domingo, julho 31, 2016

Para este domingo

Em que nos despedimos do Paulito, que partiu tão cedo demais!
Muito tristes e a lembrar tantos amigos e camaradas que povoam  o nosso cemitério interior.
A ouvir, em sua lembrança e homenagem,o  que comovia o Zé Casanova. Este Mahjer tão triste e tão belo.

domingo, julho 24, 2016

O que tem sido dito e o que tem de ser feito

INTERVENÇÃO DE JERÓNIMO DE SOUSA, SECRETÁRIO-GERAL, JANTAR COMEMORATIVO DO 70º ANIVERSÁRIO DO IV CONGRESSO DO PCP

O IV Congresso foi o da afirmação e confirmação do PCP como um grande partido nacional

Para este domingo - revivendo a Festa do avante! de 1978, no Jamor



Fairport Convention
Who knows where the time goes


Across the evening sky, all the birds are leaving
But how can they know it's time for them to go?
Atravessando o céu do entardecer, os pássaros estão a partir
Mas como podem saber que é tempo para irem

Before the winter fire, I will still be dreaming
I have no thought of time
Antes do frio do inverno, eu continuo a sonhar
Não penso no tempo

For who knows where the time goes?
Who knows where the time goes?
Vá lá saber-se para onde vai o tempo
Quem sabe para onde vai o tempo?

Sad, deserted shore, your fickle friends are leaving
Ah, but then you know it's time for them to go
Triste, na praia deserta, os teus amigos incertos partem
Ah, mas então sabes que é tempo de ir  

But I will still be here, I have no thought of leaving
I do not count the time
Mas eu fico, não penso em partir
Não conto o tempo

For who knows where the time goes?
Who knows where the time goes?
Vá la saber-se para onde vai o tempo
Quem sabe para onde vai o tempo?

And I am not alone while my love is near me
I know it will be so until it's time to go
E não estou só enquanto o meu amor estiver perto de mim
Eu sei que é assim até ser tempo de partir

So come the storms of winter and then the birds in spring again
I have no fear of time
Passam as tempestades do inverno e logo os pássaros da primavera de novo
Não tenho medo do tempo

For who knows how my love grows?
And who knows where the time goes?
Vá lá saber-se como o meu amor cresce
E quem sabe para onde vai o tempo?

atrevi-me...
(com ajudas!)

sábado, julho 23, 2016

SUBMISSÃO? BASTA!

da RR:

Bruxelas pede suspensão 
de fundos estruturais 
como sanção a Portugal

23 jul, 2016 - 15:36
Em Setembro, a Comissão e o Parlamento 
vão começar um "diálogo estruturado" 
para definir o âmbito e a dimensão desta sanção, 
aplicada pela primeira vez.

Foto: Lusa
A Comissão Europeia vai propor ao Parlamento Europeu a suspensão de 16 fundos estruturais em Portugal que são financiados por Bruxelas como sanção por não ter sido respeitado o limite do défice público de 3% do PIB.

Na carta enviada pelo vice-presidente da Comissão ao presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, é proposta a abertura de um "diálogo estruturado" em Setembro entre estas duas entidades, para que seja definido "o âmbito e a dimensão" da suspensão de financiamento que serve como sanção pela violação do limite de 3% do défice estabelecido nas regras comunitárias.

Na carta, divulgada pela SIC ao princípio da tarde e a que a Lusa também teve acesso, argumenta-se que as regras dos Fundos Estruturais "prevêem que partes destes Fundos sejam suspensos se o Conselho decidir que um Estado membro não tomou acções efectivas em resposta a recomendações emitidas no contexto do procedimento dos défices excessivos".

O Conselho, continua a carta, "já estabeleceu a 12 de Julho que quer Portugal quer Espanha não tomaram medidas efectivas para terminarem os seus défices excessivos", pelo que "as condições para a suspensão dos Fundos estão, portanto, cumpridas, e a Comissão irá brevemente fazer uma proposta nesse sentido", depois de encetar um "diálogo estruturado para apresentar uma proposta equilibrada".

Na explicação redigida pelo gabinete da conferência dos presidentes do Parlamento, afirma-se aos eurodeputados que na reunião de dia 12, o Conselho "concluiu que Portugal e Espanha não tinham tomado acção efectiva em resposta às suas recomendações sobre medidas para corrigir os seus défices excessivos".

Para além de não terem reduzido os défices para menos de 3% do PIB, "o Conselho concluiu que em ambos os casos os esforços orçamentais caíram significativamente face ao que tinha sido recomendado".

Invocando o Regulamento 1303/2013, o secretariado da Conferência dos Presidentes escreve que os fundos "devem ser suspensos se o Conselho concluir que um Estado-membro não tomou acções efectivas em resposta a uma recomendação emitida no contexto do procedimento dos défices excessivos".

Assim, em Setembro, "na mais breve data disponível", a Comissão e o Parlamento vão começar um "diálogo estruturado" para definir o âmbito e a dimensão desta sanção, aplicada pela primeira vez.

"Como não há precedente para a aplicação deste artigo, é proposto que a decisão seja tomada através de um procedimento escrito sob proposta do Presidente [do Parlamento] para determinar o formato do diálogo estruturado entre o Parlamento e a Comissão", afirma-se no documento.

“A Ignorância e o Interesse transformam o coração humano em milhares de monstros!”

(…) sentei-me aqui sem ter ideias, sem trazer aquelas matérias que me sobre(a)ssaltam e me põem à escrita.

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Ora acontece que, há dias, me tropeçaram os olhos num título e me caiu nas mãos um livro dos que por aí andam em desarrumo.

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O título é Dificuldades que tem um reino velho para emendar-se – e outros textos, e o seu autor Ribeiro Sanches (1699-1783) pela mão de Vitor de Sá.

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Quem é que resiste a um título destes?

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E tem o livro andado por aqui, pelo meio destes papeis mais próximos à espreita de uma oportunidade de maior atenção.

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Calhou esta manhã.



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Desde antes, um objecto-livro cuidado, da Editorial Inova, e logo a abrir uma dedicatória que me apanhou e prendeu a recordações.


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Esta dedicatória (de oferta) do Vitor de Sá, que eu tanto admirava (todo o seu labor, as bibliotecas itinerantes, a bracarense intervenção cívico-política durante o fascismo), faz-me pensar no que esperaria ele do jovenzito que eu era em 1971 (com mais de 30 mas já com largo cadastro...).

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Pelo menos, que lê-se o livro e o aproveitasse mais que o folheasse, e que não o juntasse a tantos outros adiados.

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E tem sido mais um dos muitos adiados, e aqui está, 45 anos depois, à espera que eu o aproveite.

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(dificuldades que tem um reino velho para emendar-se)

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Estou “apanhado”!

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Numa carta, escreve Ribeiro Sanches sobre o que e como escreve:
(está a carta) mal escrita e concebida (mas) se VM me não permitir esta liberdade temo que jamais pegaria na pena (…) quando escrevo é de uma vez, e não tenho forças para ponderar todas as circunstâncias naquele instante”.

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Subscrevo por baixo (o que é redundante…) substituindo “jamais pegaria na pena” por “deixaria de teclar”

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Assim se passou a manhã, como atrás se lerá e adiante se verá se, do que folheei e li, alguma coisa vier a aproveitar no curto prazo e para aqui.


(…)

Para mais, intrometeu-se esse senhor Ribeiro Sanches, pela mão do Vitor de Sá (que deus os tenha…), que me está a dar gosto conhecer e aproveitar (à parte, mas não à margem, das suas tendências ou opções sexuais, que o Vitor de Sá não explicita – ia lá meter-se na vida privada do homem… – mas que me parecem ter sido evidentes e bem condicionadoras do seu caminhar pelo mundo, com nascimento em Penamacor, bulir pela Europa toda, com longa estadia em Moscovo e outras Rússias, e muitos anos finais (morreu aos 84 anos) em Paris, onde se apagou à beira da Revolução para que terá colocado, talvez sem intentos de militância, o seu tijolo de pensador reformador.

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Mas, para agora e para aqui, aproveito do cientista reputado e cidadão “estrangeirado” e patriota sem trégua toda a vida de exílio, autor de Cartas sobre a educação da mocidade, estes pequenos trechos… para passar a outras cousas, também do tempo presente mas mais pressionantes.

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“É da obrigação do Soberano cuidar da Educação da mocidade, destinada a servir a pátria em tempo de paz e de guerra, destinada a servir os cargos da Religião, tanto para o bem dos povos, como para a felicidade do mesmo Soberano. Daqui vem que ninguém deve ensinar legitimamente em Escola pública sem autoridade Real; daqui se segue que um Secretário de Estado devia presidir a todas as escolas tanto de ler e escrever (fundadas só nas vilas do Reino, e proibidas nos lugares e Aldeias do Reino) como as escolas das línguas Aritmética, Geografia, Geometria, Colégios seculares ou Eclesiásticos Seculares e Universidades.
(…)
“…Os Religiosos nos seus Conventos poderiam ensinar a Filosofia e a Teologia, com permissão da doutrina que ensinavam: mas ensinar publicamente lhes seria defendido, como defender conclusões publicamente, imprimi-las, graduar-se de Doutor, ou de Bacharel. Entre os seus Prelados é que se julgaria aqueles que deviam pedir a permissão aos Bispos para pregarem e confessarem depois de exame feito a Eles, e com o consentimento do Secretário de Estado dos Estudos do Reino.
(…)
“A Ignorância e o Interesse transformam o coração humano em milhares de monstros!”

(de PRECAUÇÕES NECESSÁRIAS PARA QUE O REINO VENHA A GOVERNAR-SE UM DIA SOMENTE PELA JURISDIÇÃO REAL)

sexta-feira, julho 22, 2016

Sobre indignações e indignados


 - Edição Nº2225  -  21-7-2016

Os indignados

O incómodo que a contratação de Durão Barroso pelo Goldman Sachs está a suscitar nas instâncias da União Europeia, traduzido em protestos veementes e apelos lancinantes a que desista do cargo, fazem lembrar aquelas situações em que os larápios, apanhados em falso, tentam salvar a pele armando-se em vítimas e gritando alto e bom som «agarra que é ladrão».
Desde o presidente francês François Hollande ao comissário europeu dos assuntos económicos e monetários Pierre Moscovici, anda tudo num desatino a tentar fazer crer que a UE nada tem a ver com o produto tóxico chamado Goldman Sachs, cuja reputação ficou nas ruas da amargura desde que se tornou público e notório, entre outras coisas, o papel que desempenhou durante a crise financeira de 2008.
Percebe-se: como o próprio Moscovici afirmou em recente entrevista, «neste período de crise, quando o populismo quer dinamitar o ideal europeu e a instituição que o encarna, o recrutamento de Barroso pelo Goldman Sachs é chocante e alimenta os ataques contra a Comissão».
Para salvar a pele, a Comissão vem a terreiro qual virgem ofendida, tentando ocultar sob o manto da retórica a crua realidade da promiscuidade que desde há muito grassa entre as instituições europeias e este banco de investimentos norte-americano. Basta no entanto uma breve revisitação aos arquivos para perceber que estamos mais uma vez perante um gato escondido com o rabo de fora. A transumância entre o banco e a UE e vice-versa não é nova: Romano Prodi, antigo presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro italiano, esteve no Goldman nos anos 90; Mario Draghi, presidente do BCE, foi director-geral do Goldman Sachs International entre 2002 e 2005; Carlos Moedas saiu do Goldman em 2004 para o governo PSD/CDS, onde foi responsável pelo acompanhamento do programa da troika, e daqui saltou direitinho para Comissão Europeia. Isto para já não falar do falecido António Borges ou de José António Arnaut, com currículo no Goldman, que muito «aconselharam» as políticas da troika.
Qual cereja em cima do bolo, o Goldman está presente na «nova regulação para os mercados financeiros» tão cara à UE. Com «indignados» destes, Durão Barroso pode dormir descansado.

Anabela Fino 

quinta-feira, julho 21, 2016

TáVisto -


 - Edição Nº2225  -  21-7-2016

A Frente Leste

Na passada segunda-feira, por volta da hora de jantar, a TVI24 transmitiu mais uma reportagem no âmbito da sua rubrica «Observatório do Mundo», aliás habitualmente preenchida com conteúdos resultantes de uma colaboração permanente com um canal público norte-americano. Recorrendo a uma graçola pateta, poder-se-á dizer que desta vez a TVI24 fez uma escolha errada ou pela reportagem transmitida ou pela hora da transmissão, pois o que nos foi ali contado e mostrado era de todo incompatível com uma digestão tranquila.
A reportagem falava-nos dos países bálticos, talvez sobretudo da Lituânia, e da azáfama que por lá vai em matéria militar. E explicava-nos o motivo de tão intensa mobilização de facto lato senso, pois depressa se entendeu que se trata não apenas de blindados e canhões, de aviões e de mísseis, mas também de colocar os espíritos em pé-de-guerra. E de guerra contra quem, como perguntaria algum mais distraído? Contra a Rússia, naturalmente, como nos bons velhos tempos da Guerra Fria para alguns talvez de saudosa memória. A questão, como pacientemente nos foi explicado, é que a URSS, quer dizer, a Rússia, não é de fiar, e um dia destes bem pode querer lançar-se sobre qualquer dos países bálticos, ou sobre todos eles, e fincar-lhes os dentes tal como se lançou sobre a Ucrânia. Aqui, um telespectador ingénuo poderia lançar uma pergunta em tom de dúvida: lançou?
Não é certo que todas as agências internacionais, democráticas e de insuspeitável espírito ocidental, informam que na Ucrânia está em perfeita tranquilidade um poder amigo e venerador do Ocidente, por sinal manifestamente mancomunado com poderosos grupos neonazis e ostensivamente inimigo dos comunistas e de quem com os comunistas se pareça? Não é sabido e confirmado que da Ucrânia só se separou, por expressa vontade da população, uma parcela habitada por quem fala a língua russa e tem a clara vontade de estar integrado na Federação Russa, o que foi confirmado nas urnas? Não é certo que estes dados, obviamente fundamentais, são por cá conhecidos graças aos «media» ocidentais e não a eventuais panfletos de propaganda russa distribuídos à socapa por antigos agentes do KGB no desemprego?
É natural, pois, que o telespectador não acéfalo pergunte onde estarão os sinais das garras do urso moscovita cuja inata agressividade é agora invocada para manter o clima de pé-de-guerra nos países bálticos tão encostadinhos à fronteira russa?

Depois de Spínola
Durante a Segunda Guerra Mundial de abominável memória, a Frente Leste era a longuíssima linha de combates que se estendia desde a fronteira fino-soviética, ao Norte, até aos territórios banhados pelo Mar Negro, ao Sul. Nessa Frente Leste chegaram a combater e naturalmente a morrer os espanhóis da chamada Divisão Azul que Francisco Franco para lá mandou. Quanto a portugueses, só há memória da presença de António Spínola, então já decerto oficial superior mas ainda não general, que por lá andou na qualidade formal de observador e decerto de monóculo à prussiana encaixado na órbita para observar melhor.
É óbvio, pois, que a Frente Leste foi uma realidade sinistra e verdadeiramente criminosa. Não espantará, assim, que uma reportagem que factualmente dá conta de preparativos bélicos com vista a um eventual conflito, mesmo que sob a invocação de se tratar de cuidados preventivos, cause péssima impressão ao telespectador que tenha memória histórica e suscite preocupações. Subsiste, e ainda bem, a convicção de que não se regressará à Guerra Fria, esse jogo de risco mortal, mas o que a reportagem transmitida pela TVI24 nos contou, o que talvez tenha tentado meter-nos na cabeça, não é nada que nos ajude a ter sonos tranquilos.
Para mais, como informação adicional, minúscula no quadro global mas desagradável, sabe-se que por lá, por aquelas fronteiras russo-bálticas, também estão militares e material portugueses. Já nos bastava a vergonhosa presença de Spínola em 41 ao lado da Wehrmacht. Mas a vida é assim: nunca sabemos ao certo para o que é que estamos guardados. Ou para o que é que nos querem guardar.

Correia da Fonseca

quarta-feira, julho 20, 2016

Reflexões lentas (muito... reflectidas!)

Antes de (...) apenas direi que ma parece que algo se está a passar lá para leste de nós e no centro do mundo em mudança.


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É mesmo na “mouche” deste mapa-mundi!

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É vital – e escrevo a pensar na Humanidade e não nos pobres mortais que todos somos – acompanhar muito bem esta evolução, calando tudo, ou não deixando que tudo o que as crónicas contam apaguem a gravidade do momento.

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Olha-se para o mapa e sente-se a importância daquele país naquele sítio, entre a Síria e a Rússia, com pretensões de poder (do seu poder local) ser parte da União Europeia, daquele Estado de muitas fronteiras de todo o tipo já e há muito o segundo pilar da chama da Organização do Tratado do Atlântico Norte-NATO (tão longe do Atlântico Norte!!!), susceptível de se tornar pedra decisiva de um jogo vital (repito-me!). 

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Com um golpe de estado estranho (“esquisito”), em que não são nada claras a posição dos Estados Unidos e a posição dos Estados europeus que são o directório da União Europeia, com os antecedentes vários em que há cedências sucessivas do enorme Estado não-ocidental, não-europeu (geograficamente e no resto) a exigências de democraticidade formal “à maneira" europeia e ocidental para satisfazer condições de promessas não cumpridas... nem susceptíveis de se cumprirem.

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Golpe(s?) de que se sai de forma ainda mais “esquisita” (para a ocidental compreensão), com um apelo de um ditador “democraticamente” eleito às massas para apoio popular nas ruas e resposta aparentemente de grande impacto.

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As massas a serem decisivas… mas em que direcção?,  para serem suportes de ditadores que elegeram  democráticamente com certificação ocidental e contra este ocidente?

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Quantas vezes e de quantos lados se manipulam e se ludibriam as massas, que são mesmo quem decide por acção ou omissão, como a História o vai mostrando.

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E se o tem feito de mãos nuas contra espadas, com pedras contra canhões, com resistência clandestina contra aparelhos repressivos e de tortura, com vida subterrânea contra bombardeamentos, com fé e religião contra armas de destruição massiva, como não acreditar que o continue a fazer?

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Sempre no sentido da humanização da História vivida? Nem sempre!, muitas vezes contra si próprias, manipuladas e de(sin)formadas.

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Mas com o tempo a corrigir, nos séculos e milénios que o contam (embora nem sempre por escrito...).

segunda-feira, julho 18, 2016

O futuro de quê? Será que a União Europeia tem futuro?

O futuro da Europa

"Grande Conferência" do "Diário de Notícias"
sobre o Futuro da Europa uma UE sem futuro

Quinta- feira, 21 de julho, no Pátio da Galé, Praça do Comércio, Lisboa

10:00 – Boas Vindas por Daniel Proença de Carvalho, chairman do Global Media Group
Abertura pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa
10:30 – Debate sobre o futuro da Europa
Maria Luís Albuquerque, vice-presidente do PSD)
Francisco Seixas da Costa, embaixador
Nuno Melo, eurodeputado do CDS
Mariana Mortágua, deputada do BE
Moderação: Paulo Baldaia
11:15 - Coffee break
11:35 - Debate de empresários sobre o futuro das exportações no novo enquadramento europeu
José Miguel Júdice, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa
Jorge Armindo, CEO da Amorim Turismo
Miguel Pina Martins, CEO da Science4You
Miguel Santo Amaro, CEO da Uniplaces
Moderação: António Perez Metelo
12:20 - Entrevista ao comissário europeu Carlos Moedas, por André Macedo
13:00 – Encerramento pelo primeiro-ministro, António Costa


NÃO!, não saltámos nenhuma linha!!!
está toda a gente representada menos uma1

Turquia - ai!... não fica não!

Avião de transporte dos EUA na base aérea da OTAN em Incirlik, na Turquia

Será que o golpe turco fracassado poderá destruir a OTAN?

© AP Photo/ Emrah Gurel
MUNDO
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Um confronto entre os EUA e a Turquia, as duas maiores potências da OTAN, devido ao golpe fracassado e às exigências de extradição do oposicionista turco Fethullah Gulen, poderá levar ao desmoronamento do bloco militar, notam especialistas.

Ancara acusou Gulen, um antigo aliado de Erdogan que se autoexilou nos EUA em 1999 depois de cair em desgraça na Turquia, de orquestrar a tentativa de golpe no país.
No sábado, o presidente Erdogan exigiu que Barack Obama salvasse a cooperação bilateral entre os dois países e entregasse o clérigo exilado à Turquia. Depois da conversa entre os dois presidentes, o primeiro-ministro turco Binali Yildirim prometeu uma guerra contra qualquer país que apoie o clérigo, se referindo implicitamente aos EUA.
O ministro do Trabalho turco Suleyman Soylu ainda afirmou que Washington tinha preparado o golpe há vários meses: “Enviámos por muitos meses pedidos aos EUA em relação a Fethullah Gulen. Os EUA devem o extraditar”.
Os EUA negam todas as acusações de estar envolvido na tentativa de golpe.
A Turquia, que tem sido o parceiro-chave dos norte-americanos no Oriente Médio, já não é visto como um aliado confiável de Washington. É provável que Ancara reconsidere as suas relações com a OTAN, que não se apressa a ajudar o líder legítimo de um dos seus países membros durante uma tentativa do golpe.
O primeiro sinal de deterioração das relações entre os EUA e a Turquia já ocorreu no sábado, quando Ancara bloqueou a base aérea turca de Incirlik, usada pela OTAN para suas operações aéreas.

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com todas as reservas e cautelas
isto é, com cinto e suspensórios!

Turquia - isto não fica assim...

As nove vidas de Erdogan e o golpe de Gulen


por M K Bhadrakumar [*]
Autoridades turcas estão à beira de alegar que o golpe militar abortado na noite passada tem significado geopolítico. As sugestões nesse sentido estão a vir a conta-gotas.

O presidente Recep Erdogan disse que o golpe foi planeado pelos seguidores de Fetullah Gulen, o pregador islamista que opera a partir dos EUA. A seguir, o ministro da Justiça repetiu esta alegação.

A agência de notícias estatal Anadolu depois disso classificou o coronel Moharrem Kose como líder do golpe. Kose era um oficial das forças armadas turcas que em Março de 2006 foi desonrosamente despedido por ligações com a sombria organização de Gulen.

Entretanto, Ibrahim Melih Gokcek, presidente da municipalidade de Ancara e colaborador próximo de Erdogan, saiu-se com uma revelação espantosa: que os participantes do golpe incluíam um oficial pertencente à organização de Gulen que também estava envolvido na morte do piloto russo na Síria, em Novembro último. Gokcek disse:
Foi um "estado paralelo" que deteriorou nossas relações com a Rússia. Foi um incidente, no qual um dos pilotos destas estruturas participou, garanto. Ele foi um dos participantes do golpe. Não divulgámos isto até agora. Mas eu, Melih Gokcek, digo que nossas relações foram deterioradas por estes vilões.
Naturalmente, é preciso ligar os pontos. Gulen fugiu para os EUA em 1998 quando a inteligência turca começou a investigar seus seguidores que se haviam infiltrado em agências de segurança do estado turco, nas forças armadas e no judiciário.

Em 2008, Gulen obteve a permissão de residência ("green card"), aparentemente por recomendação de altos responsáveis da CIA. Ele desde então tem vivido solitário na Pennsylvania e nunca saiu dos EUA em visita ao exterior.

Um antigo chefe da inteligência turca, Osman Nuri Gundes, em 2011 escreveu nas suas memórias que a rede de Gulen proporcionou uma cobertura para as operações clandestinas da CIA nas antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central, como parte da estratégia estado-unidense para utilizar o Islão político como um instrumento de políticas regionais.

Na verdade, a partir da sua vasta e luxuosa propriedade em Saylosberg, numa parte remota do leste da Pennsylvania, fortemente guardada e afastada de visitantes, Gulen lançou uma rede de mesquitas e madraças nos países da Ásia Central. (Curiosamente, a Rússia e o Uzbequistão proibiram "escolas" de Gulen.)

Agora, a tentativa de golpe na Turquia ocorre na sequência da reaproximação turco-russa e de sinais nascentes de uma mudança nas políticas intervencionistas de Erdogan na Síria. Naturalmente, a Turquia é um "estado chave" nas estratégias regionais dos EUA e a reaproximação turco-russa chega no momento mais inoportuno para Washington, pois:
  • É um "multiplicador de força" para os esforços de Moscovo no sentido de fortalecer o regime sírio;
  • Promete ressuscitar o projecto encalhado do gasoduto Turkish Stream (o projecto de US$15 mil milhões para transportar gás russo através da Turquia para o sul da Europa), bem como a construção na Turquia das centrais nucleares de US$20 mil milhões com reactores russos;
  • Bloqueia os planos dos EUA para estabelecer presença permanente da NATO no Mar Negro (a qual exige a cooperação da Turquia nos termos da Convenção de Montreux de 1936 pela qual países não ribeirinhos do Mar Negro não podem manter permanentemente navios de guerra naquelas águas);
  • Pode por em perigo operações dos EUA no Iraque e na Síria, as quais dependem fortemente da base Incirlik na Turquia;
  • Actua contra a balcanização da Síria;
  • Muda como um todo a orientação da política externa da Turquia; e
  • Actua contra os interesses israelenses, sauditas e qataris na Síria.
Erdogan é também um político astuto e manterá os americanos na dúvida. Mas o sultão sabe que deus lhe deu um novo período de vida – e sem dúvida permanecerá desconfiado das intenções estado-unidenses.

Um golpe é sempre uma artimanha (gambit). Os que tramaram o golpe julgaram erradamente que o grosso dos militares turcos apoiaria o derrube do presidente autoritário que impôs supremacia civil sobre os pashas. Mas a ideia brilhante de Erdogan de fazer entrar o "poder do povo" nas ruas apanhou-os de surpresa – recordando o acto de Boris Yeltsin ao sufocar a tentativa de golpe de 1990.

Erdogan é um político carismático e tem sobrevivido graças à sua grande popularidade. Na eleição de 2014 ele assegurou um mandato inequívoco com 51% de apoio do eleitorado. Agora, os laicos, "kemalistas" e nacionalistas de extrema-direita também se alinham contra o golpe. Isto dá-lhe um apoio de base maciço.

Gulen tornou-se agora uma questão grave entre Washington e Ancara. Não há probabilidade de Washington concordar com a extradição de Gulen, o qual é um "activo estratégico". (Ler o artigo fascinante sobre Gulen no Open Democracy, intitulado What is Fetullah Gulen's real mission? ) 
16/Julho/2016

Ver também:
  • Turkish Foreign Minister: Military From NATO Incirlik Airbase Involved in Coup Attempt
  • Kerry Blasts Turkey for Insinuating that Washington Plotted Coup of Erdogan
  • Erdogan pede a Obama extradição de suspeito em tentativa de golpe

    [*] Diplomata indiano. Foi embaixador no Uzbequistão (1995-1998) e na Turquia (1998-2001).

    O original encontra-se em blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/... 


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • domingo, julho 17, 2016

    Turquia e atentados à demo cra cia


    de José Goulão, em MUNDO CÃO:



    sábado, 16 de julho de 2016

    “O PRESENTE DE DEUS” A ERDOGAN


     

    O presidente da Turquia, Recep Payyp Erdogan, afirma que a tentativa de golpe militar de sexta-feira foi um “presente de Deus”: vai permitir-lhe “limpar” as forças armadas.
    Quem fala verdade não merece castigo, pelo que todos os deuses evitarão punir o autocrata turco, embora sabendo que muitos são os seus pecados.
    E “limpezas” são a especialidade deste padrinho e protector de uma miríade de grupos de mercenários e terroristas entre os quais se destacam, para os que não estão lembrados ou o ignoram, o Daesh ou Estado e Islâmico e a Al-Qaida nos seus muitos e variados heterónimos.
    Limpou o país da oposição, acusando os principais adversários de servirem os direitos nacionais curdos e ameaçando privá-los da nacionalidade turca. Para que não surgissem obstáculos à sua ascensão ao topo presidencial do poder fez manipular actos eleitorais através da propaganda, da censura e do medo, de tal modo que nem os observadores do Conselho a Europa e da OSCE, embora reconhecendo as irregularidades em privado, ousaram torná-las públicas e definitivas.
    Limpou o aparelho judiciário e militar saneando centenas de juízes e os procuradores que denunciaram a corrupção governamental e da família Erdogan, designadamente a sua familiaridade pessoal e financeira com o banqueiro saudita Yassim al-Qadi, próximo de Bin Laden e conhecido internacionalmente como “o tesoureiro da Al-Qaida”. Por essa razão, está sob a mira da ONU, o que não o impede de deslocar-se a Ancara em avião privado para conviver e gratificar generosamente a família presidencial.
    Vem limpando paulatinamente as forças armadas, mas este “presente de Deus”, como admitiu o próprio Erdogan, proporciona-lhe uma oportunidade de ouro para acelerar o processo. A partir de agora ruirá o maior obstáculo secular à confessionalização de um regime turco formatado em estrutura ditatorial e em teor fundamentalista islâmico.
    Erdogan fala claro, disso não tenhamos dúvidas. Há 20 anos, em plena ascensão na carreira política, iniciada entre os fascistas e supremacistas “lobos cinzentos”, definiu a democracia como “um eléctrico que abandonamos quando chegamos à nossa paragem”. Recentemente falhou a consulta para impor uma Constituição “inspirada em Hitler” – as palavras são suas – de modo a consolidar um poder presidencial absoluto.
    A seguir a esse intuito por ora fracassado, Erdogan começou então a receber “presentes de Deus”.
    O atentado contra o aeroporto de Istambul parece ter sido um deles. Apear da autoria não ter sido reivindicada, Erdogan atribuiu-o ao Daesh, por conveniência da sua própria imagem internacional; mas por que razão os protegidos iriam atacar no coração do protector? Provavelmente por convergência de interesses – uma mão lava a outra, não é o que se diz? Um atentado é, sem dúvida, oportunidade de ouro para reforçar poderes de excepção e perseguir inimigos internos vários, mesmo que nada tenham a ver com a violência.
    Quando ainda decorre o rescaldo do acto terrorista surge o golpe militar, com inegáveis debilidades de amadorismo num exército dos mais poderosos da NATO, precisamente com Erdogan ausente, “de férias”, circunstância excelente para um regresso triunfal, afirmativo, justificando limpezas. Deus não poderia ter sido mais generoso, em boa verdade.
    Enfim, é a este ditador turco que a União Europeia paga anualmente três mil milhões de euros confiscados aos nossos impostos para impedir que cheguem à Europa os refugiados das guerras que os donos da Europa provocam. Para que conste, não há um vínculo formal entre o Conselho Europeu e Erdogan sobre esta verba; foi estipulada apenas em comunicado de imprensa dos chefes de Estado e de governo da União Europeia.
    Foi com este presidente turco que o governo francês negociou a garantia de não haver atentados do Daesh durante o Euro 2016, em troca do apoio à criação de um Estado curdo no Norte da Síria. Constatámos, da maneira mais trágica, que ao Daesh bastaram apenas quatro dias para se libertar do período de nojo, fazendo gato-sapato do securitarismo fanático e inconsequente de Hollande e Valls.
    É a este presidente turco que a União Europeia ainda reconhece credenciais de democrata, apesar de o próprio rei Abdallah da Jordânia ter revelado o seu apoio ao Daesh, à Al-Qaida, ao contrabando de petróleo que serve de financiamento ao Estado Islâmico e de enriquecimento à mafia familiar de Erdogan.
    Foi comovente – e patético – o apoio de grande parte da comunidade mediática a Erdogan durante as vicissitudes da tentativa de golpe e ao uso dos seus apoiantes como escudos humanos e carne para canhão nas ruas, praças e pontes das principais cidades da Turquia.
    Entre a componente militar e a mafia governamental de Erdogan estavam em luta, durante a tentativa de golpe, dois conceitos de regime autoritário: um secular, outro fundamentalista islâmico. A democracia e os interesses populares não tinham nada a ver com aquela guerra entre elites interesseiras e pouco ou nada preocupadas com as pessoas.
    O terrorismo islâmico, a guerra e a anarquia no Médio Oriente, porém, têm muito a ganhar com a absolutização do poder de Erdogan em Ancara. Ou seja, é impossível estar simultaneamente contra o terrorismo islâmico e temer pelo futuro político de Erdogan. A democracia não passa por aí, mas também já pouco se sabe dela nesta União Europeia.
    Porém, quando a vida das pessoas está à mercê destes “presentes de Deus” é possível testemunharmos os acontecimentos e os ditos mais bizarros.