terça-feira, julho 31, 2012

Cem por cento (ou quase...) - 2

2º extracto da página Cem por cento, de Nicolau Santos. Uma premonição?...

Cem por cento (quase...) - 1

Há quem estranhe que insista tanto no Expresso e nas citações de Nicolau Santos (e do seu Cem por cento). Apesar de "outras coisas", parece que ele responde por si, justificando o aproveitamento:
vai sair outro,
da mesma coluna...

Prioridades de Cuba, a "ilha da saúde" - Para ler e fazer pensar



em vermelho:
(um pouco longo para "post"... mas vale bem a pena)

Cuba, a ilha da saúde

Salim Lamrani:
30 de Julho de 2012

Desde o triunfo da Revolução de 1959, o desenvolvimento da medicina tem sido a grande prioridade do governo cubano, o que transformou a ilha do Caribe em uma referência mundial neste campo. Atualmente, Cuba é o país que concentra o maior número de médicos por habitante.
(Por Salim Lamrani, em Opera Mundi)

Em 2012, Cuba formou mais 11 mil novos médicos, os quais completaram sua formação de seis anos em faculdades de medicina reconhecidas pela excelência no ensino. Trata-se da maior promoção médica da história do país, que tornou o desenvolvimento da medicina e o bem-estar social as prioridades nacionais.
Entre esses médicos recém-graduados, 5.315 são cubanos e 5.694 vêm de 59 países da América Latina, África, Ásia e até mesmo dos Estados Unidos, com maioria de bolivianos (2.400), nicaraguenses (429), peruanos (453), equatorianos (308), colombianos (175) e guatemaltecos (170). Em um ano, Cuba formou quase o dobro de médicos do total que dispunha em 1959. [1]
Após o triunfo da Revolução, Cuba contava somente com 6.286 médicos. Dentre eles, três mil decidiram deixar o país para ir para os Estados Unidos, atraídos pelas oportunidades profissionais que Washington oferecia. Em nome da guerra política e ideológica que se opunha ao novo governo de Fidel Castro, o governo Eisenhower decidiu esvaziar a nação de seu capital humano, até o ponto de criar uma grave crise sanitária. [2]
Como resposta, Cuba se comprometeu a investir de forma maciça na medicina. Universalizou o acesso ao ensino superior e estabeleceu a educação gratuita para todas as especialidades. Assim, existem hoje 24 faculdades de medicina (contra apenas uma em 1959) em treze das quinze províncias cubanas, e o país dispõe de mais de 43 mil professores de medicina. Desde 1959, se formaram cerca de 109 mil médicos em Cuba. [3] Com uma relação de um médico para 148 habitantes (67,2 médicos para 10 mil habitantes ou 78.622, no total), segundo a Organização Mundial da Saúde, Cuba é a nação mais bem dotada neste setor. O país dispõe de 161 hospitais e 452 clínicas. [4]
No ano universitário 2011-2012, o número total de graduados em Ciências Médicas, que inclui 21 perfis profissionais (médicos, dentistas, enfermeiros, psicólogos, tecnologia da saúde etc.), sobe para 32.171, entre cubanos e estrangeiros. [5]

A Elam

Além dos cursos disponíveis nas 24 faculdades de medicina do país, Cuba forma estudantes estrangeiros na Elam (Escola Latino-Americana de Medicina de Havana). Em 1998, depois que o furacão Mitch atingiu a América Central e o Caribe, Fidel Castro decidiu criar a Elam – inaugurada em 15 de novembro de 1999 – com o intuito de formar em Cuba os futuros médicos do mundo subdesenvolvido.
“Formar médicos prontos para ir onde eles são mais necessários e permanecer quanto tempo for necessário, esta é a razão de ser da nossa escola desde a sua fundação”, explica a doutora Miladys Castilla, vice-reitora da Elam. [6] Atualmente, 24 mil estudantes de 116 países da América Latina, África, Ásia, Oceania e Estados Unidos (500 por turma) cursam uma faculdade de medicina gratuita em Cuba. Entre a primeira turma de 2005 e 2010, 8.594 jovens doutores saíram da Elam. [7] As formaturas de 2011 e 2012 foram excepcionais com cerca de oito mil graduados. No total, cerca de 15 mil médicos se formaram na Elam em 25 especialidades distintas. [8]
A Organização Mundial da Saúde prestou uma homenagem ao trabalho da Elam: “A Escola Latino-Americana de Medicina acolhe jovens entusiasmados dos países em desenvolvimento, que retornam para casa como médicos formados. É uma questão de promover a equidade sanitária (…). A Elam (…) assumiu a premissa da “responsabilidade social”. A Organização Mundial da Saúde define a responsabilidade social das faculdades de medicina como o dever de conduzir suas atividades de formação, investigação e serviços para suprir as necessidades prioritárias de saúde da comunidade, região ou país ao qual devem servir.
A finalidade da Elam é formar médicos principalmente para fornecer serviço público em comunidades urbanas e rurais desfavorecidas, por meio da aquisição de competências em atendimento primário integral, que vão desde a promoção da saúde até o tratamento e a reabilitação. Em troca do compromisso não obrigatório de atender regiões carentes, os estudantes recebem bolsa integral e uma pequena remuneração, e assim, ao se formar, não têm dívidas com a instituição.
[No que diz respeito ao processo seletivo], é dada preferência aos candidatos de baixa renda, que de outra forma não poderiam pagar os estudos médicos. “Como resultado, 75% dos estudantes provêm de comunidades que precisam de médicos, incluindo uma ampla variedade de minorias étnicas e povos indígenas”.
Os novos médicos trabalham na maioria dos países americanos, incluindo os Estados Unidos, vários países africanos e grande parte do Caribe de língua inglesa.
Faculdades como a Elam propõem um desafio no setor da educação médica do mundo todo para que adote um maior compromisso social. Como afirmou Charles Boelen, ex-coordenador do programa de Recursos Humanos para a Saúde da OMS: “A ideia da responsabilidade social merece atenção no mundo todo, inclusive nos círculos médicos tradicionais... O mundo precisa urgentemente de pessoas comprometidas que criem os novos paradigmas da educação médica”. [9]

A solidariedade internacional

No âmbito dos programas de colaboração internacional, Cuba também forma, por ano, cerca de 29 mil estudantes estrangeiros em ciências médicas, em três especialidades: medicina, enfermagem e tecnologia da saúde, em oito países (Venezuela, Bolívia, Angola, Tanzânia, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Timor Leste). [10]
Desde 1963 e o envio da primeira missão médica humanitária a Argélia, Cuba se comprometeu a curar as populações pobres do planeta, em nome da solidariedade internacional e dos sete princípios da medicina cubana (equidade, generosidade, solidariedade, acessibilidade, universalidade, responsabilidade e justiça). [11] As missões humanitárias cubanas abrangem quatro continentes e têm um caráter único. De fato, nenhuma outra nação do mundo, nem mesmo as mais desenvolvidas, teceram semelhante rede de cooperação humanitária ao redor do planeta. Desde o seu lançamento, cerca de 132 mil médicos e outros profissionais da saúde trabalharam voluntariamente em 102 países. [12] No total, os médicos cubanos curaram 85 milhões de pessoas e salvaram 615 mil vidas. [13] Atualmente, 31 mil colaboradores médicos oferecem seus serviços em 69 nações do Terceiro Mundo. [14]
Segundo o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), “um dos exemplos mais bem sucedidos da cooperação cubana com o Terceiro Mundo é o Programa Integral de Saúde para América Central, Caribe e África”. [15]
Nos termos da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), Cuba e Venezuela decidiram lançar em julho de 2004 uma ampla campanha humanitária continental com o nome de Operação Milagre. Consiste em operar gratuitamente latino-americanos pobres, vítimas de cataratas e outras doenças oftalmológicas, que não tenham possibilidade de pagar por uma operação que custa entre cinco e dez mil dólares. Esta missão humanitária se disseminou por outras regiões (África e Ásia). A Operação Milagre possui 49 centros oftalmológicos em 15 países da América Central e do Caribe. [16] Em 2011, mais de dois milhões de pessoas de 35 países recuperaram a visão. [17]

A medicina de catástrofe

No que se refere à medicina de catástrofe, o Centro para a Política Internacional de Washington, dirigido por Wayne S. Smith, ex-embaixador dos Estados Unidos em Cuba, afirma em um relatório que “não há dúvida quanto à eficiência do sistema cubano. Apenas alguns cubanos perderam a vida nos 16 maiores furacões que atingiram a ilha na última década e a probabilidade de perder a vida em um furacão nos Estados Unidos é 15 vezes maior do que em Cuba”. [18]
O relatório acrescenta que: “ao contrário dos Estados Unidos, a medicina de catástrofe em Cuba é parte integrante do currículo médico e a educação da população sobre como agir começa na escola primária […]. Até mesmo as crianças menores participam dos exercícios e aprendem os primeiros socorros e técnicas de sobrevivência, muitas vezes através de desenhos animados, e ainda como plantar ervas medicinais e encontrar alimento em caso de desastre natural. O resultado é a assimilação de uma forte cultura de prevenção e de uma preparação sem igual”. [19]

Alto IDH

Esse investimento no campo da saúde (10% do orçamento nacional) permitiu que Cuba alcançasse resultados excepcionais. Graças à sua medicina preventiva, a ilha do Caribe tem a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América e do Terceiro Mundo – 4,9 por mil (contra 60 por mil em 1959) – inferior a do Canadá e dos Estados Unidos. Da mesma forma, a expectativa de vida dos cubanos – 78,8 anos (contra 60 anos em 1959) – é comparável a das nações mais desenvolvidas. [20]
As principais instituições internacionais elogiam esse desenvolvimento humano e social. O Fundo de População das Nações Unidas observa que Cuba “adotou há mais de meio século programas sociais muito avançados, que possibilitaram ao país alcançar indicadores sociais e demográficos comparáveis aos dos países desenvolvidos”. O Fundo acrescenta que “Cuba é uma prova de que as restrições das economias em desenvolvimento não são necessariamente um obstáculo intransponível ao progresso da saúde, à mudança demográfica e ao bem-estar”. [21]
Cuba continua sendo uma referência mundial no campo da saúde, especialmente para as nações do Terceiro Mundo. Mostra que é possível atingir um alto nível de desenvolvimento social, apesar dos recursos limitados e de um estado de sítio econômico extremamente grave, imposto pelos Estados Unidos desde 1960, que situe o ser humano no centro do projeto de sociedade.
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*Salim Lamrani é doutor em Estudos Ibéricos e Latinoamericanos pela Univerdade Paris Sorbonne-Paris IV, professor encarregado de cursos na Universidade Paris-Sorbonne-Paris IV e na Universidade Paris-Est Marne-la-Vallée. É jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos.

Notas bibliográficas:

[1] José A. de la Osa, “Egresa 11 mil médicos de Universidades cubanas”, Granma, 11 de julho de 2012.
[2] Elizabeth Newhouse, “Disaster Medicine: U.S. Doctors Examine Cuba’s Approach”, Center for International Policy, 9 de julho de 2012.http://www.ciponline.org/research/html/disaster-medicine-us-doctors-examine-cubas-approach
(site consultado em 18 de julho de 2012).
[3] José A. de la Osa, “Egresa 11 mil médicos de Universidades cubanas”, op. cit.; Ministério das Relações Exteriores, “Graduados por la Revolución más de 100.000 médicos”, 16 de julho de 2009.
http://www.cubaminrex.cu/MirarCuba/Articulos/Sociedad/2009/Graduados.html (site consultado em 18 de julho de 2012).
[4] Organização Mundial da Saúde, “Cuba: Health Profile”, 2010. http://www.who.int/gho/countries/cub.pdf (site consultado em 18 de julho de 2012); Elizabeth Newhouse, “Disaster Medicine: U.S. Doctors Examine Cuba’s Approach”, op. cit.
[5] José A. de la Osa, « Egresa 11 mil médicos de Universidades cubanas », op.cit.
[6] Organização Mundial da Saúde, “Cuba ayuda a formar más médicos”, 1º de maio de 2010. http://www.who.int/bulletin/volumes/88/5/10-010510/es/ (site consultado em 18 de julho de 2012).
[7] Escola Latino-Americana de Medicina de Cuba, “Historia de la ELAM”. http://www.sld.cu/sitios/elam/verpost.php?blog=http://articulos.sld.cu/elam&post_id=22&c=4426&tipo=2&idblog=156&p=1&n=ddn (site consultado em 18 de julho de 2012).
[8] Agência cubana de notícias, “Over 15,000 Foreign Physicians Gratuated in Cuba in Seven Years”, 14 de julho de 2012.
[9] OMS, “Cuba ayuda a formar más médicos”, op. cit.
[10] José A. de la Osa, “Egresa 11 mil médicos de Universidades cubanas”, op. cit.
[11] Ladys Marlene León Corrales, “Valor social de la Misión Milagro en el contexto venezolano”, Biblioteca Virtual en Salud de Cuba, março de 2009. http://bvs.sld.cu/revistas/spu/vol35_4_09/spu06409.htm (site consultado em 18 de julho de 2012).
[12] Felipe Pérez Roque, “Discurso del canciller de Cuba en la ONU”, Bohemia Digital, 9 de novembro de 2006.
[13] CSC News, “Medical Brigades Have Treated 85 million”, 4 de abril de 2008. http://www.cuba-solidarity.org.uk/news.asp?ItemID=1288 (site consultado em 18 de julho de 2012).
[14] Felipe Pérez Roque, “Discurso del canciller de Cuba en la ONU”, op. cit.
[15] PNUD, Investigación sobre ciencia, tecnología y desarrollo humano en Cuba, 2003, p.117-119. http://www.undp.org.cu/idh%20cuba/cap6.pdf (site consultado em 18 de julho de 2012)[16] Ministério das Relações Exteriores, “Celebra Operación Milagro cubana en Guatemala”, República de Cuba, 15 de novembro de 2010. http://www.cubaminrex.cu/Cooperacion/2010/celebra1.html (site consultado em 18 de julho de 2012) Operación Milagro, “¿Qué es la Operación Milagro?”. http://www.operacionmilagro.org.ar/ (site consultado em 18 de julho de 2012).
[17] Operación Milagro, «¿Qué es la Operación Milagro?», op. cit.
[18] Elizabeth Newhouse, “Disaster Medicine: U.S. Doctors Examine Cuba’s Approach”, op. cit.
[19] Ibid.
[20] Ibid.
[21] Raquel Marrero Yanes, “Cuba muestra indicadores sociales y demográficos de países desarrollados”, Granma, 12 de julho de 2012.

segunda-feira, julho 30, 2012

"L' arroseur arrosé"

do sapo:

Investigação
Regulador investigado
pelo DIAP
Lígia Simões
30/07/12
O Banco de Portugal, é o accionista maioritário da Finangeste, com 44%, sendo o capital partilhado pelo BPI (32,78%), BCP (15,8%) e CGD (4,47%).
A investigação tem como ponto de partida uma queixa, apresentada a 31 de Janeiro, sobre a alegada “actividade ilegal” do Banco de Portugal.
O Ministério Público quer aferir a fundamentação da alegada ilegalidade do envolvimento do banco central nos negócios imobiliários face à sua participação (44%) na empresa Finangeste, há vários anos, em parceira com a banca comercial. Para o efeito, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa já abriu um inquérito sobre aquela participação maioritária na Empresa Financeira de Gestão e Desenvolvimento.
A investigação da 9.ª Secção do DIAP de Lisboa, a quem foi distribuído o caso, tem como ponto de partida a queixa contra incertos, apresentada no passado dia 31 de Janeiro, sobre a alegada "actividade ilegal que o BdP continua a executar e a falha nos seus deveres de supervisão ao participar no capital da Finangeste", segundo a missiva do queixoso.
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Antigamente. Bem... antigamente, o Banco de Portugal era outra coisa. Era uma instituição do Estado que emitia moeda, que coordenava a actividade monetária e bancária; Ligada ao Governo e em nome do Estado soberano. Passou a ter outras funções, a de... entidade reguladora, assim uma espécie de conselho fiscal  com capacidade de intervenção. Mas que nem intervém nem fiscaliza (veja-se o caso BPN).
Agora, a instituição está metida em negócios imobiliários, e de tal maneira que justifica investigação da Polícia Judiciária.
Só me lembra o velho filme dos irmãos Lumière, um dos primeiros, de 1895! 

domingo, julho 29, 2012

O BCE como boia (fruste e frustre) de salvação

Está a criar-se um ambiente à volta do BCE e das declarações do seu presidente, o italiano Mário Draghi, vindo, evidentemente, de um banco e pertencente a bangster grupo, o Goldman Sachs.
É uma manobra comunicacional nauseabunda. Que até mete, talvez por ignorância... , o anterior presidente, o francês J.-C. Trichet (como o nome não engana) como sendo alemão.
É um truque fruste (e frustre), ao nível dos dessa recente vedeta do humor (?) futebolístico nacional, também futre, com os charters a virem da China aos fins-de-semana para verem jogar um chinês no Sporting...
Esta "salvação" baseia-se num gravíssimo sub-entendido. Além de nada ter mudado na instituição, parida com o seu gémeo euro-moeda-única, colocarem-se nela falsas esperanças tem o perverso (e subliminar) gravame da dita instituição ser o único órgão assumidamente federal e completamente alheio a controlos democráticos, ao inteiro dispor do capital financeiro sem constrangimentos de qualquer espécie.
Atenção aos "quimbóios"! 

Festa do avante!

Para este domingo

Para este domingo, impôs-se-me esta canção que faz parte  de mim de tanto a ouvir... mesmo quando não a estou a ouvir.
Para este domingo, em que, dentro de mim, tenho de cumprir a tarefa de encontar a versão de um artigo para O Militante, entre as várias formas esboçadas. Eu, caçador (dentro) de mim!


Caçador de Mim 
Milton Nascimento

Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim

Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim

sábado, julho 28, 2012

Critérios de altos e baixos...


Tinha-me escapado! Leitor confesso (confesso...) do Expresso, só na véspera da saída do semanário de amanhã, li – e porque me foi chamada a atenção – o elogio feito a João Salgueiro pelas suas declarações “sem papas na língua” e o ter sido alcandorado (o "economista" que vem de muito longe, de responsabilidades ministeriais anteriores a 1974…) no mais alto dos altos. Critérios!
No entanto, não posso deixar de afirmar que há critérios baseados no respeito por um Estado soberano e democrático (embora qb… e cada vez menos!) que colocariam tais declarações no mais baixo dos baixos.

Há três entidades em julgamento no critério do dr. João Salgueiro e, ao que se vê, no de quem classifica aos "altos e baixos":
as duas troikas, uma das quais a (des)governar-nos e o Tribunal Constitucional.

A primeira troika, a de fora, é elogiada pelas suas "ideias"… mas com reticências “por não apresentar soluções”, o que parece um contra-senso porque, mais do que ideias o que o FMI, BCE e CUE tem feito é levar os outros troikentos, os de cá, a aplicar medidas (levar à prática "soluções") embora contrárrias, nos resultados ao que se pré-anunciou, como aliás houve, sempre, quem afirmasse que assim seria.

Aos de cá, aos que teriam legitimidade para nos governar, o dr. João Salgueiro coloca-os num trilema – despedir, cortar salários a todos ou cortá-los mas não a todos – e não está liminarmente cego a outras alternativas!

Pois o governo teria optado pelo último cenário de Salgueiro, num quadro de inevitabilidades miserabilistas (e miseráveis), e vem de lá, perdão, de cá, um Tribunal Constitucional perturbar a escolha feita, como se houvesse uma constituição para cumpriri, um tribunal para a fazer cumprir, uns tantos que a juraram cumprir. E as papas que o dr. João Salgueiro não tem na línguas (não será pimenta?...) levam-no a dizer que o TC “não percebeu o que estava a fazer” (coisa que só eleitos – não no sentido democrático! – como ele entenderiam à puridade).

E se ainda nos é permitido expressar um protesto na forma de recusa do pensamento único e as inevit(H)abilidades, diria que, sem que o TC se tenha saído airosamente desta refrega, uma coisa se retira dos salvados, o facto de haver um Tribunal Constitucional, uma Constituição, e que esta tem, preto no branco, rendimentos de mais do que uma origem, e que não são só os rendimentos do trabalho que devem ser penalizados devendo até ser mais protegidos pela lei porque as relações de facto lhes são mais desfavoráveis.
Isto digo eu que que não sou constitucionalista, que de direito pouco percebo mas que sou um cidadão que sabe ler e leu a Constituição aprovada por uma Assembleia Constituinte e que tem vindo a sofrer alterações no quadro por ela traçado (e tantas vezes ignorada por quem a jurou). 

Critérios! Dos nossos não abdicamos por dá cá um alto porque os outros estão em baixo...

sexta-feira, julho 27, 2012

Síria - esperta... a senhora Clinton!?

Entre as muitas coisas que se recebem por diversas vias de intercomunicação, algumas há que nos prendem a atenção. Pelas mais diversas razões.

Exemplifico.

Mail amigo fez-me chegar, há dias, um artigo elucidativo pelas informações que carreia, de MK Bhadrakumar, Asia Times Online. Mas, para além dessas informações, que ficam para processar junto a muitas outras, uma expressão ficou a circular dentro das minhas meninges e não descansou enquanto não veio cá para fora: poder esperto.

O título do artigo, traduzido pelos camaradas brasileiros que mo enviaram, era Síria e o ‘poder esperto’(1) de Hillary Clinton, e resumia-se assim o texto: «A emergência de Israel, que sai da paisagem de fundo, só pode significar uma coisa: que a crise síria encaminha-se para a fase decisiva. Acenderam-se as luzes no palco de operações, e começou a operação de esculpir a Síria. O que vem por aí não será bonito de ver.»

Ora a expressão poder esperto não me largou e reproduzo a nota em pé-de-pégina dos tradutores, que sentiram necessidade de a justificar:

(1) - Orig. smart power. Sobre a expressão, ver Eric Etheridge, New York Times, 14/1/2009, “How ‘Soft Power’ Got ‘Smart’” [como o ‘Poder Suave’ virou ‘Esperto’], onde se lê: “No discurso que fez ao aceitar a indicação para o cargo de secretária de Estado do governo Obama, Hillary Clinton usou quatro vezes a expressão smart power [geralmente traduzido no Brasil por “poder inteligente”, mas, mais literalmente, poder ‘esperto’]; na declaração, que antecedeu o discurso de aceitação do cargo, usou nove vezes a mesma expressão” (http://opinionator.blogs.nytimes.com/2009/01/14/how-soft-power-got-smart/).

"Esperta", a senhora Clinton? Talvez… e manhosa, não ficaria bem?, e outras expressões não tão simpáticas e que incluiriam a família pelo lado materno?

Fica o registo, e posso passar para outra…

quinta-feira, julho 26, 2012

Breves - o que é positivo!

O que é positivo, isto é, o que é sinal de progresso... é o ridículo estar a tornar-se ridículo!

Assino para o comprovar (e quase "córo de vergonha" ao fazê-lo)

Doutor Sérgio Ribeiro

Se alguma vez isto me passaria pela cabeça!,
antes destas tão ridículas (e medievais...)
corridas aos títulos que,
ridiculamente, dão... estatuto! 

Breves - e amanhã o que dirá?

Ontem (ou ante-ontem= afirmou, peremptório, a irreversibilidade do euro.
Hoje:
«O presidente do Banco Central Europeu (BCE) disse hoje estar preparado para fazer "tudo o que for necessário" para garantir a sobrevivência da moeda única.»

5ª feira



mais uma
(edição e 5ª feira)!
sempre...
do jornal com mais tempo de clandestinidade!

Páginas de um (quase) diário... acabadas de escrever - Pedro Ramos de Almeida

26.07.2012

(...) trouxe de ontem, além das boas recordações próximas de um dia bom, do meio das conversas de convívio e amizade fraternas, a notícia – que também esse dia me trouxe – da morte do Pedro Ramos de Almeida.

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O Pedro morreu no domingo, 22, e só ontem soube, no meio de uma conversa casual com o Avelãs e o Martinho.

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Fiquei chocado!, foi uma daquelas notícias que nos acertam em cheio, muito dentro de nós, no nosso mais fundo.

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Mas, naquele ambiente, quase passou - tinha de passar! - em fugitivo salto para outra (ou a mesma…) conversa em que estávamos.

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Trouxe para hoje, depois de ter ido à estante buscar livros e de reforçar, com eles, a memória de um homem que tanta importância teve, com a sua intervenção cidadã, na minha vida, na vida de todos nós, neste nosso País da Só-mudança.

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Foi uma noite de intenso labor interno.

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Enquanto dormia (ou dormindo nos intervalos)…

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O Pedro foi o jovem que vinha do MUD Juvenil e que, com o avanço de 2 a 5 anos, acompanhou os da minha idade, há quase 60 anos, a dar os primeiros passos nos seus primeiros passos para a vida e a luta, para a luta e a vida.

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E foi a sua prisão, a tortura a que foi sujeito, a condenação a quatro anos, Peniche. O seu exemplo!

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E foi a fuga para o que dizem ter sido o exílio mas que foi a luta contínua, a clandestinidade lá fora, por vários lugares e tarefas, sempre num crescendo de responsabilidade.

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Depois, a surpresa de um reencontro, aqui, no nosso País da Só-Mudança, o reconhecê-lo, como clandestino aqui, e no seu papel na nossa reintegração no que (tantos de nós!) nunca deixáramos de ser.

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Foi a alegria para que tanto contribuiu, o reencontro connosco para sermos o que somos e sempre fomos desde que descobriramos o que éramos.

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E, de repente, de súbito... um outro encontro, na cervejaria Trindade, esse mais que inesperado, a brutal surpresa criando perplexidade, desorientação, desespero, ao avistá-lo numa mesa de cervejaria, com o cabelo a duas cores, desreconhecendo-nos!

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O choque enorme, brutal, depois da falha a outros encontros de que estava eu encarregado do transporte!

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E foram longos meses, anos de silêncios cruzados, de compreensão mas de não-aceitação.

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Fizemos chegar o 25 de Abril e, mais precisamente, a madrugada de 27, comigo acabado de sair de Caxias, vagueando pela madrugada da Lisboa de um País da Só-Mudança.

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«(…) Subi a S. Mamede e, à esquina da Rua da Escola Politécnica, encontrei o Pedro, o Ramos de Almeida. Reencontrámo-nos, depois de tantos meses em que o perdemos. Um grande abraço, muito especial, quase com reserva e pudor, e logo a alegria da certeza de que íamos dar tudo no que se seguiria. Para nós, para o nosso Povo que éramos, para a Pátria a fazer. (…)» (… porque vivi e quero contar, 1983)

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E assim foi!

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Com o seu enorme trabalho de organização no MDE/CDE, brutalmente interrompido por um desastre de automóvel que o quase o matou, e tantas sequelas lhe deixou (e que comprovo ao ler, comovido, as palavras dificilmente desenhadas nas dedicatórias dos seus livros), mas que não conseguiu parar a sua sempre notável intervenção.

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No Partido!,

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sempre a trabalhar, a estudar, a compilar, a intervir, quase sempre silenciosamente, mostrando uma alegria e uma vontade contagiantes (e sempre de exemplo) nos vários mas tão escassos encontros.

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Morreu um dos meus “homens imprescindíveis”!

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De repente o silêncio de partires
este vazio inquieto de estar só
ansiedade que dura até tu vires,
o refazer do desfazer de um nó






















Está bem de ver
que a poesia
é outra maneira de acontecer.
E não é só nos versos
que há palavras de vento
imersas na corrente
do gostar.
É na gente!

Outra Informação

em Prensa Latina:

«Hermético silencio policial en Miami
tras ataque terrorista

24 de julio de 2012,

La Habana (PL)
Más de dos meses después de que un atentado con bombas destruyera en Miami las oficinas de Airline Brokers, una agencia especializada en viajes de Estados Unidos a Cuba, las autoridades y el Buró Federal de Investigaciones (FBI) mantienen silencio al respecto.
Aunque funcionarios e investigadores del Cuerpo de Bomberos del condado Miami-Dade reconocieron la intencionalidad del hecho y argumentaron que los sospechosos emplearon botellas incendiarias, aún no hay arrestos, indicios o pistas que lleven a los criminales.
(...) »

quarta-feira, julho 25, 2012

Cantigando

... e já que acordei com esta de pedir ajudas a mestres blogueiros, AQUI fica esta, das que diariamente o Samuel-cantigueiro nos dá,

sobre a embrulhada relativa à extenção de freguesias de que resultou o veto de SEXA o P da R.
São mesmo feios, incompetentes e maus, esses da maioria alargada. Tanto que até obrigam o P da R a vetar (se calhar até gostou, para mostar que tem "magistério"...) e a dita comunicação social a mostrar como não comunica informação.

Atempadamente e com ajudas

Como por aqui não se falou (ou pouco se falou...) de "diabinhos e incêndios e de uns outros aproveitados divertimentos, embora alguns verdadeiramente dramáticos!, fui buscar ajuda ALI, ao nosso amigo mário ("trepadeiro"), verdadiro mestre nestas coisas de fazer blogs.

terça-feira, julho 24, 2012

Síria - OUTRA INFORMAÇÃO

de Prensa Latina:

Servicios de inteligencia de EE.UU.
incrementan acciones contra Siria
24 de julio de 2012,
11:40Washington, 24 jul (PL)


Los servicios de inteligencia de Estados Unidos incrementaron sus esfuerzos por obtener información sobre los grupos antigubernamentales y las Fuerzas Armadas de Siria, señala hoy el diario The Washington Post.


• Irán valora plan de Annan para crisis siria

•Abastecimientos se normalizan en capital siria

•Damasco se recupera de enfrentamientos armados

Os negócios privados (e escuros) das privatizações!

Informação na RTP desta manhã (e no Público de hoje, e na Lusa)
e não no avante! de amanhã:

Empresa de amigo de Vítor Gaspar contratada
para assessorar privatização da EDP e da REN

RTP
24 Jul, 2012, 10:31

Terá sido o próprio ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a dar indicações à Caixa Geral de Depósitos para subcontratar a empresa Perella Weinberger Partners para assessorar o Estado na venda da EDP e da REN. A notícia vem hoje no jornal Público e conta que os administradores da Caixa Geral de Depósitos António Nogueira Leite e Nuno Fernandes Thomaz manifestaram a sua discordância com todo o processo, que está a ser investigado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
"A contratação da firma norte-americana esteve desde o início envolta em polémica. Não só por se tratar de uma empresa, alegadamente, sem experiência em privatizações e sem historial de conhecimento da área da energia, mas também porque o seu nome foi posto em cima da mesa pelo ministro das Finanças", escreve o Público. "E já depois de ter sido elaborada uma lista restrita, com nomes de assessores financeiros, que não incluía a Perella. A exclusão dos candidatos portugueses, como o BESI (que seria contratado pelos grupos que venceram as duas privatizações), o BCP e estrangeiros, levou alguns deles a questionar a opção governamental."
Apesar da discordância manifestada pelos responsáveis do banco sobre a escolha dos assessores, a Caixa BI acabou por subcontratar a empresa Perella Weinberger Partners, após parecer positivo dos serviços jurídicos. "O acordo fixou que a Caixa BI e a Perella repartiriam em igual percentagem as comissões cobradas ao Estado. O negócio rendeu 15 milhões de euros a dividir entre ambos", diz o Público, que assinala que o sócio da empresa norte-americana Paulo Cartucho Pereira, amigo de Vítor Gaspar, esteve em Portugal entre setembro e fevereiro, no decurso das privatizações da EDP e da REN.
Um jurista citado pelo Público diz que os procedimentos adotados neste dossier terão sido regulares, "ainda que o comportamento e a conduta dos titulares da pasta das Finanças possa ser questionado eticamente". No Parlamento, há alguns meses, o deputado socialista João Galamba, conta o jornal, pediu "a identificação completa do ato administrativo que levou o Governo a contratar a Perella, bem como a respectiva certidão, incluindo a fundamentação".

Operação Monte Branco quer "esclarecer e investigar"

Na passada semana, o caso voltou a ser falado quando o Ministério Público fez buscas, no âmbito da operação Monte Branco, à Caixa BI, Parpública e BESI. Um comunicado emitido pela Procuradoria-Geral da República revelava que com as diligências executadas "o DCIAP pretende esclarecer e investigar a intervenção e conduta de alguns dos assessores financeiros do Estado nos processos de privatização da EDP e da REN" e que "não está em causa o sentido da decisão final assumida naquelas privatizações, mas tão só a investigação criminal de condutas concretas de alguns intervenientes naqueles dossiers".
Na passada segunda-feira, dia 16, os procuradores do Ministério Público estenderam as buscas à Parpública, entidade que gere as participações do Estado nas empresas, onde solicitaram os documentos relativos à privatização da EDP e da REN. Os contratos já chegaram às mãos dos procuradores, que agora vão investigar a venda de 21,35 por cento da EDP aos chineses da Three Gorges e do negócio que culminou com a compra de 40 por cento da REN pela State Grid e pela Oman Oil.
Os responsáveis pela assessoria do Estado nas duas privatizações foram a Caixa BI e a Perella Weinberg, empresa contratada por ajuste direto pela Parpública em agosto de 2011. Os compradores foram assessorados pelo BESI. Os mandados estavam sustentados na suspeita da prática de crimes de fraude fiscal qualificada, tráfico de influências, corrupção e abuso de informação privilegiada.

Confusões... estratégicas

no sapo:

Conselheiro de Merkel
teme saída de Espanha e Itália
do euro
(DE)


Wolfgang Franz, conselheiro do governo alemão, receia que a saída da Grécia do euro abra a porta ao regresso da peseta e da lira.

... depois das
declarações de ontem
de Mário Draghi
sobre a irreversibilidade do euro!

Há um dedinho que me diz
que o que se está mesmo a  preparar
é um mesmo/outro euro
como moeda "forte" para economias "fortes".

Mas nada garante que o consigam...

segunda-feira, julho 23, 2012

A execução... orçamental

«A execução orçamental relativa ao primeiro semestre do ano revela um panorama menos desfavorável do que se registava em maio. O boletim de execução orçamental publicado segunda-feira pela Direção-Geral do Orçamento mostra um decréscimo da despesa do Estado em junho, que, segundo a DGO, já reflete parte das medidas de consolidação orçamental aprovadas no OE de 2012. No entanto, o boletim revela também que continuam os problemas no capitulo da receita fiscal, com um decréscimo nos impostos indiretos, embora menos acentuado do que o observado até maio.»

A foto de Vitor Gaspar que acompanha este headline mostra-o sorridente, o que só pode ser motivado pelo lado das despesas. como efeito particular da baixa de subsídios concretizada, como o refere o texto da DGO, não obstante o acréscimo do serviço da dívida, mas não mostra o ar tristonho que o ministro deveria ter ao confirmar o decréscimo das receitas, apesar de se lhe procurar atenuar o ar decerto infeliz com o facto desse decréscimo ser inferior ao observado até maio.

Falando seriamente, sem ares de satisfação pelo que são malfeitorias para o povo português nem sorrisos amarelos pelo fracasso das previsões e agravamento do défice, diga-se que

 

Façam lá esse favorzinho...

Declaração

Deputado do CDS pede
que 'troika' corte nos juros
Económico com Lusa
23/07/12 18:47

«O deputado do CDS Ribeiro e Castro defendeu hoje a redução da taxa de juro no empréstimo concedido a Portugal pela 'troika'
(...)»

... e exigir uma negociaçãozinha
iria incomodar muito os "patrões"?!
vá lá...

Síria

Rádio Renascença:

"Se querem ajudar a Síria,
resolvam o conflito israelo-palestiniano"

Patriarca Gregório Laham III


Patriarca católico da Síria acusa os países europeus de disfarçarem os seus interesses de “zelo pelos cristãos” no Médio Oriente.
 
«Se querem ajudar os cristãos na Síria e contribuir para a paz neste país, os países estrangeiros devem preocupar-se primeiro em resolver o conflito israelo-palestiniano», afirma o Patriarca Gregorios Laham III, da Igreja Melquita, que tem a sua sede em Damasco.

"Os Grupos Económicos e o desenvolvimento em Portugal..." doutoramento de Eugénio Rosa

O meu colega e camarada Eugénio Rosa (ER) prestou provas de doutoramento no ISEG-UTL. Segundo um ESCLARECIMENTO iNICIAL, incluído num conjunto de diapositivos que um camarada e amigo me fez chegar por e-mail, resume ER:

Dispositivo 2
ESCLARECIMENTO INICIAL
«No dia 19 de Julho de 2012, como no inicio do mês informei (e.mail) todos os que recebem os meus estudos (e quero agradecer aos muitos que estiveram presentes), prestei provas de doutoramento sobre “GRUPOS ECONÓMICOS E DESENVOLVIMENTO EM PORTUGAL NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO” no ISEG (Universidade Técnica de Lisboa.
O Júri era presidido pelo Prof. Doutor José António Correia Pereirinha e constituído também pelos Prof. Doutores João Ferreira do Amaral, Ilona Kovácks, Manuel Lisboa, Joaquim Ramos Silva e Paula Dias Urze.
A classificação atribuída pelo júri à minha dissertação foi a de “MUITO BOM, COM DISTINÇÃO “ por unanimidade.
Estes “slides” são alguns dos que utilizei para apresentar os resultados mais importantes de 4 anos de investigação sobre os Grupos Económicos em Portugal.
É evidente que a tese com 521 páginas, que tenciono publicar brevemente em livro, e que analisa com profundidade cada um dos 44 grupos económicos investigados sobre diversos aspectos (poder de mercado, estrutura societária, estratégias adoptadas, ligações com o poder politico – contém uma lista de 112 ex-governantes que ocuparam ou ocupam cargos de administração nos grupos económicos – domínio de cada um dos grupos por capital estrangeiro, participações cruzadas, pessoas singulares com participações nos grupos económicos, etc., etc.), não é possível resumir em 28 “slides”, no entanto os slides que divulgo contem dados que nos parecem suficientes para dar uma ideia clara do grau de domínio da economia e da sociedade portuguesa e do poder politico em Portugal pelos grupos económicos, e do condicionamento do crescimento económico e do desenvolvimento do País por eles.
Respondendo a um desafio feito pelo presidente do júri, Prof. Doutor José Pereirinha, é minha intenção continuar no futuro a investigação sobre os Grupos Económicos porque existem ainda muitas áreas a completar e a aprofundar, e sem os conhecer não é possível compreender o que está a acontecer em Portugal e encontrar as soluções adequadas para os problemas nacionais, e não existe investigação nesta área no país.»

Desse conjunto de “slides” retirei 4 para ilustrar a relevância do estudo de ER e assinalar o acto que, não culminando ou terminando o seu trabalho, é um significativo “ponto de passagem”.

Diapositivo 1
Diapositivo 3
«A PERGUNTA QUE PROCUREI RESPONDER
COM 4 ANOS DE INVESTIGAÇÃO
SOBRE GRUPOS ECONÓMICOS
1. Qual é o tipo de associação que existe entre grupos económicos, o crescimento económico e o desenvolvimento em Portugal?
2. Serão os grupos económicos um factor de crescimento económico e de desenvolvimento ou, pelo contrário, serão um factor gerador de desigualdades sociais e regionais e, eventualmente, um obstáculo ao crescimento económico e ao desenvolvimento sustentado e equilibrado do país?
3. E tudo isto no contexto da globalização, já que não existe um grupo económico importante que não esteja ligado ou mesmo integrado no actual processo de globalização e que não seja condicionado por ele.»

Diapositivo 10

Diapositivo 29
«PARA TERMINAR, 4 CONCLUSÕES FINAIS
QUE CONDENSAM AS ANTERIORES
E QUE RESULTAM DA INVESTIGAÇÃO
1. A lógica de funcionamento dos grupos económicos é global e orientada pelo objectivo de criação de valor para os accionistas, o que determina que os objectivos de crescimento económico e de desenvolvimento equilibrado e sustentado do país são inevitavelmente secundarizados (os efeitos positivos são colaterais).
2. O Estado só tem possibilidades de ter um papel activo na promoção do crescimento económico e do desenvolvimento se tiver nos sectores estratégicos – financeiro, energia, comunicações, etc. – empresas públicas importantes e com capacidade para terem uma acção determinante, e integradas num plano de desenvolvimento com objectivos claros e metas que responsabilizem os seus gestores , o que nunca aconteceu.
3. Um Estado fraco, que resulta do seu afastamento da economia, gera necessariamente organismos regulatórios fracos que ficam rapidamente reféns dos grupos económicos.
4. Entidades internacionais com poderes regulatórios são complementares mas nunca poderão substituir os Estados nacionais na função promover o crescimento e o desenvolvimento equilibrado e sustentado do país.»

Sauda-se o Doutor Eugénio Rosa,
com a certeza da continuação de BOM TRABALHO!


«As duas mãos do Estado» (Fala Ferreira)

Nas minhas viagens e visitas blogoesféricas de informação, não raro paro em José Ferreira (Fala Ferreira) que, de longe (ao que julgo), vai acompanhando com atenção e cuidado a situação poruguesa, publicando estudos e  comentários que sempre me fazem pensar e com que quase sempre coincido.
Hoje li o que me convida a transcrição quase integral:

«Vi agora o Olho nos Olhos de segunda-feira passada. Pouca coisa me surpreendeu – porque, seguindo a análise do PCP (...) no início da crise, que parece ter sido diluída em discursos de conjuntura, defendi argumentos muito próximos. Não obstante, noto que há uma diferença na escolha dos argumentos que leva a caminhos aparentemente divergentes.
Há, não obstante, uma diferença entre a economia de Alexandre Patrício Gouveia e Medina Carreira e a minha sociologia. Onde eles vêem más opções, eu vejo a formação de uma fracção da elite económica assente na imbricação entre a banca e a construção civil. O governo não os protegeu para além das suas capacidades por falta de visão, mas incapacidade de derrotar uma poderosa máquina de criar empregos, de aumentar salários e – quando se tornou incapaz disto – de corromper.
Economias e sociologias à parte, há da minha parte a necessidade ideológica de assumir que o problema está do lado da criação de riqueza e não da despesa do Estado (o que se  deve) também ao facto de eu partir do suposto que 60% da despesa do Estado é gasto em saúde, educação e reformas (...).
No entanto, se falarmos das despesas desorçamentadas do Estado, feitas através de PPPs cujo encargo só entrará a partir de 2014 nas contas públicas, a coisa muda de figura. Sobretudo porque essa despesa do Estado têm uma influencia directa nas opções dos empresários. Desse modo, aquela separação que eu usava entre Estado e privado – que deixava as culpas no privado – , além de ser pouco marxista, deixa de ter sentido.
Então, torcendo um pouco a distinção do sociólogo francês entre mão esquerda e mão direita do Estado, vemos que o Estado gastou em:

E verificamos que o Estado gastou mal, sobretudo, do seu lado direito e hoje corta, sobretudo, do lado esquerdo.»

Mas tudo "isto" não é estratégico
... e capitalismo em funcionamento,
contraditório e catastrofista?,
a que só a luta de classes
pode fazer frente e vir a derrotar!

domingo, julho 22, 2012

Viva, companheiro trepadeira!

Há "blogs" por onde é refrescante passar. Refrescante, reconfortante, animador. Onde se aprende e se sente o estímulo para continuar.
Trepadeira é, sem qualquer hesitação!, um desses.
O amor aos bichos e às pequenas coisas, a sensibilidade transparecida nas fotos, a simplicidade profunda (não é contraditório, não!) dos pequenos textos (mas, meu amigo... porque não são cuidados, graficamente, os espaços, as vírgulas, os pontos, as letras, as palavras  como o são as fotos?), a percutante ligação de temas aparentemente sem qualquer ligação.
É um "blog" vivo, isto é, com vida!

Veja-se este "post" aqui.
Nota à Imprensa


Reuniram as Comissões de Utentes a Sul do Tejo em Almeirim a fim de trocarem informações e apurarem o ponto da situação das unidades de saúde e dos serviços públicos nos seis concelhos a sul do Tejo e agilizarem as formas de contacto com vista à realização de iniciativas conjuntas em torno de objectivos comuns.

Saúde - Desta reunião os participantes concluíram que há motivos de preocupação relativamente ao estado em que se encontram as unidades de saúde dos seis concelhos, tanto ao nível das instalações, nuns casos, como, o que é mais grave ao nível dos recursos humanos – médicos, enfermeiros e outros profissionais – com graves carências que se irão agravar no curto prazo pela passagem à reforma de profissionais sem que haja garantia de serem substituídos e pela cessação a 30 de setembro do contrato que foi recentemente celebrado com empresas de trabalho temporário que guarnecem as unidades de saúde.
Renovaram a sua solidariedade para com os profissionais de saúde em luta na defesa do Serviço Nacional de Saúde, na certeza de que qualquer reforma na área só se poderá fazer com os profissionais de saúde e os utentes e nunca contra estes.
As Comissões decidiram: realizar na segunda quinzena de Setembro iniciativas públicas, combinadas e/ou conjuntas em defesa do funcionamento de todas as unidades de saúde como funcionaram até o final de 2009 o que implica a reabertura das que entretanto foram encerradas.

Água pública - A ministra Assunção Cristas anunciou no parlamento há algum tempo a privatização da recolha de residios sólidos e a concessão da água, neste caso para que a empresa Águas de Portugal possa encaixar os milhões que tem em défice devido a dívidas acumuladas por municípios. Ou seja: propõe-se a transferir uma dívida contraída por alguns municípios para os orçamentos de todos os utentes da água.
Porém há ainda empresas municipais e intermunicipais, como a Águas do Ribatejo, que podem blindar os seus estatutos a esta intenção governamental de modo a protegerem o perfil das respectivas empresas e os interesses dos utentes que servem. Se o fizerem terão certamente o apreço dos utentes, caso contrário poderão contar com o seu repúdio..

Poder Autárquico Democrático, grande preocupação com as implicações negativas para os utentes das leis do Compromisso, do PAEL e a extinção de Freguesias agravando a situação das populações, em especial das mais isoladas e envelhecidas. As Comissões de Utentes acompanharão a situação de perto e promoverão acções próprias ou em conjunto com as autarquias mais adequadas à defesa das populações.

A SAÚDE NÃO PODE ESPERAR!

POR SERVIÇOS PÚBLICOS DE PROXIMIDADE E QUALIDADE!

Contactos:
Comissão de Utentes do Concelho de Almeirim – Sónia Colaço: 965 647 313
Secretariado do MUSP Santarém - Domingos David: 910 540 966

Efeméride! FMI-2

Um recorte de muito oportuna lembrança:


A "madama" que hoje  está à frente do FMI,
e a quem devem ser dirigidos os parabéns
(se houvesse quem...),
num dos excelentes desenhos
do "sítio" de Fernando Campos:

Efeméride - FMI-1

O QUE É O FMI


Instituição monetária internacional, foi criada como uma “caixa (ou mala) de (primeiros) socorros”: todo o Estado em dificuldade poderia obter um empréstimo de divisas, em função da sua contribuição para o fundo.
O FMI foi criado em 1944 pelos acordos de Bretton Woods, que reestabeleceram o sistema de padrão-ouro, numa modalidade padrão-ouro-dólar, e na base de 35US$=1 onça de ouro, convertíveis.

Em 1944, a 2ª Guerra Mundial ainda não tinha terminado. Mas já era claro que o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) tinha perdido, e que os Aliados (Estados Unidos, União Soviética, França e Inglaterra) tinham ganho. Por isso, embora o conflito militar continuasse (o criminoso lançamento das bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki mancha a Humanidade), os governos já discutiam o pós-guerra. E um dos principais problemas era como organizar a economia que, entretanto, mais se internacionalizara. Com o objectivo de discutir o funcionamento da economia no pós-guerra, 44 países promoveram uma grande reunião, em Bretton Woods, nos Estados Unidos.
Na abertura da Conferência, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, falou da "criação de uma economia mundial dinâmica, na qual os povos de cada nação terão a possibilidade de realizar suas potencialidades em paz e de gozar mais dos frutos do progresso material, numa Terra abençoada por riquezas naturais infinitas". Por trás dessas belas palavras (mas falsas e carregadas de ideologia reaccionária), estava o interesse dos Estados Unidos em garantir o "livre comércio", sem barreiras para seus produtos, num momento em que era o único país “ocidental” em condições de dele beneficiar. Ao mesmo tempo que, assim, se facilitava os seus investimentos no estrangeiro e o acesso às fontes de matérias-primas e de energia, ditas infinitas. Os dois principais intervenientes na Conferência de Bretton Woods foram os Estados Unidos e a Inglaterra (delegação chefiada por Keynes), numa espécie de passagem de testemunho da segunda para os primeiros.
No dia 22 de Julho de 1944 foi assinado o acordo de Bretton Woods, com três áreas: i) sistema monetário internacional, ii) regras comerciais, iii) planos de reconstrução para as economias destruídas pela guerra. E, a partir dessa conferência, foram criadas duas instituições: o Fundo Monetário Internacional (FMI), que começou a ter existência efectiva a 1 de Março de 1947, e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (mais conhecido como Banco Mundial), instalado em 27 de Dezembro de 1945. Segundo as afirmadas intenções, o Banco Mundial criado para financiar projectos de recuperação e construção de infra-estruturas necessárias ao desenvolvimento económico, e o FMI teria a função básica de facultar recursos financeiros, como “caixa, ou mala, de primeiros socorros”, àqueles países que apresentassem défices nas contas externas, resultantes de conjunturas internacionais adversas, com o direito de acompanhar a gestão financeira do Estado em questão na execução de medidas julgadas necessárias pela instituição, ou seja, por quem nela comanda, medidas objecto de “cartas de intenções” pré-acordadas para se anexarem aos pedidos, e outras formas sofisticadas (e não raro capciosas) de ingerência nos assuntos internos desses Estados “em dificuldade”. Na prática, tanto o FMI como o Banco Mundial ganharam importância com a crise da dívida externa, nos anos 80, quando emprestaram ou autorizaram empréstimos apenas para os países que se dispuseram a adotar programas de ajuste de claro corte neoliberal. Quer o FMI, quer o Banco Mundial, são dirigidos por um "Comité de Governadores". Teoricamente, os governadores elegem o presidente do Banco Mundial e o director-geral do FMI, mas, na prática histórica, o presidente do BM é sempre dos Estados Unidos, escolhido pelo governo norte-americano, e o director do FMI é tradicionalmente um europeu... ocidental. O actual director do FMI é um francês, Strauss-Kahn, da área do Partido Socialista francês, muito badalado como candidato nas próximas eleições presidenciais. Os fundos do FMI vêm dos 182 países-membros. Dentro da lógica do sistema capitalista, manda quem tem maior quota.
FMI: distribuição de votos por países membros: EUA - 17,8%; Alemanha - 5,4%; Japão - 4,2%; Inglaterra - 6,2%; França - 4,5 %; Outros países desenvolvidos - 17 %; Rússia e outros países ex-socialistas - 7,1%; Países em desenvolvimento - 37,8% (deve sublinhar-se que a China já vai nos 2,9%, e a sua posição de maior detentora de reservas monetárias mundiais - de muito longe - alterará inevitavelmente esta percentagem, com todas as consequências inerentes!)
Os objectivos dos acordos de Bretton Woods tornaram-se evidentemente polémicos com a Guerra Fria, e é um facto que o FMI apoiou ditaduras militares favoráveis aos interesses das empresas e capitais dos Estados Unidos e da Europa ocidental e contra movimentos populares e de independência nacional, e os trabalhadores e seus direitos. Há argumentação falaciosa a favor do FMI dizendo que a estabilidade financeira é precursora da democracia (no seu conceito de classe), embora a História demonstre, com vários exemplos, que democracias ocidentais, ou países obrigados a seguir o “modelo”, não só não se desenvolveram como não conseguiram estabilidade financeira-monetária depois de receberem os empréstimos do FMI. Por exemplo, no Brasil, o FMI e o BM apoiaram, nos anos 60 do século passado, o governo da ditadura com dezenas de milhões de dólares de empréstimos e créditos que tinham sido negados negados a governos anteriores eleitos democraticamente. E este quadro (retirado da Wikipédia e relativo a 2000) parece elucidativo:


texto a partir vários textos, apontamentos e notas,
de que alguns ficam para outro "post"
- hoje... ou é efeméride ou não é!

Para este domingo


Porquê?
... são precisas razões?!
Então vai uma:
Paul Robeson

e porque... como ele canta

Sometimes I feel like a motherless child

Sometimes I feel like a motherless child
Sometimes I feel like a motherless child
Sometimes I feel like a motherless child
A long ways from home
A long ways from home
A long ways from home
Oh! my brother
A long ways from home
A long ways from home
A long ways from home
Sometimes I feel like a motherless child

Sometimes I feel like a motherless child
Sometimes I feel like a motherless child
Sometimes I feel like a motherless child
A long ways from home
A long ways from home
A long ways from home
Oh! my sister
A long ways from home
A long ways from home
A long ways from home
*
*
há muitas outras versões desta canção do tempo da escravatura, como:
"SOMETIMES I FEEL LIKE A MOTHERLESS CHILD"

from « American Negro Spirituals»
by J. W. Johnson, J. R. Johnson, 1926

Sometimes I feel like a motherless child
Sometimes I feel like a motherless child
Sometimes I feel like a motherless child
A long ways from home
A long ways from home
True believer
A long ways from home
Along ways from home
Sometimes I feel like I’m almos’ gone
Sometimes I feel like I’m almos’ gone
Sometimes I feel like I’m almos’ gone
Way up in de heab’nly land
Way up in de heab’nly land
True believer
Way up in de heab’nly land
Way up in de heab’nly land
Sometimes I feel like a motherless child
Sometimes I feel like a motherless child
Sometimes I feel like a motherless child
A long ways from home
There’s praying everywhere