quarta-feira, novembro 30, 2016

15 minutos de conversa e lembranças... sobre tudo!

... mas... sobretudo a propósito e 25 de  Abril e depois, a pedido de Cláudia Gameiro, para o Médio-Tejo-net.  Falando do que veio à conversa. com parte transcrita, em toda a liberdade, com coisas ditas umas bem, outras mal e muitas assim-assim, incompletas todas elas, algumas talvez excessivas.



Com o acrescento, à "entrevista", de um apontamento do que foi uma festa-convívio, iniciativa da Câmara, em que se apresentou o meu livro e se homenageou a memória de Artur de Oliveira Santos, na casa que foi sua e é, hoje, o Museu Municipal de Ourém (cheio, com muitos amigos). Com o "fim-de-festa" animado por dois dos amigos (um dos quais meu filho) e muitas crianças (três delas meus netos). 
Que mais queria? Não podia querer mais para o dia, para este dia! Que assim sentisse muitos dias... 

terça-feira, novembro 29, 2016

Fidel, sempre!


Video da OSPAAL ( Organização para a solidariedade dos povos da Ásia, África e América Latina) para os 90 anos de Fidel Castro.


É uma canção de Sílvio Rodriguez (a pensar em Fidel e nele próprio, como disse depois...) que a apresentou assim:

"Es una canción de marketing, de precios. Y para que nadie se imagine que soy santo, voy a poner el mío: El levantamiento del bloqueo a Cuba y la entrega incondicional del territorio Cubano que Estados Unidos usa como base naval en Guantánamo."

Para no hacer de mi ícono pedazos,
para salvarme entre únicos e impares,
para cederme un lugar en su parnaso,
para darme un rinconcito en sus altares.
Me vienen a convidar a arrepentirme,
me vienen a convidar a que no pierda,
mi vienen a convidar a indefinirme,
me vienen a convidar a tanta mierda.

yo no se lo que es el destino,
caminando fui lo que fui.
allá dios, que será divino.
yo me muero como viví, 
yo me muero como viví.

yo quiero seguir jugando a lo perdido,
yo quiero ser a la zurda más que diestro,
yo quiero hacer un congreso del unido,
yo quiero rezar a fondo un "hijo nuestro".
Dirán que pasó de moda la locura,
dirán que la gente es mala y no merece,
más yo seguiré soñando travesuras
(acaso multiplicar panes y peces).
yo no se lo que es el destino,
caminando fui lo que fui.
allá dios, que será divino.
yo me muero como viví, 
yo me muero como viví. 

yo me muero como viví,
como viví 
yo me muero como viví. 
Dicen que me arrastrarán po sobre rocas
cuando la revolución se venga abajo,
que machacarán mis manos y mi boca,
que me arrancarán los ojos y el badajo.
será que la necedad parió conmigo,
la necedad de lo que hoy resulta necio:
la necedad de asumir al enemigo,
la necedad de vivir sin tener precio.

yo no se lo que es el destino,
caminando fui lo que fui.
allá dios, que será divino.
yo me muero como viví.

yo me muero como viví.





Isto é muito sério - A CAIXA GERAL DOS DEPÒSITOS

NOTA DO GABINETE DE IMPRENSA DO PCP

A propósito da demissão de António Domingues de presidente da CGD

A demissão do presidente do conselho de administração da CGD e de outros dos seus membros, culmina um processo que marcado por erradas opções do governo é inseparável da operação que PSD e CDS têm desenvolvido no ataque ao banco público e às soluções com vista à sua recapitalização.
Num processo arrastado ao longo de meses, iniciado com a intolerável sujeição à União Europeia e ao BCE daquilo que devia ser matéria de competência soberana, multiplicaram-se os actos de desestabilização visando perturbar e impedir o normal funcionamento da CGD e da sua capacidade para corresponder ao seu papel.
Sem iludir o conjunto de erradas decisões adoptadas – quer quanto à escolha dos administradores, ao regime excepcional de vencimentos que se lhe atribuiu ou de eventuais expectativas quanto ao não preenchimento de requisitos exigidos a gestores públicos – é necessário lembrar que a ofensiva do PSD dirigida contra a CGD se iniciou com a criação da comissão de inquérito. Uma ofensiva que assente sempre em falsos argumentos e cínicas preocupações para disfarçar o real objectivo de contribuir para a destruição da CGD e para a sua privatização, teve como último episódio a aprovação na Assembleia da República (com os votos favoráveis de PSD, CDS e BE) de uma proposta inútil - porque nada acrescentando aos prazos e decisões já assumidas pelo Tribunal Constitucional e que teriam efeito antes da entrada em vigor do Orçamento do Estado – serviu de pretexto para a decisão anunciada por António Domingues.
O PCP reafirma a imperiosa necessidade de serem adoptadas decisões que garantam uma gestão da CGD vinculada ao interesse público e a um pleno desempenho do banco público enquanto garante de apoio ao desenvolvimento económico e de financiamento à economia, e instrumento de afirmação de soberania.
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Há que tomar a sério o que é muito sério!

segunda-feira, novembro 28, 2016

Fidel e Maradona

28.11.2016
Acordei passava das 11 e meia…

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Re(vi)vi coisas de ontem, olhei para as notícias.

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Indignei-me com algumas, como me deixou sedento de seriedade (e verdade) o inconcebível caso da Caixa Geral dos Depósitos, verdadeiramente absurdo ("mas não é o absurdo o nome dos nossos quotidianos", Ana Margarida Carvalho?)

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Destaco estoutra pela “manhosice”:
“- A morte do ditador Fidel Castro ainda domina, dois dias depois, boa parte da atenção mediática. E muito do que se escreve e diz por esta altura prende-se precisamente com a catalogação do homem que liderou Cuba durante meio século. Bom, mau ou péssimo? Ditador ou revolucionário?”
O jornalista (?) começa por dar a sua/dele resposta para a questão que coloca - com toda a sua isenção e objectividade (…) - no final da prosa abjecta por onde se perde: para ele, foi o ditador que morreu!

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A propósito deste caso maior, que é a morte de um homem, de um homem como Fidel, agradeço o mail que um amigo me mandou e que me levou à mensagem de Maradona veiculada por António Filipe:


António Filipe partilhou a foto de Diego Maradona.
12 h · 


Murió mi amigo, mi confidente, el que me aconsejó, el que me llamaba a cualquier hora para hablar de política, de fútbol, de béisbol, el que me dijo que cuando se fuese Clinton el que venía era peor, que fue Bush. Como no se equivocó nunca, para mí Fidel es, fue y será eterno, el único, el más grande. Me duele el corazón porque el mundo pierde al más sabio de todos.
No cualquiera tumba una dictadura con 20 hombres desafíando al Imperio norteamericano.
No cualquiera elimina el analfabetismo en un año.
No cualquiera baja la mortalidad infantil de 42% a 4%.
No cualquiera forma más de 130 mil médicos, garantizando 1 médico por cada 130 personas, con el mayor indice de médicos per cápita del mundo.
No cualquiera crea la mayor Facultad de Médicina del Mundo, graduando1500 médicos extranjeros por año, con 25.000 médicos graduados de 84 naciones.
No cualquiera envía más de 30 mil médicos a colaborar en más de 68 paises del mundo sumando cerca de 600.000 misiones.
No cualquiera logra ser la única nación latinoamericana sin desnutrición infantil.
No cualquiera logra ser el único país latinoamericano sin problema de drogas.
No cualquiera logra 100% de escolarización.
No cualquiera puede circular en su pais sin ver un solo niño durmiendo en la calle.
No cualquiera logra ser el único país del mundo que cumple la sostenibilidad ecológica.
No cualquiera logra que su población tenga 79 años de esperanza de vida al nacer.
No cualquiera crea vacunas contra el Cáncer.
No cualquiera logra ser el único país que erradica la transmisión madre-hijo del VIH.
No cualquiera logra tener la mayor cantidad de medallas olímpicas de Latinoamérica.
No cualquiera sobrevive a más de 600 atentados contra su vida y a 11 presidentes norteamericanos intentando derrocarlo.
No cualquiera sobrevive a 50 años de bloqueo y guerra económica.
No cualquiera llega a los 90 años, con tanto protagonismo en la historia mundial.
Querido por millones. Incomprendido por otros cuantos. Lo que no puede hacer nadie, es ignorarlo.


Q.E.P.D. Fidel #Castro!

sábado, novembro 26, 2016

Morreu FIDEL

(...) 
Abro um parênteses: MORREU FIDEL” ; 
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Deixo tudo o resto, e paro em reflexão e homenagem. 
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... e indignação perante tanta ignomínia, e tanta indiferença (perante o facto – esperado, inevitável – e as reacções). 
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 Deixo duas amostras: 
«Fidel Castro: o herói, ditador e mito do século XX morreu aos 90 anos»
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«Fidel foi um "ditador brutal", diz Trump 
(…) 
Comissária europeia diz que morreu um "ditador"». 
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 Calo-me, perante o facto, a dor, a indignação, face à ignomínia consensualizada porque transformada em “verdade histórica” (logo voltarei - ficam para mais tarde a "ditadura" e os "ditadores"... - , se as forças me não faltarem).
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Viva FIDEL! Cuba, si!

quarta-feira, novembro 23, 2016

A AR e os trabalhadores



Hoje, uma poderosa jornada de luta sindical do sector dos transportes juntou frente à Assembleia da República mais de um milhar de trabalhadores de várias empresas públicas do sector dos transportes.
Por si só, a concretização de uma manifestação com objectivos reivindicativos claros, a que aliás podemos juntar outras tantas – como, por exemplo, a promovida pela Frente Comum no último dia 18 de Novembro – já seria motivo para reflexão em torno do papel da luta dos trabalhadores no presente momento político e, principalmente, motivo para, em poucas linhas, podermos desmentir todas as afirmações que PSD, CDS, «fazedores de opinião» e outros papagaios vão espalhando sobre o suposto desaparecimento da luta dos trabalhadores.
Mas esta jornada, que trouxe às portas da Assembleia da República trabalhadores de várias empresas do Estado, tem também a capacidade de demonstrar mais do que a validade e importância da luta.
O deputado comunista Bruno Dias, como é habitual entre os deputados da bancada do PCP, esteve presente na manifestação e saudou os trabalhadores, aproveitando para prestar contas sobre o trabalho do partido, que é deles mesmo que eles não sejam do partido.
Nessa saudação à luta, o deputado leu uma proposta apresentada pelo seu grupo parlamentar no âmbito dos trabalhos de especialidade do Orçamento do Estado para 2017: «Artigo 18.º - Reposição da contratação colectiva – São revogados os artigos 14.º e 18.º do Decreto-Lei n.º 133/2013, de 3 de Outubro, retomando-se a aplicação dos instrumentos de regulamentação colectiva do trabalho existentes no sector público empresarial.»
Após a leitura, o deputado acrescentou: «Agora é caso para perguntar: Quem vota a favor?» A multidão respondeu: «Aprovado! Aprovado!». Se o poder estivesse nas mãos dos trabalhadores, está visto que as coisas podiam ser muito diferentes.
A proposta do PCP para a reposição da vigência dos instrumentos de regulamentação colectiva do trabalho é a materialização de uma luta longa, dos trabalhadores nas empresas e dos comunistas na Assembleia da República, que desde o primeiro momento denunciou os impactos da opção de PSD e CDS, ao imporem a suspensão dos acordos e contratos colectivos nas empresas públicas.
«A proposta de Orçamento do Estado de 2017, apresentada pelo Governo, não dá a resposta necessária»
No essencial, por opção política do anterior Governo, um vasto conjunto de direitos dos trabalhadores destas empresas estava congelado: actualizações e aumentos salariais, progressões na carreira, direitos relativos a subsídios, entre outros. A proposta de Orçamento do Estado de 2017, apresentada pelo Governo, não dá a resposta necessária, descongelando apenas pequenas parcelas do âmbito dos acordos e contratos colectivos do sector, mantendo limitações injustas e inaceitáveis.
Desta situação política concreta, desta complexa relação entre as forças partidárias no quadro da Assembleia da República, podem resultar inúmeras análises, aprendizagens e conclusões. Mas a primeira de todas é precisamente a confirmação de uma antiga afirmação e tese dos comunistas portugueses: a de que a luta é o caminho.
A luta dos trabalhadores dos transportes aplaudiu uma proposta parlamentar do PCP e a proposta resulta da luta dos trabalhadores, é esta a ligação entre o Parlamento e os trabalhadores que só pode existir na presença de uma força como o PCP, com as suas características e a sua ligação àquelas aspirações dos trabalhadores que representa, mas também mobiliza.
O Governo PS não pretende, por mote próprio, repôr direitos, tampouco ampliar ou consolidar os direitos consagrados nos instrumentos de regulamentação colectiva do trabalho, pilar fundamental também da força dos trabalhadores e da classe operária do sector público.
Será a luta, nesta circunstância rara que confronta os membros do Governo com a necessidade de ouvir os trabalhadores e o seu Partido, a determinar quantos direitos podemos conquistar ou reganhar, quantas forças podemos juntar e acumular. Não podemos saber se a bancada do PS vai ou não aprovar a proposta do PCP, mas sabemos que os trabalhadores a aprovariam de imediato e também sabemos que, se for aprovada, isso se deverá à luta dos que hoje e sempre se manifestam, na rua, nos locais de trabalho ou em São Bento. E estamos tão certos disso como estamos certos de que a luta continuará se a proposta não for aprovada.
O mais importante é ter presente a todo o momento que nunca terá sido a Assembleia da República, a sua relação de forças, ou o Governo PS a impor qualquer avanço. Apenas a reconhecer a imposição que a luta, quando suficientemente vigorosa, fez desse avanço.


sexta-feira, novembro 18, 2016

Bob Dylan prémio nobel da literatura e... e alternativas

Bob Dylan prémio nobel da literatura?
Não acho bem, nem acho mal… acho. Acho que. Acho que, a querer ver-se literatura na poesia cantada – o que acho bem! – podia ser outra a escolha. Se fosse outro o júri, claro. E as suas idades, vivências, memórias.
Mas… está bem.
Embora, dentro do critério, a meu critério (idade, vivências, memórias), pudesse estar bem melhor. E noutras línguas.
Quais?
Em espanhol, por exemplo, com o Atahulpa Yupanqui (e tantos/as outras/os)
Ou português – e podia ser o Zeca que canta literatura em muitas das suas obras, mas não quero ser tão patriota e, se calhar, o prémio é só para vivos… –, e podia ser o grande Chico Buarque que até publicou boa prosa em livro, que alguma já está em filme
Ou em francês – que é língua que ainda se fala, embora pouco viva pelo que vou buscar um morto que não morre nunca… e, para mais, é belga e também fala flamengo (e das flamengas)… –, o “meu” Jacques Brel

Ou em canadiano, ou em inglês (“puro” e não dos USA), ou em indiano, ou em chinês, ou em…

As moscas...

Trump é irresistível. Tem tudo (e muito pouco de bom) para ser mediático... e eleito. Hoje. Nos Estados Unidos. Até o nome parece escolhido a dedo para português dizer que mudam as moscas e o Trump é o mesmo. Mas não é!... porque tudo muda. Até Trump, o previsível, muda quando passa de candidato a presidente a presidente imprevisível... mas controlado. Não queria escrever mais sobre o personagem, que parece (manobra de) diversão. Não resisto - e comprazo-me - a transcrever a crónica internacional do Jorge Cadima. Sempre excelente e didáctica.


  - Edição Nº2242  -  17-11-2016

EUA e UE
As eleições nos EUA são expressão da crise do sistema. Os seus resultados contribuirão para o ulterior aprofundamento dessa crise. Nos EUA e a nível mundial.
Todo o processo eleitoral espelhou um profundo descontentamento popular. Que é fruto da perda de nível de vida dos trabalhadores dos EUA desde há 40 anos e do obsceno enriquecimento da cada vez mais restrita minoria ligada ao grande e parasitário capital financeiro e ao complexo militar-industrial que governa esse país. A situação explosiva dos EUA desde há muito se traduz numa crescente violência, quer individual (tiroteios e massacres), quer estatal (assassinatos policiais). Mas também em indicadores como o aumento de mortalidade entre a população adulta branca, que já provocou uma queda na sua esperança de vida (New York Times, 2.11.15 e 20.4.16). Ou num facto espantoso, revelado num estudo do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças, CDC, relativo a 2014 (citado em wsws.org, 5.11.16): entre as crianças dos 10 aos 14 anos o suicídio é a segunda causa de morte, havendo mais óbitos por suicídio do que por acidentes de viação. Os trabalhadores dos EUA são também vítimas da globalização imperialista e da grande crise do capitalismo, na desindustrialização, no desemprego, na baixa constante de níveis salariais.

Colocados perante dois candidatos do sistema, ambos milionários, milhões de norte-americanos responderam com a abstenção, o voto em terceiros candidatos ou (de forma paradoxal mas previsível) em quem – sendo um candidato do sistema – vociferava ser inimigo do sistema. É tragicamente revelador que enquanto a candidata do Partido Democrata, falcão das agressões imperialistas, assumia o papel de candidata do Partido da Guerra apadrinhando os delírios belicistas anti-russos, fosse o candidato republicano Trump que parecia a voz da razão ao alertar para os perigos duma guerra entre as duas maiores potências nucleares do planeta. O futuro encarregar-se-á de mostrar o que realmente valem as palavras de Trump.
Logo após as eleições, boa parte dos violentíssimos insultos entre os dois candidatos deu lugar aos elogios. Trump, que passou a campanha a dizer que Hillary Clinton devia estar presa, apressou-se a agradecer as suas três décadas de serviço em prol da pátria. E Hillary, que passou a campanha a propagar a delirante tese conspirativa de que Trump seria um agente do Kremlin, apressou-se a desejar-lhe boa sorte e a pedir que lhe seja dada a hipótese de governar. O mais certo é que, conscientes do profundo descontentamento popular que grassa nos EUA, ambos estejam a querer travar os sentimentos de revolta que sentem crescer entre o povo daquele enorme país e que se exprimem já nas ruas e nas lutas operárias.

Mas a candidatura de Trump, além de tentar canalizar o descontentamento em prol do sistema – e criar condições para tornar esse sistema ainda mais agressivo e anti-popular – reflecte reais clivagens no seio da classe dominante dos EUA. Clivagens que são, elas próprias, produto da crescente crise do sistema e da consciência do seu gradual enfraquecimento enquanto centro mundial do imperialismo. Clivagens visíveis nas reacções da UE à eleição de Trump. Juncker afirma que «a eleição de Trump corre o risco de minar os alicerces e a estrutura das relações intercontinentais», e dá lições: «Teremos de ensinar ao Presidente eleito o que é a Europa e como funciona» (Deutsche Welle, 11.11.16). A ministra da Defesa alemã, preocupada com as tiradas eleitorais sobre a NATO e sobre Putin, afirma que Trump «tem de escolher claramente de que lado está» (DW, 11.11.16). No mesmo sentido vai o secretário-geral da NATO, em texto que o Observer (13.11.16) considera «salientar a profunda preocupação no seio de círculos militares europeus com o novo presidente americano».
Uma coisa é certa: seja nos EUA ou na UE, a palavra de ordem é militarizar. Os povos nada têm a esperar dos defensores do grande capital, a não ser exploração, miséria e guerra.

quinta-feira, novembro 17, 2016

Como há mais de 40 anos!

Num ensaio "definitivo" (ou "definidor", isto é, que define com dor), Jorge Sampaio veio... dizer. Tal como fez em idos de 1975 quando era MES e veio... dizer. 
E sendo essa a distância em tempo histórico, JS hoje disse (no Público) que «À partida, direi, como posição de princípio, que é na fractura aberta pelas insuficiências da actual Europa que importa trabalhar, mesmo se para tal for necessário quebrar alguns tabus, colocar questões inconvenientes e formular “hipóteses fora da caixa”.».
Pois é! Só que, em vez da "fractura aberta" - não pelas insuficiências da "actual Europa" (que é o que ele chama a essa coisa dita União Europeia) mas pelo funcionamento do capitalismo -, há a complicada questão da factura exposta pela "dinâmica do capitalismo global", por assim dezer...
«... na certeza de que a dinâmica do capitalismo global, tal como se desenvolveu e se afirma no nosso tempo à escala planetária, exige da Europa e dos países europeus a determinação de se constituir como uma alternativa sólida, por um lado, à financeirização da economia e, por outro, ao capitalismo autoritário de “valores asiáticos”, por assim dizer», dit-il!
Ou, dito de outra maneira - do outro lado da correlação de forças sociais -, essa dinâmica exige dos povos europeus a determinação de superar o capitalismo, fazendo face à desmaterialização e ficção monetarista e ao autoritarismo da aparente e querida exclusiva democracia representativa.
Por agora, disse. Porque é curioso como me parece estar, de novo, a ripostar a posições de há mais de 40 anos... Riposta (na Seara Nova) com reflexões que, evidentemente, não tiveram o mérito de justificar qualquer reacção mas agora surgem casmurramente actuais. Pelo que reincido. 

Acontecerá no Museu (que foi a casa do administrador)


Pormenor:

"(...) as circunstâncias proporcionaram que o pedaço de matéria precariamente organizada que sou vivesse um tempo e em lugares que ouso estimar historicamente relevantes. Ousadia que me levou ao reforço deste dever de contar. Por ter estado ali e então. Nesse tempo e lugares.(...)" (do pré-fácio)

terça-feira, novembro 15, 2016

Resultados de eleições aparentemente bipolares

Se sou o primeiro a perguntar-me se não será excessivo o espaço ocupado pelas eleições nos Estados Unidos, em detrimento de tanto que há a dever (pre)ocupar-nos, mais me choca a qualidade do que preenche o espaço e tempo ocupados. Foi, evidentemente um choque (i)mediático, como o foi o chamado Brexit, como o foi o golpe no Brasil, e não digo mais (para poupar palavras...) mas comunicação social abusa. 
O mundo está em convulsão, e não é (só) em tremendos desastres naturais. O capitalismo, como sistema dominante na relação de forças sociais, dá sinais de desnorte, ou de desorientação na rosa dos ventos. Depois de ter vencido a batalha do Leste europeu, mostra não controlar o que intentaria fazer por via de regimes políticos democráticos "à sua maneira", isto é, manipulando as massas para que legitimem pelo voto (expresso ou abstencionista) estratégias imperialistas. Estratégias que, evidentemente, não são consensuais entre os vários  e friccionais ou conflituais interesses da/na classe dominante. E o perigo - para a Paz, para a Humanidade - não é escamoteável.
As recentíssimas eleições presidenciais poderão tê-lo tornado evidente. Não o digo por ter sido eleito quem foi, nem pela campanha à medida dos dois candidatos bipolares. Mas, com o velho hábito de analisar resultados, encontro sinais ocultos (ou ocultados) que são significativos para quem queira ver a política para além de quem é que foi eleito, e reduz a participação das gentes ao gesto periódico e bem manipulado de escolher quem a classe dominante entende mais conveniente para os interesses dominadores dentro dela.
Pois bem, observando os números-sinais arrogo-me trazer novidades, que algumas não o deveriam ser.
  1. - além dos candidatos bipolares, houve (este ano e mês) mais 4 candidatos com votos expressos, um dos quais com 4 milhões e perto de 200 mil votos e outro ultrapassando largamente o milhão de votos; 
  2. - de 2012 para 2016 houve, na totalidade, menos um milhão e quase 400 mil de eleitores;
  3. - os dois candidatos que a esmagadora maioria das gentes julga terem sido os únicos tiveram menos 5 milhões e 400 e muitos milhares de votos que os seus antecessores (uma queda de 7,4% nos "democratas" e de 0,8% dos "republicanos");
  4. - em contrapartida, os votos nos outros candidatos, se bem que partindo de pouco mais de 1 milhão e 300 mil votos, subiram mais de 4 milhões e acima de 700 mil, ultrapassando os 6 milhões de votos, o que representa saltos de 226% para o candidato "libertário" e de 168% para a candidata "verde", que foram os mesmos de há 4 anos.
Têm estas contas algum significado ou interesse? Cada um julgará por si, pelos seus critérios e escalas. Mas é indispensável inseri-las (às contas...) no contexto de ilusões criadas há 8 anos e reforçadas há 4, alheias - então e agora -, à consciência do sistema social prevalecente e correlação de forças em que o mundo se agita.      

sexta-feira, novembro 11, 2016

Ressaca difícil para alguma comunicação social

O homem, pelo que é e como é, ajudou imenso, mas o ambiente e a comunicação social do sistema demonizou-o como forma de contribuir para que se esqueça (ou para que não se lembre) que se vive num "inferno" de relações sociais. Agora, têm de o recuperar e já há quem lhe chame "fofinho"... 

quarta-feira, novembro 09, 2016

Pequeno apontamento

do Público

"Segundo a análise do New York Times, Trump foi avassalador a recolher o voto dos brancos com menos formação, ganhou largamente entre os homens e não perdeu muito entre as mulheres. Já Hillary Clinton ganhou entre os afro-americanos, os hispânicos e americanos-asiáticos, mas o nível de apoio foi inferior ao que Obama teve há quatro anos."

Da insuportabilidade ao insuportável

O mundo, o nosso pequeno mundo, o nosso pequenino mundo de gente atenta e preocupada, adormeceu ou acordou perplexo. Aconteceu o inesperado... ou seria, antes, o/um previsível?
O Mundo enredou-se numa teia que faz com que sejam as gentes que, perante a insuportabilidade do que está, escolham um personagem como Trump para presidente dos Estados Unidos. 
Na minha mundivivência, no meu infinitesimal mundo, com a adoptada opção - tornada obsessão - de querer entender o tempo que vivo enquanto momento do processo histórico, lembro o que senti quando confrontava outras escolhas, em democracia representativa no capitalismo, como as de Reagan, Tatcher, Buch(s). Não dos nomes, não dos/das personagens mas do que simbolizavam - ou poderiam simbolizar - como escalada resultado de manipulação das massas fechadas à compreensão das necessárias transformações do Mundo.
E não quero, agora..., recorrer ao arquivo interno e lembrar o que retive da informação e estudo sobre os anos 30, aqui na Europa, e sobre as reacções, naqueles vitoriosos Estados Unidos do pós-guerra perante outras vitórias e outros caminhos abertos por estoutras vitórias.
Mal adormecido (ou mal acordado), esfrego os olhos e vejo Trump como presidente dos Estados. E o que antecedeu este facto. Quero dizer o que ele me desperta. Como catarse perante o insuportável? Como infinitesimal contributo para uma informação e reflexão colectivas. Para uma humana tomada de consciência.  

terça-feira, novembro 08, 2016

Sobre o programa para o Centenário do 7 de Novembro


 


8 de Novembro - dia D, hora H, tempo T

D de quê? De dia de Democracia? Não... de domínio imperial(ista) da informação!
H de quê? De hora de Hillary? Quase certo... mas de hilariedade se não fosse tão sério!
T de quê? De tempo de Trump? Espera-se que não... mas já foi - e é! - de trafulhice, de traficância, de (porque não vernaculizar?)  de trampa!    
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do Público:

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Quantas eleições se realizam hoje?

São 51 pequenas eleições para eleger 538 grandes eleitores. Por isso, 
é possível ganhar o voto popular e perder a Casa Branca. 
O empate é possível, mas improvável.
Trump e Hillary: um dos dois será o próximo inquilino da Casa Branca REUTERS

Quantos são os candidatos no boletim de voto?

Três nos 50 estados mais o Distrito de Colombia: 
Hillary Clinton (Partido Democrático), Donald Trump (Partido Republicano), 
Gary Johnson (Partido Libertário). 
Mas em 40 estados há mais dois (Jull Stein e Darrel Castle) 
e em 20 estados um. Depois, em cinco estados cada, há mais 21 candidatos.

segunda-feira, novembro 07, 2016

7 de Novembro - A Revolução das Revoluções


“Todos sabemos, mas é necessário termos sempre presente, que a Revolução de Outubro foi ponto de partida para a primeira grande tentativa, na história da humanidade, de construção de uma sociedade nova, liberta de todas as formas de opressão e de exploração. O impacto e as consequências planetárias deste acontecimento constituem uma realidade objectiva que nenhuma ofensiva ideológica conseguirá apagar. E hoje, como sabemos, essa ofensiva, tendo como objectivo primeiro a criminalização do comunismo, faz da Revolução de Outubro, da sua importância histórica, do seu significado, dos seus ideais, um alvo preferencial.
“Percebe-se o objectivo dessa ofensiva: a Revolução de Outubro foi o primeiro grande acto de ruptura com o capitalismo e a exploração do homem pelo homem; foi o primeiro exemplo concreto da aplicação, na construção de uma nova sociedade, da ideologia do proletariado – nascida e desenvolvida a partir da análise da história da sociedade e das suas leis objectivas essenciais; foi a primeira demonstração concreta de que o socialismo é a única alternativa histórica ao capitalismo. E por tudo isto, porque a Revolução de Outubro mostrou que o socialismo é, não apenas possível, mas inevitável, o grande capital tremeu… e 94 anos passados, apesar de dominante, continua a tremer. (…)”

Assim começou José Casanova a sua intervenção sobre o 7 de Novembro, na Quinta da Atalaia a 13 de Novembro de 2011. Depois de uma larga e coloquial intervenção, terminava assim:

“(…) Por isso, camaradas, o aniversário que aqui estamos hoje a comemorar é um aniversário com futuro.
Com futuro precisamente devido à actualidade do ideal de Revolução da Outubro.”

5 anos passaram. E, deste este último, muita falta nos faz o nosso Zé Casanova. Que não nos falte o seu exemplo e as suas palavras. Como estas, mais necessárias que nunca, no aniversário das vésperas de centenário da Revolução de Outubro e quando se avizinha, com preparação meticulosa, a celebração de um outro centenário, o das chamadas aparições de Fátima.

Ainda ontem (na véspera de 7 de Novembro!) o senti ao sermos confrontados com o primeiro episódio de uma série, no canal público (!) da televisão, com o título Fátima e o Mundo, com o sub-título Fátima a Europa e o Mundo…, que continuará em mais 5 episódios semanais, em horário nobilíssimo.
Este primeiro episódio confirmou todos os receios que teria sido possível prever. Sendo Fátima e as ditas aparições uma questão de fé – e pessoalmente tenho o maior respeito por quem a tenha –, a longa amostra que foi o primeiro episódio pretendia travestir-se de documento histórico (primeiro de uma "Série Documental"...). Pior: de contra-fé, de falsificada alegação anti-comunista no estilo mais agressivo (embora embrulhado em papel de fantasia…), em guerra fria sem pruridos de "direitos humanos", ao serviço da luta de classes.

Pessoalmente, mais do que confrontado, senti-me agredido. Decerto porque o testemunho que tive de meu Pai (presente na Cova da Iria em 13.10.1917, com 19 anos) - e outros -  foi bem diferente do que o Padre Guerra teve dos seus antepassados (de sua avó, através de seu pai). Uma questão de fé e de fenómenos e manipulação de massas… mas a este tema terei, naturalmente, que voltar.