quarta-feira, novembro 30, 2011

Dias irados

Em tempos, fazia por aqui uns "poemas cucos". Hoje, neste dia de hoje, veio-me à memória - como tantas vezes me acontece - o "Dies Irae" do Miguel Torga (é dos que me acompanham...).
Mas não fiz dele um "poema cuco", hoje virei o poema do avesso. Que me seja perdoado...

DIAS IRADOS

Estes espantalhos levantam
as mãos sujas sobre a nossa hora.
Apetece espantá-los, e alguns espantam:
são os que lutam, os que não vão embora.
//
Um espantalho assusta
todo o futuro com o dia de hoje
Apetece gritar, e há gente que grita.
Mandam emigrar, não quem não foge.
//
Um espantalho insiste
contra os motins qu'a alma alevante
Apetece morrer, mas alguém vive.
Há quem desista, mas também quem cante.
//
Oh! Bendito o tempo em que vivemos,
apesar destas grades enfeitadas
pode ver-se a vida que teremos…
se vencermos angústias paradas!

A Síria na calha... não nos podemos calar!

Depois da Líbia, e enquanto se vê o que dá o Egipto, a Síria (e antes e sempre o Irão) é um alvo do imperialismo na sua "guerra de recursos" (tão necessária, como todas as guerras à "resolução das suas crises) por aquelas paragens. O ambiente vai sendo criado. "Informação" a "informação", relatório a relatório. Porque se vive em... "democracia", isto é, porque há uma "opinião pública" (ou publicada, como acertamente há quem diga). E nada pode ser feito na certeza de que nada se virá a saber.
Em cravodeabril, Fernando Samuel publica uma elucidativa nota sobre o relatório das Nações Undas que é uma peça na montagem desse ambiente. Pode ler-se aqui.

Por outro lado, no outro lado do Atlantico, mas que tanto sentimos como nosso, em vermelho, o seu editor, José Reinaldo Carvalho, publica um editorial com o título Um retrocesso na política externa, que tem o seguinte intróito:

"Um dos pontos fortes do governo das forças democráticas brasileiras, desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula,
tem sido a política externa.
Altiva, assertiva, soberana, em muito contribuiu para mudar a imagem do Brasil no mundo e elevar a autoestima dos brasileiros."

com uma forte reacção à posição do ministro das relações exteriores do governo brasileiro, de que o PCdoB é apoiante.
Termina assim:

"(...)Ao que tudo indica, o chanceler brasileiro já tem opinião formada sobre a situação da Síria, sem levar em conta as informações, opiniões e medidas de um governo que tem sólidas relações bilaterais com o Brasil. Deu crédito absoluto às conclusões da Comissão de Investigação de Direitos Humanos das Nações Unidas, de que “as forças de segurança ligadas ao presidente sírio são responsáveis por torturas, assassinatos, estupros e desaparecimentos na região”. Isto foi o suficiente para que o chanceler sentenciasse: “As acusações são muito graves, estamos examinando o seu conteúdo [o relatório da comissão da ONU tem 40 páginas]. Lembro que o Brasil se posicionou sempre a favor das manifestações por melhor governo, mais democracia, melhores oportunidades econômicas e de emprego e organização para os países árabes. Ao mesmo tempo deixou claro que é inaceitável a utilização do aparato do Estado para a repressão violenta e armada contra manifestantes”, disse.
As declarações do chanceler brasileiro são feitas no mesmo momento em que a União Europeia anuncia a intensificação das sanções contra o país árabe e em meio à reiteração pelas autoridades estadunidenses de que Bashar Assad tem de ser deposto.
Não pode haver unidade entre progressistas e reacionários quando se trata de tomar posição sobre um regime político como o vigente na Síria.
Os povos árabes têm direito a lutar pela democracia e a escolher o tipo de governo que querem para fazer suas sociedades avançarem. A liberdade política é um pressuposto para a construção de sociedades justas, progressistas, soberanas. O regime sírio tem lacunas a preencher em termos de vida democrática e vigência plena dos direitos humanos. Mas não é disso que se trata para o imperialismo e seus aliados sionistas e na Liga Árabe. Não é a democracia nem o respeito aos direitos humanos que estão em causa. Figuram no caso em tela como meros pretextos para instrumentalizar uma intervenção. No caso da Líbia o resultado foi uma guerra de agressão e o magnicídio.
Mesmo não tendo identidade política com o governo sírio, o Brasil deve tomar distância de tais manobras e intentos imperialistas.
As declarações do ministro das Relações Exteriores são, assim, no mínimo precipitadas. O Brasil não tem por que se somar à política de sanções ditada pelas potências imperialistas."

Se o ambiente é preparado com uma "informação", não se pode diminuir o esforço de informação. OUTRA. Nossa! 

Jantar-convívio com Jerónimo de Sousa, em Alpiarça

O OE para 2012 na Assembleia da República, agora

da Lusa:

Cerca de duas centenas de pessoas

protestam em frente

à Assembleia da República 


A Polícia de Segurança Pública (PSP) acompanha de perto as movimentações dos manifestantes, com agentes, também à paisana, junto aos protestantes e em redor do Parlamento, que está vedado por uma grade.

No local, o ambiente é calmo com pessoas empunhando bandeiras e cartazes com os símbolos de sindicatos afectos à Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP).

Uma carrinha da CGTP amplia com colunas as palavras de ordem proferidas pelos manifestantes.

"Injustiças sociais arre porra que é demais" são algumas das palavras proferidas pelos contestatários.

A coluna de trabalhadores que se concentrou junto ao jardim da Estrela ocupa toda a rua até ao Parlamento.

"Não e não ao roubo dos salários" são as palavras inscritas num dos cartazes de um grupo de trabalhadores que chegou à Assembleia da República cerca das 10:30.

"Restauração"

Entre a volumosa quantidade de mails na “caixa de entrada” – muito “lixo”, muitos sinais do “assalto” que nos quer fazer ganhar “dinheiro fácil”, assim alimentando o dinheiro falso e as ilusões –, vêm algumas mensagens que, com toda a amizade, pretendem partilhar recordações e boa disposição. Nem sempre com tempo ou disposição, sempre me merecem um sorriso e um agradecimento (nem sempre materializado em mails de retorno...).
No entanto, há poucas semanas, um desses mails provocou-me um fundo sentimento. Diferente. A juntar aos habituais.
Trazia, em anexo, um conjunto de diapositivos com imagens de objectos e mensagens características de um tempo de há mais de 60 anos. Algumas enternecedoras. Mas nem todas!, até porque algumas, as primeiras, tinham mesmo a intenção clara de nos lembrar o fascismo que vivemos nos nossos primeiros tempos escolares. Eram imagens de cadernos escolares dos anos 40, com meninos fardados da Mocidade Portuguesa, fazendo a saudação fascista e com mensagens correspondentes.
Mas um dos cadernos não era desses. Pelo contrário. Num dos diapositivos, incluía-se um caderno escolar que profundamente me “tocou”.
Porque me comoveu, e porque senti a sua colocação, ali!, como uma enorme injustiça.
Deixei passar a emoção, resolvi esperar pela proximidade do 1º de Dezembro e vir, agora, apaziguada a emoção, reparar a involuntária e tão injusta agressão.
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Meu pai não era um homem com actividade política. Mas tinha uma postura perante a vida intrinsecamente anti-fascista – e anti-clerical, pelo que não me deu formação religiosa, nenhuma catequese –, diria democrática (se alguma reserva se insinua, tem a ver com uma componente familiarmente autoritária e machista, que contrastava com um fortíssimo pendor de sociabilidade).
Pequeno comerciante de papelaria e artigos escolares, criou algumas marcas, que registava, reflectindo os seus amores, paixões, tendências. Papel de carta Sergito, blocos Miúdo (com uma fotografia deste seu filho único), blocos Ourém e Castelo (de Ourém, claro), caderno escolar Restauração. Este (de que passei muitas guias de remessa e facturas, pois comecei a trabalhar, ajudando-o, logo que aprendi a escrever e fazer contas):

A escolha do nome do caderno tinha a intenção de homenagear os que, patrioticamente, conspiraram para recuperar a independência de Portugal.
Era essa a mensagem pretendida, e me foi transmitida enquanto me ditava a quantidade de cadernos escolares de que conseguira encomendas.
Julgo que se compreende, por isso, quanto me custou ver esse caderno, e a assinatura do meu pai, que colocava nos seus artigos, misturados com exemplos de doutrinação fascizante.
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Não podia deixar de reagir, com alguma contida emoção, espírito de justiça, e muita saudade, apesar de tantos anos passados. Apesar de tantos anos passados sobre esse tempo de formação – trabalhando – com o meu pai, sobre a sua morte.

terça-feira, novembro 29, 2011

Brevíssima

Na evolução do cambalacho, o PS está a ceder seguramente em toda a linha. E campeia alguma desorientação na bancada, com mails de desculpas por indisciplina que se promete não repetir. Será que se vai manter a abstenção, ou a subida do limite de 485 para 600 virá a assegurar o voto favorável do PS?

Breve e fresquissima,,,

(melhor se diria... gelada):
"restauração" com IVA a 23% (mais 10 p.p. e mais 77% de imposto)!
Estou a pensar ir jantar a Badajoz e, já agora, encho lá  o depósito! Compensa...

Euro, zona euro e (também!) União Europeia - ponto da situação

Hoje, os ministros das Finanças reúnem-se em Bruxelas para, segundo as agências de noticias e comunicação social, decidirem se a Grécia é poupada à falência técnica nos próximos dias. Entretanto, o governo alemão anunciou linhas da sua estratégia para salvar o euro do colapso, numa altura em que a Itália,a 3ª economia da zona euro, já se financia a taxas de juro consideradas proibitivas.
Assim, é afirmado o objectivo de fazer-se, o mais depressa possível, uma revisão do Tratado de Lisboa, criando uma união orçamental, a que Berlim chama ‘união de estabilidade", com sanções, sistemas de controlo e capacidade de "ingerência" das autoridades europeias nas contas dos países da zona euro.
O governo alemão só depois consideraria soluções solidárias, como ‘eurobonds' ou uma intervenção diferente, mais larga, do Banco Central Europeu. Estas perspectivas alemãs serão debatidas a 9 de Dezembro, em Bruxelas, sendo de prever resistências.

Até ao novo Tratado entrar em vigor - e através de que procedimento... democrático? -, cabe ao BCE, com compra avulsa de dívida soberana, a tarefa de acalmar os mercados. Já depois da adopção do FEEF, discute-se activar a nova linha de crédito do FMI com os recursos que sobram no Fundo de Resgate. Ainda segundo as agências noticiosas, parece que a Alemanha pretende ganhar tempo para ver até onde estão dispostos a ir os países ditos periféricos (onde se incuem a Itália, a Espanha, e sabe~se lá que outros países)com as suas reformas.

O ministro das Finanças alemão, citado pela Bloomberg. disse que "primeiro, temos de ter uma união de estabilidade e depois veremos como isso funciona". O BCE e os ‘eurobonds' "são debates que teremos depois, não agora (...) qualquer discussão sobre ‘eurobonds' reduz a probabilidade de termos o enfoque necessário nas mudanças ao Tratado". Esta integração orçamental, acrescenta Michael Meister - deputado porta-voz do partido de Angela Merkel -, é a pré-condição para a Alemanha rever  a sua posição sobre soluções do chamado risco partilhado.
A Alemanha explora a posição de maior país e maior contribuinte da UE, fixando os termos dos acordos futuros. O discurso de Merkel no Parlamento, a 2 de Dezembro, deverá determinar os contornos do acordo político de revisão do Tratado a fixar na semana seguinte. Estas mudanças, explica Seibert, "devem poder ser adoptadas num prazo de tempo que será surpreendentemente curto para alguns". Trata-se de um "calendário ambicioso porque acreditamos que a Europa não pode continuar sempre a esperar".

Vamos ter um fim de ano agitado? Parece que sim!
E nós?
À espera da sra. Merkel?, das suas contingências eleitorais e de quem manda nela?

segunda-feira, novembro 28, 2011

Fresquinhas do cambalacho

Vinha agora para casa, regressado de uma reunião da Assembleia Municipal (para aprovar o IMI, a derrama, a participação no IRS, cumprindo um ritual, ou discutindo o sexo dos anjos enquanto Cartago arde... ou  foi a "gaiola" do Estádio da Luz?!), e ouvi a última:
um empresário (dos espectáculos... de cultura) congratulando-se com a decisão (que vai ser tomada, diga-se, por proposta do CDS-PP) de baixar os preços de entrada de 23% para 13% quando estava anunciado subir dos actuais 6% para 23%.
Ou seja, todo contente porque esse imposto, em vez de subir 283% (de 6% para 23%) apenas subirá 117% (de 6% para 13%)!   

Off-side cambalacho?

É curioso como, nestas reflexões sobre o cambalacho, há uma personalidade que parece ter tido a enorme habilidade de fugir com "o rabo à seringa". Fala-se - eu escrevo, nestes apontamentos sem mais importância que o de elucubrações que um cidadão atira cá para fora (muitas ficam cá por dentro...) -, fala-se de Cavaco, com a sua batuta/batota, fala-se do governo, com os seus Passos (de) Coelho sem cartola, com os seus inefáveis (não arranjei pior...) “mini stros técnicos”, fala-se do PS (com o seu inSeguro, a prazo e contra todos os riscos)... mas não se fala de Paulo Portas, ou ele não fala. "Desapareceu"!
Tirem-se as aspas: não desapareceu! Mas parece ter conseguido aparentar (ter a aparência de) que não tem nada a ver com estas coisas dos cortes nos subsídios de natal e de férias, com isto dos IVAs e das vindas, com os impostos a saírem nos bolsos do povo e a entrarem nas caixas dos bancos, e às greves e aos costumes diz nada.
Passada a tempestade, e ela está aí, aparecerá PP, a mostrar(-se) que sempre esteve cá… mas que não esteve nas malfeitorias, que as perdas (ah!, as sondagens...) são um preço provisório e irrisório que possibilitam a possibilidade (é de propósito propositado...) de surgir sem lama nos sapatos, nódoas na fatiota, pregas no peito e rugas no colarinho (isto era o anúncio da Camisaria Moderna, acho eu...).

Estes fulanos (ou funâmbulos?) da politiquinha ou politicona! Que descredibilizam a actividade mais nobre da cidadania e que beneficiam dessa descredibilização de que são os fautores. E falcões.

Cambalacha-se!

Ao aproximar-se a  data de aprovação final do OE-12, aceleram-se  as negociações cambalachas, tripartidas (PR, maioria parlamentar, PS).
De formas directas e indirectas, nos discursos, nos conciliábulos, em gabinetes e corredores, por cima  de mesas e recostados em confortáveis sofás. Sem almofadas
Evidentemente que a Grande Greve Geral, com os seus 3 milhões de implicados, fez mossa e está presente, como estará a concentração da manhã de 30 de Novembro, mas os cambalacheiros fazem de conta que não, que tudo está a ser feito por sua exclusiva e filantrópica iniciativa.
Agora, a última última, é a do limite inferior para os cortes ser a partir dos 600 euros e não dos 485 euros... mas, como resultará das máquinas de calcular que são aquelas cabeças, indo buscar-se a diferença a qualquer lado. E não será a quem mais pode.
Entretanto, alguns que recebem entre 485 e 600 euros sentem um provocado(r) alívio. É um efeito desejado.
Assim vai a equi(nai)dade!  

transcrições:

“Propostas do PS estão para além
do que é possível alterar no Orçamento"

Zorrinho confirma reunião com ministros da maioria
para negociar subsídios

Miguel Relvas insiste que austeridade não tem alternativa

PS quer levar corte de subsídios a votação no plenário

Governo anuncia aumentos para mais
de um milhão de pensionistas

Portugal vai pagar 34,4 mil milhões de juros à "troika"

Nobel diz que
"austeridade é receita para suicídio" económico

“Não há alternativa ao caminho” do Governo

PS e Governo negoceiam
poupar mais portugueses ao corte dos subsídios

Perante uma bancada governamental
recheada de secretários de Estado,
PS, PSD e Governo trocaram hoje, no Parlamento,
juras de diálogo para melhorar
a proposta de Orçamento do Estado para 2012.

domingo, novembro 27, 2011

A nada sou indiferente...

... muito menos à Raiz e ao Carlos Paredes


... e à Gente da Nossa Terra e à Mariza


... talvez, menos que tudo, ao que somos em Cesário Verde

Nas nossas ruas, ao anoitecer,
há tal soturnidade, há tal melancolia,
que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia,
despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

(primeira quadra do poema
Sentimento dum Ocidental)

Será este o nosso fado?

O euro e a sua tragédia (e outras)

Há quem não resista a uma boa patuscada, a um tinto de estalo, a uma conversa animada, a um passeio ensolarado, ou enluarado, desde que bem acompanhado (ou sozinho/a), há quem não resista a muita coisa mais.
Há quem não resista a uma montra, ou a uma estante, de livros, há quem não resista a alguns temas, como o da moeda única.
Vê-se:
Já cá canta!
Com um prefácio de João Ferreira do Amaral, que, além de ter a qualidade de ser um homem e um técnico sério, tem a outra inestimável "virtude" de não ser comunista, pelo que pode dizer algumas coisas que os comunista vêm dizendo, assim os calando ou tornando obsoletos.
Mas não é só o euro que é uma tragédia, o livro também (quase) o é, O autor está metido no colete de forças do pensamento único, embora  o autor se procure mexer dentro dele.
Para Philipp Bagus, há Duas Visões para a Europa (capítulo I): a "visão liberal clássica" e a "visão socialista". Que, segundo ele, seriam divergentes, sendo a "visão socialista" ("ou imperial") a "defendida por políticos como Jacques Delors ou François Mitterand", e a que tem vingado na "construção europeia", tendo criado "uma moeda sujeita a interesses políticos e, portanto, destinada ao fracasso" (da contracapa).
No livro, Bagus procura desmontar os mecanismos que sustentam um sistema que ele próprio apelida de insustentável. E essa desmontagem até tem algum interesse e utilidade.
Mas...
  • Que "visão socialista"? Não será visão social-democrata, totalmente rendida aos "interesses políticos" dominantes e ao "sistema" vigente?
  • Que "interesses políticos"? Não serão interesses de classe?
  • Que "sistema"? Não será o capitalismo?
O autor não tem, evidentemente, respostas para perguntas destas, porque elas estão banidas da abordagem consentida. Como se comprova pela (extensa e redutora) bibliografia.
  

News

resumos na hora (e in english!...)
preocupantes!

  • Syria-Iran-Turkey:
New war scenarios in the Middle East

While there were good connections and relations between Syria and Turkey only a year ago, today we began to talk different scenarios about the NATO intervention led by Turkey against Syria.


  • Iran to reduce ties with Britain
The bill obliges the government to reduce ties within two weeks, a move that would force the ambassador out and leave the British embassy to be run by a charge d'affaires.

Iran's parliament approved a draft bill on Sunday to reduce diplomatic and economic relations with Britain after London increased sanctions on Tehran over its nuclear programme, the official IRNA news agency reported.
In the 290-strong parliament, 179 voted in favour, 4 against and 11 abstained.
The bill obliges the government to reduce ties within two weeks, a move that would force the ambassador out and leave the British embassy to be run by a charge d'affaires.

(Reuters)

Para este domingo

Belo, real, dramático, trágico,
belo...
como se fosse o Chico (e o Sebastão Salgado, e outros, e nós).
Como se não fosse domingo mas um dia igual aos outros. Como é!

sábado, novembro 26, 2011

Um exemplo, uma ilustração, uma abjecta afirmação

Depois da Grande Greve Geral, sobre o direito à greve, e aproveitando a provocação (que de alguém foi, ou de alguéns foi) pós-greve geral, a ministra da Justiça (!) fez a seguinte declaração:


Trata-se de exemplo, de ilustração, de abjecta afirmação de hipocrisia.
A convivência democrática tem regras e limites. Que a ministra da Justiça faz de conta desconhecer, ao estabelecer conotações que sabe bem não existirem. Assim se contribui para subverter um direito que, quase solenemente, se diz respeitar. A juntar a outras manifestações de parecido jaez.

O cambalacho em marcha

Sob a batuta experiente (para mal dos nossos pecados...) de Mestre Cavaco, o cambalacho está mesmo a confirmar-se. Em 7 de Novembro, por aqui, com o título Cambalacho, intrujões e intrusões, escrevia-se, retirado de uma espécie de diário:

"(...)
Parece-me estar a preparar-se um enorme cambalacho relativamente à discussão do OE12.

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Cambalacho? Segundo o dicionário on-line cambalacho é s.m. Troca. Permutação feita ardilosamente ou para lograr alguém.

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O “valor de troca” (só nominalmente) será um dos dois subsídios, o 13º ou o 14º dos salários da função pública, incluindo pensionistas.

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Sob pressão (ou a batuta/batota) de Cavaco Silva, com um discurso repetitivo baseado num “consenso” que apenas quer dizer acordo entre a actual maioria (PSD e CDS) e a “oposição"… mas esta reduzida ao PS, que “ganharia” o conseguir que, em vez de dois “subsídios”, os funcionários públicos só perderiam um.

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O PSD, em contrapartida, “ganharia” a imagem de estar a fazer um esforço... para consensualizar e, talvez, por uma questão de “justiça” (!), agora aceitaria tirar só um “subsídio” para, mais tarde, o estender a todos os trabalhadores e não só aos ligados à função pública.

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Os trabalhadores que faziam contas (de cabeça) com o corte de dois “subsídios” ficarão muito aliviados se for só um!

&-----&-----&

Este é o logro, e os enganados serão os do costume… se se deixarem enganar.
(...)"

Neste jogo de "rapa, tira, põe e ... rapa mais" devem estar afanosamente a negociar onde é que vão rapar mais, em substituição do que, a partir do cambalacho, irão rapar menos que o anunciado. Em nome da "equi na idade".

Nós, no dia 30, estaremos lá à porta da AR para ver! E denunciar!

sexta-feira, novembro 25, 2011

A votação do OE-12 na especialidade

Será acaso masoquismo?
Ou acaso será nostalgia?
Nostalgia, sim, dos tempos em que acompanhava o Octávio Teixeira naquele "tricot" em que ele era exímio e respeitadíssimo, quando o ministro das finanças era Miguel Cadilhe e o primeiro ministro Cavaco Silva, gostando eu de brincar, cá para comigo..., trocando os nomes: Miguel Cavaco e Aníbal Cadilhe. Onde isso já vai... mas não esqueço alguns "pontinhos ganhos" que me ficaram gravados na memória.
Como atenuante, devo acrescentar que é verdade que o televisor está ligado, mas com o som baixo, e vou fazendo outras coisas. Com alguma capacidade - acaso ainda não perdida... - de fazer várias coisas ao mesmo tempo.
O facto é que vou acompanhando a AR-tv em directo enquanto do debate na especialidade do Orçamento de Estado. 
Votam-se as quase 600 propostas de alteração apresentadas, após a aprovação do OE-12 na generalidade. Como já aqui escrevi, o Grupo Parlamentar do PCP apresentou muitas e fundamentadas (disse, então, serem 97... mas são 157!, e algumas bem importantes), e é, na verdade, um verdadeiro "tricotar", com a maioria PSD-CDS (por vezes com a bengala do PS) a rejeitar (quase) tudo.
Neste preciso momento, e por desfastio - até porque o trabalho exige grande concentração e pede algumas "pausas" de descontracção - o presidente da Comissão anuncia o "resultado" em que se está - PCP-2; BE-1; PS-0. Quer dizer, de algumas dezenas de propostas de alteração já votadas, só duas do PCP e uma do Bloco passaram. E lá continuam eles naquele trabalho de que resultará o OE-12, que nem com as 157 alterações do PCP seria aceitável. Mas ficaria ligeiramente menos nefasto...
(... e foram para intervalo com o PCP a "ganhar" por 3-1-0, segundo o "árbitro")
A democracia representativa tem as suas curiosidades e as suas virtualidades. Tem é de ter por detrás a democracia participativa. A dar força aos que são, verdadeira e assumidamente, representantes do povo. E apenas isso!

Ajuda? Negócio! "Pecado"!

no sapo:

"Ajuda externa


Portugal vai pagar 34,4 mil milhões
em juros pelos empréstimos da troika (DE)

Portugal vai pagar um total de 34.400 milhões de euros em juros pelos empréstimos do programa de ajuda da troika, segundo dados do Governo."
_____________________

Ajuda? Estão a gozar connosco!
Ouçam S. Tomás de Aquino os que para ele tenham ouvidos: “(…) É pecado receber usura por dinheiro emprestado?(...) Eu respondo que receber usura por dinheiro emprestado é injusto, porque isso é vender o que não existe, e isso evidentemente leva à desigualdade, que é contrária à justiça.” (Summa Theologiae)....

Desquadratando o círculo

Não costumo parar neste "apeadeiro" da Quadratura do círculo, na SIC, que - se bem me recordo - começou por ser um programa de rádio, na TSF, há umas décadas, com um painel  de três personalidades escolhidas por origem partidária (o José Magalhães era o do PCP... onde isso já vai, ou como isso foi).
Depois, passou para a televisão e foi-se adaptando aos tempos, sempre em declive ideológico na  rampa neo-liberal do pensamento único, com o Pacheco Pereira a manter, resistentemente, um nível mínimo de debate, por mais que se esteja em desacordo com as suas (ex)posições. Claro que qualquer soprozinho vindo de fora do sistema (capitalista!) foi sanitariamente banido, ou cirurgicamente absorvido, e abandonei a paragem no "apeadeiro" por me parecer pura perda de tempo... e/ou acumular de irritação.
Ontem, na passagem, parei. E fiquei a "ouver". Era Grande Greve Geral em debate, a realidade a impor-se. Pelos (e independentemente dos) intervenientes.
Convidados os representantes da CGTP e da UGT, conversaram, civilizadamente, com os residentes Pacheco Pereira e Pinheiro Xavier (não sei se se pretendia substituir, com os sindicalistas, a presença da "esquerda"-António Costa, ou quem por lá anda..., o que seria pura provocação).
E, a meu critério, conversou-se com utilidade. Com a realidade a impor-se! O resumo abaixo é uma amostra paupérrima e distorcida (para mais, com a insuportável abertura publicitária que nos insulta a  sensibilidade e a inteligência), mas dá para pegar. Com pinças.
O que se releva é o título do programa, e o conteúdo ter estado concordante com ele. Parece evidente que, a partir de diferentes posições, o que se depara é um beco. Mas um beco bem identificável: o beco sem saída do capitalismo. Ou que tem a saída de que nem se quer adivinhar qual a única em capitalismo, verdadeiramente aterradora do ponto de vista humanitário. Que seria a de destruição brutal de forças produtivas (e de vidas humanas!).
Mas aquele beco não é o exclusivo espaço deste tempo! E, em vez de se bater, na barreira em frente, há que lutar (e vencer!) por outros caminhos. Que são os do futuro, que estão nas nossas mãos, que por outros lugares se procuram, depois de (n)alguns nos terem obrigado a recuar para, agora, de novo avançar (a expressão correcta que tanto se cita é dois passos atrás, um passo em frente, e é de Lenine!).
Vivemos um momento histórico apaixonante (algum não o será para cada um de nós, quando vivido por cada um de nós?). Tendo o futuro nas nossas mãos e nos nossos passos. Fácil? Senti-lo seria grave erro, dizê-lo seria leviandade ou crime.

quinta-feira, novembro 24, 2011

GRANDE GREVE GERAL - minuto 59 da 24ª hora de 24 de Novembro

Não serão incidentes - naturais numa tão enorme manifestação de massas, ou provocados, como alguns terão sido - que poderão apagar, um mínimo que seja, a Grande Greve Geral que foi a de hoje. Servirão de canhestra diversão.
É evidente que o balanço - e sobretudo o seu efeito - ultrapassará o dia 24 de Novembro, nas suas reduzidas 24 horas.
Sobre o balanço, apenas se quer dizer que os números que o governo atirou para a comunicação social o cobriram de ridículo. Deixa-se o governo com esses números, e com a sua auto-descredibilização, que as também ridículas correcções em nada atenuam.
Sobre o efeito, apenas se anota que alguma experiência leva a dizer que esta greve revelou um ambiente novo. Sentem-se mudanças no estado de espírito de quem fez (e de quem não fez...) greve. Não todas no mesmo sentido, é claro, mas que as há, há.
Por fim, neste apontamento, quer-se sublinhar o aspecto que Carvalho da Silva salientou: o esforço, que também consciencialização foi, que representou fazer esta greve. Com verdadeira gratidão para os que a construiram (e tantos e tantos foram) e para os que a fizeram.

24 de Novembro, minuto um da hora zero

A Greve Geral já começou. E de um modo insofismável, isto é, sem admitir sofismas!
No entanto, escrevo esta mensagem minutos antes meia-noite para que seja (a)postada precisamente a essa hora simbólica do minuto um da hora zero.
Aqui, e agora, afirmo total solidariedade de cidadão, e dou toda a adesão activa que esteja na disponibilidade de reformado à Greve Geral. Com a decisão/gesto (simbólico) de, a não ser por situação ou condições excepcionais, só voltar a este meio de comunicação e espaço de encontro no final do dia, e com intenção de pessoal e muito modesto balanço.


quarta-feira, novembro 23, 2011

Perante a encruzilhada

“Não é este um tempo de alimentar animosidades e de concentrar a atenção em interesses particulares e corporativos”. (Ministro das Finanças)
É fácil de perceber. Quer dizer-se: concentração nos interesses financeiros... "a bem da nação".

"(...)é o momento de mobilizar os cidadãos de esquerda que se revêem na justiça social e no aprofundamento democrático como forma de combater a crise". (Manifesto de M.Soares e outros)
Não se percebe lá muito bem... Sim ou não à greve geral e à luta contra o poder financeiro?

"A adesão de cada um faz a força de todos". (1ª página do avante!)
Vê-se bem que é à greve geral! Estou inteiramente aderente, como reformado, e solidário, como cidadão.

"Rejeitar o Pacto de Agressão! Contra a exploração e o empobrecimento!". (nas ruas das cidades.)
Claro! A luta continua. Contínua.

Eles andam preocupados...

Notícia no avante!:

Bancos temem acções de massas

O escritório de advogados Washington Clark Lytle Geduldig & Cranford (CLGC) propôs à Associação de Bancos dos EUA a implementação de um programa destinado a denegrir e a investigar o movimento Ocupa Wall Street (OWS). O incómodo do grande capital financeiro norte-americano para com as acções de massas no país pode ser confirmado num memorando obtido pela cadeia de televisão MSNBC.

O plano, orçado em 850 mil dólares, tem como principal objectivo a formatação e difusão na comunicação social de um discurso negativo sobre o movimento e sobre todos os que o dinamizam e apoiam, adianta por sua vez a AFP.

Vigilância apertada sobre as redes sociais também se inclui na proposta apresentada pela empresa que se gaba de ter trabalhado para 16 Congressos e 7 governos nos últimos 100 anos.

Pôr termo ao OWS pode ser feito através «de um grupo de manifestantes desordenados [provocadores], mas está provado que [os activistas do OWS] deveriam ser tratados como competidores organizados, hábeis e capazes de mover os media. Para contrastá-los, temos que fazer o mesmo», diz o texto preparado pela CLGC.

No documento, alerta-se ainda para a hipótese de recrudescimento da revolta popular no final deste ano, quando as multinacionais e em particular o capital financeiro apresentarem as respectivas contas.

O perigo de tal tornar ainda mais evidente a desigualdade social e a injustiça é grande, alerta a CLGC, para quem republicanos e democratas têm muito a capitalizar politicamente se souberem manipular a seu favor o discurso sobre o movimento.

Os primeiros, adverte o escritório de advogados, devem até manifestar-se publicamente contra a ganância de Wall Street, ao passo que os segundos devem ir mais longe fazendo o que já muitos membros do aparelho da candidatura de Barack Obama às presidenciais têm vindo a fazer: expressar apoio pela luta empreendida.

Estas informações foram divulgadas quando o movimento OWS assinalou dois meses de presença quotidiana nas ruas de várias cidades dos EUA. Apesar da repressão brutal das últimas semanas, destinada a varrer os acampamentos do centro de algumas das principais cidades e campus universitários do país, e não obstante as centenas de detenções efectuadas nessas operações, o movimento tem vindo a assumir contornos mais estáveis.

Ainda na passada quinta-feira, 17, dezenas de milhares de pessoas marcharam em mais de 30 cidades norte-americanas.

Já no domingo, pelo menos 5 mil pessoas concentraram-se frente ao Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação e a Segurança (ex-Escola das Américas), em Fort Benning, Columbus, para exigirem o encerramento do que consideram ser um centro de treino de torturadores, e em defesa do regresso dos soldados norte-americanos enviados para conflitos imperialistas no Médio Oriente e Ásia Central.


Hoje, não é 5ª mas é... véspera!

O avante! esta semana
saíu à 4ª feira.
Porque amanhã, mais do que 5ª,
é 24 de Novembro de 2011.
É dia de Greve Geral.

DESTA Greve Geral.


a adesão de cada um
faz a força de todos

terça-feira, novembro 22, 2011

OE-2012

Nos trabalhos que acompanho, por (de)formação profissional e experiência de tarefas, vou conseguindo informação sobre a elaboração do OE12 na AR.
O Grupo Parlamentar do PCP, tendo votado contra, na generalidade, apresentou, na discussão na especialidade - se me não engano por defeito... -, 97 propostas de alteração!

Prós (greve geral) e Contras (o quê?)

Foi interessante, o programa de ontem!
Ouvi-o durante o dia de hoje, enquanto fazia outras coisas.
E valeu bem a pena.
Novidades? Ah!, houve, houve!
Então ouvir um constitucionalista, professor de direito, que já foi deputado (pelo PSD, 2002-205), defender a Constituição e dizer que vai fazer greve, não deve ser sublinhado?!
E ouviram-se muitas outras coisas que a realidade impõe.

Breves - 24 - os golpes de Estado em Estado(s) de sítio

São sucessivos os golpes de Estado, substituindo, em verdadeira campanha anti-democrática, "políticos" descredibilizados - como muitos bem merecem, mas metendo todos no "mesmo saco" - por equipas de "técnicos" com ares de virgens da política, embora já com passados e curicula que nenhuma prostituta de alto coturno desdenharia.
Tudo a fugir ao controlo democrático, e com ondas de perfume, mas o cheiro é a Estado(s) de sítio. E a pôdre!

Vocações, traições, sonhos e vidas apodrecidas...

No Alentejo Popular. Vale mesmo a pena ler!


1.Aconteceu em “Iniciativa”, programa da RTP Informação, ex-RTPN, canal contra o qual já alguém decretou a pena de morte, segundo consta. Escrevo “segundo consta” porque nenhum telespectador comum sabe ao certo o que vai sair do grupo de trabalho especialmente nomeado para dar parecer não vinculativo, mas decerto respeitável e atendível, acerca do futuro imediato da televisão pública. O que se sabe, isso sim, é que o referido grupo, de onde aliás já três elementos saíram por vontade própria, é presidido pelo dr.João Duque, economista que no ISEG dirige a produção em cadeia de jovens economistas de convicções neoliberais, criatura certamente estimável mas em quem não se adivinham méritos adequados à presidência de um grupo encarregado de opinar sobre televisão. Aconteceu, pois, em “Iniciativa”, como inicialmente se ia dizendo. “Iniciativa” é um programa concebido para se enquadrar perfeitamente nos sombrios tempos que vão correndo: dedica-se à “promoção do sucesso profissional” de cada qual, a estimular “ a formação, o empreendedorismo, os novos desafios”. Tudo boas acções, como claramente se vê, isto sem falar das intenções, que seguramente hão-de ser ainda melhores.
2.Aconteceu em “Iniciativa”, pois, aquela entrevista de que nem sequer poderá dizer-se que teve alguma característica excepcional: foi aquela como poderia ter sido outra sem que isso implicasse alguma diferença enorme. Por isso nem interessa nomear o ainda jovem entrevistado, tal como não é importante identificar a decerto não menos jovem entrevistadora. A conversa entre ambos foi fluindo, já desde o início nos havíamos apercebido de que aquele jovem licenciado triunfara na dura luta para penetrar na quase inexpugnável fortaleza onde o emprego está hoje aferrolhado a sete chaves e guardado por quatro ou mais dragões que vomitam fogo sobre quem deles se aproxima. O que importará talvez é repararmos no que o entrevistado narrou acerca de si próprio e reflectirmos um pouco sobre as suas palavras. Contou ele que se licenciara numa área para que se sentia muito vocacionado, de que “gostava”, como é de uso dizer-se, e pelo que se lhe ouviu é legítimo supor que a conclusão desse ambicionado curso lhe dera alguma alegria. Mas ele contou mais: disse ter-se dado conta de que concluíra um curso sem saídas para o mercado de emprego. E por isso optara por obter competências noutra área, conseguira-as, e presumivelmente com menor gosto do que inicialmente sonhara ter quando dos tempos de estudo e formação passasse aos tempos de labor profissional, escapara ao flagelo do desemprego.
3.Podemos assim depreender, e não sem razões, que aquela estória individual teve um final feliz. Talvez não inteiramente, mas um aparente sólido bom senso dir-nos-á que nos tempos que vão correndo não podemos ter enormes exigências. Ainda assim, porém, talvez se justifique que enquadremos este “happy end” num horizonte mais amplo e reflictamos um pouco. Aperceber-nos-emos então de que o caso narrado foi mais um caso concreto, entre muitos milhares, de cerceamento do direito à escolha de uma actividade profissional consequente a uma vocação, isto é, a uma apetência profunda, tornado de impossível consecução em resultado de um constrangimento imposto pelo mercado, na circunstância o mercado de trabalho. Ou por palavras mais simples e mais claras: é a força do mercado, da sua configuração frequentemente determinada por interesses privados, que impossibilitam de facto a plena realização individual. Pelo menos num certo grau, parece legítimo dizer que se está assim perante mais um crime cometido pelo mercado contra os direitos profundos do indivíduo, o que desmente a lenda de que é em inteira liberdade empresarial e mercantil que o indivíduo melhor se pode realizar. E não se diga com ligeireza que é excessivo o uso da palavra “crime”. Porque nem todos os crimes implicam que escorra sangue: às vezes só escorrem sonhos legítimos que foram estrangulados. E, em muitos desses casos, pode acabar apodrecida uma vida inteira.

 Crime é a palavra cert(eir)a

OUTRA INFORMAÇÃO - ao fim do dia

em vermelho:

21 de Novembro de 2011

China vai inaugurar museu dedicado ao marxismo

A China anunciou nesta segunda-feira (21) a abertura de seu primeiro museu dedicado ao marxismo, onde serão exibidos documentos dessa corrente ideológica traduzidos para o mandarim nos últimos cem anos, informaram os administradores da futura instituição.

O museu será inaugurado no final deste ano, segundo declarações divulgadas pela agência estatal Xinhua,

segunda-feira, novembro 21, 2011

Eleições em Espanha - Resultados (quase) finais

O Partido Popular (PP) governará em Espanha com maioria absoluta, de 186 mandatos (dos 350 do Congresso de Deputados), órgão que terá 13 partidos representados.
Os dados escrutinados referem ma abstenção maior do que em 2008, tendo votado 71,7% dos eleitores, contra os 73,9% de há três anos.
Também há um aumento dos votos nulos (318 mil), de 0,6% para 1,3%, e dos votos em branco (333 mil), de 1,1% para 1,4%.
O PP consegue mais de 550 mil votos (cresce de 39,9% para 44,6%, +4,7 pp e +11,8%), mas aumenta a sua representação parlamentar de 154 para 186 (de 44,0% para 53,1%, +9,1 pp e +20,8%).
No sentido inverso, o PSOE, perde cerca de 4,3 milhões de votos (de 43,9% para apenas 28,7%, -15,2 pp e +34,6%) e a representação passa de 169 para 110 (de 48,3%. para 31,4%, -16,9 pp e -35,0%)
A terceira força em número de votos é a Esquerda Unida (IU), que cresce de 969 mil para 1,7 milhões (+75,4%!), mas, apesar do seu aumento de dois para 11 deputados, o terceiro lugar na representação parlamentar é dos da CiU (Convergência Unitária da Catalunha), com cerca de um milhão de votos mas que aumenta de 10 para 16 a sua representação. (1,7 milhões de votos na IU igual a 11 deputados, menos de 1 milhão de votos na CiU igual a 16 deputados!).
Em quinto lugar, em termos de representação parlamentar, fica a estreante Amaiur, do País Basco, com sete deputados, mas  a União Progresso e Democracia (UPyD) fica em quarto lugar em termos de votos, aumentando de 306 mil para 1,1 milhões  de eleitores, embora apenas com cinco deputados e sem poder formar grupo parlamentar.
O novo Congresso terá ainda cinco deputados do PNV (País Basco), três da Esquerra (catalã) - os mesmos que mantinha - e dois cada do BNG (Galiza) e da CC (Canárias), que mantêm a sua representação.
PP - 186
PSOE - 110
CiU - 16
IU - 11
Amaiur - 7
PNV  - 5
UPyD - 5
Esquerra  - 3
BNG - 2
CC - 2
(e mais 3).

Ora aqui está...

De quem a culpa?

Não tenho nada - de pessoal! - contra a senhora. Cruzámo-nos, ela muito novinha, na sala de professores da "Escola do Quelhas", então ISE. Começava, simpática embora algo espevitada para meu gosto, a(s) sua(s) carrreirinha(s).

Já tenho tudo contra o sistema que, na sua legalidade, possibilita que, aos 42 anos, a jovem se tenha "reformado", após 10 anos de escolha político/partidária para juiza do Tribunal Constitucional.
Dessa "reforma", recebe SExa., ora presidente da AR, 7.255 euros mensais (um ano e um trimestre de salário mínimo mensal), pelos quais optou, obviamente, face aos 5.219,15 euros de remuneração a que teria direito como 2ª figura do Estado português. Sem abdicar, claro, de 2.133 euros mensais de ajudas de custo, somando uns brutos (ou brutais, dada a "conjuntura"!...) 9.388 euros mensais, fora outras mordomias, como viaturas e motoristas.

Algo está pôdre nestes reinos e  repúblicas do capital e seus serventuários.

Se fosse metalúrgica e comunista, receberia, igualmente por opção, o salário a que teria direito na sua profissão, da qual estaria afastada (em princípio, temporariamente), em tarefa democrática de representação dos que a teriam eleito, votando nela ou não.
Depois, venham dizer que "os políticos são todos iguais".




Começo de semana

2ª - 21 de Novembro
3ª - 22 de Novembro
4ª - 23 de Novembro
5ª - 24 de Novembro
LUTA
Justiça Social   Melhores salários   Emprego
Produção    Democracia   Direitos    Horários

Espanha

Manuel Rocha (no facebook):

A Esquerda Unida de Espanha passa de 2 para 11 deputados. O PSOE, prócapitalista perde para o neoliberal PP. A novidade é que a esquerda a sério - a socialista e comunistas - e os movimentos nacionalistas avançam rompendo o silêncio a que a ditadura "ocidental" os sujeita. Chama-se a isto ressuscitar a esperança. Falta caminho para andar? Falta pois. Andemos então.

Um abraço, Manelito

domingo, novembro 20, 2011

Para um domingo com Barbara - à Pantin

O contrário de "la solitude", tão cantada e tão bem por tantos mas nenhum (para mim) como Barbara?
Pois este final de espectáculo em Pantin que é o som desta entrevista, onde encontro a comunhão total do público, activo, interveniente, com o/a artista. 

Jerónimo na SIC - 3 (ou seja 1)

Jerónimo na SIC - 2

Jerónimo na SIC - 1 (ou seja 3)

Reflexões lentas - A PAZ - ainda (e sempre) - e tudo o mais

A propósito da Assembleia pela Paz, fui buscar e folhear, uma "relíquia", um volume da colecção Cosmos, Quanto Custa a Guerra, de A. Sebastião Gonçalves.
Nesse folhear, quase diria carinhoso, do livro de 1945, reforcei a "descoberta", que fiz há 25 anos, de que a Paz não é necessária para (ou porque). Não é necessária para que não haja guerra, para que não se gastem recursos em pura (total e desumana) perda, não é necessária porque morre gente (nume redacção dos meus 12/13 anos escrevi um libelo contra a guerra porque nela morrer gente que não a fazia... porque se fosse só soldados não estaria mal...), porque se podiam fazer escolas e hospitais com o que custa a guerra.
Nada disso: a paz é necessária! Ponto final.
Mais, neste modo de produção, nesta formação social, a paz é vital porque o capitalismo vive e sobrevive, desumana, criminosamente, através da guerra (ou das guerras em que se desmultiplica), dando valor de uso à sua mercadoria natural, as armas, destruindo forças produtivas... e gente a mais para ultrapassar crises que são inerentes ao seu funcionamento.  
Vou voltar, inevitavelmente, ao tema e às contradições que encerra - gente a mais... e então o exército de reserva que também lhe é indispensável? - mas, nesta reflexão do dia seguinte à Assembleia pela Paz, ontem realizada, venho aqui para deixar um pequeníssimo trecho do livro de Sebastião Gonçalves neste volume da biblioteca-colecção verdadeiramente histórica, criada e dirigida por Bento de Jesus Caraça:

(...) Nem sempre se é tão feliz nas imagens encontradas como Yves Guiot quando, em 1885, pretendeu dar uma idéia do elevado preço da colonização: « Se se quiser representar, de  uma forma alegórica - dizia ele - quanto tem custado em vidas humanas os 25.000 colonos estabelecidos em Argélia, veremos que cada um deles está sentado sobre quatro cadáveres, guardados por dois soldados.» (...)

As glosas que se poderiam fazer!...

Barbara - la solitude

Tenho um "fraquinho" pela Barbara... Para este domingo, convidei-a. Começa com "solitude" e, lá para o fim do dia, o contrário,,, 

sábado, novembro 19, 2011

Breves - 23

Se alguém quiser saber quem foram os ministros das finanças ou da economia de 1976 para cá (ou as duas coisas) escusa de consultar o Google... veja a lista de comentadores televisivos que peroram sobre o estado das finanças e da economia como se não tivesse sido nada com eles.

A Assembleia da Paz - o dito há pouco

No regresso a casa, revejo e transcrevo o dito:

22ª Assembleia pela Paz!
O testemunho de um economista a entrar na sua 5ª década no movimento da Paz. Que a todos saúda calorosamente, em particular aos que fizeram tão excelente trabalho e aos que o vão continuar.
22ª Assembleia pela Paz, a partir do Conselho Português para a Paz e a Cooperação, com registo de nascimento de há 35 anos. De 1976. Mas já vivo e com História antes.
De 1972. Para não ir mais a antes. Porque todos os agoras e os antes têm antes atrás de si.

!972. Numa economia mundial “em crise”, dizia-se então. Com o petróleo, os não-alinhados ex-colónias, o dólar a tornar-se inconvertível, ou seja, sem cobertura. Como os cheques falsos Desde então, e sempre mais, até hoje. Um movimento pela segurança e a cooperação europeias. Os Estados socialistas . E movimentos de católicos, de comunistas, de socialistas (ordem alfabética).
1972. Uma Assembleia em Bruxelas. A Europa na mão dos povos. Uma Europa que era Europa e não uma alcunha para uma associação de Estados-membros europeus.
A Europa na mão dos povos. Pela segurança e cooperação europeias. Um Assembleia pela Paz. Presidida pelo cónego Raymond Goor. Uma delegação portuguesa. Lembro todos os nomes. De católicos, comunistas, socialista. E o Silas Cerqueira, exilado em Paris, a juntar as pontas, com o Conselho Mundial da Paz.
Um movimento sem preconceitos (ou vencendo-os), a acompanhar e a forçar o trabalho diplomático. Dos Estados socialistas. Pela Paz. Que lhes era vital

No ano seguinte, o Congresso Mundial das Forças de Paz. Em Moscovo. De que, a juntar ao dito sobre Bruxelas, acrescento um apontamento. Em que a delegação plural portuguesa se juntou e confraternizou, pela Paz, com delegações dos movimentos das colónias em luta pelas suas independências! Sei lá… Marcelino dos Santos, Vasco Cabral, Luís Bernardo, autor do “Mataram o cão tinhoso”. Em Novembro de 1973.
Fins de 1973. A luta pela Paz. Sempre a par das lutas. Pelo fim-de-semana para os caixeiros, pelo contrato dos metalúrgicos, pelo salário de 6 contos para os trabalhadores indiferenciados. E mais, e mais. E as reuniões dos capitães. Tudo a preparar Abril. 25 de Abril foi a data, e é a efeméride. O feriado em que (ainda) não se atrevem a beliscar, embora o vilipendiem.

Em Julho de 1975, a assinatura, pelo Estado português, do acordo de Helsínquia, criando a Organização de Segurança e Cooperação Europeias, depois descaracterizada. e de que, nesta semana, o actual ministério dos Negócios Estrangeiros decidiu retirar o embaixador… para cumprir não sei que défice e que ordens.

Mas ainda 1976. O CPPC a ter o seu registo de nascimento, com residência em parte de casa na antiga sede da Mocidade Portuguesa Feminina, já depois do 25 de Novembro de 1975, com a frente institucional já travão e boicote, mas a dinâmica de massas ainda pujante e a ganhar futuro.
No entanto, na economia, a (pequena) Europa (capitalista) e o FMI connosco, isto é, contra nós, porque contra uma economia surpreendentemente sadia (OCDE dixit), contra uma estratégia planificada de emprego e satisfação das necessidades essenciais, com o apoio às pequenas e médias empresas e parques industriais regionais, contra uma democracia a avançar.
O CPPC, e as Assembleias pela Paz, como pólos de resistência, de salvaguarda do conquistado.
Mas luta difícil. Uns anos 80, que diria dramáticos, de que importa fazer a história. Que substituo, na economia, por duas palavras: monetarismo e desemprego.

Duas referências. A Assembleia da Paz em Copenhagen, de 1986, de que se anota a importante delegação portuguesa, integrando uma Natália Correia,  então deputada do PSD. Outra, o cruzeiro pela Paz. A Moscovo, de Moscovo a Kiev, a descida do rio Dniepre, até Odessa do couraçado Potemkine, visitando e convivendo, aldeia a aldeia, com a Paz. Na mãos dos povos, com as três letras M I R em todo o lado e os veteranos da guerra como verdadeiros símbolos.

Romantismo? Não! Luta. Dura, de resistência às fraquezas, fragilidades, traições. Tantas por conhecer, por identificar. Então, e ainda hoje.
Fechei o apontamento histórico.

O presente, a contemporânea idade, começou há 20 anos. E tem ganho progressiva dureza e gravidade. A NATO, criada com o pretexto de fazer face à ameaça do que só viria a ser criado 5 anos mais tarde, do Atlântico Norte estendeu-se, alastrou, globalizando-se, como a economia, o comércio, o primado da finança e da especulação. Levando a guerra a todo o mundo e, sobretudo, onde haja recursos não suficientemente controlados pelo imperialismo.
Só não vê quem não quer. Que a economia se militarizou, como os clássicos disseram que seria inevitável em capitalismo. As armas são as mercadorias naturais do capital. Ao consumirem-se destroem-se e destroem. E modernizam-se e armazenam-se, não para serem mercadorias em stock.
Neste sistema, as ditas crises só se ultrapassam, agravando-se, destruindo forças produtivas, contrariando o progresso social, a longevidade com qualidade de vida.

Há que retirar, aos povos, a cabeça de dentro da areia em que a têm estado, e estão!, a envolver.
A recente Líbia, depois do Iraque e do Afganistão, e de tudo o resto, é exemplar e indigna, mas não é senão uma passagem para outras paragens. A Síria, o Irão, as notícias de todos os dias são preocupante, e exigem muito trabalho de informação. De chegar às pessoas, às gentes, ao ser humano posto em causa.
A Paz deixou de ser uma necessidade para. As guerras deixaram de poder ser encaradas como um desperdício pelos meios que usam e que poderiam ser utilizados em outros fins. As guerras são necessárias ao sistema.

A PAZ é uma necessidade intrínseca, sem complemento directo, é uma necessidade. É como a água, os recursos que nos mantém seres vivos, é, hoje, a sobrevivência da Humanidade.
Os povos têm de segurar a Europa e o Mundo nas suas mãos. Como em 1972 – e antes…– nos disseram e comecei a aprender. E – todos – temos de ensinar a todos.

PAZ - A Assembleia da Paz é hoje (e todos os dias)

sexta-feira, novembro 18, 2011

Eis uma declaração de fundo e fundamentada!

in-certos e ex-citação

Recebi, do Tribunal Constitucional, as provas tipográficas do livro, que se está preparando, das sessões de comemoração dos 35 anos da Constituição Portuguesa, de Abril deste ano, em que participei. Foi (quase) uma surpresa, e parece-me aceitável o que então disse. Da intervenção (de comentário à participação do Governador d o Banco de Portugal) retiro este pedaço:

"(...)Em resumo, e para terminar o meu contributo para esta revisita à Constituição da República Portuguesa, tão amarga mas, também, tão estimulante, Portugal, como ao longo da nossa História multi‑secular, não financia a sua economia, abre caminhos para que outros a venham financiar em proveito deles, tornando‑nos sempre mais periféricos do centro, crescentemente assimétricos na interdependência.

Talvez Oliveira Martins tivesse razão ao estigmatizar‑nos. Como povo. Cito, de/em Hélder Macedo (Nós, — uma leitura de Cesário Verde):
«O discurso histórico de Oliveira Martins (…) voltou‑se para as explicações raciais e geopolíticas do triunfo das nações industriais burguesas do Norte para explicar a contrastante fraqueza de Portugal. Aceitando essas dúbias teorias como cientificamente correctas, procurou explicar a “inferioridade” de Portugal pela aplicação à análise da sua História dos mesmos modelos deterministas que “demonstravam” a superioridade intrínseca das triunfantes nações do Norte.  A sua investigação do “mecanismo interior” que tornara o Português poderoso no passado no Português enfraquecido do seu tempo (de Oliveira Martins e de hoje) parte, assim, da premissa tautológica de que a causa desse processo de enfraquecimento residia na inferioridade inata dos Portugueses.»

Mas um povo não é, ao longo de longos períodos históricos, homogéneo e em longos períodos históricos — de séculos — viverá antagonismos de rotura.
Por isso, decerto Oliveira Martins não teria razão quando sobre nós, como povo empreendedor e trabalhador, reflectia e escrevia.
Mas já a teria relativamente a parte deste povo, como classe que está nos caboucos do capitalismo e que, com os seus servidores, na sua fragilidade (ou até ausência), enquanto classe empresarial, produtiva e acumuladora de riqueza para o colectivo, se compraz na espuma da multiplicação fácil (e também perigosa) dos benefícios de dispor de ouro, de ser dona de cabedais e de capitais tomados como seus, e de poder ter (ou ser aliciada a recorrer a) crédito, mais especulando que explorando, por isso deixando‑se explorar, e facilitando e participando na exploração de coevos.

Não terá de ser sempre assim. Não será fatalidade. (...)"