terça-feira, março 30, 2021

Aponta mente

 O sub-mundo da política (ou melhor: a casta dos "políticos") está suspenso(a): irá Costa decidir-se pelo recurso ao Tribunal Constitucional após a "criativa" promulgação por Marcelo da legislação aprovada por uma maioria do parlamento, em que Costa é o "criativo" vértice de uma minoria que detém o poder executivo? E os "políticos" estão sobre brasas. Momentaneamente.

A social-democracia de direita esfrega as mãos (e os olhos) e a social-democracia de esquerda esfrega os olhos (e as mãos) neste duelo de "criatividades" individuais, de que muito depende  o próximo futuro que decorre de tais decisões, uma que já foi - a de Marcelo -, que se fez esperar,  outra que se faz esperar - de Costa.

Para lá do sub-mundo e das castas, está a gente, o mundo, a vida. Em rotação e translações (e muitas trasladações, à conta da pandemia).

sexta-feira, março 26, 2021

Outra VEZ o BES

Quando o BES volta à ribalta... e não por julgamento de Ricardo Salgado mas como "arma" no jogo político-partidário em que alguns nos pretendem entreter, enquanto partilham o poder ao serviço da manutenção (em desespero) da correlação de forças, é oportuno lembrar este livro de 2015


que, em Ourém, motivou interessante e interessada iniciativa 

Confrontação e agressão

  - Edição Nº2469  -  25-3-2021


Confrontação e agressão

As últimas semanas têm sido pródigas em iniciativas, medidas e declarações por parte da recém-empossada Administração Biden, que não só demonstram a não reversão do essencial da política externa norte-americana e de importantes orientações e medidas adoptadas neste âmbito pela Administração Trump, como o activo empenho no seu prosseguimento e mesmo aprofundamento.

Tentando contrariar a tendência do declínio relativo dos EUA e salvaguardar o seu domínio hegemónico ao nível mundial, a Administração Biden desdobra-se em iniciativas em praticamente todas as direcções, desenvolvendo uma intensa actividade diplomática, procurando alinhar os seus aliados em torno da sua estratégia de escalada de confrontação e agressão contra todos os países e povos que não se submetam aos ditames e domínio do imperialismo norte-americano, e que aponta a China e a Rússia como alvos estratégicos.

Um objectivo que é claramente assumido nos esforços da Administração Biden em subordinar a UE a estes desígnios, procurando dirimir contradições e não admitindo um qualquer laivo de autonomia por parte dos seus ‘aliados’ europeus; nos esforços que faz para animar a NATO como um instrumento de cerco e ameaça militar, não só dirigido prioritariamente contra a Rússia, mas igualmente contra a China; no seu empenho na dinamização e criação de novas alianças político-militares, similares à NATO, na região Indo-Pacífico, designadamente através do chamado diálogo quadrilateral de segurança (QUAD), integrando os EUA, a Austrália, a India e o Japão; ou na prioridade que dá ao Japão ou à Coreia do Sul; entre outras iniciativas que aquela desenvolve.

Neste contexto, assumem importante significado político as recentes sanções contra a China, aplicadas de forma coordenada pelos EUA, o Canadá, o Reino Unido e a UE, a pretexto da operação de provocação e mentira em torno de Xinjiang. Sanções que mereceram o elogio de Josep Borrell, alto representante para a política externa da UE, ao sublinhar que a coordenação na sua aplicação simultânea foi perfeita.

Para além de mudanças de forma ou de estilo, a realidade é que a Administração Biden, ao invés de se empenhar no necessário desanuviamento das relações internacionais, pelo contrário, aposta na continuação da política de confrontação e agressão. É disso exemplo o prosseguimento da criminosa política de imposição de sanções e bloqueios económicos e financeiros, em flagrante confronto com a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, que conta com o apoio cúmplice dos seus aliados, particularmente da UE.

Assume, assim, especial gravidade o alinhamento do Governo português com a política dos EUA, da NATO e da UE, que é contrária aos interesses do povo português, à defesa e afirmação da soberania e independência nacional e a uma política de paz, amizade e cooperação com todos os povos do mundo, aos princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa.

Como o Comité Central do PCP sublinha, assume grande importância o desenvolvimento da solidariedade com os povos que resistem à violenta acção do imperialismo, com a exigência do fim das ingerências, das agressões, das sanções e dos bloqueios, e do respeito dos direitos dos povos, da independência dos Estados, dos princípios da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional.

Pedro Guerreiro

quinta-feira, março 25, 2021

... nem por isso!

  - Edição Nº2469  -  25-3-2021


Boas intencões, ou nem por isso

A guerra (não declarada) das vacinas continua na ordem do dia e não apenas devido às suspeições que com razão ou sem ela pairam sobre a marca AstraZeneca.

Numa altura em que a penúria do produto já se tornou uma evidência para toda a gente, eis que a senhora Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, não arranja melhor «argumento» para tentar justificar o não recurso à vacina russa do que dizer que a entidade produtora «seria incapaz de corresponder à procura» europeia.

Não consta que alguém tenha perguntado à senhora donde lhe vem tal convicção, ou sequer em que é que isso deferiria, a ser verdade, da falta de resposta – essa sim, já comprovada – das marcas Pfizer, Moderna e AstraZeneca, que manifestamente privilegiam clientes como os EUA e o Reino Unido. Até foi por isso que para esta semana se agendou uma reunião de líderes europeus para analisarem a possibilidade de suspender as exportações europeias de vacinas para países produtores, de forma a garantir que a produção em países da Comunidade se destine primeiro a imunizar os cidadãos da UE. Fogo de vista para contribuinte ver, claro, porque se a preocupação fosse de facto «vacinar, vacinar, vacinar», sem outro critério que não o da eficácia, bastaria ir comprar o produto onde ele existe.

O busílis da questão está na guerra fria declarada por Washington à China e à Rússia. Sob a capa da diplomacia, os EUA têm vindo a pressionar os seus aliados para que não comprem fármacos produzidos pelo que designam de «estados mal-intencionados», o que explica as esfarrapadas explicações de Ursula von der Leyen e o facto de a Agência Europeia de Medicamentos continuar sem aprovar a Sputnik V. Ou seja, eles vacinam-se e nós ficamos com as «boas intenções».

Anabela Fino

quarta-feira, março 24, 2021

"Estupidezes"?

No seu alargado circuito da procura de informação, os meus olhos folheadores detiveram-se, piscaram em curto-circuito (e o meu ego agigantou-se!):

"- A regra de 3% para o défice deve desaparecer? 

(...) é sempre melhor não pôr números específicos numa regra orçamental. É uma má ideia porque as circunstâncias mudam, as taxas de juro podem mudar, o crescimento potencial da economia também. Pessoalmente, eu não me fixaria nem nos 3% nem nos 60% para todos os países. Acredito que a referência aos 3% se mantenha no sistema, mas já não faz sentido estarmos presos a estes números. "

Não, não era uma citação de parte de uma das muitas intervenção, nos idos anos 90, de um deputado do PCP na comissão monetária do Parlamento Europeu, durante uma das muitas reuniões para a criação da moeda única, contra as regras que se impunham como limites técnicos inatacáveis e inabaláveis, armas políticas para a subordinação de Estados-membros, servindo interesses e objectivos escamoteados Podia lá ser... 

Era, sim,  parte de um elucidativo texto de João Ramos de Almeida no blog Ladrões de Bicicletas, em que transcreve a resposta de um economista do Conselho Orçamental Europeu. Leia-se, que vale a pena:

"ESTUPIDEZES" VITALÍCIAS

A ideia pode ser tão idiota como esta: um dia, em Maastricht uns tantos senhores - entre eles Cavaco Silva, nem que fosse por interposta pessoa de Jorge Braga de Macedo ou Vítor Gaspar que negociaram a ideia - enfiaram uma banana no ouvido em nome de um projecto monetário europeu. Mas quando lhes perguntaram porque não a tiravam - afinal, não fazia sentido, a banana não cabia no ouvido e, mesmo se coubesse, iria fazer mal à saúde de quem tentasse - responderam que não a podiam tirar porque os mercados financeiros iriam reagir negativamente...  

A regra de Maastricht - de que os todos os Estados integrantes da zona euro devem ter um défice público de 3% do PIB e uma dívida de 60% - é estúpida. Já se sabia em 1992, mas foi mantida durante 30 anos por forma a manter a trela apertada por parte de certos desses Estados. 

Para os fanáticos da austeridade, que a cavalgam como forma de defender um Estado Social mínimo com entrega das suas funções à provisão privada, convém ler esta entrevista de Xavier Debrun, um dos membros do Conselho Orçamental Europeu (COE), organismo criado para gerir a política orçamental na zona euro.

Nomeadamente esta passagem: 

"- A regra de 3% para o défice deve desaparecer? 

-  Pessoalmente, penso que é uma regra que não faz sentido. Em Setembro de 1999, quando se escreveram os tratados em Maastricht, os 3% para o défice e os 60% para a dívida eram essencialmente a média existente na altura e pensava-se que era um bom nível para estar. Depois, alguns economistas na Comissão Europeia decidiram racionalizar estas metas e calcularam que um país que tivesse um défice de 3% para sempre e a economia crescesse 3% ao ano em termos reais, com 2% de inflação, acabaria por caminhar para uma dívida de 60%. Claro que hoje, se se fizesse o mesmo exercício, com um crescimento real anual dificilmente muito maior que 1%, o défice de 3% para sempre conduziria a uma dívida de 100%, não 60%. É por isso que é sempre melhor não pôr números específicos numa regra orçamental. É uma má ideia porque as circunstâncias mudam, as taxas de juro podem mudar, o crescimento potencial da economia também. Pessoalmente, eu não me fixaria nem nos 3% nem nos 60% para todos os países. Acredito que a referência aos 3% se mantenha no sistema, mas já não faz sentido estarmos presos a estes números. "

Não é que as soluções defendidas na entrevista sejam uma nova garantia de sanidade. Aliás, mantêm-se fortes constrangimentos à soberania nacional ao defender-se a imposição de um tecto de despesa pública que condicionaria o nível da fiscalidade a aplicar. Mas é a prova de que, de 30 em 30 anos e depois de centenas de milhões de vidas estragadas, a União Europeia pensa... para evitar a degradação da vida social e, com ela, sempre o receio de revoluções na rua. Afinal, a Comuna de Paris não foi assim há tanto tempo. Refiria-me aos Gillets Jaunes..



pensará?,
pergunto eu

.

para aula prática

 24.03.2021

 

Nas leituras matinais, (...) ao ler o editorial do director do Público tive uma reacção inhabitual.

 

&-----&-----&

 

Reacção inhabitual relativamente às que me provoca o sr. director, com o pessoal gravame de tal indivíduo alimentar a minha permanente dúvida sobre a importância que tenho (ou que me dou), por nunca dar guarida e resposta (isto é, publicação) a cartas minhas.  

 

&-----&-----&

 

Pois o sr. Manuel  Carvalho editorialou um bom texto de qualidade, coloca bem o dedo numa ferida de fundo da formação social em que vivemos, fruto da correlação de forças sociais.

 

&-----&-----&

 

Não o subscreveria na totalidade, até porque não conseguiu fugir à sua intervençãozinha (que pretende sempre escamotear, ou que não notória seja) no jogo político batoteiro que caracteriza o tempo em que estamos (e alguns somos).

 

&-----&-----&

 

Referir as “investidas” do Bloco e do PSD no plano parlamentar revela a tendência para a redução da vida cívico-política a esse plano, rejeitando como inexistentes ou irrelevantes as outras em que as investidas (!) do PCP são preponderantes.

 

&-----&-----&

 

Mereceria o “caso das barragens” outro relevo que o que é dado no documento da reunião do CC do PCP de 22 de Marco – “Beneficiando de importantes apoios públicos – ao contrário do que acontece com milhares de MPME – e da perspectiva de novas transferências a partir dos recursos disponibilizados no âmbito da UE, os grupos económicos têm da parte do Governo PS a cobertura e o financiamento para decisões contrárias aos interesses nacionais. São disso exemplo: (…) a venda de seis barragens pela EDP; ou os escandalosos benefícios fiscais aos grandes grupos económicos.?

 

&-----&-----&

 

Tê-lo-á decerto, mas não no quadro do superficial, espumoso, “jogo político”.

 

&-----&-----&

 

Tirando esse pecadilho (quem os não tem?), o texto de MC

serviria para uma aula prática de um curso do marxismo, exemplificando como, nos fundamentos desta leitura do caminho da sociedade  –  ou seja, no Manual do Partido Comunista -, antes do que, após o mergulho nas características do funcionamento do capital como relação de produção, se acrescentou:

“... o moderno poder do Estado é apenas uma comissão que administra os negócios comunitários de toda a classe burguesa...”.

 

&-----&-----&

 

De onde se partiria para o desenvolvimento, com léxico mais actual para a questão do poder político subordinado (por ausências, omissões e actos) ao poder económico dominante.

 

&-----&-----&

 

Lamenta-se que, em termos de contributos para a informação que ajude à tomada de consciência dos cidadãos, tão raros sejam as denúncias de erupções epidé(r)micas de um tecido (social) de que se escondem as incuráveis úlceras.

Sobre assuntos sérios, posições sérias

 


terça-feira, março 23, 2021

sábado, março 20, 2021

Um vasto e desolador (e assustador!) panorama

 

"Alguém tão exigente como Vasco Pulido Valente não diria que Cunhal mandaria matar Soares sem ter essa certeza"

Foram mais de 40 entrevistas ao longo de ano e meio ao colunista português mais "sem papas na línguas", na definição feita pelo próprio João Céu e Silva, autor de um novo livro sobre o pensamento de Pulido Valente (falecido em 2020) e grande repórter do DN…

 

Valdemar Cruz no Facebook : «(..) 3. Ficamos a saber que a fezada de um homem morto sobre as supostas intenções assassinas de outro homem morto dão título de jornal. Com destaque. É um certo novo jornalismo em toda a sua glória.

4.A desesperada procura de títulos bombásticos, equivalentes aos títulos destinados a provocarem muitos "likes" nas versões digitais, não abastarda apenas o jornalismo e os jornalistas. Contribui para aquela desesperante sensação de termos entrado num tempo de absoluta perda de valores, sem espaço para a dignidade. Muito menos para um jornalismo honesto e responsável. Esta entrevista é apenas uma amostra de um mais vasto e desolador panorama

sexta-feira, março 19, 2021

Para reflexões lentas e urgentes

 



... também há textos, falas, intervenções, que, em certos momentos, são imprescindíveis.

São as pontes ou, como é moda hoje dizer (e construir!), os passadiços para se chegar às massas e à tomada de consciência




quinta-feira, março 18, 2021

"A vida numa redoma"

  - Edição Nº2468  -  18-3-2021

A vida numa redoma

Cercada por um certo fundamentalismo, a vida arrisca volatizar-se. O confinamento tende a tornar-se ideologia de Estado, instrumento de dominação, fundamentação para lá das razões de saúde pública invocadas. A actividade económica e cultural, a vida em sociedade ou as múltiplas dimensões de saúde física e mental não encontram espaço no restrito mundo de estimativas, folhas de cálculo, projecções e curvas estatísticas, e outras exponenciações a que alguns insistem em reduzir a vida. Facto tão mais inquietante quanto esta concepção de vida em tubo de ensaio e redoma laboratorial contamina o poder e decisores políticos.

O confinamento, e a sua idolatração, tornou-se um poderoso instrumento ideológico, uma arma para atacar direitos e aumentar a exploração, um argumento para limitar liberdades. Cercados por critérios estritamente epidemiológicos, o que é essencial fica para segundo plano. Reforço do SNS e da estrutura de saúde pública, assegurando a interrupção das cadeias de contágio por via do rastreio e da testagem massiva, vacinação rápida de todos os portugueses ou a retoma das actividades, definindo com clareza as medidas de protecção de saúde e os apoios à sua implementação, soçobram submersos e ameaçados por modelos matemáticos, quadrantes coloridos e cruzes que aí se movimentam. É a vida suspensa, e ameaçada, no estrito sobe e desce de duas variáveis: número de contágios e o «famoso», e de costas largas, Rt. Esperamos que neste fundamentalismo confinante não tenha escapado a tantos matemáticos que num quadro de reduzido número de contágios, qualquer variação nestes, por menor que seja, se reflecte com expressão acrescida naquele indicador. Fica a prevenção para que se não permita que projectos restritivos se façam à sombra de esquemas e de uma responsabilização de comportamentos individuais para esconder a ausência de respostas.

Jorge Cordeiro

Intervenção de Jerónimo de Sousa na Assembleia da República

 

INTERVENÇÃO DE JERÓNIMO DE SOUSA NA ASSEMBLEIA DE REPÚBLICA

O Governo pondera ou não assumir a opção soberana de diversificação da aquisição de vacinas?

Ver vídeo

06:21

''

Senhor Primeiro-Ministro:

São públicas as nossas reservas e discordâncias em relação à manutenção do confinamento agressivo imposto pelo governo e, particularmente, num momento em que os avanços da ciência permitem hoje soluções mais eficazes de prevenção e combate à COVID-19, como a vacina e testagem rápida e massiva.

Temos afirmado que é possível encontrar soluções equilibradas que combinem o combate à COVID e a retoma das diversas actividades económicas, culturais e desportivas, definindo com clareza as medidas de prevenção para cada sector e os apoios necessários à sua implementação.

Mas acima de tudo, e esse é o aspecto que hoje aqui quero realçar, dando outra dinâmica e acelerando o processo de vacinação da população que, neste quadro, assume uma relevância maior no combate à epidemia.

Por isso, não se compreende a resistência e muito menos as manobras de diversão e pressões políticas que visam limitar a compra das vacinas a determinadas farmacêuticas anglo-americanas e só a elas, mesmo sabendo que não estão em condições de assegurar o seu fornecimento atempadamente.

Sim, não se compreende essa resistência perante os atrasos de fornecimento, a não ser por razões ditadas pelo interesse das multinacionais farmacêuticas, que querem ter o monopólio do negócio, a par de razões de geopolítica, o que é também grave, quando está em causa a vida das populações.

Não há explicação razoável para esta opção. No combate à epidemia a vacinação assume uma importância estratégica. O que a situação reclama é a aquisição de outras vacinas já reconhecidas pela OMS e outras entidades nacionais. O PCP apresentou um Projecto de Resolução nesta Assembleia e já agendado para 8 de Abril visando a concretização de três objectivos: assegurar aquisição imediata das vacinas, aonde elas existam, agir no âmbito da OMS e das Nações Unidas para se obter a suspensão da validade das patentes e criar as condições para a produção de vacinas em Portugal.

Senhor Primeiro-ministro:

O Governo pondera ou não assumir a opção soberana de diversificação da aquisição de vacinas, desenvolvendo desde já contactos neste sentido, com o objetivo de acelerar a vacinação dos portugueses? Que medidas de investimento prevê para a produção da vacina no País e que iniciativas vai o governo tomar, visando a suspensão das patentes?

Sr. Primeiro-ministro
Existe um claro 
aproveitamento da epidemia para atacar 

os direitos dos trabalhadores.

Não pode ser tolerado o que se passa na SPDH/Groundforce com salários em atraso e ameaças de despedimento. O PCP exige que o Governo, através do controlo público da empresa, garanta os direitos e os salários dos trabalhadores.

Não pode ser tolerada a epidemia de despedimentos colectivos que está a varrer o país, usando e abusando das normas gravosas do Código do Trabalho sobre a contratação colectiva, o que coloca, na opinião do PCP, na ordem do dia a necessidade de as alterar.

Sr. Primeiro-ministro

A palavra digitalização entrou em circulação acelerada para enfeitar discursos com um aparente sentido de modernidade, mas digitalização não pode ser confundida com a trituração de direitos dos trabalhadores, usando algoritmos do século XXI para fazer regressar relações laborais do século XIX.

O PCP considera inaceitável a situação dos trabalhadores das chamadas plataformas digitais, multinacionais que aqui montaram Praças de Jorna Digitais que são ilegais mas têm contado com a passividade das autoridades. Estes trabalhadores, falsamente considerados como independentes, sofrem com horários intermináveis, vivem sem salário garantido, sem direito a férias, à parentalidade ou sequer a estar doentes, oprimidos por algoritmos que ditam castigos, multas e despedimentos.

No teletrabalho importa ter claro que a casa de cada trabalhador não pode ser uma dependência da empresa, com o que coloca de acréscimo de despesas, na protecção da vida pessoal, na saúde, nos direitos individuais e colectivos. A legislação laboral já consagra direitos no teletrabalho, a que muitas empresas têm fugido perante a insuficiente fiscalização pública. Os aperfeiçoamentos na legislação que são necessários não podem servir para dela retirar direitos aos trabalhadores ou isentar o patronato das responsabilidades pela criação das condições de trabalho.

É neste sentido que o PCP vai continuar a intervir, e gostaríamos de saber se esse é um compromisso que o governo também assume?

quarta-feira, março 17, 2021

Na ordem o dia, ou na (des)ordem dos dias

Hoje, nestes dias de hoje, a grande questão parece ser a atitude de todos nós (simples cidadãos, cientistas, veículos e receptores de informação, nossos representantes por eleição, decididores por vias várias... algumas bem obscuras) perante a ciência e a informação.

É a ciência imune, extra-territorial à política?, qual o papel da informação?

Em 10 de Março de 2020, quando já se falava em pânico, então artificialmente criado (ou antecipado), reproduzi aqui um artigo que lera e traduzira com grande interesse, e que ganha, hoje, mais de um ano depois, oportunidade acrescida:

"

... e pensar em tudo o que está por detrás do pan(ic)o, no que é tão manipulado e manipulador:




10 de março de 2020
Coronavírus: o testemunho de um virologista

Bruno CANARD

Chamo-me Bruno Canard, sou director de pesquisa do CNRS em Aix-Marselha. A minha equipa trabalha com vírus RNA (ácido ribonucleico), que inclue os coronavírus. Em 2002, a nossa jovem equipa estava a trabalhar sobre a dengue, pelo que fui convidado para uma conferência internacional onde era tema os coronavírus, uma grande família de vírus que eu não conhecia. Então, em 2003, surgiu a epidemia de SARS (síndroma respiratória aguda grave) e a União Europeia lançou importantes programas de pesquisa para tentar não ser apanhada de surpresa em caso de emergência. 
A abordagem é muito simples: como antecipar o comportamento de um vírus que não conhecemos? Bem, apenas estudando todos os vírus conhecidos para dispor de conhecimento transferível para novos vírus, especialmente no modo de replicação. A pesquisa é incerta, os resultados não podem ser planeados e é necessário muito de tempo, de energia, de paciência.
Trata-se de pesquisa básica validada com paciência, em programas de longo prazo, que podem eventualmente ter saídas terapêuticas. Também é independente: é a melhor vacina contra um escândalo como o do medicamento mediator.
Na minha equipa, participamos em redes de colaboração europeias, o que nos levou a encontrar resultados a partir de 2004. Mas, em pesquisas virais, na Europa e na França, a tendência é colocar o pacote no caso de uma epidemia, e depois esquece-se. 
Em 2006, o interesse político pelo SARS-CoV havia desaparecido; não sabíamos se ele voltaria. A Europa se retirou-se desses grandes projetos de antecipação em nome dos contribuintes. Agora, quando um vírus surge, os pesquisadores são solicitados a mobilizarem-se com urgência e encontrar uma solução para o dia seguinte. Com colegas belgas e holandeses, enviámos duas cartas de intenções à Comissão Europeia há cinco anos atrás, dizendo que tínhamos que antecipar. Entre essas duas cartas, Zika (vírus) apareceu ...
A ciência não funciona com urgência e resposta imediata.
Na minha equipa, continuamos a trabalhar no vírus da coronavírus, mas com fraco financiamento e em condições de trabalho que gradualmente se deterioram. Quando por vezes reclamei, muitas vezes me responderam: "Sim, mas vocês, os investigadores, o que fazem é útil para a sociedade mas ... vocês são apaixonados pela investigação".

E pensei em todos os arquivos que avaliei.
Pensei em todos os artigos que revi para publicação.
Pensei no relatório anual, no relatório a 2 anos, no relatório a 4 anos.
Gostaria de saber se alguém leu os meus relatórios e se alguém também leu as minhas publicações.
Pensei nas duas licenças de maternidade e nas duas licenças não substituídas na nossa equipa de 22 pessoas.
Pensei nas “festas de despedida” por reformas ou promoções, e nas posições perdidas que não foram substituídas.
Pensei nos 11 anos do CDD (contrato a prazo) de Sophia, engenheira de pesquisa, que não podia alugar um apartamento sem o CDI (contrato  de duração indeterminada), nem pedir um empréstimo bancário.
Pensei na coragem de Pedro, que renunciou ao cargo de CR1 no CNRS para fazer agricultura orgânica.
Pensei nas dezenas de milhares de euros que adiantei do meu bolso para me inscrever em conferências internacionais muito caras.
Lembro-me de comer uma maçã e uma sanduíche fora da convenção enquanto nossos colegas da indústria farmacêutica iam a banquetes.
Pensei no Crédit Impôt Recherche, que passou de 1,5 mil milhões para 6 mil milhões anuais (duas vezes o orçamento do CNRS) sob a presidência de Sarkozy.
Pensei no Presidente Hollande, depois no Presidente Macron, que continuaram meticulosamente esse processo que me faz gastar o meu tempo escrevendo projectos de ANR (
agence française de financement de la recherche sur projets)
Pensei em todos os meus colegas a quem fizeram gerir a escassez resultante destes assaltos e em todos os projetos ANR que escrevi e que não foram selecionados.
Pensei esse projeto ANR franco-alemão, que não teve qualquer crítica negativa, mas cuja avaliação durou tanto tempo que me disseram para reenviá-lo um ano depois, e que “finalmente” foi recusado por falta de fundos.
Pensei no apelo Flash da ANR sobre coronavírus, que acaba de ser publicado.
Eu pensei que poderia parar de escrever projetos ANR.
Mas, então, pensei nas pessoas em condições laborais de precariedade nos trabalhos desses projectos da nossa equipa.
Pensei que, com tudo isto, deixei de ter tempo para fazer pesquisa como queria, aquilo com que me comprometera.
Pensei que tínhamos momentaneamente perdido o jogo.
Perguntei-me se tudo isto era realmente útil para a sociedade, e se eu ainda estava apaixonado por esta profissão?
Perguntei-me, muitas vezes, se iria mudar para um emprego desinteressante ou prejudicial à sociedade, e no qual seria muito bem pago?
Não, na verdade não.
Espero ter feito ouvir, pela minha voz, a cólera legítima que está tão presente no ambiente universitário e na investigação pública em geral.

(tradução - SR.)
"

de DESACATO (um blog)



 

domingo, março 14, 2021

de resposta a um desafio de um outro blog

ESPANTO

segundo PICASSO

 


Num recanto do espaço Refúgio do nosso canto, está há anos uma cópia de Guernica, oferecida por um grande amigo (como um irmão!) recentemente falecido.

Embora aparentemente cópia para ali desvalorizada de grande de arte, em circuito quase permanente pelas capitais de (uma) cultura, ali nos espanta cada vez que vamos buscar fruta, limões ou batatas para a refeição (e que, agora, parece iluminada por uma melancia).

Espanto e horror! Como foi possível? Uma cidade destruída (uma Hiroshima antes de Hiroshima) por um ataque aéreo, no uso deshumano de conquistas da humanidade (voar como os pássaros). Para travar caminhos do humano ser.

E nós aqui tão perto, tão perto do espanto e horror de que Picasso nos quis dar testemunho! Às vezes tão longe…

                                                                                                                            Zambujal 

sábado, março 13, 2021

Reflexões lentas... de cadeira em cadeira


Ontem, foi dia marcado por importante evento destes tempos que vivemos.
Como idoso que sou (ah, pois claro....), fui incluído pela Junta de Freguesia na 2ª leva da 1ª dose de "avassinações".
Foi no Centro de Negócios (que agora será de Exposições... mas nunca deixará de ser de negócios) e a organização, se bem que com algumas pequenas falhas, foi satisfatória, com uma larga equipas de solícitos/as orientadores/as do alongado percurso, pessoal de comprovação e registo (1 de 2 gabinetes médico a rastrear), 2 de 4 cabinas de vacinação na concretização da picadela em braço nu mil e uma vezes vista na televisão (desta feita foi o meu), com atenção e cuidados (quase afectuosos), por fim, mais uma espera de 30 minutos para recuperação pós-pica.

Durante o longo percurso que muitos fizemos, sozinhos ou acompanhados, de cadeiras de rodas ou de cadeira-sem-rodas em cadeira-se-rodas, fui folheando páginas do O papel da violência na História (não mais do 2 ou 3 páginas) e observando e pensando…

A reflexão que me foi suscitada como muito impressiva foi a de que… estávamos em 2021, numa fase de surto epidérmico, nem melhor nem pior que outros por que a Humanidade já passou – aqui e no resto do mundo -, decerto não tão universais como este dado que os aviões e o turismo são recentes… e sobre as respostas que estão a ser dadas, hoje e aqui, em 2021.

A universalidade desta epidemia faz com que se agigantem diferenças, reflexo evidente das situações locais e da sua gritante diversidade. Não só entre situações em que os direitos dos cidadãos à saúde são privilegiados como sempre, e não só apenas quando ataca um vírus, e aqueloutras situações em que, por mais escamoteada que seja (porque tem de ser!), o que prevalece são os interesses do capital sobre os direitos dos cidadãos.

Mas, neste lado do universo, este em que nos encontramos, a prevalência, por via de uma ideologia de mercado, torna visíveis (para quem quiser, ou puder ver) os esforços para conciliar o inconciliável, sob uma capa – ou manto pouco diáfana – de uma democracia (apenas política, representativa, de faz-de-conta), em que há interesses a compatibilizar entre a saúde e a economia (reduzida esta, tal como a democracia, à sua expressão de mercado e financeira, alheia às necessidades, nos seus níveis de direitos do ser humano no tempo e no espaço de hoje e para hoje).

E, ainda neste lado do mundo, nesta situação tão clara (embora por necessidade disfarçada quanto possível) haja gradações, haja diferenças resultantes das locais correlações de forças sociais. Confesso que me deu ganas de falar aquelas "massas" - que eu integrava, inteira e solidariamente - mas, tenho a certeza, seria mal recebido, por incompreensão. Há todo um lastro que há que ter em conta, há - ao fim e ao resto, respeitos reciprocos que são essenciais à condição de humanos.

Não tive reacções físicas desagradáveis. À picadela...

quinta-feira, março 11, 2021

A talhe de foice - Roleta

  • Anabela Fino

 - Edição Nº2467  -  11-3-2021

Roleta

A presidente da direcção da Agência Europeia do Medicamento (EMA), Christa Wirthumer-Hoche, afirmou este domingo que recorrer à utilização da vacina russa Sputnik-V é comparável a «uma roleta russa», pelo que aconselhava os países da União Europeia a não a autorizarem.

A reacção dos criadores da vacina, ligados ao centro de investigação Gamaleia e ao Fundo Soberano Russo, não se fez esperar. Exigindo um pedido de desculpas, fizeram notar que tais comentários, para além de inapropriados, atentam contra a credibilidade da EMA e do processo de avaliação, que está a decorrer, da vacina Sputnik-V, indiciando a existência de «possíveis interferências políticas».

As acusações russas são pertinentes. Com efeito, está por esclarecer por que motivo a EMA adiou durante meses o processo de validação daquela vacina, já reconhecida por 46 países, não obstante o fornecimento das já autorizadas pela UE (BionNTech/Pfizer, AstraZeneca/Oxford e Moderna, às quais se deverá juntar hoje a da Johnson & Johnson) estar longe de corresponder às expectativas.

Se, como dizem, a preocupação é imunizar a população o mais rápido possível; se não se olhou a meios (dos contribuintes) para garantir um lugar na linha da frente dos fornecimentos; se se aceitou os contratos leoninos impostos pelas farmacêuticas (incluindo a desresponsabilização por eventuais efeitos secundários) e o secretismo de muitas das suas cláusulas; se, apesar de tudo isso, os prazos não estão a ser cumpridos, por que razão a EMA retarda a validação da Sputnik-V e nem sequer encara apreciar as quatro vacinas já aprovadas pelas autoridades chinesas (outras oito estão em desenvolvimento)?

Não é de esperar que a Agência Europeia do Medicamento responda a estas questões, mesmo sabendo que a China arrancou com a produção em massa daquelas vacinas no Verão de 2020 e se propõe produzir e entregar 500 milhões de doses a 45 países. Ainda no mês passado o presidente da Sinovac, Yin Weidong, garantiu que a empresa poderá vir a produzir mil milhões de doses por ano, enquanto a Sinopharm anunciou há dias que a sua produção poderá ascender a três mil milhões de doses por ano.

Não sendo admissível propalar que o governo chinês pretende eutanaziar a sua população de cerca de um bilião e meio de habitantes com vacinas de roleta, a crítica aqui é a de que o gigante asiático as usa como «arma» diplomática, já que o país se comprometeu a torná-las «um bem público comum e distribuído de forma justa e equitativamente», como noticiou a agência noticiosa oficial Xinhua.

Pois é. Ficar à mercê de interesses capitalistas não é política, é a ordem natural das coisas. Política é pensar primeiro no interesse dos povos.

Afinal, isto não é uma questão de roleta, é um problema de croupier.

Perigosamente podre!

  - Edição Nº2467  -  11-3-2021

Perigosamente podre

Que a super-potência imperialista está em decadência é evidente. O problema é de fundo e não é exclusivo dos EUA. O capitalismo enquanto sistema atingiu os seus limites. Em vez de criar, destrói. Entrou em autofagia, na tentativa de obter lucros que escasseiam na actividade produtiva. O apagão no Texas, em meados de Fevereiro, é disso elucidativo.

Wall Street Journal escreve (24.2.21): «Há quase 20 anos, o Texas deixou de ter infra-estruturas de produção e distribuição energéticas totalmente reguladas. O Estado desregulou a geração de energia, criando o sistema que falhou na semana passada. […] Os consumidores domésticos do Texas acabaram pagando, desde 2004, mais 28 mil milhões de dólares pela sua energia do que teriam pago ao abrigo das tarifas que eram praticadas pelas empresas tradicionais do Estado». A vaga de frio fez disparar o consumo, ao mesmo tempo que deitou abaixo parte importante da geração de electricidade, em boa parte por falta de investimento (texasmonthly.com, 19.2.21). Depois veio o ‘mercado livre’: as distribuidoras compravam a electricidade ainda disponível a preços obscenos e em alguns casos passavam-nos directamente para os consumidores. Clientes houve com contas de 17 000 dólares, apesar de terem ficado durante dias sem electricidade. Nas palavras duma das vítimas, «o efeito vai ser devastador para muita gente. Não haverá comida na mesa para as crianças, nem pagamentos de rendas, prestações da casa ou do carro» (foxnews.com, 23.2.21).

Mas em capitalismo, a tragédia de uns é o lucro de outros: «o Bank of America lucrou centenas de milhões de dólares em receitas de negócios quando o sistema eléctrico do Texas foi abaixo […] ilustrando as vantagens para Wall Street do caos que deixou partes do Estado sem luz e aquecimento» (Financial Times, 5.3.21). A Bloomberg (5.3.21) estima que a Goldman Sachs e o Morgan Stanley irão também lucrar mais de 200 milhões de dólares cada. Tenta explicar: «Alguns dos ganhos da Goldman resultam de coberturas [hedges], uma prática rotineira de gestão de riscos em Wall Street [… que] pode tornar-se muito lucrativa quando há acontecimentos raros». Mas é mais clara a explicação dum comentador norte-americano na RT (6.3.21): «Transformámos serviços essenciais num casino».

Enquanto o grande capital saqueia a riqueza existente e o povo dos EUA é entregue a si próprio – perante a Covid, furacões ou vagas de frio – há uma prioridade que não muda, seja qual for o Presidente: a política de agressão e guerra para impôr ao planeta este sistema de pilhagem. Em plena pandemia Covid, o New York Times anuncia que o novo Presidente Biden vai lançar uma autêntica acção de guerra contra a outra grande potência nuclear do planeta. «A primeira grande acção é esperada nas próximas três semanas, com uma série de acções clandestinas contra redes russas, que se pretende sejam claras para o Presidente Vladimir Putin e os seus serviços secretos e militares, mas não para o mundo em geral. [...] essas acções serão conjugadas com sanções económicas – embora sejam poucas as sanções realmente eficazes que ainda não tenham sido aplicadas» (NYT, 7.3.21). Desde há muito que a invenção da ‘ameaça externa’ serve para justificar a guerra. Mas também para encobrir a pilhagem interna.

Jorge Cadima

quarta-feira, março 10, 2021

O FUTURO DA EUROPA

Informa, hoje, a Agência Lusa que 

«Decorre hoje em Bruxelas a cerimónia de assinatura da declaração conjunta de lançamento da Conferência sobre o Futuro da Europa, com a presença dos presidentes do Parlamento Europeu, David Sassoli, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do primeiro-ministro português, António Costa, na qualidade de presidente do Conselho da União Europeia. O ato inicia o processo que permite aos cidadãos participarem na reconstrução das políticas e instituições da UE, incluindo o compromisso das instituições de "ouvir os europeus e dar seguimento às recomendações da Conferência", em conformidade com as respetivas competências consagradas nos Tratados.»

https://youtu.be/BanVetquQ7w

entre-aplaudindo-se 

(o Conselho, a Comissão, o Parlamento, da esq. para a dir.)

O Expresso-curto (que todas as manhãs leio) transcreve-o, acrescentando

«Já está cheio de vontade de participar, certo? Na realidade, há mais de um ano que Parlamento Europeu e Estados-membros tentavam chegar a um acordo a respeito da Conferência sobre o Futuro da Europa e falta "operacionalizar a passagem da Declaração à prática, para garantir que não é mais uma iniciativa de boas vontades sem consequências práticas", explica a Susana Frexes.»

Sinto-me convocado a responder à pergunta-provocação do autor do Expresso-curto de hoje, sobre a vontade de participar. 

É sempre oportuno lembrar que a participação é uma condição da democracia, porque há muitos "esquecidos" e muitos que, lembrados ou não, reduzem a democracia à sua vertente representativa, ao voto periódico. Pelo que participar é um direito!   

Não se trata, portanto de ter ou não ter vontade, e o caminho percorrido pela associação de Estados-membros que trouxe à União Europeia, em várias etapas afirmou coisas parecidas com as hoje ditas, fez apelos à participação dos cidadãos e, na prática, obedecendo a interesses dominantes, face à expressão que resultava dessa participação ou não fez o que resultava dessa expressão, ou encontrou maneira de repetir o acto até ter o resultado pretendido para que apenas se queria homologação exigida pelos Tratados, ou foi adiada a concretização que derivaria da expressão dessa vertente da democracia.

Foi assim desde 1965 (crise da cadeira vazia) até ao Tratado de Lisboa de 2007 para substituir a Constituição, saída de iniciativa semelhante a esta Conferência, e chumbada na pretendida homologação por consulta aos cidadãos dos Estados-membros.

Começaria por uma questão sobre o título: em vez de fazer Conferência sobre o Futuro da Europa não deveria promover-se um  verdadeiro debate sobre se esta União Europeia poderá ter futuro na Europa.

e depois...

domingo, março 07, 2021

VERGONHA

 De vez em quando, dos sombrios recantos da direita, surgem uns personagens com ares sobranceiros de quem sempre teve certezas (mesmo que as de hoje sejam diferentes das de ontem), de quem nunca teve dúvidas (razão pela qual nunca aprenderam nada) e vociferam. 

Agora, aí veio aquela criatura de que suspiramos de alívio por o termos visto sair de cena, aquela escavacada figura. Procurando uma pose que não tem, uma postura grave que só lhe aumenta o ridículo, lendo mal e disfarçadamente umas cábulas que só ele (ou algum seu familiar ou apaniguado) podia ter escrito,  tartamudeou umas invectivas e insistiu, no seu curto vocabulário, na palavra que um outro usa com veemência mas igual despropósito: vergonha.

Vergonha, sr. Cavaco Silva, tenho eu de ter assinado, como presidente da direcção CDUL, o cartão de atleta de um jovem pernilongo da minha escola (ISCEF), e tê-lo afirmado todo contente porque esperava vê-lo voar sobre as barreiras nos 110 metros e afinal... nada. Vergonha pequenina, mas que nunca esqueci porque bem maiores se lhe vieram somar.

De outras, pequenas ou pontuais vergonhas, não falo, mas escrevo, persisto e assino, que vergonha, essa sim e grande, foi de o ter tido como Presidente da República.

Mas, se esse era um custo a pagar por se ser cidadão em liberdade e democracia, após luta contra o fascismo e a guerra colonial, aguentava-se. Não resignado. Em luta, em condições de liberdade e democracia (mesmo que bem mitigada) para que a vergonha não demorasse muito.

Agora o que é insuportável, o que envergonha a imagem da liberdade e democracia em que vivemos, é que venha Cavaco Silva a apresentar-se como doutrinador e julgador. A ditar como deve ser a democracia, a decretar como vergonhosos números que nos deveriam solidariamente preocupar e que outros bem piores seriam se tivéssemos tido o desastre de ter Cavaco Silva como PdaR e se tivesse conseguido impor algumas das suas intenções, suas opções e agentes seus. 

Tenha vergonha!


                               


 todo impante

No 1º dia depois do 1º centenário...


100 anos
100 acções
em Torres Novas

A LUTA CONTINUA!

 

sábado, março 06, 2021

BOM DIA, CAMARADAS!

 Hoje é o dia em que completamos 100 anos.

Parabéns, camaradas!


Nascemos assim, num sindicato!, faz hoje 100 anos. Poderia ter sido, como muitos outros, como mudança de um partido já existente. Mas não... nascemos assim! 
Assim, nascemos, como organização política, nova, na sede de uma organização sindical de trabalhadores.
Assim crescemos e somos FUTURO.







Abracemo-nos (virtualmente, como tem de ser, mas abracemo-nos!).

Abracemos os nossos amigos