segunda-feira, julho 28, 2008

... e o direito à saúde?

No Expresso – a que dediquei este meu domingo… – um artigo com título convidativo, Gastos em saúde, despesa ou investimento, por autores credenciados, sobre o “compromisso europeu da Carta de Tallinn”. Li-o, interessado. Reli-o, respigando palavras e frases:

  • paradigma
  • gastos em investimento na saúde
  • monitorizar, gerir…desempenho…eficácia, eficiência
  • “permitir que as pessoas permaneçam economicamente activas em idades mais avançadas”
  • “custo competitivo da adopção de tecnologias mais avançadas”
  • “escolha competitiva dos serviços de saúde”
  • sustentabilidade financeira
  • capacidade de gerar recursos
  • custos crescentes
  • equilíbrio entre as despesas e as receitas
  • “…entendimento de que os recursos sociais sejam justificados e contidos nas possibilidades económicas e sociais (…) compromisso com a competitividade macroeconómica de um país.”
  • gestão das instituições
  • boas práticas
  • casos de sucesso
  • “… investir em Sistemas de Saúde eficientes é investir na saúde e na prosperidade das populações. Esta visão é um imperativo ético, social e político, reiterada agora ao mais alto nível das iniciativas internacionais em saúde”.

Esta última transcrição é o final do artigo.
Reli melhor ainda. Catando. E não encontrei direito à saúde! E essa referência, sim, seria um imperativo ético, social, político… e constitucional.

Investir, investir, investir... no negócio da doença!
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NB.: a ilustração que acompanha o artigo é excelente(mente) adequada.

6 comentários:

Justine disse...

Bem "escalpelizado" ! Tudo cristalino como água pura...

Maria disse...

Aqui te deixo a frase mais curta e concisa: pois!

Um abraço

samuel disse...

Isso é num filme em que existam Utentes.
Neste "nosso" filme caminhamos para a existência exclusiva de Clientes.
A saúde é um produto e não mais um direito. Se os produtos fossem considerados ao mesmo tempo "direitos", onde é que o negócio ia parar?

GR disse...

Mais um magnífico texto.

Neste (des)governo perverso tudo me irrita, mas quando falam na saúde, expludo!
Quem não tiver cunhas, está tramado.
Operações? ou temos cunhas ou dezenas de milhares de euros ou então recebemos uma carta, largos meses após a morte.
Nos corredores dos hospitais esperamos horas para seremos atendidos por simpáticos (!) técnicos de saúde (estrangeiros), que a muito custo nos compreendem e nós, não os percebemos.
Os Hospitais encerram, resta-nos a privada ou o cemitério mais próximo, muitos também já privados.
Até os IPO’s estão diferentes. Entrou a legislação, os cuidados com os gastos desnecessários (!), a breve permanência pós operatória, a infindável lista de espera para a próxima consulta.
A Saúde foi um Direito, conquistado na Revolução de Abril, lentamente destruído pelos sucessivos governos de direita e aniquilado mortalmente por este governo de extrema-direita capitalista do PS que rapidamente despedaçou a Constituição da República Portuguesa.
A doença é um grande negócio.

GR

Anónimo disse...

A saúde deixou de ser um direito humano para se transformar num bem escasso e por isto um negócio.

Fernando Samuel disse...

Direito à saúde?: o que é isso?...