sábado, julho 28, 2012

Critérios de altos e baixos...


Tinha-me escapado! Leitor confesso (confesso...) do Expresso, só na véspera da saída do semanário de amanhã, li – e porque me foi chamada a atenção – o elogio feito a João Salgueiro pelas suas declarações “sem papas na língua” e o ter sido alcandorado (o "economista" que vem de muito longe, de responsabilidades ministeriais anteriores a 1974…) no mais alto dos altos. Critérios!
No entanto, não posso deixar de afirmar que há critérios baseados no respeito por um Estado soberano e democrático (embora qb… e cada vez menos!) que colocariam tais declarações no mais baixo dos baixos.

Há três entidades em julgamento no critério do dr. João Salgueiro e, ao que se vê, no de quem classifica aos "altos e baixos":
as duas troikas, uma das quais a (des)governar-nos e o Tribunal Constitucional.

A primeira troika, a de fora, é elogiada pelas suas "ideias"… mas com reticências “por não apresentar soluções”, o que parece um contra-senso porque, mais do que ideias o que o FMI, BCE e CUE tem feito é levar os outros troikentos, os de cá, a aplicar medidas (levar à prática "soluções") embora contrárrias, nos resultados ao que se pré-anunciou, como aliás houve, sempre, quem afirmasse que assim seria.

Aos de cá, aos que teriam legitimidade para nos governar, o dr. João Salgueiro coloca-os num trilema – despedir, cortar salários a todos ou cortá-los mas não a todos – e não está liminarmente cego a outras alternativas!

Pois o governo teria optado pelo último cenário de Salgueiro, num quadro de inevitabilidades miserabilistas (e miseráveis), e vem de lá, perdão, de cá, um Tribunal Constitucional perturbar a escolha feita, como se houvesse uma constituição para cumpriri, um tribunal para a fazer cumprir, uns tantos que a juraram cumprir. E as papas que o dr. João Salgueiro não tem na línguas (não será pimenta?...) levam-no a dizer que o TC “não percebeu o que estava a fazer” (coisa que só eleitos – não no sentido democrático! – como ele entenderiam à puridade).

E se ainda nos é permitido expressar um protesto na forma de recusa do pensamento único e as inevit(H)abilidades, diria que, sem que o TC se tenha saído airosamente desta refrega, uma coisa se retira dos salvados, o facto de haver um Tribunal Constitucional, uma Constituição, e que esta tem, preto no branco, rendimentos de mais do que uma origem, e que não são só os rendimentos do trabalho que devem ser penalizados devendo até ser mais protegidos pela lei porque as relações de facto lhes são mais desfavoráveis.
Isto digo eu que que não sou constitucionalista, que de direito pouco percebo mas que sou um cidadão que sabe ler e leu a Constituição aprovada por uma Assembleia Constituinte e que tem vindo a sofrer alterações no quadro por ela traçado (e tantas vezes ignorada por quem a jurou). 

Critérios! Dos nossos não abdicamos por dá cá um alto porque os outros estão em baixo...

5 comentários:

Antuã disse...

Este salgueiro é como qualquer banqueiro: um salteador.

trepadeira disse...

Esta dos altos faz lembrar aquela do maior.
"É o maior.".

Fico sempre sem saber se é o maior pulha,o maior bandalho,o maior ladrão,o maior sacana,por aí adiante.

Um abraço,
mário

Graciete Rietsch disse...

Os altos, se os há, têm sempre um propósito negativo. São de desconfiar.

Um beijo.

samuel disse...

Isto são altos... ou são bossas? :-)

Abraço.

Edgar disse...

Quando as decisões lhes são desfavoráveis a iliteracia aumenta. É o que acontece frequentemente com a Constituição: não sabem interpretá-la.