sexta-feira, abril 30, 2010

As tais coisas do"rating" (ou de notação)

Notas para uma intervenção para hoje, na Assembleia Municipal de Ourém:

Estamos a viver tempos muito complicados. Todos o sentimos.
Colocámo-nos como país (como países, e como povos fomos colocados) em becos aparentemente sem saída, nas mãos dos mercados. Dos mercados que criaram as Agências de Rating de Crédito, estas, depois de terem sido gabinetes de estudo e aconselhamento para especulações bolsistas, tornaram-se alvo e agentes da corrupção do sistema financeiro, e estamos, ao que parece, de mãos e pés atados, nas mãos desses agentes que notam e anotam, que dão notas e fazem tremer países. Seria da maior utilidade ler o que hoje li, no expresso de Lisboa, escrito pelo Nobel da Economia de 2008, Paul Krugman.
Parece que estamos mesmo nas mãos desses agentes corruptos e ao serviço da corrupção. Mas não é verdade. Ou pode não ser. Depende de todos nós.
Bem prevenido foi. Olharam-nos, então, como quem está sempre contra tudo. Diz-se, agora, o que dissemos quando era oportuno e diz-se, agora, como se tudo fosse uma fatalidade. E não é!
Vem no i. Dois ou três excertos:
  • «... dos titulos hipotecários subprime classificados com AAA em 2006, 93% - 93 por cento! - foram agora considerados lixo.»
  • «... mensagens de correio electrónico revelam um sistema profundamente corrupto.»
  • «Claramente, as agências de notação estavam a distorcer as suas avaliações para agradar aos clientes.»
  • «Tem de se fazer alguma coisa para acabar com a natureza fundamentalmente corrupta do sistema em que o emitente da dívida é quem paga a respectiva avaliação.»

E não PECs!



quinta-feira, abril 29, 2010

Papa/Visita a Portugal - no sapo

Bento XVI vai falar da crise económica à chegada (DN)

As primeiras palavras de Bento XVI à chegada a Portugal deverão ser sobre a crise económica e financeira que está a abalar o País e a estabilidade europeia.

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Que efeito terá... nos mercados?!

quarta-feira, abril 28, 2010

Recomendações e "encomendações"

Tal como em autoridade nacional, se recomenda

«(...) Recomendo a leitura deste "paper" publicado pela Escola de Política Pública da University College London de Dieter Kerwer onde se aprofunda um pouco o trabalho destas CRA's. Leia-se com particular atenção o primeiro parágrafo da página 21. Nele se assumem duma assentada duas ou três questões da maior importância: a correlação de forças de classe conta para o rating; o rating não tem a força que se espera que venha a ter na imposição de medidas aos países; as próprias potências capitalistas não controlam suficientemente estas agências(...)».

Assim como se recomenda toda a leitura da excelente resposta à pergunta que raio é uma agência de Rating de Crédito?

"As Primeiras Fotografias" de uma cidade

Na visita à exposição Amsterdam (1845-1875) The First Photographs, no arquivo da cidade:
Se um país não pode ir à falência - pode é "ver-se grego" com o capitalismo financeiro transnacional... -, uma cidade, por mais que por nós visitada, nunca se esgota. Ela é quem a vive, os que nela nascem, nela morrem, a visitam, quem chega e parte. Quem a construiu. Neste caso, roubando-a ao mar. E quem a fotografou. Ao longo dos séculos. Desde que há fotógrafos.
Mas já antes tinha havido Rembrandt e outros (que, aliás, visitámos a seguir, nesta manhã tão cheio de Amsterdam que transbordou para a tarde...) que dela, e das gentes que ela são, nos deixaram retratos.

Amsterdam! A cidade que já foi o porto, e o comércio, e os marinheiros, e as prostitutas. Que hoje é os canais e as pontes, e os reformados decadentes, e as adolescentes belas, esbeltas, logo pesadas, deformadas, fanadas, e a rainha, a Beatriz que depois de amanhã faz anos mas já começam hoje as bebedeiras anuais a pretexto do aniversário, e que é os negócios, e a red light das janelas, e os jardins de tulipas, e os turistas.
Uma cidade de que gosto.

Ah, pois... aqui há gato!

Lloyd C. Blankfein, CEO da Goldman Sachs,
a ser assediado antes do seu testemunho
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Ontem e hoje, ao pequeno-almoço neste modesto hotel de Amsterdam, no enorme ecran da televisão (é curioso e contraditório como o mais tradicional e modesto café tem um enorme e moderníssimo ecran de televisão… para dar os jogos de futebol), fui acompanhando o relato da audição dos responsáveis do grupo banqueiro Goldman Sachs, um dos maiores do mundo, no Senado dos Estados Unidos. Aquilo a que chamamos audição parlamentar, e que tanto parece incomodar alguns dos nossos preclaros politólogos (um deles ironizava chamando sovietólogos aos outros seus colegas e cúmplices de comentários, o que é uma verdadeira incongruência…) tem larguíssima cobertura na CNN e no google.
Podemos considerar que é, e decerto é, uma forma de informar que, incapaz de fugir à realidade, a trata de maneira a não se ir ao fundo das questões, arranjando-se “bodes expiatórios” e transformando-se em diversão o que não pode ser escondido… mas o rabo do gato também é gato.
E quem quiser ver, vê que "aqui há gato"!

terça-feira, abril 27, 2010

Reflexões lentas… ou as gerações perdidas…

… ou... a ver a ver a foto de um envelhecido Gorbatchov num jornal de Amsterdão, por onde deve andar em razoavelmente (já terá sido bem melhor…) remunerada digressão:
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Quando era indispensável (e atrasado estava…) o salto qualitativo na experiência real do socialismo, estiolou-se na procura de ganhar ao adversário no seu jogo, no seu terreno (com todos os painéis e canais de propaganda que envolviam o espaço ao seu/dele serviço), sendo dele as regras e dele o árbitro, apenas suas as claques, agressivas, violentas, sem escrúpulos nem comedimentos éticos, comprando ele jogadores nossos, que facilmente se deixaram vender, esquecida a imprescindível, vital!, participação do povo…
Só há que recomeçar, perdão..., que continuar o jogo nas novas condições, cujas são sempre novas!

Eleições em Cuba - mais de 8 milhões a votar (mais de 90%)

Se quer estar informado... leia, se faz favor!

No rescaldo/ressaca do 25 de Abril - última (ou talvez não...)

Ainda fica, evidentemente, muita coisa por dizer, e talvez aqui volte ainda no rescaldo/ressaca do 25 de Abril. Mas quero, com todo o simbolismo que merece, fechar a série sobre o 25 de Abril de 2010 com esta foto da Sofia, filha de Catarina, que é afilhada de Sofia (Ferreira) e filha de Mariana, que é filha de Catarina (Rafael), com abraços fortes para o pai e para o avô, o Armando, que me mandou esta foto da neta no desfile de rua, na Avenida da Liberdade em Lisboa, das comemorações do 25 de Abril, abrindo já as comemorações para os anos vindouros.
25 de Abril, sempre! Como se vê...
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Reflexões lentas... e subjectivas - no rescaldo do 25 de Abril

Olho para os muitos apontamentos para/de variadíssimas intervenções que fiz sobre o 25 de Abril - em escolas, em iniciativas de unidade e memória, em sessões do Partido, por tanto lado... - e vejo este aviso para uso próprio (e não só):
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ganhar a competência de acabar as intervenções (e abrir ao debate) antes dos "ouvintes" se perguntarem "quando é que ele acaba?"

segunda-feira, abril 26, 2010

Portugal no €uro, isto é, na UEM

O cenário de saída de Portugal do €uro, isto é, da União Económica e Monetária (UEM), ou seja, da moeda única e do Banco Central Europeu, tem estado a ser considerado por "reputados" (este qualificativo não tem nada a ver a mãezinha dos ditos...) economistas.

O tema da UEM, e da integração de Portugal nesse passo de dita "construção europeia", merece ser tratado com grande seriedade, como sempre o fizemos, seriedade que faltou a outros, que nem sequer pestanejaram, por exemplo, com o câmbio decidido para que o escudo fosse substituído pelo €uro com evidente, e hoje comprovada, desvantagem para as actividade exportadoras portuguesas, como hoje se confirma e alguns reconhecem.
Assim procurarei continuar a fazer por outras páginas, e aqui apenas deixo a opinião de que a irresponsabilidade de quem promoveu (e como) essa integração é a mesma com que se aborda este cenário verdadeiramente perturbador. Com a curiosíssima questão, de nível institucional, que já vi colocada por um desses "reputados" economistas, de que a concretização desse cenário exigiria revisão do Tratado de Lisboa pois este, se abre a possibilidade de um Estado-membro da União Europeia (UE) dela sair, não contempla a de saída de um membro da UEM, que é parte da UE.
O que é mesmo caricato pois poria a hipótese de um Estado-membro poder sair da UE e ter de continuar a fazer parte da UEM!
Minudência? Não o diria e, antes, que é reveladora da irresponsabilidade de que falo. Sempre com o custo social a ser pago pelos mesmos, enquanto os capitais financeiros se acumulam,

No rescaldo/ressaca do 25 de Abril

1. Cavaco descobriu (PR deste País de descobridores de caminhos marítimos e pescadores...) o mare nostrum (não assim porque, fora das finanças, de nada mais ele sabe... e sobre finanças saberá muito mas com antolhos...)!
Seria interessante estudar as consequências dos seus mandatos/anos como chefe do executivo no seu desgraçado malbaratar desse nosso recurso inigualável e indiscutível vantagem comparativa!
2. O grande motivo mediático das oficiais comemorações teria sido a citação de Lenine (ainda por cima incorrecta), feita pelo discursador em nome do PSD. Ex-citação!
E eu que julgava que tudo o que viesse de Lenine era in(a)c(e)itável...
Como a realidade se impõe!
Só nos incita à luta!

domingo, abril 25, 2010

25 de Abril, sempre!

Para fechar o dia... e para nos dar mais força para o continuar, a excelente leitura gráfica de José Santa Bárbara:

Obrigado, Zé!

Uma surpresa no dia 25 de Abril

Já hoje – e hoje é 25 de Abril! –, depois de tantas voltas e viagens destes últimos dias, regressava de Ourém, da cidade.
Tinha de ter ido, como há tantos anos o faço, como o fiz em 1 de Maio de 1974, estar na “minha terra”, com a “minha gente”, mesmo com aquela que não é a “minha gente” porque não me quer entre os seus. E passara, com todos eles, a meia-noite, emocionara-me, cantara Grândola e o hino nacional, misturado com a que é a gente que minha é porque deles sou.
Vinha… estranho. Estranhamente “estrangeiro”. Sabendo que o sou, assumindo-me lucidamente que o sou, triste por o ser. O corpo pedia cama e repouso. Mas a cabeça não parava. De procurar coisas. Queria deixar aqui uma marca. E encontrei-a, em As Asas de Ícaro, do Rogério Ribeiro. Fiz todo o trabalho para que, hoje, fique aqui essa marca que quero que fique.
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Acabado o trabalho, com o corpo a ganhar a batalha contra a vontade de continuar desperto e vivo, ainda resolvi uma passagem pelas últimas notícias. Fui ao sapo ver o que havia. E tropecei na rubrica Rede, onde vejo «25 de Abril sempre, o testemunho de um preso político». Antes de abrir ainda disse cá para mim vamos lá ver quem eles foram descobrir para não ser um dos nossos (*)… E encontrei isto.
Fiquei surpreendido, comovido. Grato.
Reli o texto, que é o começo do meu livro de 1982/3. Apeteceu-me reescrevê-lo. Há para ali coisas que deviam ser corrigidas formalmente, vírgulas a mais e vírgulas a menos (algumas não por minha culpa).
Mas... fiquei reconciliado! E fui dormir para acordar para a manhã do dia nascido!
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(*) - não é mania da perseguição, não, é perseguição mesmo... com excepções como faz parte das regras.

«A escultura, de seu nome As Asas de Ícaro, entronca na motivação em que estava implicado o meu trabalho, na recriação e procura dum sentido ou correspondência actual para uma história que nos acompanha desde a Grécia Antiga como uma referência cultural significativa.

É simples a sua síntese: um jovem injustamente preso num labirinto, com o apoio e engenho de seu pai, tenta ganhar a liberdade voando. Voar era a única saída para o mundo e Ícaro, assim se chamava o jovem, intenta realizar a sua fuga pelo único caminho possível: o espaço. Durante o voo, encantado pelo sucesso e pela visão deslumbrada e nova que descobre, não se cuida e cai no fundo do mar.

Estas "asas" de ferro negam a leveza necessária ao voo, estão assentes na terra e erguem-se em louvor da liberdade, em louvor da ousadia, das metas difíceis, na convicção profunda de que tudo está ao alcance do Homem na justa medida da sua capacidade, da sua vontade, do sonho de alcançar renovadamente o seu caminho.»

Rogério Ribeiro
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Escultura de Rogério Ribeiro no Laranjeiro, texto em 25 anos de Poder Local - 1976-2001, Almada, Câmara Municipal, 2001
Acordou para o dia na cela de Caxias.
Com a unha marcou, na parede suja, mais uma manhã acordada em Caxias.
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Acordou para o dia. Para o dia que 25 era, e do mês 4, e do ano 74.
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Lembrou os camaradas que, em Peniche e noutros lugares, punham mais um risco em paredes sujas como calendários de dias assim contados.
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Seria aquele o dia de ir para interrogatório, para a tortura?
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(de um desenho de Roberto Chichorro.

Obrigado, Amigo!)

NÃO!
Acordava para o dia!

Para o dia que ia ser o dia novo, o dia ovo, o dia povo.

sábado, abril 24, 2010

Não lembraria ao diabo...

No Público de ontem, sobre a medida integrada na "operação PEC" pela qual as mais-valias resultantes de especulações bolsistas serão tributadas como se de lucros se tratasse :
«O diploma aprovado ontem em Conselho de Ministros agrava a tributação das mais-valias mobiliárias, mas mantém as actuais isenções aos contribuintes não-residentes em Portugal e das cúpulas dos grupos económicos, por onde passa parte significativa desses rendimentos.»
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Não lembraria ao diabo... só ao nosso (salvo seja) primeiro-ministro e/ou ao respectivo ministro das finanças.

sexta-feira, abril 23, 2010

As Nações Unidas hoje, segundo o padre Miguel d'Escoto (presidente da Assembleia Geral da ONU)

De leitura muito útil!

(... isto digo eu...)

Grande solidariedade!

A Grécia, perdão..., o governo grego pediu ajuda.
Depois de muita confusão ao mais alto nível ("quere-se dezer"...) as coisas compõem-se. A ajuda será pedida à União Europeia e ao FMI, e Ângela Merkl terá dado luz verde para "entrar" com 30 mil milhões de euros (a Alemanha ou a UE?) para a quantia global de 45 mil milhões de euros de "ajuda solidária"... desde que as conversações do governo grego com o FMI corram bem, ou seja, se aquele disser amen às condições deste.
Mas o que é intressante é que a tal "ajuda solidária" vencerá juros de 5%, a pagar pelos gregos, claro. Como tenho quem me empreste a 2/2,5% também quero "ajudar" a Grécia. Peço aí uns 10 mil euros a 2,5% de juros (deve ser o meu limite de crédito, tadinho), empresto-os à Grécia e recebo 5% de juros,o que dará no fim de contas 250 euros de lucro, vou passar um fim de semana sem olhar a despesas, e ainda poderei ser agraciado com alguma condecoração grega de que estou a precisar para pôr no cartão de visita. Pode ser, ou é só para os grandes?

Na “onda” da internacionalização

Há assim “ondas”. Para ver se nós “surfamos” nelas enquanto "eles" se safam...
Agora é a da internacionalização, não como dinâmica inelutável do processo histórico e da interdependência, mas em louca correria para as exportações e a dependência do exterior. Para as exportações e em força.
Mas a “onda” tem pouca força, como impacto de propaganda, por não vencer o “tsunami” que os mercados financeiros, especulativos, estão a trazer sobre Portugal. Mas lá vai servindo de diversão e, o que é pior, de confirmação de políticas contra os trabalhadores, de menosprezo, de desprezo!, pelo mercado interno, aquele que se constrói com os salários e o seu poder de compra das populações.
Em Ourém, onde veio o sr. Van-Zeller, que foi o “patrão dos patrões”, e agora é o presidente do Conselho da Promoção para a Internacionalização (passou da CIP para a CPI!), diz a comunicação social que ensinou que Portugal exporta 31% do seu PIB, o que é mais do que a maioria dos países da Europa e arredores, acrescentando que nem seria muito, dado que os “outros” beneficiam de mercados internos maiores que o mercado interno português.
Quer isto dizer que o nosso mercado interno é muito reduzido, diminuto, por ser 69% de um PIB pequeno, mais pequeno que o dos "outros". Pois a luminária, reconhecendo outro facto, que é o de quase 90% dos exportadores portugueses apenas exportarem 6% do total, “ficando o grosso das exportações a cargo de poucas empresas de grande dimensão”, acha bem – e promove, ou propagandeia, na sua CPI – o objectivo do governo de aumentar as exportações para 40% do PIB que, entretanto, teria paupérrimo crescimento nos projectos do governo em PEC (mas nada impec…).
Ou seja, o mercado interno, aquilo que nós procuraríamos no mercado para satisfação das nossas necessidades, passaria de 69% de um produto que iria pouco crescer - se alguma coisa crescesse - para 60%!
Esta gente não está boa da cabecinha. Ou então somos nós…

quinta-feira, abril 22, 2010

Catástrofes e erupções

Já aqui falei, recentemente, de catástrofes naturais, que nunca seriam só naturais porque o ser humano foi metendo o dedo, a mão na massa, pernas ao caminho, o corpo todo e o que o prolongava, na natureza de que faz parte.
Perante a erupção do vulcão da Islândia tive um momento de perplexidade. Ora ali estava uma catástrofe natural em que não descortinava influência do ser humano. E estava isto mais ou menos arrumado em mim, quando um pequeno texto do camarada Ângelo Alves, no Actual do avante! de hoje, me alertou para essa ligação, embora com outras formas.
É verdade que, como se pode ler em a erupção dos lucros, “o que sobressai é que o que é prioritário para o poder político é não deixar que os sacrossantos lucros das companhias aéreas saiam sequer beliscados com as cinzas do vulcão”.
Duas observações, retiradas do texto:
1. ... nem que para isso haja alguma “flexibilidade” relativamente à segurança, esperando-se que nada resulte em então pouco natural catástrofe humana;
2. ... a pouca atenção, quase desplante, com que se consideram os inconvenientes, alguns enormes, que resultaram para os passageiros de menor capacidade económica, nomeadamente os trabalhadores à espera de transporte.

Nos 140 anos do nascimento de Lenine – 5 (22.04)

Lenine nasceu a 22 de Abril, há 140 anos.

Assinalou-se, aqui, esta efeméride do maior significado para a História da Humanidade, com uma série de 5 “posts”. Soube a pouco.

Este é apenas, sublinhe-se, um modestíssimo contributo que se quer juntar a muitos outros que se estão concretizando. A revolução soviética, de que Lenine é um símbolo, e uma ilustração pela unidade dialéctica da teoria e da prática revolucionárias, não pode ser apagada, e muito se tem de lutar para que não seja, como está a ser, totalmente desvirtuada historicamente.

A vida de Lenine, pela sua intervenção no rumo do fluir colectivo, insere-se, inapagavelmente, na História, que é a da luta de classes enquanto classes – tal como o marxismo-leninismo as define, de forma não dogmática – houver na História.
A última citação traz-nos bem perto. Traz-nos hoje e aqui.

5. «Politicamente, devemos aproveitar os desacordos que existem entre os nossos inimigos mas unicamente os desacordos profundos determinados pelas causas económicas mais graves. Se tentarmos explorar os pequenos desacordos ocasionais, nós não seremos mais que pequenos políticos e medíocres diplomatas. Nada de sério se ganhará com isso.»

[Obras (edição francesa), tomo 31, página 460, em Les idées de Lénine et les relations internationales contemporaines, D. Tomachevski, Les éditions du progrès, 1974, Moscovo]

As Catarinas e as Marianas da nossa luta

Publiquei esta mensagem em docordel.blogspot.com. Mas porque a quero mais conhecida, mais lida, também aqui a trago:


Morreu Catarina Rafael.

Senti a sua morte como a perda de uma amiga, dada a amizade pessoal que tenho com a família, como a perda de uma camarada que também é um dos símbolos da nossa luta, da luta de cada um de nós – de cada mulher, de cada homem – fazendo a luta de todos nós.
E há nomes que parecem predestinados para terem esse valor de símbolo. Como o de Catarina. Porque não há só a Catarina Eufémia, de Baleizão, que tanto nos diz, que tanto cantamos, que é tão nossa. Há também a Catarina Rafael, de Vale de Vargo, que tão nossa é, esta camarada que agora nos deixou, mas de que temos de guardar a lembrança indelével do que foi a sua vida, do que é o seu exemplo.
26 anos de clandestinidade, mais de um quarto de século a fazer (com o seu companheiro, o Joaquim Rafael) - não sentados a um computador como estou agora a escrever, mas compondo com tipos de chumbo, fazendo rolar o compressor manual carregado de tinta, sempre vigilantes a todos os sinais de perigo -, a fazer, operariamente, o Avante!, o Militante, todas as publicações e documentos que mostravam – e eram também – a luta na clandestinidade contra o fascismo, pela liberdade e pela democracia, pelo povo português. Mas também a sua vida, a vida daqueles dois camaradas, com o seu direito a serem felizes, porque iguais a todos nós e tão melhores que todos nós.

Em tempos (há tantos anos!) li um livro Um homem na revolução, e penso como a Catarina e o Joaquim Rafael mereciam um livro, um filme, um DVD, sei lá o quê…, que contasse a história de Uma Família na Revolução. Sim, porque, clandestinos, tendo, tantas vezes…, de sair apressadamente de um lugar para defender a luta e as tarefas – como o fizeram da Corredoura, em Ourém, e sempre o fizeram com a heroicidade e a tão indispensável vigilância que lhes permitiu nunca serem presos e garantirem a continuidade da tarefa –, não eram só os dois, era também a filha querida, porque querida foi e na clandestinidade nasceu, a Mariana, que outros nomes teve como Clarinha se chamou quando por terras de Ourém.
Mariana! Mais um nome predestinado para tornar quem o tem um símbolo da luta. Porque há a Mariana Balbina Janeiro, de Baleizão também, essa mulher determinada, valente como outra não conheci, e que, por isso, a PIDE barbaramente destruiu com a violência das torturas. Mas também a Mariana Rafael, a filha de Catarina e Joaquim. De que gosto de contar a história, em resumo romanceado (“do cordel”): nasceu na clandestinidade, casou na clandestinidade, teve filhos na clandestinidade, e quando, depois de tanto nos ter ajudado a conquistar a liberdade para nós todos, depois de ter visto os filhos adultos e licenciados (e que lindos eles são, disse-o uma vez, há quase uns 10 anos...), resolveu que era a hora de si, de ser ela a formar-se, e tirou, brilhantemente, um curso superior, ela que nem à escola primária tinha ido porque a clandestinidade não lho tinha consentido.
Quando morre Catarina Rafael, quero dizer uma “frase batida” a vida continua. E continua porque sim, mas também porque a neta, mais uma Catarina! - perdão, a dra. Catarina -, honra a avó e o nome que tem (e os pais), e aí está a Sofia a começar a viver - com que força... -, às portas do futuro e, se for preciso, capaz de as abrir, seguindo o exemplo das Catarinas e das Marianas da nossa luta.

quarta-feira, abril 21, 2010

Pode um País ir à falência?

Anda a falar-se muito desta possibilidade. A propósito (ou a despropósito) da Grécia, da Islândia, da Irlanda, da Espanha, de Portugal e outros... dos PIIGS.
Mas pode um País, um Estado, isto é, uma Nação politicamente organizada, ir à falência?
Só o diz, ou insinua, ou avisa, solene e solerte, quem (uns falaciosamente, outros inocentemente) assemelha ou assimila Estado a empresa, e reduz toda a actividade a empreendedorismo, esse neologismo execrável que, ao fim ao cabo, quer dizer (quando não o explicita…) que tudo tem de mexer e de se avaliar pelo único critério do investimento do capital-dinheiro próprio ou alheio (por crédito bancário por vias e a taxas de juro variáveis) e da sua reprodução e acumulação.
Um Estado não é uma empresa grande!
Um Estado não vai à falência por ter dificuldades resultantes dos caminhos e das gestões/administrações públicas que foram sendo tomadas por si, em seu nome. Tem, ou pode ter, défices, como antes de todos, i) o alimentar se os seus residentes tiverem de recorrer a recursos externos primários ou destes derivados por os próprios serem escassos ou mal/in-aproveitados ou exportados, ii) o da balança comercial, por cobertura desse défice alimentar, e outros, através de importações superiores às exportações, iii) o do orçamento, por o Estado estar a ter despesas a mais (e quais?) e receitas a menos (e porquê?), iv) o défice/dívida pública, por, em resultado de todas as contas, o Estado ter dever mais do que tem a haver.
Então, e se o que existe nos "cofres do Estado", como ouro, divisas, o que for e para os cofres se possa fazer entrar sob essas formas, não chegar para cobrir a dívida, não está falido? Em hermenêutica empresarial estaria, porque esse seria o seu património, o seu activo. Mas o "activo", o "património" de um Estado, é muito mais e diferente do que está nos "cofres do Estado" e coisas avulsas (como empresas públicas) que, vendidas, nele possam entrar ou ir directamente para os credores!

A imagem que me assalta é que nos foram levando (sempre com resistências, sempre com avisos, sempre com prevenções e luta, mas sem que a relação de forças as conseguisse impor) por caminho direito a um abismo e, agora que estamos à beirinha, nos empurram para... dar um saltinho em frente. Porque os mercados decretaram que estamos falidos, como se fossemos uma loja da esquina.
Há é que mudar de políticas, das políticas que nos trouxeram à borda do precipício. E não há que recuar, há é que dar dois passos atrás, virar à esquerda e aproximarmo-nos da ponte que nos leve ao futuro.
Há que valorizar os trabalhadores, os nossos recursos naturais e adquiridos, dar importância vital ao mercado interno porque isso quer dizer mais consumo e melhor viver para os portugueses, há que, claro, incentivar as actividades de exportação mas não as tornar o maior e, muito menos, exclusivo deus ex-machina da economia (porque este são as necessidades das pessoas e a sua satisfação), menos banqueirismo e financeirismo só qb para que a economia funcione.
Podemos fazê-lo sozinhos?
Nada se faz sozinho... mas nada se faz sem sermos nós, onde e quando, a fazê-lo! Esta, sim, é uma imagem em que o Estado pode ser assimilado ou assemelhado a tudo o resto. O mundo internacionalizou-se e está cada vez mais internacionalizado. A interdependência é um facto incontroverso. Mas não pode ser – não será! – tão assimétrica como é e como este caminho que estamos percorrendo a faz.
Mas pelo mundo - que não se reduz à Europa e à União Europeia e Estados Unidos -, vão acontecendo coisas...

Nos 140 anos do nascimento de Lenine – 4 (21.04)

Entre os muito e decisivos contributos de Lenine, em todos os aspectos desde a reflexão teórica até à prática revolucionária, escolho duas citações para ilustrar o que pode ser encarado como (por quem assim quiser ver…) essa ligação permanente, vital, do pensamento e da acção. Não como fases separadas e sequentes ou consecutivas (penso, logo ajo ou faço, logo penso… com toda a ambiguidade intencional para o significado de "logo", ou de sequência temporal ou de determinante causal) mas como unidade dialéctica.
Essas citações (de e sobre Lenine), a de hoje e a de amanhã, ajudam (espero eu) a mostrar a dimensão espacial que Lenine trouxe ao marxismo-leninismo, corrigindo algum eurocentrismo de que não nos conseguimos (ainda hoje) libertar.


4. «Esta nova situação histórica, que coloca mão na mão os povos oprimidos e a classe operária em luta contra o imperialismo, encontrou a sua expressão na palavra de ordem aprovada por Lenine: “Proletários de todo o mundo e povos oprimidos, uni-vos!”. Em resposta às dúvidas de alguns camaradas sobre a diferença entre essa palavra de ordem e a do Manifesto do Partido Comunista, Lenine declarou: “Certo!, do ponto de vista do Manifesto, ela não é exacta, mas o Manifesto foi redigido em condições bem diferentes, e a nova palavra de ordem é justa do ponto de vista da política actual(*)”»

(*) - Obras (edição francesa), tomo 31, páginas 470/471, em Les idées de Lénine et les relations internationales contemporaines, D. Tomachevski, editions du progrès, 1974, Moscovo.

Agenda
















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... e mais umas idas a umas escolas (como a do Sagrado Coração de Maria, em Fátima, no dia 23.)
VIVA o 25 de Abril!

Meus caros amigos…

A coisa por aqui (e por aí, e por ali, e por acolá…) está preta.
Veja-se que o grande tema das páginas de economia, perdão, dos negócios é a saída de Portugal do euro! E com problemas formais curiosos como aquele do novo tratado (o de Lisboa) permitir que um Estado-membro deixe de ser membro da União Europeia mas não União Económica e Monetária, isto é do euro e Banco Central Europeu.
Ao que isto chegou! E assim, de um momento para o outro.

O PR, com aquela sua fluência e riqueza conceptual a que nos habituou, já veio falar de (avisando sobre) especuladores, dpois de ter afirmado a pés juntos que a nossa situação nada tinha a ver com a da Grécia quando se estava mesmo a ver que tinha tuso a ver.

E um secretário de Estado (do orçamento) disse de microfone aberto, sem papas na língua nem contenção nas imagens, que “se olharmos para esta situação como aquela actividade predadora das aves de rapina ou de animais ferozes que vão à caça, é claro que, quando é eliminada uma das presas, o apetite dos mercados não desaparece, há mais tentações para atingir outro país».
Estava a falar - estamos a falar! - de (e a misturar o) quê?
“Uma das presas” eliminada será a Grécia, as “aves de rapina ou animais ferozes que vão à caça”, em “actividade predadora” serão os especuladores com “o apetite (voraz, insaciável) dos mercados”, as “tentações” (das aves de rapina ou animais ferozes) para “atingir outro país” dirigem-se a Portugal. Certo? Ele lá sabe do que, e como, fala!
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E a retoma?, e os trabalhadores?, e o povo?
Resta assistir, distraidamente (com o futebol, o fado e o rock-and-roll), enquanto nos vão entrando no País, em casa, nos bolsos? Enquanto o encarreirado novo vice-presidente do do BCE, um português (que honra!...), recomenda a maior cautela na acção fiscal sobre os bancos, onde, ao que parece, não se deve tocar nem com uma flor.
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Ó meus caros amigos!, a coisa por aqui (e por ali, e por acolá) está preta.
Mas há alternativas. Que não são os cenários com que nos inundam para que tudo fique na mesma e pior.

De lírios e dislates... ao serviço - 3

5. "Se nós estivéssemos como estivémos no século passado, antes de aderirmos ao euro, a nossa situação seria muito frágil: estaríamos como a Islândia"

(a Islândia?, ela faz parte da dita União Europeia?, e porque não a Noruega?)






parte do cartoon de Luís Afonso,
em Jornal de Negócios

terça-feira, abril 20, 2010

Delírios e dislates - 2

3. "Sempre achei que Cabo Verde não devia ter sido independente, mas era muito difícil fazer o contrário" (pois... e também sempre achou outras coisas que lá foi conseguindo fazer com a ajuda de cúmplices como o sr. Carlucci, mas não todas, mas não todas).

4.. "Não aceitamos que o Estado nos enfie pela goela abaixo o social que quer" (isto, claro, no quadro das intenções de "despartidarização" do Estado e de "desestatização da sociedade" e de sectores como a saúde e a educação... isto, anote-se, antes da "desconstitucionalização" da República Portuguesa, cuja Constituição, democraticamente conquistada e promulgada, ainda sobrevive, apesar dos maus tratos que já sofreu).
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Nem refiro os autores do que considero (por minha conta e risco...) delírios e dislates, porque acho que não vale a pena... eles autonomizam-se das autorias.

Nos 140 anos do nascimento de Lenine – 3 (20.04)

Em tudo quanto se lê (e cita) há que procurar a adequação ao tempo que se vive e em que se luta (os que vivem e lutam…).

Nestas citações (de ou a partir de Lenine), muito se pode encontrar que ajuda a compreender o que se passa hoje porque insere o que hoje se passa num processo (histórico) que vem muito de trás (ou de há pouco… depende da escala do tempo que se use), em que o marxismo-leninismo está sempre na busca de encontrar as causas e as dinâmicas que transcendem o momento, o curto prazo, o instante em que alguns interesses se comprazem, através da exploração do ser humano pelo ser humano.


3. «(…) já em “O Estado e a Revolução”, escrito nos fins de 1917, Lenine, sem se sentir preso de maneira dogmática à definição de imperialismo publicada alguns meses antes, caracteriza o imperialismo como a época de capital financeiro, a época dos gigantescos monopólios capitalistas (…)»

(revista Economie et Politique, 143-144, 1966)

Reflexões lentas... e vamos lá a ver se percebo…

Então é assim, ou parece ser assim, ou quer-se que pareça que é assim… por ser assim:
As enormes, as exorbitantes, as escandalosas remunerações, com zeros que fazem milhões, de alguns sujeitos que saltitam do poder real para o “poder” político seriam muito benéficas para a economia em geral porque as empresas que assim os remuneram o fazem a partir dos seus lucros e, se lhes fosse pago menos, essas empresas teriam mais lucros para distribuir, logo haveria maiores dividendos, logo mais euros para mãos estrangeiras, o que prejudicaria a economia portuguesa.
Nesta ordem de ideias, a economia portuguesa ganharia com essas remunerações uma vez que, sendo portugueses (quase todos) esses privilegiados e até por aqui vivem, eles pagam, pelas suas exorbitantes remunerações, altos IRS, fazem compras nas nossas grandes superfícies e centros comerciais de luxo, pagam as quotas dos clubes portugueses, fazem mecenato e caridade, não aplicam o que lhes sobra em “off-shores” (???), sei lá que mais coisas boas para a economia portuguesa fazem eles com o dinheiro que ganham e foi desviado dos gananciosos capitalistas estrangeiros...
Esses gananciosos capitalistas estrangeiros... que fizeram o favor de participar na compra das empresas que estavam na posse do Estado por serem nossas, aquilo a que obsoletamente (tal como na obsoleta Constituição da República Portuguesa que ainda tem sementes do famigerado 25 de Abril) se chamava sector público estatal, monopólios naturais, serviço público, essas coisas…
Mas… vamos lá a ver se percebo…
Esta mesma lógica faria com que os trabalhadores, aqueles a quem se regateiam unidades em remunerações de centenas, se fossem aumentados, com esses aumentos diminuiriam os dividendos, impedindo-os de serem expatriados (mesmo os que por cá começassem por ficar), e pagariam – esses acréscimos de rendimentos, sim... porque os trabalhadores pagam mesmo – mais elevados IRS, fariam mais compras nos hipermercados e nas mercearias da esquina e nas vendas da aldeia, aumentariam as quotas do Benfica e do sindicato, não aplicariam o que pudesse sobrar (pouca coisa seria...) em "off-shores" (!!!), sei lá que mais coisas boas para a economia portuguesa… com o dinheiro que fosse desviado dos gananciosos capitalistas.
Estes fugiriam para outros “paraísos” porque aqui deixaria de ser, ripostar-me-iam.
Alto aí! Então porque não fogem quando o dinheiro desviado dos seus lucros é para exorbitantes remunerações?
Dir-me-ão – e estou a ver se percebo… – que assim é porque essas remunerações exorbitantes retribuem quem lhes fazem aumentar os lucros (o que não seria o caso dos trabalhadores, bem pelo contrário) que, depois, podem ser diminuídos pelas remunerações exorbitantes porque o saldo seria positivo.
Até porque essas dezenas de remunerados com milhões fazem parte do sistema e os milhões de trabalhadores das centenas de euros não. E seriam mesmo contra o sistema se viessem a entender, a tomar consciência!
Estou a perceber…
(“Não estás nada! É a economia, estúpido…”)
Pronto(s), está bem… e eu que até julgava que era economista...
(Economista, tu?!)
Fui, pronto(s)… agora sou só outra coisa que também acaba em ista e não é jornalista e é o contrário de fascista.

A reunião dos BRIC e dos ISAB no Brasil

Estas reuniões, de que já deixei nota por aqui, podem ter grande significado. Tanto quanto o quase silêncio feito à sua volta.


Os BRIC são, só, Brasil, Russia, India e China, os mais populosos, mais extensos e com maior crescimento económico do mundo, e os ISAB são, apenas, a Índia, a África do Sul e o Brasil.


No Vermelho - a esquerda bem informada, o editorial é-lhes dedicado.

Para ler... e fazer pensar!

segunda-feira, abril 19, 2010

Nos 140 anos do nascimento de Lenine - 2 (19.04)

Estas citações até 22 de Abril (todos os dias pelas 18 horas), data em que Lenine nasceu há 140 anos, têm em atenção e prevenção (que reli e reformulo) que a profunda confiança na validade da teoria marxista-leninista não se traduz numa repetição escolástica das obras de Marx, Engels, Lenine, Cunhal (e mais de quem seja), o que as tornaria cada vez menos compreensíveis à medida que a exegese se repetisse; ainda menos se traduz numa embrutecedora condensação de citações, estilo catecismo ou pequeno livro (qualquer a cor).
Nenhuma citação, como nenhum livro de centenas de páginas, se deve esgotar na sua leitura ou, se se esgotasse, nada valeria porque não obrigaria quem leu, quem acaso leu a citação ou o calhamaço, a reflectir com/pela sua cabeça.
2. «(…) Se fosse necessário dar uma definição o mais breve possível do imperialismo, deveria dizer-se que o imperialismo é a fase monopolista do capitalismo. Essa definição compreenderia o principal, pois, por um lado, o capital financeiro é o capital bancário de alguns grandes bancos monopolistas fundido com o capital das associações monopolistas de industriais, e, por outro lado, a partilha do mundo é a transição da política colonial que se estende sem obstáculos às regiões ainda não apropriadas por nenhuma potência capitalista para a política colonial de posse monopolista dos territórios do globo já inteiramente repartido. Mas as definições excessivamente breves, se bem que cómodas, pois contêm o principal, são insuficientes, já que é necessário extrair delas especialmente traços muito importantes do que é preciso definir. (…)»

(O imperialismo, fase superior do capitalismo, escrito entre Janeiro e Junho de 1916, publicado no início de 1917)

Delírios e dislates... ao serviço - 1

1. «Os deputados são servos e gostam de ser servos.» (na campanha contra os partidos - mas não todos... - e para que os deputados sejam servos de interesses, como alguns - tantos - já o são!)

2. «Eu quero escolher o meu deputado!» (eu não... já tenho os meus deputados! São aqueles que, não sendo só meus, estão na AR e no PE em tarefa, a lutar pelo que luto dentro e fora da instância parlamentar, tantas vezes par(a)lamentar...)

No 40º Aniversário da CNSPP


Nos 140 anos do nascimento de Lenine - 1

A participação na iniciativa de um encontro com quadros e debate sobre Lenine foi… uma tarefa. E se, por princípio, não quero hierarquizar as tarefas, esta foi das que me deram maior satisfação pessoal. Porque para umas teremos motivação, preparação e experiência útil, para outras… nem tanto.
Essa satisfação pessoal justifica-se (justifico-a) porque, embora nas tarefas de militante de um partido que tem a sua base teórica no marxismo-leninismo, cuja concepção de partido tem em Lenine a sua raíz, e o seu aprender, aprender, aprender sempre deva estar presente em todas as tarefas, por ter participado neste dia de trabalho dedicado a reflexão e debate sobre a sua vida, época, intervenção e obra teórica.
Acresce – e muito – que a média etária dos participantes, que foram mais de centena e meia, não foi muito prejudicada pela minha já provecta idade, dada a grande e bem mais que animadora quantidade (e interesse com que participaram) de jovens.
Em resumo, e pelo modo como correu, por minha avaliação, foi… um dia em cheio.
Não que as tarefas dos últimos dias, e muitas foram, não tenham sido agradáveis e estimulantes, pelo contrário, mas esta foi “especial”.
E, não apenas para cumprir o que deixei escrito no primeiro “post” de hoje, vou deixar uma citação de Lenine [de "O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia", publicado pela primeira vez em 1899. (Obras Completas, 3ª ed. russa, vol. III, pág. 428)] que estava em livro editado (e apreendido) em 1970, para assinalar o centenário do nascimento de Lenine, de que a 22 de Abril não esqueceremos os 140 anos, e começamos já a lembrar...


1. De quem se escreveu ter sido plenamente marxista porque o menos cristalizado e o menos dogmático dos marxistas, pode ler-se:

“De forma alguma encaramos a doutrina de Marx como algo de acabado e intangível; pelo contrário, estamos persuadidos de que ela apenas lançou as pedras angulares da ciência que os socialistas deverão fazer progredir em todas as direcções, se não quiserem ser ultrapassados pela vida”.


Até 22 de Abril, irei aqui colocar, em cada dia, uma citação de Lenine.

domingo, abril 18, 2010

Histórias ante(s)passadas e entre-cruzadas, ou entre escudos e euros

1. Em tempos que já lá vão, e muitos tempos são, a gasolina custava 4$60 o litro. E era só uma, nem sei se de 95 ou 98 (parece que) octanas). Ou seja, ao câmbio actual, 2,3 cêntimos.
O que sei, ou do que me lembro, é que chegava a uma bomba de gasolina e pedia ao trabalhador com o emprego de nos atender “20 litros, por favor” (sempre fui assim, educadinho… e para toda a gente).
O trabalhador metia os 20 litros, e enquanto estes iam entrando no depósito, limpava o pára-brisas, perguntava que eu queria que ele visse o nível do óleo e da água.
Pagava com uma nota de 100 escudos, isto é, mais ou menos uma moedita de 50 cêntimos, e seguia viagem com o depósito quase cheio.
Depois, bem... depois houve aumentos. Mas coisa pouca em relação àqueles que, de vez em quando, nos surpreendem nestes tempos de hoje em que estamos em inflação controlada, ou até de deflação, e de salários em perda continuada de poder de compra.

2. Nesses tempos de antes, que tão longe estão e de que não guardo saudades nenhumas a não ser as que de mim e em mim tenho, um amigo que nunca percebi bem se era muito irónico ou muito pouco inteligente (qu’é isto?) dizia-me “comigo, estão os gajos lixados… comigo não ganham eles um tusto… meto sempre o mesmo… chego à bomba e digo meta-me aí 100 escudos, e ando até dar…”.
E eu que pensava ter ouvido esta estória em primeira mão e, ao que parece, é estória velha… Ou então foi o meu velho amigo que a divulgou com as vezes que ele a contou e que eu a tenho contado. Ah! mas pode ser…

também (+ ou -) em ficcções do cordel

Por palavras de outros: a choldra

Li e achei excelente. Por isso, aqui trago: a choldra na horizontal e na vertical. Recomendo a leitura.

De regresso...

Foram só dois dias... Dois dias completos sem aqui vir, sem aqui me sentar, e viajar, e (a)postar. E sinto-me em carência. Não exageremos: sinto-me... de regresso.
Mas estou a avaliar a adequação (a mim) deste tema que um dos meus jornais semanais me atirou na sua primeira página:

Bom. Não exageremos!
Não trocava estes dias vividos num virote tal que me afastou dois dias completos deste canto de todos os dias e, agora, no regresso, sinto a falta que me fez vir aqui, informar-me e... desabafar, comunicando ou tentando comunicar.
Das razões desta ausência (me) dei conta por aqui.
Não das de ontem. E se elas foram importantes!, embora com "desenhos" e motivações totalmente diferentes. Uma iniciativa de dia inteiro, na Soeiro Pereira Gomes, com mais de centena e meia de camaradas, para se debater, por ocasião do seu 140º aniversário, a figura e o contributo de Lenine; um jantar, no Xico Santo Amaro, para se conversar - muito seriamente - sobre a situação orçamental do Juventude Ouriense - ah! os orçamentos do nosso descontentamento! - e o futuro da associação.
A estes temas voltarei. Aqui, e hoje, ao tema inesgotável de Lenine!

quinta-feira, abril 15, 2010

Não à resignação!

Há uma intenção, talvez não explícita mas que parece clara, de criar um ambiente quase diria de pânico, e/ou de resignação, perante as verdadeiras catástrofes (sociais) que se pretendem provocar, enquanto alguns nababos não só vivem escandalosamente bem, como esse seu viver serve para atrair, como pára-raios, a indignação que deveria cair sobre as causas da situação que vive a sociedade. E para que há alternativas!
Este exemplo é significativo:
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Ex-economista chefe FMI
"Portugal corre risco de falência económica"
artigo de Pedro Latoeiro no DE
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"Os políticos portugueses nada podem fazer
senão esperar que a situação vá piorando",
escreve Simon Johnson.
.
"O próximo no radar é Portugal. Este país só não está no centro das atenções porque a Grécia caiu numa espiral descendente. Mas estão ambos perto de falência económica e parecem hoje bem mais arriscados do que a Argentina quando entrou em incumprimento, em 2001", lê-se num artigo assinado em conjunto por Simon Johnson, antigo economista chefe do FMI, e Peter Boone, do ‘Center for Economic Performance' do London School of Economics. (...)
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Quanto à "sentença" de que "os políticos portugueses nada podem fazer senão esperar que a situação vá piorando", há que a recusar liminarmente, como cidadãos (e por isso políticos) que todos somos. Há que lutar contra estas políticas e estes políticos!
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Este mês de Abril! - 2

Para amanhã, 16, o programa está carregado:
Regressado de Santarém, vou abalar para Lisboa para um encontro/debate para que me convocaram/convidaram. Estive ligado à criação desta Confederação sindical, há bem mais de 20 anos... e considero-me um jovem quadro, embora reformado. É preciso mudar o presente, rumar ao futuro, pois claro!

Depois, ao fim do dia, re-regressarei a correr, com passagem/paragem em Alpiarça, para ouvir o Samuel e dizer umas coisas pelo meio das cantigas (sobre «a morte desceu à rua» - o assassinato de Dias Coelho - falarei mais detida e mais seriamente), sempre à conquista da liberdade.

Duas cimeiras

Esta semana, no Brasil, duas cimeiras:

  • dos IBAS - India, Brasil, África do Sul
  • dos BRIC - Brasil, Rússia, India, China

Há que estar atentos a estas reuniões!

quarta-feira, abril 14, 2010

Este mês de Abril!

Estes meses de Abril! São de loucura...
Cada um sabe de si, e não me venho queixar até porque se há coisas que faço com imenso gosto são estas de andar de um lado para o outro contando vivências, procurando trocar experiências. Mas estes meses de Abril são de loucura...
Não venho contar de mim. Venho prestar contas minhas para que, depois, quem quiser multiplique pelos muitos outros que fazem o que ando fazendo. E nunca serão contas exaustivas, posso garantir-vos. E estas minhas só a partir hoje, esquecendo o que já foi.

Amanhã:












Estou a preparar uma intervenção inicial (como me foi pedido) sobre o IIº Congresso de Aveiro, de 1969:

Reflexões lentas... sobre catástrofes (e por aqui)

foto no Expresso

Madeira, Rio de Janeiro/Niterói e outros lugares (Haiti é de "outras histórias"... daquelas a que, talvez..., nunca se venha a ter acesso).
Catástrofes. Naturais?
Mas haverá, hoje, catástrofes que sejam (só) naturais?
Em resposta a um mail nosso, preocupado e solidário, recebi este texto que não pode ficar sepultado no arquivo pessoal:
«Por aqui, a chuva deu trégua, embora Rio e Niterói continuem a contar seus mortos, quase 250. Todos, vitimados em ocupações em áreas de risco - algumas urbanizadas pelos (des)governos de prefeitos e políticos que investem no populismo pra receber votos.
Fiquei frustrado (comigo mesmo) por não perceber pelo menos uma das razões porque se perpetua (ou perpetuava) no poder em Niterói o grupo ligado ao atual Prefeito, quase sempre eleito por maioria esmagadora de votos: é a urbanização do que não se pode urbanizar - ruas em que a fachada dos morros e da comunidade esconde lixões e condições sub-humanas de moradia, com água, (sem) esgoto e energia improvisados. E o descarte do lixo nas encostas. Um misto de necessidade e deseducação das pessoas e de omissão dos (podres) Poderes Públicos.
E eu? O que faço? Fico gritando baixo nas mensagens aos Jornais!!!??? É pouco.
Mas isto já é outra história.»

Pois é, amigo! É - sempre - pouco o que façamos!, mas essa é outra história dentro da nossa - tão nossa! - História.
O que quero, agora, aqui, deixar como reflexão imediata, superficial mas muito profunda (é intencional a contradição!) é a questão, diria vital, dos instrumentos de regulamentação e constrangimento do liberalismo infrene. Poderão ser instrumentos maus, péssimos mesmos, mas se tiverem a intenção de colocar travões, de definir áreas de reserva, serão sempre melhores que a ausência de constrangimentos, que a "lei da selva" do poder de quem tem o poder do dinheiro e a febre insana de o multiplicar.

terça-feira, abril 13, 2010

Nos 40 anos da CNSPP

Para assinalar o 40º aniversário da criação da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, foram tomadas várias iniciativas e criou-se um local em que delas se dá conta. VER!

No que que respeita a actividades próximas, no dia 22 de Abril realizar-se-á um debate, no Centro Nacional de Cultura, Rua António Maria Cardoso, 68, Lisboa, sobre as condições prisionais e a solidariedade com os presos políticos e as suas famílias, com a participação de Frei Bento Domingues, Borges Coelho, Catalina Pestana, Manuela Bernardino e um(a) jovem que esteve na colónia de férias que o CNSPP oganizou para filhos de presos políticos, e um espectáculo no dia 27 de Maio no Cinema São Jorge.

segunda-feira, abril 12, 2010

Notas soltas e ao câmbio flutuante

  • Uma das “vantagem” de Portugal sair do euro não seria a de poder voltar às desvalorizações competitivas, como dizem uns “professores” que arrolam essas “vantagens”, apresentando-as de tal modo que são evidentes malefícios; a vantagem, para Portugal (e os portugueses), seria a de não se ter entrado daquela maneira no instrumento assim criado, com o gravíssimo inconveniente, para Portugal e os portugueses, da valorização anti-competitiva da moeda que passou a ser única e, por isso, também portuguesa.
  • As confusões terminológicas:
    O “norte” é – também – o centro; o “sul” é – também – a periferia.
  • Pedro Passos Coelho veio clamar pela anticonstitucional retirada do Estado da economia, antes mesmo da revisão constitucional que estão preparando, ao que o PS se esmera na antecipação, enquanto executivo que executa.
  • Enquanto o PS no governo vai executando, o capital financeiro diz mata! e o PSD, na “oposição” e para “mostrar serviço”, esfrega as mãos e sussurra ou grita (depende…) esfola!
  • Há, dada a pressuposta e forçada relação de forças, a ausência de uma abordagem em que o trabalho seja valorizado, ou tão-somente considerado, ou considerado tão-somente como mercadoria força de trabalho.
  • A diferença entre os fascistas e alguns fulanos que vou conhecendo pelos seus comportamentos, é que estes também são fascistas (em potência, pelo menos...).

Que força é esta?

Que força é esta?

(Parafraseando outro Sérgio, o Godinho)

Que força é esta que resiste quando e onde todos os outros desistem?
Que sobrevive aos milhões de assassinados (na Indonésia, em Espanha, no Iraque – com Saddam Hussein como executor –, no Chile, nos Estados Unidos, em Portugal – no Tarrafal – e por aqui e por ali)?
Que força é esta que emerge do pântano das falsidades históricas?
Que força é esta, quotidianamente caluniada, subtil(*) ou brutalmente(**), e que continua na luta, viva, nova, futuro como Humana idade?

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(*) - Ouvi, ontem, um embaixador acreditadíssimo, agora comentador permanente e encartado, dizer que não-sei-o-quê... esses países que eram da órbita soviética e agora são membros da União Europeia... não-sei-o-quê!

(**) - Li, ontem, a propósito do acidente de avião em que morreu o Presidente da República da Polónia e comitiva, a lembrança dos «massacres soviéticos» reafirmados como verdades históricas irrefutadas... e mais outras tantas brutalidades "históricas".

La paz... lucha encendida

Prometi voltar com Alberti.
Aqui está estão estas imagens de uma das boas (excelentes) recordações que trouxe da tarefa no Parlamento Europeu: uma gravura de Rafael Alberti, oferta a todos os deputados.
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La paz, que es lucha encendida,
vuelo para una paloma,
sol y tierra, sin herida.

Da enfermidade à efemer(a)idade

O sistema (o capitalismo… dando "o nome aos bois") está enfermo, o estafermo.
Assim é em resultado do seu funcionamento e da sua impossibilidade de regeneração. Um dos instrumentos que criou "à maneira" sua e do qual o nosso primeiro-ministro da altura, biblicamente eufórico, disse ser a pedra sobre a qual se iria construir a Europa (!) e, decorrentemente, um futuro feliz e próspero para todos, esse instrumento está a ser posto em causa tal como foi criado.
Após menos de década e meia de existência de vários lados surge a questão da sua efemeridade Surpreendente, não por assim ser mas pelos lados de onde vem sendo dito, ou só vislumbrado como possibilidade. E a culpa seria dos PIIGS!, designação encontrada para Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e eSpanha (de um "bom gosto" que ofenderia os intitulados se os seus governantes tivessem sensibilidade nacional).
Esta temática tem a maior relevância. Poria tudo em causa se houvesse um mínimo de bom senso, mas este acompanha o bom gosto na ausência por onde (não) andam.
E, não querendo eu que se afaste de mim o que de outros, próceres do sistema, está ausente, permito-me transcrever os dois últimos de cinco parágrafos de uma das 40 fichas (a C10) que compõem a edição de 1997 de edições avante!(*), NÃO À MOEDA ÚNICA, em que se escrevia (e pode ler!):

«(…) Para além dos efeitos que este cenário credível teria na economia portuguesa, acelerando a destruição do aparelho produtivo e exportador (e criando mais desemprego), diminuindo remessas de emigrantes e receitas do turismo ao mesmo tempo que se agravariam os saldos negativos da balança comercial, parece de sublinhar que os que ganhariam, quer os portugueses que fazem turismo, quer os que estão ligados à actividade de importação, quer quem (pessoas, empresas, capitais transnacionais) exporta para Portugal e em Portugal importa, definem estratos sociais (e de classe) de grande peso político.
"Cenário" catastrófico? Não. Perspectivas realistas e configurando as condições em que esta luta continua.»

Voltarei. Ao tema e ao livro. Para que seja eventualmente útil, para mim e para outros, na explicação do que se está a passar.

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(*) - Não à moeda única - um contributo, Lisboa, Junho de 1997

domingo, abril 11, 2010

A galopar - Rafael e Paco Ibañez

Com dedicatória a um vizinho e amigo que me lembrou Alberti


(e não ficarei por aqui...)

Citação

... matar «aquilo que a ansiedade de saber exige»...

Álvaro Cunhal

sábado, abril 10, 2010

Reflexões lentas... e subjectivas

A nossa questão central é a da dinamização e desenvolvimento da ligação às pessoas, às gentes, às massas.
Mas, como em todas as dinâmicas sociais, há as condições objectivas e as condições subjectivas. E, sendo as condições objectivas aquelas que se conhecem (que muitos sofrem e que, para alguns, são oportunidades), é fundamental ter em atenção a situação subjectiva das massas, ou seja, dos outros que somos nós.
Massas que, evidentemente, são heterogéneas, e de que cada um de nós terá as suas amostras próprias, que avaliará... subjectivamente, claro.
A partir das minhas amostras, diria que as massas estão

  • desempregadas
  • empregadas e… mal pagas
  • endividadas,
  • desnorteadas,
  • desesperadas,
  • indignadas.

Aliás, descubro (talvez mal…) intenções de provocar e canalizar a indignação das massas para «casos» e «fulanizações», para «Mexias» e outros que tais, assim se ilibando o sistema, o capitalismo, e colocando a posição ideológica e a luta dos comunistas num “outro mundo”, ou num mundo abatido ou a abater.
Há que explicar, explicar, explicar sempre, as causas do desemprego, do emprego mal pago, do endividamento, do desnorte, do desemprego, do desespero, da indignação e, para isso, aprender, aprender, aprender sempre.

sexta-feira, abril 09, 2010

Cada fio de vontade são dois braços/cada braço uma alavanca

No avante! de hoje:
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até 31 de Maio na Torre do Tombo.

Reflexões lentas... de/para luta

Foi talvez a gota de água…
No seu trabalho de serviço público, o samuel-cantigueiro (obrigado e desculpa o abuso) inclui um documento que fez transbordar o meu copo.
Depois de todos os antecedentes que se têm vindo a acumular, nesta semana pós-pascal, depois da “coluna” (pouco vertebral) de Mário Soares e sua citação de Max Weber, das afirmações de Fernando Pinto a advogar a privatização da empresa pública de que é o responsável mais visível, dos milhões de remuneração flutuante do Mexia da EDP e dos elogios de Sócrates, vem este vídeo de Zeinal Bava, o “homem da PT”, e o seu linguajar. Foi a cereja no cimo do bolo. Mas, se calhar, ainda haverá mais. A semana não acabou, ainda tem umas horas…

Por ordem inversa de chegada:

  1. Faltava, ou não se conhecia bem, este dialecto. O jovem génio Zeinal (veja-se o currículo) é aquilo. Está à frente da comunicação, e assim comunica. Agora, parece que eles têm tudo. No entanto, prefiro o mindrico, o mirandês que até é língua, o vernáculo do meu vizinho, e não estou a brincar porque me assustou aquele linguajar.
  2. Sobre a remuneração de Mexia em gulosas fatias e os elogios do accionista Sócrates (em nosso nome), estamos conversados.
  3. As palavras em brasilês de Fernando Pinto dizendo que o que há a fazer é privatizar a TAP, tem a gravidade de ser ele o responsável (visível) pela empresa pública de um País (não o seu!) que tem uma Constituição da República que outros juraram cumprir e fazer cumprir e diz o contrário do que ele diz e está a fazer. É verdadeiramente a raposa na capoeira.
  4. Por último mas sempre o primeiro, Mário Soares, recorrendo à sua vasta biblioteca, foi buscar uma citação de Max Weber “sem regras éticas, o capitalismo tende a entrar em crise" para as suas tiradas demagógicas e, se apetece fazer graça dizendo que deve ser por isso que o capitalismo está sempre em crise (larvar), por não ter regras éticas, o caso parece-me tão sério que digo, como Marx o escreveu em os manuscritos de 1844, que o capitalismo tem a sua moral, a do lucro, a da acumulação do capital, a do negócio sobre tudo, e que Max Weber quis ligar o capitalismo à sua religião, ao protestantismo, torná-lo ético nesse sentido… e falhou rotundamente.

Pronto. Têm tudo: ética, religião, ideologia, milhões de euros (se não há, imprime-se que não é preciso base material para nada), língua (ou linguajar). E, claro, o poder político ao seu inteiro serviço porque lhes parece que a relação de forças assim o permite.
Se não fosse a luta, a lucidez levaria ao desespero.

quinta-feira, abril 08, 2010

Registo: os pedidos de reforma na função pública!

Os pedidos de reforma na função pública "explodiram" no primeiro trimestre de 2010.
Entre Janeiro e Março, 15.806 funcionários públicos entregaram na Caixa Geral de Aposentações (CGA) o processo a pedir a reforma normal ou antecipada.
São mais de 175 por dia! Triplicaram em relação a período homólogo do ano passado.

Reflexões lentas... curtas (por agora), irritadas e muito sérias

1. Quando o dr. Mexia e o eng. Sócrates falam em acções e em accionistas, estão a falar para nós, mas em que língua? Em português ou em negociês? É que um é “accionista” do outro, isto é, é seu patrão (em parte) e cliente. E é-o em nosso nome porque o Estado não é ele, somos nós!
E quando se entre-elogiam, um que foi de um governo num intervalo do que é, outro que vai sendo outras coisas no meio do governo que é primeiro, elogiam-se porquê? Porque alcançaram os objectivos. Cujos são, em negociês, ter lucros, muitos lucros, tantos lucros que aguentem sem problemas as remunerações do CEO (esta foi boa!...), quer as fixas, coitaditas, quer as variáveis em função dos objectivos, vencer a concorrência, exportar, «estar na vanguarda» porque eles são vanguardistas. Fornecer energia à populaça? Também, claro que também. E se o que vendem (por acaso é energia... podia ser outra coisa) sair mais caro que o que a dita populaça, os clientes…, possa pagar, pagava antes ou convenha pagar, e isso crie problemas sociais, perdão, eleitorais, lá se arranjarão eles para que o Estado (que não são eles, mas somos nós) cubra a diferença… porque o show must go on, dizia (parece...) o Frank Sinatra.
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2. O novo caso que por aí anda, o das dificuldades de “impressão” do Libération que impediram a sua distribuição em Portugal quando a Portugal, e ao seu primeiro-ministro, dedicava algum espaço, lembra tempos idos e vividos. Mas o que faz mais impressão é a estupidez. O que, hoje, poderia ter sido um episódio desagradável tornou-se em mais caso, ilustrador de falta de carácter (e de estupidez, insisto).
E, na verdade e a propósito, aquela argumentação de que haveria uma campanha com a finalidade, mais que condenável, de «assassínio de carácter», não tem, afinal, qualquer justificação. Não se pode assassinar o que não existe. Ponto final.

quarta-feira, abril 07, 2010

Sobre direitos humanos... quem quiser ouver, ouveja!


Reflexões lentas... e sofridas!

Quando, ontem, coloquei aqui uma lenta reflexão (dorida) sobre o tema “morrer de fome em África”, defendendo a ideia de que essa situação é, por natureza, absurda e só se pode explicar pelos caminhos desumanos que percorre a humanidade, não sabia que hoje seria o dia mundial da saúde proclamado pela OMS (que bastante se descredibilizou com a “pandemia da gripe”).
Não se morre de fome em África (e no mundo), mas morre-se de doenças que só a desumanidade provoca e permite que existam hoje e ali. E aqui!
E morre-se em guerras e de guerras. Que doenças são. E que, não sendo a guerra directamente doença da esfera da saúde, muito agravam as situações sanitárias. Pelo que provocam e pelo não deixam prevenir e curar.
Nestas reflexões, ao deixar os dedos correr sobre as teclas, retenho um comentário amigo que ontem me fizeram, em conversa amena, quando me disseram que também não se morre de sede mas de doenças provocadas pela água que se bebe. É verdade! Mas, também neste caso, há que separar o urbano do rural, o “civilizado” de quem está em estado ainda próximo da sobrevivência animal.
Nas cidades, pode haver míngua de água nas torneiras, e tanta que o “civilizado” não saiba que fazer por desconhecer rios e fontes, e corra riscos de morrer de sede. Mas “no campo”, na proximidade da natureza, o ser humano decerto encontra acessível um riacho, uma lagoa, uma poça de água que lhe mate a sede. Ainda que, ao matar a sede, possa estar a ingerir o que, pelo que contém, lhe cause a morte por doença. Não por sede.
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E olho para um quadro, ali na parede, que mandei fazer de um desenho de António Domingues (de 1951!), em que ele satiriza um texto escolar dessa época que diz que “o homem é um ser vivo, não faz excepção à leis da natureza, nem pode furtar-se à influência do meio”, o que está certo, mas acrescenta “os pretos da região equatorial, são indolentes e preguiçosos, devido às facilidades de vida que lhes oferece o meio, pois, para se alimentarem, basta-lhes estender a mão para colher os frutos da bananeira, do coqueiro, etc.” (o sublinhado de "do coqueiro" é do António Domingues).
As várias maneiras de pegar nas realidades, ou como "o meio" nos influencia. Nos anos 50, nas escolas, dizia-se o que aqui estou dizendo na versão de que os... pretos eram indolentes e preguiçosos e tinham uns braços tão longos que levavam as mãos ao cimo dos coqueiros! Lá morrer de fome não morriam...

A saúde na fronteira ibérica

Há quem se escandalize e grite aqui del-rei, que há traidores e migueis de vasconcelos. Mas... de quem a culpa?
Leia-se esta reportagem.
E acrescente-se uma questão... orçamental. O Estado espanhol não apresenta ao Estado português a conta dos custos com os cuidados de saúde que dispensa aos cidadãos portugueses portadores de "cartão europeu de saúde"? Mais uma via de agravamento do défice orçamental, cujo combate tudo justifica.

7 de Abril

O Dia Mundial da Saúde 2010,
comemorado a 7 de Abril,
tem como tema urbanização e saúde.

"1000 Cidades, 1000 Dias" é o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a campanha do Dia Mundial da Saúde 2010.
O Dia Mundial da Saúde 2010 incidirá sobre urbanização e saúde. Com a campanha "1000 cidades - 1000 vidas", serão organizados eventos em todo o mundo, durante a semana de 7 a 11 de Abril de 2010, convidando as cidades a disponibilizar espaços para actividades de saúde.
O tema escolhido para este ano destaca o efeito da urbanização sobre a saúde colectiva, a nível global, e para cada um de nós individualmente.
São objectivos globais da campanha:
1000 cidades: abrir espaços públicos para a saúde, quer se trate de actividades em parques, campanhas de limpeza ou fecho de vias a veículos motorizados.
1000 vidas: compilar 1000 histórias de campeões de saúde urbana, que tomaram medidas com impacto significativo na saúde das suas cidades.
O Dia Mundial da Saúde, comemorado a 7 de Abril desde 1950, celebra a criação da OMS, em 1948.
Em cada ano, a OMS aproveita a ocasião para fomentar a consciência sobre alguns temas chave relacionados com a saúde mundial. Neste sentido, organiza eventos a nível internacional, regional e local para promover o tema escolhido em matéria de saúde.
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Fica para registo.