar se deveria ou não ser padre. A dúvida residia em torno da questão ‘até que ponto tomar essa opção tão radical poderia constituir uma opção solidária contra a pobreza e as injustiças” (...).»

Uma história exemplar. Com estas ideias e este posicionamento, a hierarquia eclesiástica e o governo olharam de soslaio o novo padre que, ainda antes de ter sido ordenado, já leccionava desde 1987 no Seminário do Funchal, onde dera nas vistas pelos métodos seguidos e o arejamento provocado.
Assim, não causou grande surpresa que logo em 1991, o hoje desaparecido semanário O Jornal tivesse publicado uma matéria intitulada “O crime do padre Edgar”, com a seguinte chamada:
“Pressões cruzadas da hierarquia da Igreja e do poder político regional afastaram da Região o ‘amigo dos putos da pedincha’”.
O resto do texto explicava tudo: as ideias e as práticas do padre Edgar estavam a incomodar e assustar muita gente, quer dentro da Igreja, quer no próprio Governo. A energia do jovem padre e o sucesso das suas iniciativas – quer no ARCO - Espaço de Reflexão Cristã, quer no Seminário junto dos seminaristas, quer ainda na Escola Aberta frequentada pelos putos da pedincha que estavam a ser alfabetizados para transformar – podiam pôr em perigo o status quo.
Era preciso, pois, afastar o padre e dar ouvidos às pressões que grupos organizados de sacerdotes tradicionais faziam junto da hierarquia da Igreja, sem esquecer os recados que vinham do lado do Governo. 
Por isso D. Teodoro convidou o padre Edgar a abandonar a Madeira para ir tirar um mestrado ao estrangeiro. O convite não foi aceite – mas pouco depois foi nomeado pela Conferência Episcopal Portuguesa para o cargo de Assistente Nacional do MCE -Movimento Católico de Estudantes, o que o levou para Lisboa.
Aí, durante um ano, por opção pessoal, viveu numa barraca no Bairro da Curraleira, “ao lado de dealers da coca e de heroína”, como escreveu Lilia Bernardes no DN de Lisboa .
Em 93, contudo, regressou à sua Madeira, agora como objector de consciência: recusou-se a fazer serviço militar, para cumprir o serviço cívico no trabalho com crianças de rua. Isto é, arranjou forma de voltar ao Movimento que ajudara a criar e que, inicialmente até teve o apoio do governo e da hierarquia da Igreja.
O seu regresso não foi bem visto por quem tinha o poder político e religioso. Mas o padre Edgar não era homem para desistir. Por exemplo: uma vez, ao fim do dia, viu um casal com duas crianças nas arcadas do Tribunal do Funchal preparando-se para se deitar e passar ali a noite a dormir ao relento. Abordou-os e o casal respondeu que não tinham para onde ir. Disse-lhes: sou padre católico e o meu dever é estar aqui convosco até o problema ser resolvido. E perguntou importam-se que vá buscar o meu saco-cama? Foi, voltou e ali dormiu com eles. Tolentino de Nóbrega, correspondente do Público, contou esta história – que teve grande destaque na imprensa e incomodou o poder.
Noutra vez, estava sentado numa esplanada a tomar café com os miúdos da pedincha. Tinham dinheiro para pagar – mas o dono daquele espaço, não gostando da presença daqueles putos que podiam afastar turistas, quis expulsá-los. O padre opôs-se e explicou que os miúdos tinham todo o direito a estar ali como qualquer outro cidadão. A polícia foi chamada e a cena repetiu-se. Com uma diferença: o padre foi preso e levado para a esquadra. Quando pediram a identificação a Edgar e perceberam que era padre, ficaram aflitos. Mas Edgar Silva não aceitou ir embora: quis saber qual tinha sido o seu crime.
Em Outubro de 93, regressado de Lisboa, foi preso novamente, agora na própria Sé. Mais uma vez, a pergunta sacramental: qual o crime? A resposta não tinha nada que saber: a polícia estava de novo a enxotar os putos das caixinhas (esmolas) que se encontravam no adro da Sé, local muito visitado por turistas. O padre Edgar interveio, questionando a legitimidade dos cívicos. “A observação foi tomada como interferência na missão dos agentes que, de imediato, detiveram o padre para identificação na esquadra e abertura do respectivo processo”- escreveu Tolentino de Nóbrega.
Por sua vez, a jornalista Isabel Stilwell, do DN de Lisboa, abordou a questão do seguinte modo:
“É assim na Madeira quando começa o dia. Varrem-se da rua padres edgares, pobres e outras poeiras que se podem introduzir nos olhos do turista. Mas não se julgue que isto de prender padres que falam aos pobres é uma ilegalidade ou um atentado aos princípios básicos do ser humano. Na Região Autónoma há um decreto-lei que proíbe mendigos e indigentes de frequentar certas ruas. Lá, já se imagina um sinal redondo com um maltrapilho pintado a encarnado à entrada de certas ruas (...)”

Escola fechada por ‘razões de Estado’. Regressemos ao texto “Igreja madeirense depende de Jardim” que, na sequência da prisão do padre Edgar no adro da Sé, Tolentino de Nóbrega escreveu no Público.
«Querem acabar com esta imagem que dizem ser prejudicial ao turismo, mas não tomam medidas de fundo para acabar com a pobreza. Estão contra estes miúdos pobres porque eles são diferentes, não dependem da caridade laica ou da caridade da Igreja, são ousados e atrevem-se a vir para as esplanadas onde estão os turistas e as outras pessoas a consumir. É por isso que a polícia os persegue” – diz Edgar, para quem o problema não se resolve com o seu internamento, pois a pobreza advém de “questões estruturais da sociedade, não é apenas o resultado de problemas individuais”».
«(...) Edgar assistiu desgostoso ao encerramento da Escola Aberta, frequentada pelos miúdos da rua. A decisão partiu do governo madeirense e vem na sequência da denúncia feita pelo MAC – Movimento do Apostolado das Crianças sobre alegados maus tratos infringidos pelos agentes da PSP às “crianças das caixinhas”».
O secretário regional da Educação invocou “razões de Estado” para, retirando os apoios atribuídos há três anos, encerrar a escola.
«“Razões de Estado? Não pomos em causa a segurança do país, não somos uma rede bombista. Somos um movimento da Igreja!”», responde Edgar Silva.
“(...) O sacerdote madeirense critica ainda Jardim por transformar a Madeira numa sociedade totalmente subsidiada, procurando subsidiar tudo e todos para criar uma multiplicação de dependências”.
Por isso, Edgar defende: “A Igreja deveria manifestar a sua total independência em relação ao poder político e até deveria recusar todos os apoios financeiros, como forma de evitar dependências. O próprio Concílio Vaticano II, na “Gaudiam et Spes” (documento sobre a Igreja no mundo actual) recomenda que a Igreja, quando essa independência não está suficientemente clarificada, deve recusar os apoios financeiros, mesmo aqueles a que legitimamente tem direito. Essa é uma das situações que se aplica nitidamente à Madeira, onde a Igreja está subsidiada e, portanto, dependente do poder político”.

Fidelidade aos mais pobres. Pois bem: passado este tempo todo, a Escola Aberta continua fechada. Os putos da pedincha, que todos os anos se renovam, continuam na rua. A pobreza de tanta gente naMadeira mantém-se. O silêncio de muita gente, também.
Edgar Silva já não é padre. Em 1997 comunicou ao Bispo do Funchal a sua desvinculação em relação ao exercício do ministério sacerdotal. Porém, não mudou uma vírgula aos seus princípios e convicções. Como escreveu Mónica Bello numa belíssima entrevista publicada em 1994 pela revista Grande Reportagem, mantém “uma fidelidade inabalável aos mais pobres”.
Em 1998 inscreveu-se no PCP, foi eleito sucessivamente para a Assembleia Legislativa e actualmente lidera localmente o partido.
Edgar Silva, com quem conversei longamente no Funchal, impressionou-me fortemente. Pelo carisma, serenidade, determinação, convicções sérias e consequentes. Conhece a realidade madeirense como poucos e não diz uma palavra a mais do que é preciso dizer - aos jornalistas como aos seus colegas deputados da Assembleia Regional.
Assisti a várias sessões do orgão legislativo da Madeira e vê-se, nele, a diferença: extremamente educado e seguro, não entra nunca na chicana. Não responde a provocações. Mantém o rumo, denuncia, propõe. Coloca o dedo na ferida, imperturbável, tantas vezes sob comentários alarves e arruaceiros dos representantes da maioria. Não será, seguramente, o único deputado a exibir tal dignidade – mas é, sem sombra de dúvida, aquele que o faz de forma mais segura e impressiva. Todos o respeitam - e mesmo aqueles que aparentemente não o fazem, olham-no de baixo para cima.

Uma (pequena) amostra do que é escondido

- Edição Nº2196  -  30-12-2015


Confiança em Leiria e em Beja
Candidatura aberta a todos
os democratas

Na segunda-feira, 28, Edgar Silva regressou ao distrito de Leiria, tendo visitado os concelhos de Caldas da Rainha, Bombarral e Alcobaça. No dia anterior, participou num almoço em Aljustrel e num encontro em Castro Verde, no distrito de Beja.



Edgar Silva, candidato às Presidência da República deslocou-se, na segunda-feira à tarde, à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Caldas da Rainha, à porta de cujas instalações era aguardado por um grupo de apoiantes da candidatura e alguns dirigentes da associação. 
No auditório, o candidato reuniu-se com o presidente e vice-presidente da associação, e com o comandante da corporação, tendo exaltado o papel dos Bombeiros Voluntários pelo «serviço determinante que prestam às populações» e pelo seu «inestimável impacto social». Em simultâneo, denunciou o facto de a protecção das vidas, a prestação de socorro e cuidados de saúde passarem para segundo plano, quando cerca de 4 mil milhões de euros são postos ao serviço dos interesses do grande capital.
Para uma candidatura que privilegia o contacto com as populações, o encontro serviu para aprofundar o conhecimento da realidade nacional, tendo sido abordadas questões relacionadas com os apoios, equipamentos, valências e investimentos da instituição. O encontro culminou com uma visita às instalações e com o candidato a reafirmar o compromisso de, «em todos os espaços, intervir no sentido de salvaguardar o interesse público, consagrado na Constituição da República Portuguesa» (CRP), acrescentando que «já chega de agir contra o povo, à revelia da CRP».



Valores de Abril
No Bombarral, Edgar Silva foi recebido com entusiasmo por cerca de uma centena de apoiantes, reunidos no Sport Clube Bombarralense. Ao Cozido à Portuguesa seguiu-se o momento de intervenção política, com o candidato a afirmar que esta é «uma candidatura assente nos valores de Abril, assente na CRP – ela é a nossa base programática». Esta é «uma candidatura ao lado do povo e dos trabalhadores do nosso País», disse, antes de rematar: «Esta é a candidatura apoiada pelo Partido Comunista Português, mas aberta a todos os democratas, homens e mulheres com sede de justiça».


A Constituição e o papel do PR

Edgar Silva foi recebido no auditório do Cine-Teatro de Alcobaça ao som da dupla Carlos Vicente e Tozé Oliveira. Ali, teve lugar um debate sobre a CRP e o papel do Presidente da República (PR), que se prolongou pela noite dentro e no decorrer do qual o candidato destacou que «o PR deve assumir-se como o mais fiel opositor a qualquer medida que ponha em causa os interesses do povo e os valores da CRP».
Para além de responder ao conjunto de questões levantadas pela plateia, Edgar Silva partilhou com os presentes algumas das experiências dos últimos dois meses no terreno, aquilo que definiu como «uma reflexão conjunta». Neste contexto, afirmou: «temos percorrido o País de lés a lés e não nos cruzámos com vivalma», numa referência clara às restantes candidaturas à Presidência da República. E prosseguiu tecendo críticas ao candidato da direita: «Marcelo Rebelo de Sousa parece querer desvincular-se do facto de ser o candidato da direita, como se não tivesse sido presidente do PSD, deputado e autarca daquele partido. Tenta fazer crer aos portugueses que é o mais crítico dos críticos a Cavaco Silva, quando, na verdade, sempre foi o seu fiel escudeiro», disse.
Houve ainda espaço para uma breve caracterização das restantes candidaturas e para levar o público atento ao mais caloroso aplauso, quando afirmou: «a minha candidatura é despudoradamente patriótica e de esquerda».


Banif: um crime contra Portugal
A questão do Banif centrou as acções de campanha de Edgar Silva, este domingo, 27, no distrito de Beja. «Estamos perante um crime económico que está a lesar o Estado português, e que está a lesar as mulheres e os homens de Portugal que vivem da força do seu trabalho. Trata-se de um crime económico que tem responsáveis», afirmou o candidato apoiado pelo PCP, que acrescentou que «só através de um controlo público da banca e das regras de funcionamento se consegue garantir que, em primeiro lugar, os interesses económicos sirvam o interesse nacional».


Em Aljustrel, perante cerca de 200 pessoas, num almoço que teve lugar no salão dos Bombeiros, o candidato comentou as decisões do actual Governo sobre a questão do Banif, referindo que a sua candidatura à Presidência da República, «vinculada aos valores de Abril, vinculada à CRP, foi a única a demarcar-se destas políticas». «Nós, na defesa do povo e dos trabalhadores de Portugal, dissemos claramente: estamos perante um crime económico. Um crime contra Portugal. Um crime que atenta contra os interesses soberanos da independência e contra os direitos do povo e dos trabalhadores, um crime que atenta contra o superior interesse nacional, contra o interesse público e contra o bem público».



Em Castro Verde, no Café Sétima Arte, onde decorreu um encontro mais informal com apoiantes da candidatura, Edgar Silva referiu que «em relação a este desregrado funcionamento da banca, a CRP é clara: é o poder político que controla o poder económico e não o contrário. Portugal não tem de estar ao sabor dos agiotas, Portugal não tem de estar nas mãos dos especuladores ao serviço dos interesses dos grandes banqueiros, enquanto lhes serve a ganância. Portugal tem de ser um País independente e soberano, e não subjugado aos grandes especuladores».

sexta-feira, janeiro 01, 2016

1 de Janeiro de 2016


Piropos

Bem recebido (obrigado!), de autor anónimo, e como me fez sorrir... que faça sorrir outros!