sexta-feira, abril 09, 2010

Reflexões lentas... de/para luta

Foi talvez a gota de água…
No seu trabalho de serviço público, o samuel-cantigueiro (obrigado e desculpa o abuso) inclui um documento que fez transbordar o meu copo.
Depois de todos os antecedentes que se têm vindo a acumular, nesta semana pós-pascal, depois da “coluna” (pouco vertebral) de Mário Soares e sua citação de Max Weber, das afirmações de Fernando Pinto a advogar a privatização da empresa pública de que é o responsável mais visível, dos milhões de remuneração flutuante do Mexia da EDP e dos elogios de Sócrates, vem este vídeo de Zeinal Bava, o “homem da PT”, e o seu linguajar. Foi a cereja no cimo do bolo. Mas, se calhar, ainda haverá mais. A semana não acabou, ainda tem umas horas…

Por ordem inversa de chegada:

  1. Faltava, ou não se conhecia bem, este dialecto. O jovem génio Zeinal (veja-se o currículo) é aquilo. Está à frente da comunicação, e assim comunica. Agora, parece que eles têm tudo. No entanto, prefiro o mindrico, o mirandês que até é língua, o vernáculo do meu vizinho, e não estou a brincar porque me assustou aquele linguajar.
  2. Sobre a remuneração de Mexia em gulosas fatias e os elogios do accionista Sócrates (em nosso nome), estamos conversados.
  3. As palavras em brasilês de Fernando Pinto dizendo que o que há a fazer é privatizar a TAP, tem a gravidade de ser ele o responsável (visível) pela empresa pública de um País (não o seu!) que tem uma Constituição da República que outros juraram cumprir e fazer cumprir e diz o contrário do que ele diz e está a fazer. É verdadeiramente a raposa na capoeira.
  4. Por último mas sempre o primeiro, Mário Soares, recorrendo à sua vasta biblioteca, foi buscar uma citação de Max Weber “sem regras éticas, o capitalismo tende a entrar em crise" para as suas tiradas demagógicas e, se apetece fazer graça dizendo que deve ser por isso que o capitalismo está sempre em crise (larvar), por não ter regras éticas, o caso parece-me tão sério que digo, como Marx o escreveu em os manuscritos de 1844, que o capitalismo tem a sua moral, a do lucro, a da acumulação do capital, a do negócio sobre tudo, e que Max Weber quis ligar o capitalismo à sua religião, ao protestantismo, torná-lo ético nesse sentido… e falhou rotundamente.

Pronto. Têm tudo: ética, religião, ideologia, milhões de euros (se não há, imprime-se que não é preciso base material para nada), língua (ou linguajar). E, claro, o poder político ao seu inteiro serviço porque lhes parece que a relação de forças assim o permite.
Se não fosse a luta, a lucidez levaria ao desespero.

6 comentários:

Justine disse...

Desprezíveis indivíduos! Desprezíveis políticas!
Lúcidos, os teus comentários - mas, claro, não levam ao desespero...

Ricardo disse...

Sérgio,

Gostava de apoiar e reforçar a tua ideia sobre a ética económica capitalista. Se entendermos que o conhecimento é cumulativo, resultando da dialéctica entre prática e teoria, compreendemos, talvez possamos aceitar que, pensadores anteriores a Marx e a Engels, que apenas tenham vivido a «ética» do capitalismo que se alimenta e engorda pisando e esmagando tudo e todos (mesmos os seus pares que, estando no caminho, a sua destruição significará maior acumulação), após a «desilusão» observada se tenham «entretido» em questionar a moral e a ética que idealisticamente afirmavam mas que não viviam.
Mas, nos nossos dias, perante «a miséria» do capitalismo, perante o «escândalo» da acumulação e das forutnas, das benesses e luxos dos «mexias», os reformistas apostarem no debate sobre a ética e a moral económica para manterem inquestionáveis os instrumentos da exploração é revoltante!
como dizia o cantor, vem-me à memória os útlimos parágrafos do «Salário, preço e lucro», em que Marx denuncia o papel incompleto dos sindicatos de então ao lutarem por salários justos, mas não avançarem na mobilização para a destruição do «sistema de salários».

Abraço

Graciete Rietsch disse...

Enfim, o capitalismo no seu máximo com a sua ética que engorda uns poucos e mata à fome milhões de milhões. Não se pode aceitar o conformismo. É preciso enfrentar a fera e destruí-la.

Um beijo.

José Rodrigues disse...

O Guilherme Costa que veio da Impresa para a RTP,(na altura o PCP desconfiou)em conversa meio "enrolading" de "gestoring" não descartou a privatização.Diz que é uma decisão política...está tudo ligado não é?

Abraço

samuel disse...

Estes trastes tiram qualquer pessoa do sério. Não fosse a luta...

Abraço.

Luís Neves disse...

1º- a ambição do Qualquer é ter um filho Ronaldo Zeinal que fale coisas que a avó nãoi entenda.
2º a ambição do Qualquer é que se o genro não puder adquirir o apelido Mexia que pelo menos Mexa.
3º o Qualquer concorda com o brasileiro que acha que a greve é coisa do século passado, e que tudo deve ser privatizado e que o Estado deve dar sem receber.
4º O Mário Soares não é a Constituição, nem o Estado, nem rato de biblioteca, é uma fotocópia amarelecida qualquer.

Isto tudo para dizer, que Mário Soares é zeinal, é mexia, é avião, é um rato que roeu a Constituição, é um Qualquer, é um... como é que dizia o Ary? ,,, é um filho (esqueci-me do nome da mãe..) é um... (existe algum caprino com o nome terminado em ão?!)
Um abraço em nome do Zé Luis