quinta-feira, julho 31, 2008

Agora a sério!

Depois de ter respirado fundo, de ter catartizado via alguns vernáculos, venho dizer (sem me vangloriar de ter acertado na previsão do tema!)
  • que até me parece que o PdaR tem todas as razões para o que colocou sobre as autonomias no quadro constitucional da República Portuguesa e do papel do Tribunal Constitucional;
  • que não tem qualquer razão para a teatralidade de que revestiu esta declaração ao País, sobretudo quando o País tem tanta outra coisa para lhe declarar a ele, como "supremo magistrado da nação" (é assim que se diz?).

É meu dever alertar os visitantes deste blog...

... que o Excelentísssimo Senhor Presidente da República cumpriu o seu dever de alertar os portugueses!
Assim, ficamos todos alertados. Alerta estamos!

1600 milhões de €

Numa "conjuntura" em que fala em (e faz...) "nacionalização" de bancos (!) - ver crónica internacional-As nacionalizações do capital, de Jorge Cadima, no avante! de hoje - o Diário Económico, também de hoje, traz interessante documentação sobre "o momento" da banca. Por exemplo:

Curiosamente, 1,6 mil milhões de euros é o número que acabo de ler noutra página do avante!, no artigo de Pedro Guerreiro, Orelhas moucas...,:

«... que se disponibilizam 1600 milhões de euros(*) para a cessação definitiva, "parcial" ou "temporária" da actividade das embarcações, evidenciando, afinal, que o único e real objectivo é a destruição de grande parte deste sector económico estratégico. (*) - dos quais 600 milhões de euros funcionam como "cenoura", assumindo um carácter de reserva para garantir que o plano de abates se concretiza e tenha o máximo alcance possível.

(...)»

Não tem nada a ver um número com o outro, apesar de serem iguais? Se calhar tem... é o capitalismo!

Um "facto político"

O Presidente da República criou um "facto político".
Ao anunciar uma inesperada comunicação ao País, interrompendo as suas férias (!), Cavaco Silva pôs o "mundo político" em excitação.
De que irá "ele" falar ao País?
Dos problemas pessoais e destinos de Mourinho, ou de Quaresma, ou de Luiz Garcia, ou de Cristiano Ronaldo, não será, embora tanto (pre)ocupe as gentes como se vê pelas manchetes.
Da grave situação social e da economia dos "pequenos" não será, embora devesse ser.
Aceitam-se palpites.
Dois temas se imporiam ao Exmo. Senhor Presidente de República Portuguesa:
  • as autonomias e os seus limites no âmbito nacional;
  • a crise do capitalismo, que os bancos reflectem, e não só na "anglo-saxónia" (onde já se nacionalizam bancos!), mas também cá na "santa terrinha" em que os lucros caem 43% e os bancos privados reforçam os seus pedidos de financiamento junto dos bancos centrais (é bom não esquecer que Cavaco tem sensibilidade economista, perdão, financeira).

A "ouver" vamos!

Difícil, difícil...

Era para ser esta

(de que gosto muito... o emaranhado da natureza, da vida, dos caminhos, a luz ao fundo)





Mas, por critérios editoriais, parece que ficará esta
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(de que também gosto... o escuro, as núvens, as "borrascas" da vida, da economia... a cor, a alegria, as dificuldades, (ine)vita(bi)lidade da luta, da militância).
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Estou contente. Obrigado, Monjinho!

quarta-feira, julho 30, 2008

Sobre a detenção de Remedios Garcia Albert

Este veículo de comunicação social (quantos mais o farão?) transcreve a seguinte nota de imprensa:

Nota do Gabinete de Imprensa do PCP
Face às notícias vindas a público da detenção da cidadã espanhola Remedios Garcia Albert o Partido Comunista Português:
1 – Expressa a sua solidariedade a esta activista espanhola dos movimentos pela paz e de solidariedade com os povos, membro da OSPAAAL (Organização de Solidariedade com os povos da Ásia, África e América Latina), Organização Não Governamental espanhola cujo objecto social é a busca da paz, da solidariedade e da solução negociada de conflitos com base nos princípios do direito internacional humanitário.
2 - Denuncia a criminosa onda de repressão do regime de Alvaro Uribe que numa violenta campanha intimidatória e de clara violação dos mais elementares direitos e liberdades dos cidadãos colombianos visa todos aqueles que na Colômbia não colaboram na política de nova escalada do conflito militar. Campanha essa que se tem traduzido na prisão, perseguição, indiciação criminal e mesmo morte, dos que se empenharam na recente tentativa humanitária de troca de prisioneiros entre as FARC e o exército colombiano - como o recente caso do assassinato de Guillermo Rivera dirigente sindical e membro do partido político Pólo Democrático Alternativo vem mais uma vez comprovar – e que parece agora, com este inaceitável episódio de “caça às bruxas” em Espanha, querer ser exportada para a Europa.
3 – Alerta para o facto de com esta detenção política se tentar lançar deliberadamente a confusão entre contactos com as partes beligerantes no conflito colombiano com vista à sua resolução pacífica e “colaboração com organizações terroristas”.
4 – Chama a atenção que a detenção de Remédios Garcia foi efectuada à luz de legislação dita “anti-terrorista” que em nome de um suposto combate ao terrorismo, visa a restrição das liberdades dos cidadãos e a criminalização das pessoas e organizações que não se rendem à ordem mundial do imperialismo.
5 – Reafirma a sua solidariedade com o povo e as forças que na Colômbia prosseguem a luta contra o regime fascista de Uribe – actual testa de ferro da administração Bush no continente latino-americano – pela democracia, a justiça social e a solução política e negociada do conflito colombiano e reafirma a sua posição de que um primeiro passo para a paz é o início de negociações entre as partes beligerantes para a troca humanitária de prisioneiros.
6 – Rejeitando a política de intimidação e perseguição que visa com esta acção instaurar na Europa - com a cumplicidade de alguns governos europeus - o mesmo clima de perseguição política vigente na Colômbia, o PCP reitera a sua solidariedade a Remedios Garcia e a todos aqueles que dedicam a sua vida e as suas forças à luta pela paz, a democracia e os direitos humanos, contra o imperialismo, o militarismo e a guerra.

terça-feira, julho 29, 2008

Materialismo histórico - 15

Estes três últimos "episódios" - 13, 14 e 15 - formam um sub-conjunto. Neles, e a partir do esquema de Oskar Lange, se procura resumir e aprofundar a abordagem conceptual a partir da observação (histórica) da realidade, configurando a formação social, antes do "regresso" à observação (histórica) da realidade, vendo como se foram estruturando e desestruturando - formação, ascensão, apogeu e queda - os modos de produção e as formações sociais.
Mantendo os termos do esquema de Lange do episódio 13, sendo alguns discutíveis, no anterior representou-se (e legendou-se) como evoluem as forças produtivas, em crescendo permanente, e como as relações de produção, definidas em patamares, se adaptam, de rotura em rotura, de um modo de produção a outro. Mas a cada modo de produção corresponde uma parte da consciência social que é a sua superstrutura.
Todos estes níveis inter-agem, têm as suas dinâmicas mutuamente condicionadas. A partir de determinado momento (histórico, isto é, muito largo e sem fronteiras temporais definidas), o desenvolvimento das forças produtivas - pela relação ser humano-natureza -, que se ia fazendo em adequadas relações de produção, passa a ser travado (crises) e há uma exigência objectiva, pela 1ª lei da correspondência ("1ª lei fundamental da sociologia"), de mudança de patamar de relações de produção. Mas essa mudança não se concretiza naturalmente, sem resistências, pois as relações de produção são conservadoras, há interesses estabelecidos. Ao nível da superstrutura, essa resistência é ainda mais forte pois, como parte da consciência social, demora mais tempo (histórico) a adaptar-se ao que são as exigências objectivas do desenvolvimento das forças produtivas e dos modos de produção dificuldando o cumprimento da "2ª lei fundamental da sociologia", da correspondência entre o modo de produção e a superstrutura, definindo uma nova formação social.
Essa resistência é reforçada pelo que são os "resquícios" das superstruturas de antigas formações sociais, embora essa maior resistência possa ser compensada pelos "germes" da supestrutura da futura formação social.
Em termos que podem, eventualmente, contribuir para fazer a "ponte" para o que se vai seguir:
quando as forças produtivas criaram condições para que o esclavagismo seja substituido pelo feudalismo, as relações de produção que beneficiavam do modo de produção esclavagista resistem e só são vencidas pela luta (de classes) que se desenvolve nessas condições objectivas; e essa luta confronta, por um lado, o conversadorismo da superstrutura da formação social do esclavagismo reforçada por ideias ainda de formações sociais anteriores e, por outro lado, o germinar das ideias que, baseadas na dinâmica das forças produtivas, estão ligadas à recusa da escravatura e ao aproveitamento da terra como a fonte do valor, prefigurando a superstrutura do sistema feudal.
No entanto, e apesar destes esquemas, há que fugir aos esquematismos e procurar ver neles apenas um apoio para a reflfexão sobre e a compreensão das dinâmicas sociais. Muitíssimo complexas.

segunda-feira, julho 28, 2008

... e o direito à saúde?

No Expresso – a que dediquei este meu domingo… – um artigo com título convidativo, Gastos em saúde, despesa ou investimento, por autores credenciados, sobre o “compromisso europeu da Carta de Tallinn”. Li-o, interessado. Reli-o, respigando palavras e frases:

  • paradigma
  • gastos em investimento na saúde
  • monitorizar, gerir…desempenho…eficácia, eficiência
  • “permitir que as pessoas permaneçam economicamente activas em idades mais avançadas”
  • “custo competitivo da adopção de tecnologias mais avançadas”
  • “escolha competitiva dos serviços de saúde”
  • sustentabilidade financeira
  • capacidade de gerar recursos
  • custos crescentes
  • equilíbrio entre as despesas e as receitas
  • “…entendimento de que os recursos sociais sejam justificados e contidos nas possibilidades económicas e sociais (…) compromisso com a competitividade macroeconómica de um país.”
  • gestão das instituições
  • boas práticas
  • casos de sucesso
  • “… investir em Sistemas de Saúde eficientes é investir na saúde e na prosperidade das populações. Esta visão é um imperativo ético, social e político, reiterada agora ao mais alto nível das iniciativas internacionais em saúde”.

Esta última transcrição é o final do artigo.
Reli melhor ainda. Catando. E não encontrei direito à saúde! E essa referência, sim, seria um imperativo ético, social, político… e constitucional.

Investir, investir, investir... no negócio da doença!
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NB.: a ilustração que acompanha o artigo é excelente(mente) adequada.

Quando se é notícia no dia da morte

Morreu Álvaro Rana!
Foi, em vida, um homem que lutou. Sempre. Um profissional, um companheiro, um sindicalista, um camarada.
No dia da sua morte, foi notícia. Dele se disse e escreveu. Que foi da CGTP, que foi do PCP. Da sua morte se deu notícia.
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Como gostaria de lhe ter dado mais um abraço! Sem saber, ou querendo não saber, que seria o último.

domingo, julho 27, 2008

expressamente

Não são raros os amigos e camaradas que me dizem «… o “Expresso?”... já não o leio!” (e onde está expresso podem estar outros títulos).
Como raros não são os que, com ar piedoso-compungido acrescentam “… como é que tu ainda os lês?!” quase como quem critica.
Pois ainda faço mais. Comento-os. Mas só de vez em quando, e não por (a)mor deles. Pelo que eles nos ensinam do tempo que vivemos e do modo como está a ser vivido por aqueles de quem eles… “fazem a cabeça”.
Três apontamentos sobre três vectores fundamentais:

  1. a crise
    Soros (o famoso especulador húngaro) «critica o paradigma vigente do “fundamentalismo” do mercado» e diz que o que está a acontecer «é basicamente o fim de um período de 30 anos de expansão no crédito baseado no dólar como moeda de reserva» (quando, desde 15 de Agosto de 1971, deixou de o ser, isto digo eu…).
    E aponta como culpados «alguns dos protagonistas políticos deste período de confiança quase cega nos mecanismos de mercado: Ronald Reagan, Margaret Thatcher (…) eles desenvolveram uma crença forte na magia do mercado» (mas conseguiram, com “ajudas traidoras”, o objectivo: fazer cair uma alternativa no terreno, assim travando, adiando, a derrota do sistema capitalista).
    Vale a pena ler também as «palavras de “Maestro”» (do sr. Greenspan, quase duas décadas presidente do FED dos EUA) para se ver a dimensão da crise que o capitalismo está a atravessar e as “saídas” procuradas: «se baixarmos a guarda podemos criar um enorme problema» (diz ele, pouco coincidente com Soros).
  2. a diplomacia económica
    Sempre defendemos uma representação nacional adequada ao tempo presente, de interdependência económica (e não só) , e não a diplomacia “à Congresso de Viena do século XIX”. Fizemo-lo, pela primeira vez e vivenciadamente, quando em Junho de 1974 encontrámos, em Geneve, 4 representações de Portugal (com sedes próprias, pessoal de cada uma que se desconhecia, políticas e gastos em quadruplicado). Mas a questão é sempre a mesma: o Estado ao serviço de quem, de que classe? Ler que o inefável ministro da economia se vangloria de ser o ministério e o governo, «uma direcção comercial de luxo», lembra O Manifesto (mas porque é que tanta coisa me está a lembrar O Manifesto?...): «o moderno poder do Estado é apenas uma comissão que administra os negócios de toda a classe burguesa.»
    O País é muito mais que os negócios de um grupo, e assemelhar o Governo a uma empresa é a total assunção de um papel de classe. Contra os trabalhadores.
  3. os deputados que dormem
    Caricaturar o poder democrático é o contrário de criticar o uso perverso feito da democracia com o fim de a pôr ao serviço de interesses privados.
    A democracia não se reduz à vertente institucional, representativa. Esta tem de ser, e só assim é democracia, parte de um todo em que a vertente participativa é imprescindível e preponderante.
    A campanha da diminuição de deputados, com o argumento-pretexto de que há eleitos que são maus representantes do povo é o caminho para diminuir o número e a intervenção dos eleitos que não querem perder a sua qualidade de representantes e a sua ligação à vertente participativa, que a querem estimular e reflectir na vertente representativa.
    A criação de uma “casta” de “elegíveis”, eleitos por um número cada vez mais desinteressado e reduzido de votantes, é a via para que os executivos, “homologados democraticamente”, sejam conselhos de administração de um poder económico financeiro, cumprindo regras (ou desregras) de uma economia de mercado ideológica, fundamentalista, e ignorando as questões sociais, as gentes, o povo, o que é a raiz e razão da democracia.

sexta-feira, julho 25, 2008

YouTube - Hino Caxias - Em Festa Comício PCP em 77

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Uma reflexão muito séria...

Depois da transcrição do "post" do Fernando Samuel, e desta ilustração do Samuel do que é uma "lixeira a céu aberto",
uma reflexão "doméstica", a partir de uma pergunta, Porque não pedir uma "intervenção humanitária" na Colombia, tal a dimensão dos crimes? (se o Sadham, se o Mugabe e outros sob ameaça, porque não o Uribe que melhor que eles não é?):
A ingerência, conceito da macro-política internacional que parece implantado em nome dos "direitos humanos", tem imposto, criminosamente, a substituição de criminosos nativos, que deixaram de servir, por criminosos ingerentes e ingeridos (nativos ou não), para continuarem os crimes, para continuar o crime caldo de cultura dos crimes!
Mas não poderá ser, a coberto das Nações Unidas, de outra maneira?
Muito poderia espremer as meninges para os dedos sobre as teclas, mas os olhos encontram o que parece preciso dizer:
"Pela forma, embora não pelo conteúdo, a luta do proletariado contra a burguesia começa por ser uma luta nacional. O proletariado de cada um dos países tem de começar por resolver os problemas com a sua própria burguesia" (Manifesto, página 47)
Sem ingerências... mas com apoios, entre eles o essencial de denunciar e procurar impedir a ingerência descarada, pura e dura ou travestida de "defesa dos direitos humanos", que é o apoio à "burguesia" face às suas manifestações mais violentas, ou como tal apresentadas pela comunicação social "ao serviço".
Como? Entre outras (e muitas) formas, assim: (a)postando na informação que denuncia. Infima, quase de boca a orelha, aparentemente inútil, ineficaz. Insubstituível porque, e enquanto, possível.

Viva a morte?

«"VIVA LA MUERTE!"

«Viva la Muerte!», era uma das frases utilizadas pelo general fascista Millán Astray para exibir a sua dimensão... humana.
Em 12 de Outubro de 1936, no decorrer de uma sessão na Universidade de Salamanca, Millán Astray enriqueceu a ideia, acrescentando à frase um novo condimento: "Muera la Inteligencia! Viva la Muerte!".
Aí está o que bem poderia ser a palavra-de-ordem do poder capitalista dominante, hoje.
Vem isto a propósito da forma como os jornais portugueses têm tratado os acontecimentos na Colômbia.
Com efeito, lendo-os parece estarmos perante uma tradução adaptada ao tempo actual da frase do fascista espanhol, em que os elogios a Uribe e aos seus homens de mão soam como autênticos gritos de Viva la Muerte! gritados à maneira actual, ou seja, decorados com os habituais enfeites pseudo democráticos - e complementados com a desinformação dos leitores, quer divulgando notícias falsas sobre a realidade colombiana, quer silenciando cuidadosamente os brutais crimes do regime de Uribe.
Por isso aqui ficam mais alguns dados sobre a realidade colombiana nessa matéria, desta vez tirados de um relatório da Amnistia Internacional (AI).
Informa esse relatório que, "em 2007, aconteceram na Colômbia 280 execuções extra judiciais". As vítimas, na maioria camponeses, foram apresentadas pelos militares como sendo "guerrilheiros mortos em combate".
Por seu lado, os grupos paramilitares cometeram 230 assassinatos no mesmo ano de 2007.
Ainda em 2007, estes grupos paramilitares - ligados, como se sabe, ao narcotráfico - "roubaram 4 milhões de hectares de terra a camponeses pobres".
Sempre segundo o relatório da AI, os que se queixam destes crimes à justiça correm sérios riscos, tal como os seus advogados de defesa. Exemplos: Yolanda Isquierdo, advogada de várias famílias vítimas dos paramilitares, foi assassinada no dia 31/1/2007; a advogada Carmen Romaña, que representava vítimas de roubos de terras, foi assassinada a tiro no dia 7/2/2007.
Quanto aos sindicalistas - que Uribe considera serem "elementos subversivos" - são alvos preferenciais da repressão.
Assim, informa a AI, durante as duas últimas décadas, foram assassinados 2. 245 sindicalistas e desapareceram 138 (estes desaparecimentos correspondem, regra geral, a assassinatos) - e 3. 400 sindicalistas estão ameaçados de morte.Mais de 90% destes casos não foram sequer investigados - aliás, segundo a AI, "mais de 40 legisladores são suspeitos de ligação aos paramilitares"...
Eis, em resumo muito resumido e parcial, um retrato do governo de Uribe - que os média portugueses não se cansam de elogiar e apresentar como um exemplo de governo democrático...
Por Fernando Samuel em Quinta-feira, Julho 24, 2008»
(in cravodeabril.blogspot.com)
_________________________
Obrigado Fernando Samuel.
Contigo, resistimos informando.
Graças à vida!

quinta-feira, julho 24, 2008

Isto está bonito, está...

Depois dos passos de dança nativa com acompanhamento de Mugabe, do "porreiro, pá", do Robin dos Bosques new-look, agora a teoria do embuste (terá ido ele ao dicionário antes de abrir a boca e certificado de que não havia mosca?)


Isto anda tudo embosque, emboscado, embustado... embostado!

terça-feira, julho 22, 2008

Houve Festa e Alegria... mas é uma tristeza, uma vergonha!

Não tivemos a Alegria de ir à Festa, a Braga.
Mas, mesmo que tivéssemos ido, não diríamos mais nem melhor do que o Fernando Samuel, no cravodeabril.blogspot.com... e com a mesma indignação:
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DEGRADAÇÃO, PODRIDÃO, ABJECÇÃO

É costume dizer-se que o que não aparece na comunicação social não existiu.
Por isso aqui venho jurar que no último fim-de-semana ocorreu, em Braga, a Festa da Alegria: juro! Estive lá e vi - e comigo milhares de pessoas estiveram lá e viram.
A Festa da Alegria foi o maior acontecimento político-partidário do fim-de-semana. E essa é uma realidade indesmentível - goste-se ou não do PCP e por mais que custe a quem não gosta.
O facto de os média dominantes terem ignorado esse acontecimento não o apaga do mapa das realizações do PCP - mas é bem elucidativo do conceito de informar que vigora nesses média.
Nas televisões foi uma vergonha: nenhum dos canais mostrou uma imagem dos milhares de pessoas que participaram na Festa e assistiram ao comício com o secretário-geral do PCP. Do discurso de Jerónimo de Sousa nada disseram - e no final, fizeram-lhe umas perguntas sobre questões que nada tinham a ver com a sua intervenção...
Nos jornais, foi ainda pior - se é que é possível...
No Jornal de Notícias, no Público e no Correio da Manhã, nem uma linha. No Diário de Notícias... uma linha...
São estes os média que temos. É este o estado a que chegaram: um estado que atingiu um grau extremo de degradação, de podridão, de abjecção.

Por Fernando Samuel em Segunda-feira, Julho 21, 2008

Materialismo histórico - 14

Ao longo deste percurso tem havido a preocupação de que, na definição de alguns conceitos que se consideram prévios, nunca se esqueça o aspecto dinâmico de todos esses conceitos e das suas interconexões.
De qualquer modo, do esquema da estrutura e do desenvolvimento social, poderia reter-se alguma estaticidade, não obstante as setas com a intenção codificada de dinamizar, que nalguns casos houve até a preocupação de acrescentar ou ressaltar.
Assim, partindo toda a acção da "lei do desenvolvimento progressivo das forças produtivas" (ou de produção), resultante da relação ser humano/natureza, é ela que, pela divisão do e cooperação no trabalho, leva às relações sociais de produção, que são adequadas à fase desse "desenvolvimento progressivo", conformando-se modos de produção que respeitam a "primeira lei fundamental da sociologia" (segundo Lange).
Tudo isto mexe (é histórico!), e procurou-se dar-lhe uma expressão gráficaEnquanto as forças produtivas (FP) se desenvolvem incessantemente, as relações de produção (RdeP) definem estádios ou patamares adequados às fases desse desenvolvimento, definindo modos de produção (MdeP), que começam a ser instáveis (a sofrer crises...) quando, face à continuidade do progresso nas forças produtivas, perdem adequabilidade e se criam situações de rotura, que podem ser remediadas, adiadas, que podem mesmo travar o desenvolvimento das FP, mas roturas que, inevitavelmente, virão a concretizar-se por passagem a novo patamar de RdeP e a novo MdeP.
Evidentemente que este esquema apenas pretende delinear, e por agora ainda sem a introdução indispensável do nível consciência social, toda a complexidade do processo histórico.

segunda-feira, julho 21, 2008

Que tristeza!

Estes dias foram férteis em reuniões com a juventude. Deles!
Que discursos esclarecedores. Tão diferentes e tão iguais.
O da "doutora", com aquele ar e tom e som de mãe zangada (ela que será uma avó doce... embora custe a crer), atrapalhada, titubeante na aparente firmeza, tropeçando nas palavras, frases feitas da política no mau sentido: abaixo os apoios, os subsídios, essas coisas... viva o empreendedododorismo!
O de "ele", o do jogging, o da esquerda modernaça, o ecologista que até deixou de fumar quando foi apanhado a fumar, um discurso descontraído tipo "g'anda naice, meu... viram a c'rôa?!" (versão teenager do fourtyager porreiro, pá).
E ainda mais um. Mais um discurso em formato reduzido para mimetizar o "chefe", o discurso de um "jovem" a dizer umas (des)graças sobre aquela desgraçada escorregadela da "doutora" a propósito de para que serve o casamento.


Tudo tão rasteiro. Uma tristeza.


Há, felizmente, outros, muitos outros. Outra juventude!

"classe média" e "classes médias" (adenda)

  1. (bis) O processo histórico (para tudo dizer das dinâmicas sociais várias), com a assalariação (ou o assalariamento) de largos estratos da população polariza a estratificação social, por efeito da concentração e centralização (e financeirização) do capital, e muito do que hoje se chama "classes médias" são "classe operária e outros trabalhadores" (outra designação que procura adaptar conceitos à realidade sempre em mudança), falsos empresários, trabalhadores aparentemente independentes, recibos verdes e precariedade por fragilização e/ou ausência de explícito vínculo laboral. Mas só o são objectivamente porque, subjectivamente, por ausência de consciência de classe, são – conservadoramente e, por vezes, com formas extremas de reaccionarismo – aspirantes a serem … "classe burguesa". Para isso contribui a campanha ideológica com terminologia que usa e abusa de expressões como “classe média” e “classes médias”.
    __________________________________
    adenda à adenda:
  2. (rebis) Isto escrito e transcrito, comentários que entretanto foram feitos no anterior post, levam-me a sublinhar que apenas escrevi o que escrevi como “boas pistas de esclarecimento".
    Aliás, O Manifesto é também, entre tantas outras coisas, um exemplo de abertura de caminhos de reflexão e nunca um texto acabado. É, como claramente o foram dizendo os autores, um documento histórico (e datado: 1848!) em que, por isso, não se toca… mas que se corrige e se acrescenta, prefácio a prefácio, documento a documento, em resultado do contínuo estudo e aprofundamento das matérias. Com seriedade e humildade.

"classe média" e "classes médias"

Um visitante (a quem muito agradeço) coloca-me, no post anterior, questões muito oportunas sobre o uso e abuso da expressão “classe média”.
É evidente que ninguém pode exigir rigor conceptual às expressões utilizadas na comunicação corrente. Mas há usos e abusos que não resultam de ausência ou menosprezo desse rigor, mas precisamente de deliberada confusão para alimentar a ideologia dos “poderes” que decretaram (sem o poderem fazer, obviamente) o fim das ideologias.
Sobre as “classes médias”, nos 160 anos da edição de O Manifesto do Partido Comunista, transcrevo dois trechos que julgo boas pistas de esclarecimento, a partir da “leitura” de que há duas classes, a que Marx e Engels chamam burguesia e proletariado, sendo esta criada pela própria burguesia com as relações e o modo de produção que impõe:
  1. "Os pequenos estados médios (Mittelstände) até aqui, os pequenos industriais, comerciantes e rentiers (em francês no original), os artesãos e camponeses, todas estas classes caem no proletariado, em parte porque o seu pequeno capital não chega para o empreendimento da grande indústria e sucumbe à concorrência dos capitalistas maiores, em parte porque a sua habilidade é desvalorizada por novos modos de produção. Assim, o proletariado recruta-se de todas as classes da população" (pág. 44)
  2. "Os estados médios (Mittelstände) – o pequeno industrial, o pequeno comerciante, o artesão, o camponês – todos eles combatem a burguesia para assegurar, face ao declínio, a sua existência como estados médios. Não são, pois, revolucionários, mas conservadores." (pág. 46)
  3. "A burguesia despiu da sua aparência sagrada todas as actividades até aqui veneráveis e consideradas com pia reverência. Transformou o médico, o jurista, o padre, o poeta, o homem de ciência em trabalhadores assalariados pagos por ela." (pág. 39)

domingo, julho 20, 2008

"Primeiras noções de Economia política"

A gente vai (a)postando. Na vida.
Porque o Banco de Portugal, porque o Estado da Nação, porque o Marx faz 190 anos e o Manifesto 160, porque o materialismo histórico, porque a Colômbia, porque há Festa da Alegria e vai haver A Festa. Porque a luta!
Mas também se (a)posta à toa. Porque à toa se está na vida. Também.
O que faz com que, às vezes, se tenha surpresas em alguns (a)post(a)s. Que apareceram porque se tropeçou em qualquer coisa… e afinal. E afinal essa “qualquer coisa” tem, ou ganhou, surpreendente importância.
No que chamei “arrumações” mas que pouco arrumam, às vezes fico preso a um papel, a uma revista, a um livro. E lá ficam por fazer as arrumações…
Foi o caso deste livro

O livro andava perdido. Escondido. Comecei por o ver como um(a) (a)post(a) interessante para o som-da-tinta. Scaneei-o. Fiz o post. Como uma curiosidade bibliográfica.
Mas, ao fazer a “ficha” – se assim se pode chamar –, a data da edição prendeu-me. 1866. Um ano antes de Marx publicar O Capital. E se já o tinha folheado, com mais cuidado passei as páginas, li algumas atentamente, vi com cuidado algumas palvras do “vocabulário da linguagem económica” que contem. Socialismo, por exemplo. Communismo, por exemplo. Capital, por exemplo.
É um livro datado. E escrito por alguém que, conhecendo outros escritos, ou vivendo as circunstâncias (!) do tempo em que outros escritos se escreviam, toma a posição de apologia da classe ascendente, tratando o sistema capitalista (já então) como o fim da história. Por isso, um livro datado, ahistórico.
Mas um livro muito interessante porque aborda a economia (política) da maneira por que deve ser abordada e hoje tão deliberadamente esquecida.

  1. a economia como ciência social. “… é de todas as sciencias a que explica mais especialmente a physiologia e a organização da sociedade laboriosa, as necessidades dos homens, e os meios geraes de as satisfazer, os males do corpo social em relação ao trabalho, as causas d’estes males e os remédios, que se lhes podem applicar”.

  2. a sua universalidade, isto é, a sua necessária acessibilidade ou a desrazão de ser “reserva de saber" de privilegiados. “Há porém sciencias, que não exercem sobre os povos senão uma influência proporcionada ás luzes que elles tem, e que derivam toda a sua efficacia, não dos conhecimentos acccumulados em algumas cabeças excepcionaes, mas dos conhecimentos espalhados por todos os que tem uso da razão. Tais são a Moral, a Hygiene, a Economia política ou social, e a Política, nas nações em que os homens são livres. D’estas sciencias podia Bentham dizer: que tem mais merecimento quem as propaga do que tem quem as adianta” (citando F.Bastiat).

  3. O papel determinante das necessidades…. “O homem tem necessidades physicas, intellectuaes e moraes” (título do capítulo II); “Todas as necessidades augmentam com a civilisação”.

  4. … e da dinâmica social para as satisfazer. “O homem satisfaz suas necessidades por meio das riquezas, que produz directamente ou que procura indirectamente pela troca” (título do capítulo III); “A qualidade, que torna as cousas próprias para satisfazer as nossas necessidades chama-se utilidade. Esta utilidade é: natural ou produzida pelos homens. (…) O valor comprehende pois duas cousas: a utilidade e a trocabilidade, isto é, a propriedade de satisfazer alguma necessidade e a de se poder trocar.”

    As mangas para que daria este pano…
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    Ver post em som-da-tinta.blogspot.com

sábado, julho 19, 2008

Vêm aí as sondagens...

Não que tenham deixado de se fazer. Elas andam sempre por aí. Mas com a nova "liderança" (!) do PSD e o ano de eleições que se aproxima, vai ser um "ver se te avias" de sondagens, de sondagens a sondagens, e de comentários a sondagens. Insistindo, evide,ntemente na tecla da bi-polarização e da alternância, das maiorias, absolutas e relativas, e fazendo disso a ... agenda política. O que corresponde a um deliberado empobrecimento do debate democrático.
Esta semana, o Jornal de Leiria (semanário que aprecio, no panorama da imprensa regional) convidou-me a participar no seu forum, com o tema das últimas sondagens.
Respondi:

Por princípio não comento sondagens. Comento é isto de fazer política via sondagens. O que seria uma forma de, por extrapolação, avaliar situações passou a instrumento da política balofa, artificial, fulanizada, nua de ideias … de políticas!
Nesta, a política portuguesa resume-se a maiorias, dois nomes, percentagens a partir de amostras e inquéritos mais ou menos científico-econométricos.
E o nível de descontentamento, de descrença, de desespero das pessoas? Tal sondagem faço-a todos os dias e, às vezes, encontro-me com 250 mil na rua. Querem comentá-la?
Quanto aos resultados referidos… passo!

Acho interessante a "amostra" de comentários!

Boa Festa!


Na luta! Com alegria!

sexta-feira, julho 18, 2008

Do avante!

Após uma primeira leitura do semanário, satisfeito (quer-se dizer...) com o que li e resmungando com o que não li (não cabe lá tudo... eu sei!), dele reproduzo dois "cantos" a que, eventualmente, não se dará muita importância, no meio de tanta luta.
G'ande Monginho!
.

Aproveito para uma notícia aos eventuais visitantes: cá vou animando, como sei e posso, os meus dois outros "blogs"; o das ficções docordel, em que meto devaneios e o que me vêm à cabeça, o espaço som-da-tinta - que não quero deixar morrer -, onde coloco "posts" sobre livros, literatura, e coisas dessas, e em que vou contar algo que me parece interessante sobre Bento de Jesus Caraça, por quem tenho uma enorme admiração.

O "horror económico" e os "horrorosos economistas"

1. Tive de "ir lá abaixo" comprar umas coisas (jornais e isso). No som automático que o carro me oferece como bónus por me transportar caíu-me em sorte (?!) ouvir o professor econonomista João (abominável) César das Neves.
Que está a exagera, que não estamos numa queda, que o o PR tem razão em fazer os apelos que faz, que não há catástrofe, que estamos no meio porque há quem esteja muito pior que nós, que basta ver, que há que ser realista, que não se deve nem ser optimista dizendo que vai tudo bem nem derrotista dizendo que vai tudo mal, e blá, blá.
'Tá bem. Nem o BdeP, nem o FMI, nem o INE, nem a OCDE o perturbam no seu rigor, não é? Mas que credibilidade merece um "economista" que dedica um seu livro (de princípios de economia política) à "minha e nossa Mãe, a Imaculada Conceição, Raínha de Portugal há 350 anos", e que reaje aos últimos números dizendo que já tivemos muito piores que esta desaceleração (!) do crescimento (de +1,2% quando as últimas previsões davam "aceleradíssimos" 2% que representavam continuação da divergência em relação à média da UE) com quedas (números negativos) de 4 e 5%, que já teria havido. Quando, senhor professor, quando?
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2. O tempo que vivemos não dá espaço para ambiguidades. Ou para fugas esotéricas em busca de espúrios regaços maternais!
Houve (o tal PR com quotas de enorme responsabilidade), e há, políticas (para ser pomposo: opções estratégicas partilhadas por PS, PSD, CDS-PP e aderências) que a esta situação nos trouxeram. Até se podem encontrar, inventar, recauchutar, desanuviamentos e novas ilusões que substituam as que deram em desilusões. E é provável que se encontrem. Mas, hoje, perante o que estamos vivendo, hoje, é o momento de apelar... à tomada de consciência. E à responsabilização. Das políticas e dos seus próceres. E também dos "faz-tudo" (palhaços aparentemente de 2ª, que entram nos intervalos circenses para entreter o respeitável público) da diversão.

quinta-feira, julho 17, 2008

13 notas



  1. O governador do Banco de Portugal apresentou o relatório de verão.


  2. O governador do BdeP é Vítor Constâncio com reputação de emérito economista.


  3. VC desde 1974 defende o mesmo e vem fazendo previsões que, independentemente das consequências do que defende e dos consecutivos falhanços nas previsões, não lhe abalam a postura e a reputação.


  4. VC foi, é bom que se lembre…, várias vezes secretário de Estado e ministro, e (atenção!) secretário-geral do Partido Socialista.


  5. Apesar do que foi, do que defendeu e do que mal previu, VC é sempre apresentado como autoridade intocável e acima de todas as suspeitas quando todas as suspeitas justifica.


  6. Este relatório de verão é… assustador, e VC – com o seu ar circunspecto (nunca se viu rir o senhor) – diz como foi, justifica porque não foi como previu, e anuncia, quase ameaça…, com as pragas do Egipto se não se fizer o que ele decreta, se se aumentarem salários, se se diminuírem impostos.


  7. A situação da economia portuguesa seria, VC dixit, devida à crise internacional, inesperada (para ele e eles), que veio apanhar o País dependente do exterior.


  8. Mas, pergunta-se: o País está tão dependente do exterior por obra e graça de que senhores?


  9. Não será em resultado de se terem desvalorizado (nalguns casos até à inacção) os sectores produtivos nacionais?;


  10. de se ter ignorado, estigmatizado, desmantelado, o papel motor e regulador do Estado, aliás constitucional?;


  11. de sucessivos governos terem apoiado, estimulado, submetido aos poderes económicos (melhor: financeiros) dominantes?;


  12. de se ter privilegiado sempre, em prejuízo do consumo interno, a vertente exportadora, isto é, o consumo externo de que o País ficou dependente?;


  13. de se ter – tudo ligado! – desprezado o efeito alavanca da economia de níveis salariais capazes de criarem um consumo interno (sem ser através da ilusória e panaceica compensação do crédito bancário hipotecador do futuro), sempre considerando os salários exclusivamente como custos em termos de competitividade para mercados exteriores?

Por aqui me fico! Por agora...

quarta-feira, julho 16, 2008

O horror... onde a selva?!

Guillermo Rivera Fúquene foi assassinado
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Bogotá, 15 julio de 2008.-Gabriel Becerra, coordinador del comité por la vida y la libertad de Guillermo Rivera Fúquene informó que el cuerpo sin vida del sindicalista de la Contraloría Distrital fue encontrado en la ciudad de Ibagué, capital del Departamento del Tolima, Colombia.
“Lamentamos informarle al movimiento social y a la opinión pública nacional e internacional que el día de hoy, martes 15 julio, se conoció oficialmente de la aparición en la ciudad de Ibagué, del cuerpo sin vida del compañero Guillermo Rivera Fúquene, dirigente sindical y político, desaparecido el pasado 22 de abril en la ciudad de Bogotá” asegura en un comunicado público.


É o 29º sindicalista assassinado na Colombia neste ano de 2008!
(através de O Castendo)

terça-feira, julho 15, 2008

o "horror económico"

Final de uma intervenção na Assembleia Municipal de Ourém, de hoje, de onde venho a precisar de desabafar:

(...) Considero que a prossecução de fim público e uso colectivo através de uma sociedade comercial anónima de direito privado representa uma demissão do sector público das suas mais nobres funções. Citaria – vejam lá quem!... – o professor Adriano Moreira que disse que vivemos numa verdadeira teologia do mercado. Não obstante, haverá quem não venda a alma ao negócio para conseguir objectivos quaisquer que sejam.
Senhora Presidente, Rimbaud falou do pobre turista ingénuo que, indiferente aos horrores económicos, tremia à passagem de cavalgadas e hordas. Turista não sou, ingénuo já deixei de ser, em nada me é indiferente o horror económico, de que Viviane Forrester fez o título de um livro que é um libelo.
Nós, eleitos pelos nossos concidadãos para defender o interesse público, não podemos aceitar que não haja critérios diferentes para o que é – e com toda a legitimidade – o interesse privado e para o que é o interesse público. Como perguntava Forrester deixará de ser útil a vida do que não dá lucro aos lucros?
Como é evidente, e não obstante a compreensão para quem não encontra saídas senão no pragmatismo e para quem acha que deixou de haver almoços grátis, não aceito estas engenharias financeiras, recuso este caminho e votarei contra.
Por princípio! E basta.
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É duro.
O único voto contra foi o do PCP... de que sou o único eleito! Os três vereadores do PS (em 7, 4 PSD) e os membros do PS na AM votaram a favor... por princípio!
(não conferi as citações)

Materialismo histórico - 13 (formação social)

Depois das (breves) notas sobre modo de produção e consciência social (relações sociais conscientes), sublinha-se que parte desta corresponde à superstrutura daquele, isto é, uma parte da consciência social corresponde ao modo de produção histórico assim se configurando uma formação social, havendo também uma correspondência necessária entre as relações de produção e o nível das forças produtivas, como já se sublinhou.
Tudo isto se irá vendo, passo a passo. Para este “episódio” apenas fica o gráfico retirado do livro citado de Lange, em que se deram ligeiros retoques(*) (do “trabalhão” que deram os outros gráficos não se fala…). Estaremos numa paragem ou apeadeiro… O facto de hoje ser 15 de Julho justificá-lo-á. As férias impõem outro ritmo. Não que nós, autor destes “atrevimentos”, as tenhamos – agora… – mas o caminho tem pouco sentido sem a participação que as férias não facilitam. Se não houver propostas (ou protestos), vão sendo colocados – mas só às 3ªs. – “posts” para não se perder de todo a embalagem, e só depois da Festa (sabem qual é, não sabem?!) se voltará às duas “postagens” semanais. Isto se não houver reclamações (há livro de)...
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(*) - Os ligeir(íssim)os retoques foram apenas para fazer chavetas que salientassem os três níveis - modo de produção, formação social, consciência social - deixando o resto tal e qual, apesar de, mais uma vez, referir que a questão da designação de consceitos é muito importante. A propósito, recomendo vivamente a leitura dos destacáveis de O Militante sobre Marx e O Manifesto, particularmente, neste número de Julho, os artigos de Eduardo Chitas e de Manuel Gusmão.

sexta-feira, julho 11, 2008

É um sindicalista...

De amigos da América Latina recebi há algum tempo este documento, que tempodascerejas transcreveu com a muito oportuna lembrança de que a companheira e a filha de Guillermo Rivera usam o apelido de Betancur (assim, hispanicamente), e talvez a falta de um t também ajude a explicar diferenças de atenção e de tratamento:

Comunicado do Polo Democrático Alternativo
El Comité Ejecutivo Distrital del Polo Democrático Alternativo, reitera públicamente su rechazo por la D
esaparición Forzada del compañero Guillermo Rivera Fuquene, dirigente sindical de la Contraloría Distrital y afiliado al PDA, ocurrida el pasado 22 de abril en el barrio el Tunal de la Capital de la República.
Los hechos demuestran que contrario a la propaganda oficial continúan sin existir las garantías suficientes por parte del Estado para ejercer los derechos constitucionales a la vida, la libertad, la organización y la participación sindical y política de los militantes de la oposición en el país. La desaparición del compañero Guillermo Rivera ocurre en un contexto de agudización de la crisis política nacional, en la cual se mantienen y recrudecen estas agresiones directas contra líderes sociales en varias localidades y sectores de Bogotá específicamente.
Es muy preocupante que a un mes de la desaparición de Guillermo Rivera, la efectividad de los mecanismos de búsqueda institucionales sea nula y prime en ellos la decidía y la burocracia a favor de los asesinos y la impunidad.
Los indicios existentes – un testigo y grabaciones de video – conducen a señalar a unidades de la Policía Metropolitana de Bogotá como los responsables del hecho, situación de alta gravedad que exige del Gobierno Nacional y del Gobierno Distrital un pronunciamiento y una acción contundente que castigue a los responsables y ayude a recuperar con vida a Guillermo Rivera.
La dirección Ejecutiva del PDA en el Distrito Capital hace un llamado urgente a la dirección nacional del Partido, a todas sus estructuras locales, a los representantes electos – Alcalde Mayor, Concejales y ediles –, a las organizaciones sindicales y al movimiento de Derechos Humanos nacional e internacional, para que redoblemos las acciones de denuncia ante este hecho y no permitamos que el terrorismo de Estado apague otra vida de un militante del movimiento sindical y de nuestra organización.
Bogotá, Mayo 20 de 2008.
COMITÉ EJECUTIVO DISTRITAL – PDA

(consultar também Google)

3 notas de rescaldo


  1. De um comentário: «A exibição do irrisório, do ridículo, do enfatuado, em contraponto com a procura (cansada, a faltar paciência...) de verdadeiro debate sobre o estado em que estamos. Os truques simplórios, baixos, de nos "fazerem parvos": chamar direita à direita para que, fazendo o papel da direita, se auto-colar a etiqueta de esquerda, carimbar de sectários os consequentes vangloriando-se de uma modernidade que não é mais que o serviço aos poderosos (financeiros), criar artificiais conflitos com base em indignações espúrias que escondam "pontes" para outras margens. Uma tristeza, um nojo.»


  2. Governo honesto, dit-il? É um governo honesto o que se permite usar estratagemas como aquele dos exames para a estatística? Um escândalo, uma vergonha. E a fazerem-nos “passar por parvos”.


  3. De um comentário: «há que sublinhar que o "debate" não foi só "aquilo". Se tivesse sido apenas "aquilo" que nos causticou não valeria a pena termos lá quem lá conseguimos meter para nos representar! E há que dar força àqueles sacrificados... dizer-lhes que vale a pena lá estarem!» E agradecer-lhes o sacrifício!

Materialismo histórico - 12 (consciência social)

Para dar passos neste caminho, que – tal como no arquitecto, e não como na abelha – começou por ser esquematizado na minha cabeça, vou recorrendo a “materiais” que “tenho à mão” (isto não vos lembra nada?...). Para “aquele passo”, talvez Iline e Segal e as suas gravuras – mas onde é que está o raio do livro? –, para “aqueloutro”, talvez o dicionário das editions sociales – mas onde raio ele está? ...
Acontece que, para este passo, comecei por me socorrer de Economia Política, de Oskar Lange, e, depois de ter encontrado a edição portuguesa[1], por acaso tropecei na edição francesa que responsabilizo por muito da minha formação e onde me apoiei para as primeiras tentativas de contribuir para formação de outros[2].
Nela fui alertado para a necessidade de, no estudo de uma vertente da multímoda realidade, não nos acantonarmos. Nela aprendi a importância das relações sociais que não são relações económicas, cujo vínculo social se modela por intermédio de coisas–ser humano->coisa<-ser humano–, das relações que decorrem da acção directa e recíproca entre seres humanos.
São as relações sociais decorrentes, por exemplo, da vida familiar, de costumes e princípios morais existentes, de relações de vida em sociedade, em resumo. Os seres humanos estão conscientes dessas relações, da acção e influência que exercem uns sobre os outros mas, em contrapartida, não estão geralmente conscientes das relações económicas, das que têm as coisas por intermediário, e geralmente tomam-nas como relações com as coisas. Não se tem consciência que se troca tempo de trabalho por tempo de trabalho de outros, e julga-se que ele é trocado por dinheiro… e este por coisas.
Nos domínios e nos momentos em que os seres humanos tomam consciência das relações sociais nascem ideias (e ideologias), que representam a forma sob a qual se adquire essa consciência.
Designa-se por consciência social[3] o conjunto das ideias e das posições e atitudes psíquicas sociais.

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[1] - Prelo Editora, Biblioteca de Economia, nº 30, 1979
[2] - ... e a que estou ligado afectivamente pois foi oferta de colegas e camaradas, que comigo trabalhavam na Siderurgia Nacional… em 1962!
[3] - cada expressão, como se chegou a ela, diferentes e justificadas designações, dariam para largas considerações... dariam para semestres.

quinta-feira, julho 10, 2008

Adenda

Imperdoável. Até porque já tenho muitos anos disto...
Então não é que não previ, no meu post, um "número" mais que previsível porque muito ensaiado e executado: a cena do PM (ou PdoCM) ofendido, por se considerar insultado e defensor de outros insultados, em "violenta" altercação com o Louçã? "Tenha tento na língua..."! Boa. Cheia de nível demo(so)crático. Vai para as "manch(a)etes".
Depois, apesar de outros quefazeres me terem impedido de ver grande parte do "debate", acho que se cumpriu o que previsto estava. Ainda deu para comprovar uma evidência: Sócrates, ao lado da crise internacional e tal, inclui como responsáveis pelas malfeitorias que o pobre governo tem sofrido os governantes anteriores (mormente personalizando os que estão nas actuais lideranças à sua direita, porque foram ministros de governos passados... aliás como ele), e para o PCP e os Verdes dispara com a cassette do "estão sempre contra" e usa a dicotomia da modernidade-conservadorismo, desta vez muito condimentada com o vocábulo sectarismo e derivados.
Quanto ao mau estado da Nação em que estamos (os trabalhadores e as populações em geral) - e ao excelentíssimo estado em que alguns estão (um pequeno grupo de privilegiados) - como aos costumes, o PM disse nada a afirmações e perguntas concretas que lhe foram feitas.

O estado em que está a Nação

Hoje, lá para as 15 horas, no plenário da Assembleia da Repúblia vai debater-se o estado em que está a Nação. Está na agenda e o senhor primeiro ministro e seus ministros vai estar à disposição dos deputados para com eles debater o Estado da Nação. Faz parte do ritual.
Como já foi anunciado há um "número" novo e mediatizado: a estreia universal do novo lider da bancada socialdemocrata2 (a bancada socialdemocrata1 é a dita socialista e partidariamente maioritária). Vamos lá a ver como é que o Rangel se bate com o Sócrates. É o que dizem os cartazes. E disso se falará na esteira do que tem sido anunciado. Haverá também o habitual número que, vindo do Portas do lado direito, procurará dar alguma animação ao evento, mas está, ao que parece..., a perder brilhantina.
E como o Estado da Nação exigirá que se fale do estado em que está a situação social, salta-me aqui do lado o "Manifesto do Partido Comunista", escrito há 160 anos e em que se pode ler: "Uma parte da burguesia deseja remediar os males para assegurar a existência da sociedade burguesa. A ela pertencem: economistas, filantropos, humanitários, melhoradores da situação das classes trabalhadoras, protectores de animais, fundadores de ligas anti-alcooólicas, reformadores ocasionais dos mais variados."
No entanto, haverá coisas sérias e pertinentes que serão ditas (algumas terão de ser reditas e treditas) sobre o Estado da Nação. Que serão ouvidas com enfado e a que os governamentalizados responderão com arrogância e, às vezes, pior ainda. Mas coisas sérias serão ditas, e bom seria que as pessoas - o "estimável público" - as ouvissem porque a si se ouviriam pelas vozes de quem as dirá.

quarta-feira, julho 09, 2008

Atenção!

De cravodeabril, extracto deste seriíssimo post de fernando samuel:

"(...)
No Jornal de Notícias de hoje pode ler-se, à largura de toda uma página, esta notícia sensacional: «IRÃO AMEAÇA ISRAEL E EUA E PREPARA TREINO MILITAR».
A minha primeira reacção a esta manchete foi a seguinte: se assim é, o Irão já produziu, em quantidade assinalável, bombas nucleares e os mísseis com o fôlego necessário para as colocar onde for necessário - o que, francamente, me parece pouco credível.
Todavia, continuando a ler a notícia, lá vejo que o Irão se prepara para «atacar Telavive e Washington se for caso disso».
Washington? Ó diabo, isto é sério, um dia destes o Irão vai mesmo arrasar aquilo tudo (aquilo tudo é Israel e os EUA).
No entanto, lida a notícia até ao fim, concluo que, de facto, isto é sério, mas não no sentido que a notícia aponta.
Ou seja: todo este estardalhaço surge porque um dirigente iraniano afirmou que «o Irão, se for atacado, atacará Telavive e a esquadra norte-americana estacionada no Golfo» - o que é grave, gravíssimo, já que, como toda a gente deverá saber, os EUA e Israel têm, por mandato divino, o direito e o dever de atacar, bombardear, destruir e ocupar os países que muito bem entenderem, mas, também como toda a gente deve saber, nenhum país atacado tem o direito de ripostar ao ataque.
Por isso, diz ainda a notícia, que «ontem, um porta-aviões norte-americano dirigiu-se para o Golfo»...
O que aqui se regista, hoje, é que à luz da verdade absoluta acima enunciada, parece aproximar-se a data em que aquilo (aquilo, é o Irão) receberá o severo e merecido castigo de quem está mandatado para o fazer."

terça-feira, julho 08, 2008

Materialismo histórico - 11 (modo de produção)

Tudo começa (ou pretende-se que tudo comece) a interligar-se.
Num quadro de relações sociais de produção, as forças produtivas vão colhendo na e transformando a natureza para que sejam satisfeitas as necessidades, cada vez mais sociais, dos seres humanos.
Ao conjunto formado pelas forças produtivas, sempre em desenvolvimento, e pelas relações sociais de produção, chama-se modo de produção.
O modo de produção – modo de obtenção dos meios de existência indispensáveis à satisfação das necessidades sociais – é o conjunto de relações objectivas entrelaçadas pelos seres humanos na produção social da sua vida material.

O modo de produção é, evidentemente, social. Sem as forças produtivas, que são sociais, não haveria produção, e é o estádio das relações sociais de produção que determina o modo como se produz. A partir desse modo de produção, correspondente ao desenvolvimento das forças produtivas, se distribui o produzido por forma a satisfazer as necessidades sociais.
O trigo com que se faz o pão foi produzido por agricultores em trabalho manual e feito farinha nos moinhos de vento em relações sociais de produção muito diferentes daquelas em que foi (e é) produzido e moído em grandes explorações agrícolas e industriais, com recurso a sofisticados instrumentos de trabalho.
É o modo de produção que, segundo Marx, “condiciona o modo de vida social, política e intelectual em geral”.

Este é um conceito fundamental porque une o que não é separável, por mais esforços (ideológicos!) que se façam:
  • a técnica de produzir, resultante das forças produtivas,
  • e as relações sociais em que se produz, mormente as questões de propriedade das forças produtivas e de apropriação do produzido.

segunda-feira, julho 07, 2008

Ideias (à) solta s...

Ele há (ai há, há!) classes!
Ele há a classe em si (se ele há classes...).
Ele há a classe para si (os sindicatos... de classe).
Ele há a classe consciente de si (a vanguarda, o partido).
Ele há a classe para além de si (depois denvencer a luta de classes... acabar com a pré-História, começar a Humanidade).
Ele há a classe em nós (porque temos para dar o infinitesimal - mas insubstituível - contributo)!

domingo, julho 06, 2008

Vale mais (aparentemente) só que mal acompanhado

Leio que o Grupo Parlamentar do PCP ficou isolado na tomada de posição da Assembleia da República de congratulação pela libertação de Ingrid Betancourt. É falso, ou melhor, é a mentira que serve!
O GP do PCP apresentou um voto de congratulação, e todos os outros partidos ficaram isolados do GP do PCP por não o terem votado.
O GP do PCP não quis, em contrapartida, as "boas companhias" que estão num outro voto par(a)lamentar, em que o sr. Uribe é herói (se não santo milagreiro!), e tudo se esquece sobre o seu passado e presente (sim!, há muito mais vítimas da situação da Colombia além da sra. Betancourt e muito ficou por resolver, se é que não ainda mais longe da solução pacífica e humanitária, com esta libertação).
O GP do PCP (que não me passou, evidentemente, procuração) terá preferido ficar só a ficar mal acompanhado, enquanto os outros preferiram as más companhias à companhia de quem disse o seguinte:
É com satisfação que hoje assinalamos nesta Assembleia da República o regresso à liberdade de Ingrid Betancourt, bem como o seu desejado reencontro com a família.
Por isso apresentamos um voto de congratulação com esse facto que é de toda a justiça que a Assembleia da República assinale.
(da intervenção de Bernardino Soares)
E havendo tanto para dizer, mais não digo.

No meio da viagem

Como noutras viagens.
De repente, uma árvore, um monte, um ninho com uma cegonha a coroá-lo. E queremos reter o repente, o apontamento.
E já o perdemos. Porque a cegonha levantou voo, talvez assustada com a travagem à beira da estrada que atravessa o Alentejo. Ou porque não gosta de ser fotografada. Sabe-se lá...
Mas aqui não. Aqui, nestas viagens, podemos "pintar", copiar e reproduzir. Assim:

(...) entregar-se a devaneios e ilusões, formas sublimadas de grilhetas. Fred Augusto de H.

"Devaneios e ilusões, formas sublimadas de grilhetas". Só num albergue de danados!
____________________________
(isto talvez devesse ir para o ficções do cordel... mas a carga política do repente, do apontamento, do que me reteve a meio da viagem, é tanta e tão do momento que acho ser aqui o lugar onde. E aqui fica!)

sexta-feira, julho 04, 2008

Materialismo histórico - 10 (relações de produção)

Dividindo o trabalho, cooperando no trabalho.
De mão em mão, som a som, traço a traço. Gesto a gesto, palavra a palavra, gravura a gravura. Quando o som em palavra se tornou, quando o traço se fez escrita.
Também corpo a corpo, em luta com quem se disputava o mesmo alimento, o mesmo espaço, o mesmo meio.
Assim se foram entretecendo relações. Relações sociais de produção. Que são o conjunto de relações que se estabelecem entre os seres humanos quando produzem (e reproduzem) a vida material, por intermédio dos objectos materiais que servem para satisfazer as necessidades sociais, sendo o trabalho o “cimento” dessas relações.
Para produzir os bens materiais, os seres humanos estabelecem determinadas relações pois as forças produtivas (onde se inclui a força de trabalho) não podem ser empregues produtivamente a não ser no quadro de relações sociais.
As relações de produção podem ser de cooperação e entreajuda ou de domínio e subordinação. De cooperação e entreajuda foram-no nas comunidades primitivas e sê-lo-ão no socialismo e no comunismo; sendo ainda de cooperação e entreajuda entre quem trabalha mas num quadro de domínio e subordinação quando e enquanto as sociedades estão divididas em classes (os escravos que são meio de produção e propriedade dos “patrícios” romanos e outros senhores, os servos da gleba ligados à terra que trabalham e que têm os seus senhores, os operários que são obrigados a vender a sua força de trabalho aos proprietários dos instrumentos e objectos de trabalho).
O que determina o carácter das relações de produção é a forma de propriedade dos meios de produção.
As relações de produção compreendem três elementos entre-ligados:
i) os tipos de propriedade dos meios de produção, ii) a posição dos diferentes grupos sociais na produção, iii) a forma de repartição dos bens produzidos.
As relações de produção agem sobre as forças produtivas, independentemente destas se desenvolverem incessantemente. Tanto podem favorecer esse desenvolvimento como o podem travar. É a chamada lei da correspondência necessária.


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(*) – Vitral, foto de João Santiago

quinta-feira, julho 03, 2008

Acelerar a procura da paz

Para quem se quiser informar para além da propaganda:
Ingrid Betancourt libre:
Acelerar la búsqueda de la paz
Por Jaime Caycedo
Secretario General del Partido Comunista Colombiano
Concejal de Bogotá
Ingrid Betancourt, los tres prisioneros de guerra estadounidenses y once funcionarios militares quedaron en libertad esta tarde tras un operativo militar incruento en áreas limítrofes de los departamentos colombianos Vaupés y Guaviare.
Fueron liberados, aparte la ex candidata presidencial, las siguientes personas:
Thomas Howes, Keith Stansell y Marc Gonsalves, contratistas estadounidenses del Pentágono, capturados el 13 de marzo de 2003, cuando adelantaban labores de espionaje en el marco del Plan Colombia. Además, Juan Carlos Bermeo y Raimundo Malagón, tenientes del Ejército; Erasmo Romero, José Ricardo Marulanda, sargentos segundos del Ejército; William Pérez, José Miguel Arteaga y Armando Flórez, cabos primeros del Ejército. Vaney Rodríguez, teniente de la Policía. Jairo Durán, y Julio Buitrago, cabos primeros de la Policía. Armando Castellanos, subintendente de la Policía.
El gobierno colombiano ha presentado la operación como un triunfo militar en la política de guerra contrainsurgente del gobierno. De hecho, la operación implicó acciones de inteligencia e infiltración que permitieron comprometer, mediante simulación, a los guardianes de los rehenes. Jugosas recompensas para estimular las deserciones dentro de la propia guerrilla se anuncian permanentemente por los medios de comunicación y bombardeos de propaganda en las zonas de conflicto. No se descartan intercepciones de comunicaciones con la mediación satelital del Comando Sur de los Estados Unidos. El rescate coincide con el momento en que el candidato de Bush a la presidencia culminaba una visita a Colombia.
Debe recordarse que los gobiernos de Francia y Suiza habían enviado, desde hace varios días, contactos destinados a liberar a varias de las personas. Los movimientos de los cautivos, que provenían de tres grupos diferentes dispersos en la selva, indican que, efectivamente, estaban en proceso de ser reunidos, quizás en el contexto de las prometidas liberaciones.
Para Uribe este suceso representa un alivio en medio de la crisis política desatada por los procesos que adelanta la Corte Suprema de Justicia contra parlamentarios cercanos al gobierno y la ex parlamentaria Yidis Medina, condenada por el delito confeso de cohecho, que determinó la mayoría de votos mediante el que fue posible la reelección de Álvaro Uribe, en las elecciones de 2006. Uribe ha planteado convocar un referendo para ratificar su legitimidad. Al mismo tiempo, se sabe que su objetivo es una nueva reforma constitucional que le permita reelegirse en 2010.
La natural alegría por el logro alcanzado, no oculta el que permanecen retenidos otros rehenes. Es claro que se trata de un revés pero no de una derrota de las FARC. El éxito alcanzado por las fuerzas oficiales no descalifica la necesidad del acuerdo humanitario, que puede ser un paso importante en la búsqueda de una salida política negociada del prolongado conflicto interno colombiano. En ese sentido debe continuar la presión nacional e internacional para alcanzar la paz democrática, con justicia social y soberanía.
Julio 2 de 2008

A reunião do CC do PCP no seu contexto

(continuação)
Os temas da reunião do CC do PCP não foram aqueles que a comunicação trouxe “a lume”. Nem tal seria de esperar. Até porque essa comunicação social não existe para informar sobre o PCP. Ou, tão-só, para informar a partir de "critérios de informação". Existe para outra coisas. A partir de outros critérios.
Os temas da reunião foram a gravidade da situação económica e social, foram a situação internacional, com destaque para o não irlandês, foi a vida e organização do Partido, foi a preparação do XVIIIº Congresso.
Que a situação económica e social é grave parece ser sentido por todos os portugueses, particularmente os trabalhadores mas também por todo o resto da população, nomeadamente os pequenos e médios agricultores e empresários. Só não a sentirão uma minoria de figuras (melhor se diria de “figurões”) que aumentam escandalosamente os seus réditos, em retribuição dos serviços que prestam às grandes empresas e grupos transnacionais.
Que o não irlandês tem uma consequência que se procura escamotear é incontroverso. Até para o presidente polaco… apesar de se pretender calar essa inevitabilidade cobrindo-a de batotas e expedientes.
Quanto à vida e organização do Partido e à preparação do XVIIIº Congresso muito ingénuo seria esperar que tais temas pudessem servir para outra coisa que não fosse para… desinformar, até se chegando ao ridículo de “recuperar” temas velhos e revelhos mas que se esperarão esquecidos, ou que, de tão repisados, passem por “novidade” e “verdade”.
Pelo meu lado, não resisto a referir 4 aspectos que, sobre a gravidade da situação económica e social, quis levar ao debate, com a intenção de reforçar argumentos que ajudem a transformar descontentamento e sofrimento e desespero em tomada de consciência e disposição de luta:
1. os salários não são só um custo para as empresas e o funcionamento da economia, a partir de critérios de competitividade, os salários são, sobretudo, o rendimento dos trabalhadores por venderem a sua força de trabalho;
2. o desemprego é, cada vez mais, o stock da mercadoria força de trabalho, variável estratégica do capitalismo;
3. a demencial escalada do crédito, para compensar os baixos salários face à promoção de tantas novas e algumas artificiais necessidades e de chamados produtos financeiros, está na origem de gravíssimas situações pessoais e familiares, algumas em vésperas de explosão;
4. o ataque à centenária conquista dos limites e regras dos horários de trabalho provoca inaceitável retrocesso civilizacional, humanitário, pois, como dizia Marx, sem o constrangimento das horas de trabalho se recua da exploração a partir dos mecanismos da compra da mercadoria força de trabalho e apropriação da mais-valia para o uso do homem e de todo o seu tempo de vida como força produtiva mercantil, isto é, escravo!

quarta-feira, julho 02, 2008

A pretexto da reunião do Comité Central do PCP

No Partido Comunista Português, os Congressos são as suas reuniões magnas, em que os militantes debatem durante meses qual deverá ser a posição do colectivo, em plenário de representantes eleitos, relativamente aos Estatutos e Programa Político em vigor, se prepara uma Declaração Política, se escolhem os militantes a propor para compor o próximo Comité Central. No intervalo entre Congressos, as reuniões do Comité Central são as mais importantes para o acompanhamento da situação económica e social e para as posições a tomar pelo Partido enquanto tal, e pelos seus organismos executivos.
Domingo e segunda-feira reuniu-se o CC do PCP. Como é habitual, o secretário-geral teve um encontro com a imprensa no final da reunião, para dar conta dos trabalhos e decisões tomadas. A comunicação social de referência (signifique isto o que significar) esteve presente e deu notícia. A partir dos seus “critérios jornalísticos”.
Que o CC tenha avaliado e debatido a gravidade da situação económica e social que aflige os portugueses, que tenha responsabilizado por essa gravidade instituições e políticas – o governo português e o seu Código Laboral, o Banco Central Europeu e a sua determinação autista de tudo submeter ao ataque à inflação e à manipulação em subida das taxas de juro –, que tenha proposto medidas – como a de alternativas ao que de pior tem o dito Código e sobre a discussão pública a que o governo é obrigado, de se utilizar a instituição pública Caixa Geral dos Depósitos para intervir no “mercado bancário” e minorar os efeitos sobre as famílias portuguesas das decisões do BCE, ou as que dariam continuidades a outras já propostas na AR. –, que tenha alertado para os perigos da escalada militarista, que tenha tomado outras decisões que, eventualmente, interessariam os portugueses, tudo isso não vale nada. Para os referidos “critérios jornalísticos” apenas interessa saber e informar se o PCP exclui o BE e Manuel Alegre da luta em que está comprometido – o que não foi questão debatida, e muito menos decisão tomada... mas que deve ser o que mais interessa o povo português... –, qual será o método de voto para escolher o Comité Central no Congresso – que não foi discutido e sabido que é que no último Congresso se respeitaram as obrigações legais, independentemente do desacordo com elas... mas conhecimento de que também deve estar suspensa a opinião pública portuguesa.
Como “bónus”, aproveitou-se a reunião e respectiva “informação” para recuperar o tema das FARC na Festa do Avante!, já mais que esclarecida mas sempre aproveitada a partir do que se sabe ser mentira... e informação de que deve estar à espera quem teria, eventualmente, a intenção de comprar a Entrada Permanente (EP) para Festa.
Tudo serve de pretexto para uma única coisa: atacar o PCP. Nunca para informar sobre o PCP!
continua

terça-feira, julho 01, 2008

Materialismo histórico - 9 (divisão "natural" do trabalho)

Dividindo o e cooperando no trabalho, assim começou a História (ou a pré-história) no materialismo histórico.
Os seres humanos teriam começado a dividir o e a cooperar no trabalho entre si… e entre si começaram por partilhar tudo. Entre o homem e a mulher.
Da necessidade sexual e de procriação à necessidade do amor houve (e há!) um longuíssimo caminho percorrido (e a percorrer). De milénios de milénios.
Seria de ler ou reler o A origem da família, da propriedade privada e do Estado, de Engels (e não se perdia nada!...) mas, para aqui, apenas se devem deixar algumas referências, ou pistas, que pareçam oportunas.
Entre as necessidades "naturais" do ser humano a de ter um abrigo, o que hoje se chama “um tecto” (ou um T2 ou T3), foi das mais naturalmente prementes dadas as intempéries e os outros animais, a somar-se à necessidade do outro/a, e não se daria um salto incomensurável e incompreensível se se dissesse… a necessidade de “constituir família”.
Naturalmente – e insiste-se nesta expressão –, os seres humanos começaram a dividir a actividade racional de de se servir da e transformar a natureza. Ficando o elemento feminino da “família”, estivesse esta organizada como estivesse, com tarefas mais sedentárias, mais perto do “lar-caverna” e da prole (e dessas raízes de divisão “natural” do trabalho ainda hoje tanto se ressente, enquanto vítima de discriminação desde há muito só social), enquanto o elemento masculino partia para tarefas mais nómadas, de caça e pesca, mais arriscadas dados os imensos perigos, de todo o tipo, para quem se afastasse… da “soleira da casa”.
Por isso mesmo, por essa circunstância que caracterizou a organização social primitiva, esta teria sido do tipo matriarcal, assente no elemento feminino, estável e garante de continuidade, e até dos primeiros aproveitamentos da terra e não só da “recolha” de raízes e frutos que o chão e as árvores davam.