quinta-feira, julho 12, 2012

Uns piores que outros mas todos iguais





Uns piores que outros

  • José Casanova
Afirma o primeiro-ministro que as culpas da situação dramática a que o País chegou são dos anteriores governos do PS. Tal afirmação, que está a meio caminho de ser verdadeira, está a igual distância de ser falsa - e é bem certo que ela foi produzida muito no jeito de quem sacode a água do capote…
Dizem os factos que, nos últimos trinta e seis anos, Portugal foi devastado por sucessivos governos do PS e do PSD (num caso e no outro com o CDS atrelado de vez em quando), todos praticando a mesma política de direita, todos procedendo a um implacável e raivoso ajuste de contas com a Revolução de Abril, as suas conquistas, a sua democracia.
Durante essas mais de três décadas e meia, PS e PSD têm funcionado em modelar serviço combinado: enquanto um está no governo e leva à prática a política de direita comum aos dois, o outro desempenha o papel de «oposição», e vice-versa. E assim tem sido desde o primeiro governo PS, chefiado por Mário Soares – pai da política de direita e origem do mal – até ao actual, do PSD/CDS, chefiado por Passos Coelho.
Foi assim que todas as malfeitorias típicas da política de direita praticadas pelos governos do PS, tiveram o apoio entusiástico do PSD, do mesmo modo que idênticas malfeitorias praticadas pelos governos do PSD contaram sempre com o entusiástico apoio do PS. No caso do pacto de agressão, assinaram todos – com os entusiásticos aplausos de Cavaco Silva, carregado de pesadas culpas no cartório, quer no desempenho das funções de primeiro-ministro, quer enquanto Presidente da República.
Perguntar-se-á: mas entre esses governos não houve uns melhores do que outros? Não: o que houve foi uns piores do que outros, sendo que aquele que, em cada momento está em funções é sempre pior do que o anterior, pelo simples facto de que a cada governo em funções corresponde sempre mais um passo em frente na ofensiva contra Abril e os seus valores.
Pelo que, a pergunta a fazer é: se estiveram os dois – eles e só eles – no governo, praticando a mesma política, alternadamente, durante trinta e seis anos consecutivos, de quem é que hão-de ser as culpas pelo estado a que essa política conduziu o País?

4 comentários:

cid simoes disse...

Acusam-se mutuamente e já nem falam do gonçalvismo ou do 25 de Abril.

Jorge Manuel Gomes disse...

"That's the million dollar question!"

Já vai sendo tempo do País acordar!

Um abraço,

Jorge

samuel disse...

Saudade do Zé...

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Cada um vai preparando o caminho ao outro. E assim "lá vamos" de mal a pior.

Um beijo.