sexta-feira, maio 29, 2020

Partilha de indignação e asco

Partilhando com aspalavrassãoarmas 
a indignação e o asco
(com des-gosto, como se diria no FB)

A Venezuela tem um território cerca de dez vezes maior que o de Portugal e nós temos um terço da sua população. A Venezuela sofre um embargo apoiado pelo PS, na pessoa(?) de Augusto Santos Silva, que a impede de receber medicamentos e material sanitário.

Na Venezuela registaram-se até agora dez óbitos associados à Covid-19.
Mas nas manchetes a “covid-19 na Venezuela aumenta de forma brutal” BRUTAL!

SUBIU 239%


Os venezuelanos que foram repatriados recentemente, de outros países, entre eles da Colômbia, Peru, Brasil e Chile, “620 entraram no país contagiados”.

 A Venezuela está no centro de um vespeiro político e sanitário!

E somos nós que por proposta do Bloco estamos a pagar este estilo de “informação”.

O que se esconde ao invés de ser divulgado!


Stefania Bonaldi, maire de Crema, aux Cubains : "Nous étions naufragés et vous nous avez aidés, sans rien nous demander"

Hier, à l’occasion du salut officiel à la Brigade des médecins cubains, arrivée au terme de sa mission à Crema, où elle était arrivée pour contribuer à la lutte contre le coronavirus, la maire Stefania Bonaldi, en présence de toutes les autorités locales, civiles et ecclésiastiques, et de très nombreux citoyens, a salué les médecins avec de belles paroles d’affection et de gratitude. 

Voici le message:

Chers amis cubains,
je serai vraiment bref parce que, mieux que mes paroles, notre immense gratitude est déjà visible sur les visages des autorités ici présentes, que je remercie de tout cœur, avec une émotion particulière pour les collègues maires et les administrateurs de Crema, qui représentent d’autres visages, tant d’autres visages, ceux de tous les habitants de Crema, sans exception, qui vous serrent dans une étreinte affectueuse et sincère, mais aussi pleine de nostalgie parce que nous sommes certains que vous nous manquerez, comme des frères.
Nous le savons bien, parce que nous, les Italiens, nous avons été un peuple de migrants et nous connaissons les sentiments qui accompagnent les dépaysements. Vous nous manquerez, mais vous ne disparaîtrez pas, car nos consciences conserveront votre don de soi et nous fortifieront dans la conviction qu’à Crema personne ne doit plus jamais se sentir étranger, à partir de maintenant, nous aurons un argument décisif à opposer à quiconque voudrait nuire ou diminuer notre devoir sacré d’hospitalité.
Nous regretterons votre présence rassurante, qui, à un moment d’incertitude inouïe et de danger imminent, a été une médecine efficace. Ce que vous avez silencieusement représenté ces dernières semaines nous manquera, à commencer par la certitude que notre planète ne peut combattre et vaincre les inégalités, les injustices et les urgences que si tous les peuples arrivent à fraterniser.
En arrivant ici, vous avez dit que votre patrie est le monde, donc à partir de maintenant, vous serez toujours nos compatriotes dans ce vaste monde si souvent maltraité par l’absence de la valeur suprême de la solidarité. Nous étions des naufragés et vous nous avez secourus, sans nous demander ni notre nom ni notre origine.
Après des mois de deuils, d’angoisse, de doutes, nous voyons maintenant la lumière, mais seulement parce que nous nous sommes rapprochés les uns des autres. Femmes et hommes de notre Système de Santé lombard, Institutions, gouvernants et administrateurs de tous niveaux, nous nous sommes attachés à vous, chers médecins et infirmiers de la Brigade Cubaine « Henry Reeve » et à travers vous à votre peuple généreux, en puisant dans votre compétence et dans votre passion l’oxygène nécessaire pour maintenir vivante la confiance, indispensable dans la lutte.
Sans vous, tout aurait été plus difficile. Dans notre ville et dans notre région, ces derniers mois se sont multipliés les gestes de solidarité et de générosité, nous avons vu revenir à la lumière des sentiments de proximité qui étaient assoupis par l’habitude, usés par la routine. Ces sentiments d’humanité et de fraternité, vous les avez alimentés vous aussi, par votre présence ici, discrète mais efficace, respectueuse mais déterminée, calme mais fiable.
Vous êtes arrivés au moment le plus dramatique et avec nous vous vous êtes battus pour transformer « la lamentation en danse », une danse collective, pour prouver que les grandes batailles ne les gagnent pas les héros solitaires, mais les communautés et ce qui est arrivé sur notre Terre en est la preuve, la démonstration.
Nous avons été des communautés, c’est pourquoi nous avons gagné, nous avons été, grâce à vous aussi, une gifle à l’individualisme, l’allié préféré de l’adversité. Nous avons été une communauté, certes, multiculturelle et très humaniste. Un groupe qui n’admettait pas de défaites et en effet nous n’avons pas perdu. Nous avons lutté en tant que peuple passionné et conceptuel, fuyant le risque d’être une foule chaotique et velléitaire, animée seulement par la peur. Nous sommes devenus des adversaires intelligents d’un pathogène tueur, mais intelligent lui aussi. Avec vous, c’était plus facile.
Merci, au nom de tous les citoyens et citoyennes de Crema, de notre région, de la Lombardie et de l’Italie entière !



Stefania Bonaldi

quinta-feira, maio 28, 2020

Lá vêm os fundos... para contar e recontar

Fundos para desconfinar mas que não merecem confiança;

  • porque são o resultado de uma iniciativa franco-alemã, como é costume ou não avança;
  • porque se sabe que terão, no Conselho Europeu, o desconfinanço da Holanda, da Dinamarca. da Suéca, da Áustria, os ditos "frugais", e outros que tais (e outros mais, alguns talvez pelo contrário) que nada querem dado, só emprestado;
  • porque, com a capa de não-empréstimos arrasta/riam/rão regras pouco ou nada de confiar 
  • e pouco ou nada terão a ver com especificidades, de que se teve mais uma vez a prova de que existem e não esmorecem, e soberanias nacionais!

    
Entretanto há com que entreter a malta, a campanha está aí... 
              ...ai!

quarta-feira, maio 27, 2020

terça-feira, maio 26, 2020

Provavelmente ou "posiblemente"



Posiblemente esté muriendo un niño
con el hambre perdida en las orejas,
posiblemente un preso esté escribiendo una carta
llena de angustias y de quejas.

Posiblemente mientras esto pasa, yo me estaré afeitando las patillas
y posiblemente a ustedes en sus casas
esto ya no les haga ni cosquillas.

Posiblemente a alguno ya le duela, posiblemente yo le agüé la fiesta
pero no se preocupen, todo esto está pasando
lejos de estas fiestas,
y ustedes sólo lo están escuchando
y yo en un estudio, lo estoy contando.....

Posiblemente yo ni soy cantante
posiblemente yo no quiero serlo
posiblemente alguno se pregunte porque cobro por algo, sin hacerlo

Posiblemente sea porque espero que mis palabras sirvan de palanca
que revienten quietudes minerales, tapones de cera y otros males

Posiblemente ansío ser camino
y posiblemente yo me quede en la vereda.

Posiblemente sea un desatino andar cantando, por ser oído
y responder a golpes de garganta lo que ustedes no sienten
o se callan.......
o se callan quizás porque lo sienten.

Posiblemente yo, ni soy valiente, posiblemente,
posiblemente..........


PATXI ANDION

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"posiblemente", ansiei ser caminho
e, provavelmente, quedei-me na berma da estrada
.... mas nunca na valeta! 

segunda-feira, maio 25, 2020

Dia de África - anotações

Dia em que se assinala a criação, em 1963*, da O.U.A. (organização de Unidade Africana).

Traduzo recorte recentemente aqui trazido:

Este Maliano que tinha excisado a sua filhita não sabia que responder: "Isto faz-se, em África." A ligação ao que se faz é o que faz obstáculo ao progresso, à felicidade. Só que, durante três quartos de século, tudo o que podia ter sido feito em África foi obedecer ao poder colonial. Ora, como lhe foi perguntada a data de nascimento, este Maliano disse, simplesmente, "1948". Ele não sabia mais. De 1885 a 1958, a potência civilizadora explorou o Mali e nem sequer lhe trouxe... o estado civil!
O que mostra bastante bem que todo o atraso desses povos não lhe é imputável

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Neste dia de África, passo os olhos pela informação que nos acessível sem esforço, e detenho-me numa notícia em coluna no Público sobre a Guiné-Bissau. É de susto!
Neste país verdadeiramente destroçado pelo tráfico, apeadeira, escala, entroncamento de circuitos de droga, onde vivi experências (sérias) de cooperaçãa num tempo de mudança e esperança, de que vou buscar dois recortes do meu trabalho para a tese de doutoramento tirados do relatório de 1984 para a OIT com base num recenseamento do PNUD/FNUAP:
 SAB - Sector Autónomo de Bissau


Quanto tempo passou. tanta esperança (e luta)  a continuar, a renovar. E África sempre como "parente pobre", o continente traficado.
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* - 25 de Junho é também a data (desde 1975) da independência de MOÇAMBIQUE




Deliberada mente!

 - Edição Nº2425  -  21-5-2020

Informação em lay-off?

Nas últimas duas semanas ouvimos mais na comunicação social sobre a Festa do Avante! do que em todo o último ano. Parece exagero, até porque, como se sabe, a Festa é em Setembro, não em Maio. Mas é um facto. Entre os noticiários de rádios e televisões de dia 7 e os jornais de dia 8, a Festa esteve em todo o lado. Até as imagens de massas no comício da Festa, que noutras alturas nunca chegaram a antena, saíram das prateleiras dos arquivos televisivos.
Hoje, não há quem não saiba o porquê desta agitação mediática: depois do 25 de Abril e do 1.º de Maio, os comunistas insistem na sua loucura e não correm a anunciar o cancelamento da Festa do Avante!. Por estes dias houve quem escrevesse que o Governo «proibiu os concertos da Festa» (jornal i, dia 8). Houve quem fizesse uma peça em que dá voz a vários promotores de festivais que diziam já esperar a decisão, contrapondo com a «obstinação» do PCP em realizar a Festa, acrescentando que o Partido deveria votar contra a proposta no Parlamento (SIC, dia 7). O voto, ao contrário do que adivinhava a SIC, foi abstenção (tal como todos os grupos parlamentares à excepção do PS). Uns dias depois, no jornal que edita semanalmente na TVI, Miguel Sousa Tavares dizia que «o primeiro-ministro que proibiu festas e romarias populares abre excepção para a Festa do Avante!» (dia 11). E durante todo este tempo, as colunas de opinião do Observador estiveram abertas a tudo o que servisse para atacar a Festa e o PCP, variando entre o ódio e o insulto.
Nestes exemplos temos o jornal i a dizer uma coisa que viria a desmentir apenas três dias depois (faria título, a 11 de Maio, «Festa do Avante! não está proibida»); temos a SIC a tentar adivinhar (e falhar) o sentido de voto do PCP; e temos a TVI a inventar uma nova proibição, de festas e romarias populares. Diga-se que isto tudo admira pouco a quem tem visto ser repetido nos últimos dois meses disparates como o confinamento obrigatório para maiores de 60 anos (como aqui registámos há duas semanas a propósito do 1.º de Maio da CGTP-IN) ou as múltiplas versões em torno da interdição das praias e da proibição de apanhar sol. Nestes tempos, o disparate tem sido uma arma mediática habilmente manejada para incutir medo e abrir caminho à promoção de projectos de uma sociedade em que a dimensão colectiva da vida só é permitida na medida em que é necessária à produção de riqueza – para ser apropriada por uns quantos.
Clamaram «exagero» no 25 de Abril e «irresponsabilidade» no 1.º de Maio. Depois de tanta polémica, um trabalho jornalístico interessante seria procurar o número de infectados em ambas as iniciativas. Mais uma vez, o problema não era sanitário: o período de incubação passou e o surto de contágios no 1.º de Maio nem vê-lo.
Agora, depois de Abril, de Maio e de Setembro, preparemo-nos para Junho. A tinta já começou a correr sobre o comício de 7 de Junho – o JN até se questionava se não seria uma provocação, face à polémica criada (por alguma comunicação social) em torno da Festa. Não é provocação, é acção: também pelos trabalhadores com direitos e salários sob ataque – como aqueles do grupo que detém o JN, a quem foi imposto lay-off.

Novo Banco - sangrar ou falir... não há alternativa?

Tenho andado fugidio (ou fugitivo?) da auto-assumida tarefa de comentar a política nacional. Por razões (umas) objectivas e (outras) subjectivas. Mas gosto dela. Puxa-me o pézinho p'rá dança...
Hoje não resisto ao som que me trouxe o Expresso-curto.
Num texto que começa agradável de ler, porque inteligente e culto (são duas dimensões bem diferentes), porque provocador de tão individualista (a  história - a que se lê e a que se está a escrever - como se feita por protagonistas sem haver gente - classes sociais - por detrás do pano), o autor (Vitor Matos) às tantas escorrega, ao falar do que teria a recomendação de calar, e derrapa:

Jerónimo e o Novo Banco - Não é novo que o PCP seja contra as ajudas à banca e ontem o secretário-geral do PCP disse que os 850 milhões de euros transferidos para o Novo Banco davam para “resolver metade dos problemas sociais que neste momento existem”, mas não explicou que problemas sociais seriam criados com a falência de um banco.

Esqueceu-se (se alguma vez soube) que já houve bancos (e banca) nacionalizados e que, nesse período,  houve importantíssimos saltos positivos na organização da banca para o serviço público, e que o que Jerónimo e o PCP defende não se reduz à alternativa: injecção desproporcional e anti-social ou falência, mas nacionalização do que está a ser evidentemente uma sangria inaceitável, até pelos defensores do capitalismo mais estreme mas com limites de regulação e decência pública tanto e tão grave é o pecado privado. 

e, assim, termina em estampanço, como acontece depois de se derrapar.

domingo, maio 24, 2020

Para este domingo

... que ainda os há e, por vezes, tristes apesar do sol e do calor das mensagens. Como esta de Maria Velho da Costa..


quinta-feira, maio 21, 2020

A talhe de foice - Centeno-bes & bis





Anabela Fino

O quê?

Centeno sai do Governo. Centeno fica no Governo. Centeno vai para o Banco de Portugal. Centeno não vai para o Banco de Portugal. Centeno de pedra e cal no Eurogrupo. Centeno de saída do Eurogrupo. Centeno em rota da colisão com Costa. Costa reitera confiança em Centeno. Centeno e o PR. Centeno e a Assembleia da República. Centeno a prazo. Centeno...

A avaliar pelo massacre dos últimos dias dir-se-ia que por cá, COVID-19 à parte, tudo se resume a «Centeno ou não Centeno, eis a questão».

A ser assim, é caso para perguntar, parafraseando a famosa canção de Dorival Caymmi:

O que é que o Centeno tem? Não será nenhum dos atributos da baiana – logo ele, tantas vezes apontado como uma espécie de Calimero –, mas alguma coisa terá para assim atrair críticas, elogios, louvores, censuras, com mais eficácia do que papa moscas. Tem uma agenda própria, diz o agenda-mor do seu pelouro televisivo, semeando suspeitas de jogos de contornos obscuros.

Seja como for, o que os últimos dias evidenciaram com a inenarrável encenação em torno do Novo Banco e do ministro das Finanças é que não há limite para a falta de vergonha, a hipocrisia, o despautério, a manipulação, o obscurantismo. Quando se pensa que já se viu tudo, que já se bateu no fundo e não é possível descer mais baixo, eis que novo capítulo mostra o contrário.

De repente, a propósito dos 850 milhões de euros emprestados ao Fundo de Resolução para meter no Novo Banco, a direita veio verter lágrimas de crocodilo e exsudar indignação, ao mesmo tempo que uma bateria de comentadores, em magnífica manifestação de ignorância e/ou má fé, atirava achas para a fogueira da desinformação. Centeno acertou no alvo ao acusar o PSD de ter «palavras sem vergonha e sem memória», e ao questioná-lo sobre onde é que estava a 3 de Agosto de 2014, data da resolução do BES e da chamada saída limpa da troika.

O que Centeno não disse foi que, em Dezembro de 2015, o governo PS de que fazia parte reiterou o compromisso assumido pelo anterior governo PSD/CDS com Bruxelas relativo ao BES, enfiando o País na camisa de forças em que se encontra.

As implicações da decisão, transferências de verbas incluídas, são do conhecimento de todos. Por quê então esta encenação de «virgens esquecidas», para citar Centeno?

Numa altura em que a sensibilidade social está à flor da pele com a crise provocada pela pandemia, convém passar uma esponja pelo passado, como fazem PSD e CDS, ou fazer de conta como o PS que não havia alternativa à resolução bancária mais «desastrosa jamais feita» como lhe chamou o ministro das Finanças.

Só que havia alternativa: a nacionalização, como o PCP propôs. O quê? O Centeno, fica, sai, gira, roda, vira, virou....

Um dia assim...

do quase-diário:


21.05.2020

Há muitos anos, em 1972, alimentei uma crónica semanal no Record, a que dei o título genérico de Às 5ªs, feira.

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Lembrei-me delas – como tantas vezes, e de tantas coisas – me lembro, nesta 5ª feira ao folhear o avante!.

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Tanta coisa mudou!

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E tanto me parece desaproveitado... para que mude mais e melhor.

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Como em quase todas as 5ªs. feiras, a vontade de transcrever, de divulgar, de comentar: o que escreve o Jorge Cadima, a Anabela Fino, o Manelito Rocha, o Correia da Fonseca.

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E o acerbo espinho de não ter concretizado o que, nesses tempos de há quase 50 anos, era um sonho a realizar: vir a ser como André Wurmser do L’Huma, com o seu inigualáve! mais…, mas no avante!...
 















(...)

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Entretanto, neste dia, em que acordei voltado para coisas destas… em vez (ou por causa?) da reunião de ontem da Concelhia do PCP, deu-me para ir buscar a fotografia que tanto me agradou na Diagonal, a revista do Sector Intelectual do Porto, e elucubrar sobre ela e sobre os tempos.


É uma foto (para mim) lindíssima, do período revolucionário, da “revolução das revoluções”, que vivi na minha juventude de militância, com a Mãe do Gorki, o Serioja da Vera Panova, a Djamila do Aitmatov… e a música.

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E hoje?

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Teremos de ser… “neo-realistas”?, que recusar o “romantismo” dos homens (e mães!) novos?

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… mas não!, o neo-realismo foi contributo indispensável para a revolução que continua por fazer, que sempre estará por acabar, que só parece perdida quando se esquece que o homem novo (sim, o homem novo, em luta pela sua felicidade consciente e madura, sempre inacabada) se constrói com os homens e mulheres que somos e como somos… e capazes de nos construirmos novos, DE NOVO e sempre.

... ligado ao ventilador...

 - Edição Nº2425  -  21-5-2020

Mão invisível

A pandemia evidenciou que o capitalismo é hoje uma enorme sanguessuga que só sobrevive ligada ao ventilador. O principal comentador económico do Financial Times, Martin Wolf, escreve (29.4.20): «de novo, a aposta numa elevada alavancagem como via mágica para grandes lucros conduziu a lucros privados e resgates públicos. O Estado, sob a forma dos bancos centrais e governos, veio em socorro da finança numa escala gigantesca. […] Da última vez foram os bancos. Desta vez também temos de olhar para os mercados de capitais. […] A transferência para as costas dos governos vai agora acontecer de novo, numa escala enorme». É por isso que a euforia regressa aos mercados bolsistas. A Reserva Federal dos EUA até já intervem «para apoiar dívida empresarial considerada ‘lixo’ pelas agências de notação» (FT, 24.4.20). Os ‘mercados’ só sobrevivem parasitando vorazmente o erário público. O jornalista Matt Taibi (Rolling Stone) escreve que «a Reserva Federal é o mercado, e todos os grandes actores sabem-no». O economista Michael Hudson diz que «já não há forma de descrever o que se está a passar usando as estatísticas oficiais. [...] estamos a entrar num mundo de faz-de-conta» (nakedcapitalism.com, 30.4.20).
É evidente o desastre nos EUA e UE – em contraste com a resposta na China e outros países. Um desastre com marca de classe. Se os mercados estão eufóricos com os resgates públicos acima de «$14 triliões» (FT, 24.4.20), para quem vive do seu trabalho a situação é dramática. Nos EUA, o número oficial de trabalhadores que perderam o emprego ultrapassa 36 milhões. O Presidente da Reserva Federal, em discurso no Peterson Institute em Washington (13.5.20), informa que quase 40% dos agregados familiares com rendimentos inferiores a 40 mil dólares por ano perderam pelo menos um emprego. As ‘ajudas’ às PME, sendo dinheiro do erário público, são canalizadas pela banca privada. Segundo a National Public Radio, em apenas duas semanas, «os bancos que gerem o programa governamental de empréstimos para pequenas empresas no valor de $349 mil milhões já ganharam mais de $10 mil milhões em comissões – ao mesmo tempo que dezenas de milhar de pequenas empresas viram recusados os auxílios» (npr.org, 22.4.20). As empresas que recebem o ‘auxílio’ ficam com o garrote da dívida. Michael Hudson adverte que «o resgate financeiro visa permitir ao sector financeiro extrair tanto dinheiro da economia e levar à falência tantas pequenas empresas que [o grande capital] as possa comprar todas a baixo custo». A perversidade do capitalismo é tal, que em plena pandemia «uma das surpreendentes vítimas empresariais da crise do coronavírus podem vir a ser algumas das empresas que fornecem mão de obra para os hospitais» (FT, 13.5.20). Devido à redução de outros utentes nos hospitais, «em Abril a Envision [uma das maiores empresas de mão de obra médica] começou a cortar as horas dos médicos das unidades de emergência […]. Foram adiadas as gratificações e funcionários não clínicos foram informados que estariam em lay-off temporário ou teriam cortes de vencimento».

O ‘mercado’ está de novo a meter a sua ‘mão invisível’ no nosso bolso. Querem usar a pandemia para agravar brutalmente a concentração de riqueza e a exploração. A verdadeira cura será o enterro definitivo dessa gigantesca sanguessuga que parasita o planeta. E que tem nome: capitalismo.

Jorge Cadima

domingo, maio 17, 2020

... a descoberta da DIAGONAL...


Do editorial de Sónia Duarte, na revista Diagonal, 
do Sector Intelectual do Porto do PCP:
 (...)



sábado, maio 16, 2020

Obrigadinho


Portugal com subida de 0,79% 
do número de casos



Sabemos, todos, que é sobre o coronavirus. Mas... que informação é esta?
Subida de 0,79% de casos? 

Ora, sabemos também, todos, que subida de 0,79% de casos é menos que subida de 0,8% de casos e mais que subida de 0,78% de casos... mas isso é saber o quê? 
É ficarmos informados, todos, com uma precisão até às centésimas de percentagem, que Portugal teve uma subida de 0,79%... mas de quê e em relação a quê?
Há meses que ando, mas é problema meu com certeza..., a abarrotar de informação que - desconfio - só serve para me criar um... estado de espírito. Ora mau, ora pior, ora vamos lá a ver...
Isto, claro, sem culpa de quem tem a tarefa inglória de me dar... informação. Aquela... 
Subida de 0,79% de casos. Hoje (ou foi ontem?)!

sexta-feira, maio 15, 2020

O "expansionismo" chinês... artigo muito interessante


O “expansionismo” chinês

O comportamento dos EUA, na sua curta existência, foi diametralmente oposto ao da China, que na sua vida milenar mostrou relutância em usar a opção militar em primeiro lugar.

in Jornal Económico

O combate à ameaça percebida colocada pela China aos EUA será, porventura, o único assunto que faz as elites políticas americanas cerrar fileiras, tanto democratas como republicanas. A peleja prolongar-se-á para lá da Administração Trump. Foi interiorizada como um desafio existencial. Nunca a campanha antichinesa nos EUA foi tão virulenta.
A campanha contra o “vírus chinês” insere-se naquele combate, mas numa lógica de curto prazo – eleições americanas –, sendo por isso menos importante. A China é apresentada como a maior ameaça ao modo de vida americano, sendo acusada de ter um comportamento militar provocador. A China e a Rússia procuram criar um mundo à imagem do seu modelo autoritário, diz-se e escreve-se em Washington.
Estas afirmações são graves e merecem ser contraditadas. Questionamos a sua verosimilhança. Porque, ao contrário dos EUA, que se auto-encarregaram da messiânica e espinhosa tarefa de espalhar a liberdade, a democracia e os valores universais pelo mundo – a excecionalidade americana –, a China não pretende promover globalmente a sua civilização, muito menos impô-la aos demais Estados. Não impôs a si própria a missão de criar um mundo à sua semelhança, um mundo comunista. Já lá vai o tempo em que a China patrocinava movimentos subversivos no Terceiro Mundo. Esse tempo acabou há muito.
A convicção inabalável de que o mundo seria um lugar melhor se a humanidade aderisse e implementasse os valores americanos dá pretexto a Washington para impor a sua cosmovisão aos outros, recorrendo à “persuasão militar”, sempre que tal se revele necessário. O cumprimento dessa prosélita missão foi responsável pelo envolvimento dos EUA em mais conflitos militares do que qualquer outro Estado. Sobre esta matéria, o comportamento dos EUA, na sua curta existência, foi diametralmente oposto ao da China, que na sua vida milenar mostrou relutância em usar a opção militar em primeiro lugar. A China não travou uma única grande guerra nos últimos 40 anos.
São conhecidas as diferenças entre a ética confucionista e protestante. A civilização chinesa não é, nem foi, militarista nem expansionista. Se o fosse teria conquistado os territórios vizinhos. A Austrália não teria sido colonizada por potências europeias. Mas não o fez. Não por incapacidade militar, mas por idiossincrasias culturais. Ao contrário dos EUA, que quando confrontados com um desafio estratégico privilegiam o emprego da força militar, os chineses evitam as opções militares. A China não recorrerá aos meios militares como primeira expressão de poder, como, aliás está bem evidente no “White Paper” de 2019, onde se prioriza a salvaguarda da soberania e da integridade territorial nacional.
Desmonta-se com alguma facilidade a falácia argumentativa do “perigo amarelo” e da ameaça direta, física, existencial da China à América e ao modo de vida americano. Muitos outros argumentos poderiam ser adicionados. Igualmente grave são as caixas de ressonância que proliferam, nomeadamente em Portugal, e se prestam a alinhar nesta propaganda insana.
Estranhamente, nenhum delas alerta para a precariedade da manobra americana. Estamos ainda sem perceber onde é que Washington quer chegar. Está a envolver-se numa competição, sem antes ter desenvolvido uma estratégia global e abrangente sobre como pretende lidar com a China.

quinta-feira, maio 14, 2020

Predestinações e prestidigitações

Já depois de ter, ao logo do dia, acompanhado como possível as notícias que caem no canto direito do meu computador... e desabafando, os noticiários da noite na televisão vieram mostrar como tudo é volátil. Sempre, e em particular neste tempo que vivemos.
Como é que é possível não incluir, em qualquer desabafo que se faça sobre a situação política portuguesa, não incluir o predestinado Marcelo Rebelo de Sousa. Ele não deixa!
Meteu-se ao barulho... e já está.
Ele é Presidente da República (actual e futuro), ele é Presidente do Conselho de Ministro (já assim se chamou). Ele é o predestinado... para ser o que é! E prestidigitador, prestidi(a)gitador!
Faça chuva, sol ou pandemia, ele é Marcelo Rebello de Souza.

quarta-feira, maio 13, 2020

De desconhecimentos indesculpáveis e etc.


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De ignorâncias indesculpáveis, abusos imperdoáveis, fanfarronadas inconsequentes, diatribes petulantes … a pecados originais


A comunicação social (e a “opinião pública”, seja ela o que for) delicia-se com os erros do Costa, as explicações do Centeno, menos mas ainda assim com as irritações do Pedro Nuno e as diatribes do SSilva.
Envolve-se tudo num papel de fantasia bem colorida com algum pretenso humor, e assim se esmaece o que tem realmente importância. Quando se apaga ou esconde o que está na origem (e por vezes é original) dos erros e desculpas, das mal alinhavadas explicações, das irritadas fanfarronadas, das petulantes diatribes.
Claro que não é despiciendo o primeiro-ministro dar, por confessada ignorância, informações erradas, o ministro das finanças esquecer-se que faz parte de uma equipa nacional que tem um capitão, que o ministro das infraestruturas se zangue pelo comportamento de quem gere uma infraestrutura à margem do interesse infraestrutural do País, que o ministro dos negócios estrangeiros dê mostras de obsessão pelo andamento dos negócios, e só (ou, à “fina”…, tout court) daquilo a que chamam economia.

Tudo isto é… cansativo. É fogo artifício. É o que nada interessa à política, no seu sentido nobre.
Trata-se de um jogo que faz com que as pessoas, todos os que são assim “informados” do que tem, ou teria, a ver com as suas vidas e se afastam dessoutra política, da necessária, de que são os mandantes, se em efectiva democracia. Porque os detentores do poder.

O que está na origem (e por vezes tem aspectos originais) dos erros, das mal alinhavadas explicações, das irritadas fanfarronadas, das petulantes diatribes são, por ordem resumida, embora bem susceptíveis de se expandirem:

i)                os “erros” confessados do primeiro-ministro resultam por inerência do funcionamento de um capitalismo dito regulado, em que os criados instrumentos correctores das previsíveis e inevitáveis contradições do primado (se não absoluta prioridade) de interesses privados, egoístas e que ressaltam gritantes, nada corrigem e muito contribuem para confundir e distrair os “informados” das causas;
ii)               as “explicações” do ministro das finanças (ou teria sido do presidente ainda em exercício do euro-grupo?) derivam de equívocos que subvertem o conceito  e prática da soberania, quer fazendo prevalecer as finanças sobre a economia, quer dando primado à escala supra-nacional sobre a compatibilização solidária das soberanias nacionais, que provocam esquecimentos, ao ministro das finanças da economia do País e o fazem cometer a inexplicável ausência de informação cabal ao primeiro-ministro do governo a que pertence (nos intervalos de presidente e candidato a presidente do euro-grupo?);
iii)             as “fanfarronadas” do ministro das infraestruturas são compreensíveis num membro de um governo que se vê impotente para (pelo menos) influenciar a gestão e o serviço público sob a sua tutela, mas essa impotência foi prevista e prevenida quando se chamou a atenção para o que resultaria da vaga avassaladora de privatizações, de que o partido a que pertence (ele e o seu governo) não se opôs, antes estimulou, ao arrepio da CRP, enquanto constituição económica com a articulação dos três sectores (público, cooperativo e privado) e a reserva de actividades-chave para o sector público, e não se vislumbrar que a irritação patenteada e televisionada tenha impllicado a referência a eventuais re-nacionalizações em serviços públicos vitais e de bandeira;
iv)             as “diatribes” do ministro dos negócios estrangeiros não são apenas desagradáveis pelo tom petulante, e por vezes agressivo, que podia ser só idiossincrático (cada um é muito de como funcionam as suas hormonas e os seus humores), são também o resultado de opções que se revelam nas posições que se adoptam como nacionais, de política externa, diplomática, com referência excessiva e obediente a um certo “mundo dos negócios”, preterindo seguidista e irracionalmente o que e quem é atacado por esse “mundo” de Trump business first.

De vez em quando, tem de se desabafar. 
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                

segunda-feira, maio 11, 2020

Nos 150 anos de LENINE

no quase-diário:



 (...) Já tinha pensado fazê-lo, mas estamos a confrontar tanta agressividade, a desmesura é tal, que me apresso a assinalar os 150 anos do nascimento de Lenine.

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  É que isto está de tal ordem (nova?) que, de repente, senti o aparente absurdo de ser mais difícil falar hoje de Lenine que quando se assinalou o seu centenário, em 1970, no fascismo. 
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  E fizemo-lo, na Prelo, com o número 3 da Biblioteca Popular:

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  Com os resultados esperados…