terça-feira, maio 05, 2020

O 1º de Maio CGTP na Alameda dá que falar

do quase-diário:

05.05.2020

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Mas, hoje, ao longo do dia, o que me tem estado a ocupar é esta campanha desenfreada a pretexto do 1º de Maio da CGTP na Alameda.

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É mesmo a luta de classes em todo o seu esplendor (quere-se dezer!…), de tal modo ficaram enraivecidos que nem se dão ao cuidado de disfarçar, como muitas vezes fazem, com a sua intrínseca hipocrisia.

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E o que é grave é que, neste ambiente “estranho”, com esta força de campanha, encontram algum eco em quem, a meu juízo (que me estimo com ele em quantidade e estado suficientes), caiu na esparrela.

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Há dois pormenores que me saltam para este diário.

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Um, sobre o passado – que aliás não se esqueceram de lembrar com a unicidade e o Prec a acenarem como fantasmas consensualizados – e outro sobre o presente e as correntes, que sempre existiram em sindicatos por mais de classe que seja a sua orientação.

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Quanto ao passado, já que puxam pela memória e expressões de que nem cuidam de considerar que há interpretações diferentes e bem mais fundamentadas que as suas versões, lembrar-se-ia uma expressão que diz tudo ou muito: quebrar a espinha à intersindical.
  
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Para o processo contra-revolucionário em curso, isso era fundamental, impedir a unidade orgânica dos trabalhadores sindicalizados, para o que se constituiu o movimento da “carta aberta”, através de uma “unicidade” política entre Soares e Carluci e Soares, ultrapassando Sá Carneiro (ou Magalhães Mota ou Sá Borges) pela direita.

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O facto é que depois destes quase 50 anos, e das enormíssimas dificuldades de um sindicalismo que efectivamente defenda os trabalhadores, a CGTP-Intersindical não tem a espinha partida.

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E daí resulta que, no presente, consegue dar a prova de vitalidade que tanto estimula e, em contrapartida, tanto assusta.

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E daí resulta, também, o facto incontroverso de, face à situação actual, a CGTP – que não é “correia de transmissão” de um partido, nem unicidade sindical de partidos políticos – reunir mais que uma corrente, pelo que debateu como celebrar o 1º de Maio e a maioria eleita em congresso ter tomado a iniciativa (e os riscos) do que aconteceu na Alameda.

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Uma corrente, que se afirmou como tal, não teria estado de acordo, e distanciou-se da celebração, o que, como problema seu, anunciou sem que a maioria o tivesse denunciado.

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E não teriam sido apenas os trabalhadores sindicalizados que, como direito cidadão seu, militam no PCP que compuseram essa maioria, nem foi nessa qualidade que o fizeram, condição que se espera não lhes venha a ser negada ou obrigada à clandestinidade.

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Este o pormenor sobre que importa reflectir: no sindicalismo militam os trabalhadores de não importa qual opção política-partidária – católicos e de qualquer outra crença, ateus, mais ou menos à esquerda – na defesa dos seus interesses de trabalhadores, e têm uma vastíssima parcela das sua vidas em que coincidem nessa condição de trabalhadores… o resto é com cada cidadão de per si.

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Por isso, todas as confusões que se fazem com datas que muito dizem aos portugueses são um embuste.

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Em um parágrafo: o 1º de Maio é de todos os trabalhadores, e todos os trabalhadores católicos são trabalhadores, o 13 de Maio é dos cidadãos católicos, e nem todos os cidadãos portugueses são católicos.                                             

2 comentários:

Maria João Brito de Sousa disse...

Sem dúvida, luta de classes!

Olinda disse...

O 1º de Maio de 2020 ,não tendo expressão numérica feriu,pela sua organização,firmeza e dignidade, os poderes instalados que tentam tirar o máximo aproveitamento da situação sanitária.Daí ,a raiva!Bjo.