sábado, junho 30, 2012

Colossal falhanço?

Face a dados estatísticos recentes, que permitem comparar previsões oficiais relativos ao orçamento (e que, para se alcançarem, tanta austeridade foi imposta)  com dados estatísticos, e que aqui se resumem

  Cálculo/previsão Dados do INE
  do Governo  
IVA + 11,6% - 2,8%
Imp. S/veículos - 6,5% - 47,0%
Imp. Prod.petrol. - 2,1% - 8,4%
Subs. Desemp. + 3,8% + 23,0%
Cont. Seg. Social - 1,0% - 3,0%

 Nicolau Santos dá, no caderno Economia do Expresso, o título A caminho de um falhanço colossal ao seu editorial da página Cem por Cento, e comenta esses dados desta maneira:

(...) o que se pode dizer se não que se trata de um falhanço verdadeiramente colossal da equipa das Finanças e, em particular, do brilhantíssimo e competentíssimo ministro Vitor Gaspar?

Sublinhada a ironia, fica a dúvida: 
tratar-se-á de um falhanço?, 
ou será apenas um episódio grosseiro 
de uma luta (de classes)?

sexta-feira, junho 29, 2012

OUTRA INFORMAÇÃO (que faz muita falta a alguns ignorantes encartados) - Chipre

O ano passado estive em Chipre. Pela segunda vez, e desta como reformado e em turismo assumido (mas comprometido!). Deixei aqui alguns "posts". Por isso, na moção de censura do PCP ao governo, da última 2ª feira, mais ridículas achei as intervenções vindas da extrema direita da Assembleia da República, em que, revelando (na menos má das hipóteses) uma lamentável ignorância político-geográfica, na salada de referências misturaram países e regimes e até fizeram das dificuldades de Chipre, no plano financeiro, um motivo para atacar o PCP, identificando-o como um país governado por comunistas.
Lembrei-me desse episódio ao ler o avante! de ontem, em que nos é facultada "outra-informação". Claro que não tenho qualquer ilusão quanto à leitura, quer do avante!, quer deste blog, por tal gentinha, mas fica como reforço de argumentação entre nós.
Extractos da informação (OUTRA!) na ultima página do avante!,:

«Chipre negoceia empréstimos


(...)
As dificuldades do país resultam da grande exposição do seu sistema financeiro à economia da Grécia, que tem sido alvo da brutal ingerência e aplicação dos denominados «memorandos» da UE e do FMI – inadmissíveis instrumentos de extorsão e de exploração dos trabalhadores e do povo grego, que, representando um enorme retrocesso social e provocando calamitosas consequências para a economia grega, servem os interesses das grandes potências e dos grandes grupos económicos e financeiros.
Dimitris Christofias, Presidente da República de Chipre, criticou a UE, o BCE e o FMI, caracterizando a sua postura como a de uma «força colonial», que procura impor políticas neoliberais e medidas de austeridade através dos seus «memorandos», dando como exemplo o caso da Grécia que se repercute na economia cipriota. Como em qualquer outro país da União Europeia, a aplicação de programas de agressão no Chipre atingirá profundamente os interesses dos trabalhadores e do povo.
Dimitris Christofias foi eleito Presidente da República em Fevereiro de 2008, na segunda volta da eleição presidencial, era então secretário-geral do Partido Progressista do Povo Trabalhador (AKEL).
Actualmente o AKEL participa no governo do Chipre com três dos 11 ministros (com as pastas do Trabalho, Energia e Interior). Nas eleições legislativas realizadas em Maio de 2011, o AKEL obteve 19 dos 56 deputados, sendo a segunda força no parlamento nacional.


(...)
Num quadro caracterizado por grandes pressões, o governo cipriota formalizou, dia 25, a intenção de solicitar um empréstimo financeiro à União Europeia, faltando agora determinar os termos do pedido e a consequente negociação do conteúdo de um possível acordo, nomeadamente quanto à definição de montantes, prazos e juros. Com vista a assegurar a recapitalização de alguns dos seus bancos, o governo de Chipre desenvolve um conjunto de iniciativas, tendo nomeadamente encetado negociações bilaterais com a Rússia e a China para a concretização de empréstimos por parte destes dois países


Também é de lembrar que,
desde 1974,
Chipre é um país dividido,
com cerca de metade do território 
ocupado pela Turquia,
com um muro a separar,
e que nele continuam bases
da antiga metrópole colonial,
o Reino Unido 

Hoje, ao almoço... as medidas de curto prazo. Só depois, o crescimento (se...).

No Diário Económico:

Grande título:

Merkel cede em toda a linha
a Espanha e Itália
 
Lê-se o resumo (head line)
 
Fundo de resgate vai poupar as contas países quando comprar dívida e quando recapitalizar os bancos directamente. Tudo o que Roma e Madrid pediam.
 
Procura-se no artigo e fica-se a saber a dimensão desse "tudo", transmitido depois das 5 da manhã (muito trabalharam "eles"), mas nada se lê sobre os polémicos "euro-bonds", a falada "mutualização" e etc., mas sobre crescimento pode ler-se que "... outra grande vitória é para Monti (da Itália sobre a Alemanha?!...) que ao início da noite de ontem bloqueou, ao lado do espanhol Mariano Rajoy, a adopção do Pacto de Crescimento até que as medidas de curto prazo não fossem discutidas. O debate sobre as medidas de curto prazo estava apenas previsto para o almoço de hoje".

Que folhetim!... Com as bolsas e os juros a acompanharem como se fossem um termómetro louco. Ou não fosse a especulação (os "mercados"...) a imperar no império(lismo). 
 

Reflexões lentas - movimentos, moção de censura e congressos

A propósito de "movimentos de esquerda" e de congressos, dei um pequeno passeio pela internet e seus atalhos, e suscitaram-se-me algumas reflexões, de que fixei umas pontas para aqui transcrever:

1. Há uns movimentos e umas movimentações que são (uso a palavra, embora a contragosto...) recorrentes.
Em determinados momemtos históricos, quando a realidade cria condições objectivas para que as massas possam tomar consciência de que a História é a luta de classes e que, contra elas, há uma classe que faz a sua/dela luta sem "dó nem piedade" (mas alguma caridadezinha para disfarçar), surgem diversões várias, entre as do muito circo para fazer esquecer a escassez do pão até às de movimentos e movimentações "munta radicais" a exigir a revolução, já e, sobretudo - explícita ou implicitamente - a atacar os que estão, sempre e imprescindivelmente, na luta, como vanguarda da classe que querem ser.
Neste momento histórico, ajustado ao que ele é (historicamente), de "crise" que é, evidentemente, de um sistema de relações sociais de produção que dá pelo nome de capitalismo em fase de financeirismo demencial, esses movimentos e movimentações tinham de aparecer sob várias formas e com importantes apoios mediáticos e de outros tipos. E se há nomes recorrentes (!!), que têm estado em todas desde que há décadas isto acontece com eles a mexer os cordelinhos que outros mexeram e eles a outros passarão (passarões), há gente de boa fé, ou talvez ingenuidade, que  a eles se juntam e compartilham a mágoa (por tantos estimulada hipocritamente) por o PCP não... alinhar com tais movimentos e movimentações. Com as correlativas insinuações e acusações de sectarismo e o esquecimento dos 91 anos de luta contínua e consequente (com problemas e períodos nada fáceis, naturalmente) e o seu Congresso este ano, marcado há muitos meses, fazendo-se de conta que se desconhece, até se falando de outros congressos concebidos e paridos à pressa para antes do final de Novembro. Coincidências...

2. Nestas navegações, encontrei muita coisa merecedora de transcrição... para reflexão. Lenta e mastigada. De um texto de Francisco da Silva (de quem nada mais conheço, o que é, decerto, falha minha) publicado no dia seguinte à moção de censura no blog  artigo58, transcrevo o título (A esquerda livre, de comunistas) e excertos que podem servir para reflexão (e só por isso, e assim, os transcrevo)
«(…)
Ouço vezes sem conta dirigentes do PS falarem da impossibilidade de coligações à esquerda, que os partidos não estão disponíveis para se juntarem ao PS. Leio também outros tantos da esquerda livre, afirmarem o mesmo... No entanto, quando o PS tem essa oportunidade o que é que faz? Refugia-se no colo da direita. Claro, que nem uma linha virá escrita sobre sectarismo da parte dos socialistas, nem uma voz virá clamar contra as constantes posições políticas do PS, que indo muitas vezes contra o que é o sentimento geral da sua base, dos seus eleitores e militantes, prefere juntar-se à direita.
(…)
Perde-se mais uma oportunidade de a esquerda se unir, sob a justificação sectária que "o PCP apresentou uma moção de censura ao PS, por isso não votamos favoravelmente a deles". Claro que debaixo dessa justificação, esconde-se um partido ideologicamente à deriva. Um partido que não só não tem homem do leme, como nem sequer tem leme.
Os inúmeros votos que o PS conquistou mereciam mais respeito. As pessoas que votaram PS, mereciam mais que ter eleito uma bancada que nas questões essenciais abstém-se. Um partido cuja linha política é o não comprometimento, não é um partido. Os portugueses não mandataram os deputados do PS para serem figurantes neste filme realizado e produzido pelo PSD e CDS.
(…)
A direita ter um aliado como o PS no parlamento é perigoso: dá-lhes toda a liberdade para aplicarem na totalidade as políticas este processo reaccionário em curso.

O PCP fez política hoje, quanto mais não seja, merece ver esse mérito reconhecido. Já tinha saudades de ver fazer política no parlamento. A política de corredores, de mesas de restaurante, de sacristia ou maçonaria já enjoa...»

   

quinta-feira, junho 28, 2012

Conceitos de tanta profundidade que enterram qualquer um!

Por SAPO Desporto

Portugal foi recebido no Aeroporto da Portela pelo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.

«Não há um português que não esteja orgulhoso»
O ministro Miguel Relvas regozijou-se pela prestação portuguesa neste Euro2012. Depois de o ter demonstrado junto da comitiva nacional, fê-lo em viva voz em declarações à comunicação social.

«Estamos muito orgulhosos. Não há um português que não esteja orgulhoso. Correu tudo bem e espero que sirva de exemplo para o próximo desafio que é o campeonato do Mundo. Esta geração tem grandes condições para que no próximo Mundial consiga fazer uma boa prestação, um Mundial que se joga no Brasil e onde temos responsabilidades por ser um país de língua portuguesa», disse o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares no aeroporto da Portela.

Quantos de nós teremos de devolver o cartão de cidadão uma vez que não sentimos orgulho nenhum, e até podemos sentir desorgulho - neologismo "simpático" para vergonha, como é o meu caso - por ser de um País que tem este (como é que é?...) "ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares" com que tem estes conceitos e diz coisas desta... profundidade. O que vale é que ele passará, reduzido à sua insignificância, e o País continuará.

Síria

de Vicmac para plumayfusil em vermelho:

Fica claro?

Nota do Gabinete de Imprensa do PCP


Esclarecimento
sobre um anunciado congresso

Quarta 27 de Junho de 2012

Face a várias solicitações de diferentes órgãos de comunicação social o PCP julga necessário esclarecer:
A propósito do anúncio de um referido “Congresso democrático das alternativas” têm sido atribuídas ao PCP alegadas posições de “bom acolhimento” ou “demarcação”.
Importa assim sublinhar que: não são possíveis “demarcações” de algo a que se é totalmente alheio e sobre o qual ainda não se tinha pronunciado; como é igualmente absurda qualquer confusão entre uma mera informação para dar a conhecer algo inteiramente já decidido e formatado por terceiros, com um qualquer alegado “bom acolhimento” que só abusivamente pode ser invocado.
Num quadro em que, movidos por uma sincera inquietação com o rumo de desastre do país, alguns se possam sentir atraídos pela iniciativa, o PCP considera necessário desde já registar a sua clara reserva quanto à sua natureza e origem.
O PCP sublinha que qualquer alternativa real – inseparável do desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do povo e incompatível com actos sectários e de objectiva marginalização – exige uma clara ruptura com a política de direita e os seus promotores nos últimos 36 anos (e não só com o actual governo) e a rejeição do Pacto de Agressão (e não com um pretendido reajustamento quanto à sua aplicação).

Para mim,
fica!

5ª feira

Já? Estão a suceder-se tão depressa...









Para não dizerem que não falei do Euro - 4 e (meia) final

Se vi o jogo? Vi, sim senhor. Como comum dos mortais que todos somos, e como o comum dos mortais diferente de todos os outros que eu sou (como cada um de nós o é!).

Vi o jogo como gosto. Ou, talvez, como quero estar na vida, e nos espectáculos a que assisto. Interessado mas com distanciamento. Crítico. Do que vejo e de mim, espectador.
Vi o jogo sozinho e a fazer outras coisas... com o computador nos joelhos. Um pouco torcido mas não "torcendo", ou "fan" (de fanático) ou apoiante. Embora - ou porque... - com alguma contradição nos desejos. Desejando que os que estavam a representar Portugal naquele jogo ganhassem, mas perfeitamente consciente (assim me julgo) dos malefícios que essa vitória nos poderia trazer como novo (e acrescentado) ópio do povo que o futebol é.
Durante as duas horas (e mais) não sofri, nem exultei. E lembrei-me. logo no começo, de quando ouvia o hino no Estádio Nacional e adaptava a letra cantando "contra os espanhois, marchar, marchar". Quanto cresci! Nem sempre bem...

Vi(vi) um acontecimento da minha mais próxima humana condição. A observá-la/me.
Em resumo, tive pena  mas não fiquei "de rastos". Nem sequer triste. Registei como uns centímetros decidem tanta coisa importante para a tal condição humana, a minha e a que integro, desejando ser íntegro. Por centímetros, o penalti do Bruno Alves foi bater nos postes que delimitam a baliza e, logo a seguir e por negaças do fado nosso, por centímetros o penalti do Fabregas bateu num desses postes e entrou em vez de sair.
E lamentei duas coisas, em dois personagens:
que o Cristiano não tivesse marcado como se tornou quase lenda um dos três livres que teve à disposição e que tivesse perdido aquela oportunidades mesmo à beira do apito final (deve ter sido assim que os comentadores disseram...);
e, ainda, que tivesse sido o João Moutinho - para mim, a ilustração do homem na equipa, no colectivo... e que grandes jogos fez! - a falhar um dos penalties falhados. Não foi justo. 

Dia de luto? Qual quê! Recuso terminantemente!
Dia de luta. E outra. E de todos os dias.
A propósito, hoje há uma cimeira europeia, que deixou de se chamar cimeira para ser mais um Conselho Europeu no que o capital financeiro quer que seja o caminho para uma Europa Política que torne Portugal numa única freguesia de uma Europa político-financeira, isto é, dos políticos ao serviço do capital financeiro.
Essa é a luta!


Começa hoje mais um Conselho Europeu

... decisivo, claro!

quarta-feira, junho 27, 2012

Ping...-pong...

Depois de, na 2ª feira, ter havido um debate na AR sobre uma moção de censura, em que houve de tudo e, até, censura e política "à séria", dois dias após foi um apressado e mal jeitoso jogo de ping-pong entre uns troik(ul)entos, à maneira de revista do Parque Mayer (que me perdoem os bons números de teatro e contra a censura que por lá vi...).
Ao fim e ao cabo (de esquadra), segundo o primeiro ministro não pode haver negociação (de prazos) porque ele já reclamara isso mesmo, ainda era "lider da oposição" (!!!) e cúmplice do acordo de entendimento, e os da troila de lá disseram que não podia ser porque os da troika de cá (os PS) já tinham aceitado.
Isto, por um lado, dito por quem argumenta com surpresas, coisas novas e de espantar, para preparar novas medidas de austeridade mas que ainda não servem - as surpresas, coisas novas e de espantar... - para o que terá de vir a ser feito e, socialmente, quanto mais tarde pior;
isto que, por outro lado, serve para ilustrar a requientada fábula do lobo e do cordeiro e de quem sujou a água do rio, com a diferença de não se saber quais são os lobos e quais são os cordeiros porque vão alternando a pele que vestem.

Que ping!





Pong!

O inexplicado caso do dinheiro volátil - Correia da Fonseca

O Norberto muito se espanta, e bem mais que isso, muito se indigna, quando agora aparecem na televisão uns senhores bem-falantes e muito sábios a avisá-lo de que pode muito bem acontecer que um dia destes a sua pensão de reforma, alcançada ao cabo de 50 anos de duros trabalhos, não possa ser-lhe paga. Por não haver dinheiro, sobretudo se os senhores Mercados se zangarem. Mas que fez o Estado ao dinheiro que Norberto tão duramente descontou?

1. O Norberto, coitado, começou a trabalhar cedo. Como aliás aconteceu à generalidade dos adolescentes naqueles anos distantes. Tinha ele 15 anos e os pais explicaram-lhe: acabara o seu cursozinho comercial, já começava a ter barba na cara, e sobretudo os pais já não aguentavam nem mesmo as despesas mínimas que a vida cada vez mais cara impunha. Tinha de empregar-se. E assim foi. Respondeu a muitos anúncios e lá arranjou emprego num escritório de importações da Baixa lisboeta. O dinheiro era pouco, mas era dinheiro. E logo então começou a descontar sobre ele, para a Previdência, uma verba a que se acrescentava a parte da contribuição patronal, de facto um outro fragmento do seu salário, pois era claro que ao fixarem-lhe o ordenado mensal os patrões já levavam em conta o encargo representado pelo pagamento que efectuariam para a mesma previdência. Numa outra linguagem, digamos que no caso do Norberto como no de todos os outros trabalhadores a contribuição patronal saía também da mais-valia que ele disponibilizava em favor do negócio patronal.

2. Foi assim quando o Norberto tinha 15 anos, e aconteceu que ele trabalhou até aos 65 anos de idade, isto é, que ao longo de meio século foram extraídas do seu trabalho contribuições para a Previdência ou, se se quiser usar a designação escolhida muitos anos depois do seu primeiro salário, para a Segurança Social. Foi muito dinheiro. Dir-se-á que os descontos entregues nos primeiros 10 anos, por exemplo, foram uma insignificância se o seu valor nominal encarado com olhos actuais. Pois sim, mas não parece ser essa a maneira certa de avaliá-lo: naquela altura eram valores significativos, e parece claro que a sua entrega à então Previdência Social tivesse em vista que essa excelentíssima senhora arrecadasse esses dinheiros debaixo de um qualquer colchão, como nos mais tradicionais velhos tempos, mas sim que os aplicasse de modo a que pelo menos não fossem anulados pelo poder das inflações. Porque a Previdência, tal como a actual Segurança Social, não era uma velhota de carrapito mas sim nada mais nada menos que o Estado Português. Fascista, mas Estado. Fascista, mas Português.

3. Por isso o Norberto muito se espanta, e bem mais que isso, muito se indigna, quando agora aparecem na televisão uns senhores bem-falantes e muito sábios a avisá-lo de que pode muito bem acontecer que um dia destes a sua pensão de reforma, alcançada ao cabo de 50 anos de duros trabalhos, não possa ser-lhe paga. Por não haver dinheiro, sobretudo se os senhores Mercados se zangarem. E a ameaça traz atrelada uma explicação: a de que a reforma do Norberto, como a de todos os Norbertos deste amargo País, tem de ser paga pelo trabalho das «gerações seguintes» cada vez mais minguadas no tamanho e nas contribuições entregues ao Estado. Essa é boa! refila o Norberto, então que é feito do meu dinheiro confiado ao Estado e não a qualquer carteirista de autocarro? O que fez dele o Estado, onde o meteu, a quem o entregou? O Norberto sente-se roubado e, complementarmente, um pouco escarnecido como todos os abusados na sua boa-fé. No mínimo, não percebe, chega a pensar que talvez o dr. Eugénio Rosa lhe pudesse explicar como e porquê se volatilizou o seu dinheiro, isto é, o seu suor de meio-século, mas acontece que o dr. Eugénio Rosa nunca aparece na televisão. Ao espanto e à indignação do Norberto somam-se o desespero e a ira. Se a coisa continua assim, se as ameaças que a TV lhe traz prosseguem e nenhuma explicação o vem apaziguar, não sei onde é que isto vai parar.

O "estudo"!

de o sapo:

Estudo

Portugal conseguirá voltar a financiar-se sozinho a partir de 2015 (DE)


As reformas estruturais em Portugal surtem efeito e o país deverá sustentar a sua dívida sem ajuda externa a partir de 2015.

Fui ler, para além deste destaque.
O dito "estudo" é um artigo de um jornalista alemão num suplemento de economia de um jornal alemão.
É um artigo mais que laudatório para o que está a ser o caminho da economia portuguesa. Tudo ainda mal(zinho) mas a caminho de ficar tudo muito bem(zinho). E por forma formatada a servir de exemplo para outros que não estão a seguir tão obedientemente as "receitas", escreve o dito jornalista...
Veio-me à memória (além de várias frases batidas) um tempo em que, havendo fascismo em Portugal e levando guerra colonial a outras paragens e continentes, de vez em quando se transcreviam artigos da imprensa estrangeira em que Portugal era o baluarte da civilização ocidental.
Havia então a certeza que esses artigos tinham sido pagos em escudos. O que não será agora o caso, evidentemente. 

Universidade Sénior de Ourém

Hoje é o dia de encerramento do ano lectivo da Universidade Sénior de Ourém. De confraternizarmos e de "prestarmos contas" do que durante o ano foi feito em cada uma das "cadeiras".
Pela minha parte, meti-me numa aventura - que apenas estará no começo...
Deixei-me das "economias" e fui, com mais 12, um dos artesãos em uma "oficina de escrita e leitura", a contarmo-nos histórias (ou estórias) de nós, da nossa terra, de outros tempos. De vida..
Eu recebia os textos (escritos à mão, em máquinas de escrever recuperadas "de antes da guerra", alguns em devida forma, quase todos excelentes), dava a minha opinião, corrigia alguns erros que resultavam da pouca oficina anterior..., liamos o melhor que cada um podia e sabia (e ia melhorando a leitura).
Foi mais que interessante, Foi - para mim - uma hora semanal de aprendizagem, de confirmação, de convívio.
Hoje, apresentaremos uma amostra da nossa oficinagem. A começar por mim... assim:

Ferramenta: palavras!

Depois de dois anos nesta nossa Universidade… cansei-me da economia (mais dos economistas que da economia…).
Propus que se criasse uma oficina.
A ferramenta seriam as palavras.
Escrevê-las, dizê-las, para nos contarmos histórias. Como se contam histórias a pintar, bordar, modelar, cerzir.
Aceite a proposta, alguns dos que talvez também estivessem fartos da economia... mas não deste economista, vieram comigo para trabalharmos as palavras.
Trouxe uns velhos torno e formão para meter histórias em cem palavras.
Nada forcei, mas exemplifiquei e ajudei.
Com cem palavras ou poucas mais..., muitas histórias nos contámos.
Foram horas bem passadas. Contando-nos histórias. 


Se alguém se der ao trabalho (oficional) de contar estão lá 100 palavras... nem mais uma!
Mas vão ter mais notícias deste trabalho...


Campanha em curso e com grande receptividade

Sobre o abaixo assinado PELA NOSSA SAÚDE!, recebeu-se da CUSMÉDIO Tejo

Mais de 16 400 utentes
assinaram o documento

“PELA NOSSA SAÚDE!”.

Nos últimos dias continuou a haver distribuição de documentos para a recolha de assinaturas, nomeadamente nos concelhos de Abrantes, Mação, Ourém e Alcanena.

Dos relatos que nos chegam verifica-se que as populações estão muito apreensivas quanto ao futuro da prestação de cuidados de saúde na Região. A\recolha de assinaturas está a decorrer com a normalidade habitual, registando-se apenas dois incidentes, por sinal, em unidades de saúde.

terça-feira, junho 26, 2012

Vasco, nome de Abril

Um simples exercício...

... de aritmética, ou de bom senso, ou de desmistificação, ou de desmiticação vítorgasparina:

No ano n um grupo de pessoas tinha de réditos, em média anual, 1.400 unidades monetárias (100x14), e passou a ganhar, em teoria, 1.200 (100x12) de média. Brutos…
  • Como, a essas pessoas, lhes aumentaram impostos directos, lhes fizeram descontos novos, lhes subiram os preços de despesas incompressíveis (comida, transportes, cuidados médicos);
  • como lhes acresceram impostos indirectos (o dito IVA), onerando o que poderiam comprar;
  • como algumas dessas pessoas ficaram sem emprego (e sem subsídio de desemprego ou com subsídio menor que o salário que tinham),
na prática, ou por líquido, no ano n + 1 os réditos teriam ainda baixado (vá lá!...) mais 5% para esse grupo de pessoas, pelo que passaram a ter 1.140 unidades monetárias, em média, para fazerem face a custos superiores (o tal IVA e os novos preços do que não é compressível)
  • do que resultou que ficaram com menos capacidade de consumo aí de (vá lá…) uns 20% em relação ao ano n.
E vem o geniozinho das finanças dizer-se surpreendido por as receitas do IVA não terem aumentado, e lamentar-se de mais outras coisas (in)esperadas que o levam a não poder cumprir os seus objectivos “cientificamente” previstos”
  • pelo que não poderá cumprir os 4,5% do défice (era isto, não era?)
… a não ser que, não mudando de política (o que nem pensar!...), insista na mesma receita, ou seja, diminua mais ainda o que será o mercado interno no ano n + 2, ou seja, mais austeridade, mais desemprego, mais miséria!!!!!

Vá gozar com outros… porque essa balela da incompetência não pega!
É mentira… a verdade chama-se ideologia e luta de classes.

A intervenção final no debate da moção de censura

Tinha deixado dito que talvez transcrevesse a intervenção final da moção de censura, a cargo de Bernardino Soares. Aí está ela: 

Um Manifesto testemunho do maior significado

"Um grupo de iminentes Professores de Direito e Jus laboristas subscreveram e tornaram público um manifesto em defesa do direito de trabalho, disponível para subscrição em http://www.manifestotrabalhodigno.pt/ .
Esta é uma posição que a CGTP- IN acompanha, razão pela qual convida todos os que estão profissionalmente interessados e ligados ao mundo do trabalho, nomeadamente os advogados que desenvolvem actividade nos sindicatos ou com eles têm ou tiveram alguma ligação, a associar-se.
O grupo de subscritores que divulgou o manifesto decidiu pedir uma audiência ao Presidente da República para fazer, pessoalmente, a entrega e explicação do mesmo"

Manifesto

Por Um Trabalho Digno Para Todos

1. Uma das mais reclamadas e relevantes funções do direito do trabalho tem sido, desde a sua origem, a da proteção do contraente débil, procurando compensar ou reduzir o profundo desequilíbrio contratual entre os dois protagonistas da relação de trabalho, função que foi cumprindo, com maior ou menor eficácia, com recurso, para parafrasear uma ideia também defendida pelo Tribunal Constitucional, ao mecanismo da limitação da autonomia da vontade do mais forte para garantir alguma autonomia da vontade do mais frágil. Na sua ainda curta história, este ramo do direito tem experimentado vários sobressaltos, com fluxos e refluxos assentes em fatores de vária ordem de acordo com os diferentes contextos que se sucedem de época para época.

2. Ainda que com sinais anteriores claros, pode dizer-se que o Código de 2003 representou um dos mais significativos refluxos da história recente do direito do trabalho português, refluxo impressivamente simbolizado pela subversão de um dos princípios que lhe serviram de alicerce e melhor o caracterizavam – o designado princípio do tratamento mais favorável na relação entre as suas fontes estaduais (lei, decreto-lei, etc.) e as suas fontes próprias (a convenção coletiva de trabalho).

3. Esquecendo, em boa medida, a sua tradicional função de defesa de bens básicos da pessoa do trabalhador, o direito do trabalho tem sido transformado, sobretudo desde então, num verdadeiro instrumento de gestão das empresas, com legisladores sempre disponíveis para aceitarem, ou mesmo aplaudirem, mais uma concessão, numa escalada aparentemente sem fim à vista. Ainda o processo de revisão em curso não conheceu o seu termo e já se ouvem clamores a reivindicar mais reformas. Além das vozes de alguns escandalosamente bem instalados que, sem qualquer pudor, reclamam o emagrecimento dos magros salários dos outros, apressam-se a troika e o governo a proclamar, na sua recente declaração conjunta da 4.ª avaliação, que «são urgentemente necessárias mais medidas para melhorar o funcionamento do mercado laboral».

4. O tempo de trabalho e a sua organização, a desregulamentação de importantes matérias desta relação social básica com o consequente abandono dos mais frágeis à sua sorte, os despedimentos, a negociação coletiva, etc., têm sido os alvos prioritários deste autêntico assalto a muitas das medidas que emprestavam ao trabalho um mínimo de dignidade.

5. Se a tudo isto se juntar a redução do papel da administração do trabalho de fiscalização do cumprimento das leis, o sentido das sucessivas reformas é, no entender dos abaixo-assinados, o de um programa implacável de empobrecimento material e espiritual da esmagadora maioria dos trabalhadores e, consequentemente, de degradação da cidadania e da nossa vida democrática, à custa da adulteração do direito do trabalho.

6. Não sendo este o lugar próprio para discursos de índole técnica, nem mesmo de ordem jurídico-constitucional, ousam, ainda assim, os signatários lembrar que o referido programa em curso e, em particular, várias das suas concretas medidas não cumprem os desígnios constitucionais, infringindo vários dos seus princípios e normas, designadamente, entre outros, o princípio da dignidade da pessoa humana, o princípio do direito ao trabalho e à estabilidade no trabalho, o princípio da conciliação da vida profissional com a vida familiar, o princípio da liberdade sindical, o princípio da autonomia coletiva.

7. Preocupados com o rumo que tem vindo a ser dado ao direito do trabalho e, sobretudo, com a crescente desconsideração dos trabalhadores;

Indignados com esse autêntico escândalo social e humano da elevadíssima taxa de desemprego, com a crescente precariedade e com a política de austeridade que recusa a quem trabalha os rendimentos salariais mínimos indispensáveis a condições de uma vida digna;
Convictos, por outro lado, de que o melhor caminho para a solução dos graves problemas do País é o de uma maior justiça social e o do fortalecimento da democracia e das instituições democráticas;
Os abaixo-assinados, todos profissionalmente interessados e ligados ao mundo do trabalho, entendem ser seu dever:
 manifestar publicamente a sua inquietação e firme protesto contra a sistemática e injustificada adulteração do direito do trabalho profundamente agravada com a recente revisão do Código do Trabalho;
 convocar todos os que se encontram profissionalmente interessados e ligados ao mundo do trabalho a juntar-se a este protesto e a manifestar a sua inquietação;
 interpelar as entidades públicas que juraram cumprir e fazer cumprir a Constituição sobre as medidas adequadas a pôr termo a este processo de subversão em curso;
 promover iniciativas de ampliação deste protesto, inclusivamente no âmbito da União Europeia.

António Avelãs Nunes – professor jubilado da Universidade de Coimbra
António Casimiro Ferreira – professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
António Cluny – jurista, presidente da MEDEL
António Hespanha – professor da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa
Augusto Praça – advogado, membro da CECO da CGTP-IN
Catarina Carvalho – professora da Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto
Elísio Estanque – professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Fausto Leite – advogado, especialista em direito do trabalho
Francisco Liberal Fernandes – professor da Faculdade de Direito da Universidade do Porto
D. Januário Torgal Mendes Ferreira – Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança
João Leal Amado – professor da Universidade de Coimbra
João Reis – professor da Universidade de Coimbra
Joaquim Dionísio – advogado, responsável do Gabinete de Estudos da CGTP-IN
Jorge Leite – professor jubilado da Universidade de Coimbra
José Castro Caldas – economista, investigador do CES
José João Abrantes – professor da Faculdade de Direito da Universidade Nova
José Reis – professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Júlio Gomes – professor da Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto
Manuel Carvalho da Silva – professor da Universidade Lusófona e Coordenador do CES Lisboa
Martins Ascensão – advogado jus laborista
Pedro Bacelar de Vasconcelos – professor da Faculdade de Direito da Universidade do Minho
Vítor Ferreira – advogado jus laborista

http://www.youtube.com/user/cgtpin/featured

A 9ª Assembleia da ORSA - registo


Neste corropio em que sempre ando - embora por vezes pare para ver 4 horas de debate da moção de censura na televisão... - passou-me, aqui e noutro sítios em que "arquivo" notas e comentários ao que vou vivendo, a referência à 9ª Assembleia da Organização Regional de Santarém.
Deixo dois registos:

1. Foi um domingo de luta, de balanço de luta de 4 anos e de derfinição de linhas de acção para a luta que continua, contínua (logo no dia seguinte a moção de censura), com todo o trabalho que culminou a preparação.

2. Foi a eleição da nova direcção regional, que de 50 passa a 43, e em que sublinho a composição etária (é cá uma preocupação... talvez a começar a ser demasiado pessoal), com 42% dos membros desta nova direcção nas "casas" dos teen-agers, 20 e 30 anos, e apenas 1 já membro do PCP antes do 25 de Abril de 1974:


5ª feira


segunda-feira, junho 25, 2012

Moção de censura

Foram 4 horas! Em que os representantes eleitos pelos votantes debateram a moção de censura apresentada pelo Partido Comunista Português.
Para mim, foi uma aula prática em que revi matéria sobre democracia representativa. Em que aqueles para cuja eleição contribui com o meu voto (melhor: aquele, o deputado António Filipe) me representou condignamente, e posso dizer brilhantemente.
E estava aqui a pensar quantos portugueses poderiam ter o sentimento que eu tive.

Falaram muitos deputados e, pelo governo, falaram o 1º ministro, o ministro das finanças e o de Estado e dos negócios (bem dito...) estrangeiros (para não dizer estranhos).
Foram 4 horas de política, da que é (isto é, do que tem a ver com o modo como vivemos) e da que não deveria ser (ou seja, da que está ao serviço de interesses estranhos a nós, do capitalismo internacional) e que não recua perante qualquer tipo de malabarismos (retive aquela parte do enfatuado discurso de Paulo Portas em que, confusamente, misturou Brasil, Argentina, Turquia e Colômbia numa desastrada exibição de exibicionismo funambular). 
A intervenção final de Bernardino Soares foi o adequado fecho da moção de censura (que eventualmente aqui se reproduzirá) porque a votação foi o que se esperava e foi trazida das sedes partidárias. Mas quantos votantes, não só no PS mas também nos partidos da maioria, se viram representados nas intervenções e  nos votos de quem colocaram na Assembleia da República para os representar?

Eu, cidadão, aplaudo a moção e quem me representou. 
Dou-me por satisfeito. Tenho é de continuar a minha/nossa luta.

Entre tanto...

Entretanto, o que mais me impressionou neste debate sobre a moção de censura - cada um terá as suas escolhas... - foi a posição do Partido Socialista e, sobretudo, aquele discurso inacreditável de Silva Pereira, um marco na política assente na demagogia, na mentira, no pântano dos preconceitos.

Entretanto, estou estive a ouvir Vitor Gaspar... "habituámo-nos a consumir mais do que produzimos...".  E, com aquele tom conhecido foi continuando a dizer coisas, algumas, rancorosas, sobre o PCP, com a boca cheia de palavras como irresponsabilidade. Ele, o irresponsável que previu ao contrário do que era mais que previsível!... e que está em derrapagem orçamental.

Será que ouvimos bem?

Será que ouvimos bem?!!!
«(…) as privatizações para diversificar as fontes de financiamento externo da nossa economia.»!!!!!
Pedro Passos Coelho, 25.06.2012 (intervenção de abertura do Governo no debate da Moção de Censura ao Governo apresentada pelo PCP)

obrigado, R.O.!

As "surpresas"...

A "surpresa" da não prevista  (mas quem não o previu e preveniu?!) diminuição das receitas do IVA; a  "surpresa" do não previsto  (mas quem não o previu, quem é que não o preveniu?!) o crescimento do desemprego.

O "gang" dos que prevêem o que lhes convém e assim enganam o povo e se "surpreendem" com o facto da realidade, tal como previsto por  outros, não cumprir as previsões... do "gang".

Quem nunca se deixou enganar pelo Partido Comunista foi o povo...

... nem este, o PCP, alguma vez o tentou enganar!
O que é o caso de outros partidos que enganam, que fazem promessas, que criam ilusões e sistematicamente enganam o povo.

É ou não necessário censurar este governo e esta política?

E "eles", logo ali no degrau abaixo, iam conversando sobre as suas vidinhas... enquanto algumas "pedradas" lhes acertavam nas "carecas" postas à mostra.

domingo, junho 24, 2012

Para este domingo - parece que chegou...


Pelo menos em Alpiarça,
suou-se a valer!

sábado, junho 23, 2012

Para não dizerem que não falei do Euro - 3

Em 1990, estava eu na Assembleia da República em tarefa deputada e tinha o meu filho mais novo na Checoslováquia a estudar (em Podjabradi).
Se me não engano na referência rigorosa aos anos, foi nesse ano que a selecção nacional de futebol foi jogar a Praga. Não sei para que campeonatos. 
Resolvi, então, matar três coelhos de uma cajadada: i) ir estar com o meu filho; ii), rever Praga (cidade maravilhosa); iii) ver o jogo.
Em Lisboa, telefonei a saber se havia algum voo especial (não a fazer-me convidado... nunca!, até porque não aceitaria convites) e, na resposta negativa, fui "de turista em tempo normal".
Entre muitos dispensáveis pormenores pessoais, fui ao hotel saudar os jogadores e a equipa técnica, enquanto eleito e seu/deles representante, e lá fomos, o meu filho e eu, de transporte público, assistir a um jogo de futebol em que, apesar do nosso apoio, Portugal perdeu - injustamente! - por um a zero.
Porque conto isto? Porque fiquei incomodado (?) ao ler a notícia da ida de um "charter" de convidados (de quem?), para transportar assistência VIP para assistir ao Portugal-Checoslováquia de ante-ontem, . 

Austeridade? Isso tem a ver com 13º e 14º mês e outros cortes nos "privilégios" dos trabalhadores. Não se façam confusões!...

E agora? Para a meia-final... quantos "charters"?

(... com os nossos 13º e 14º meses!)

Para não dizerem que não falei do Euro (com maiúscula) - 2

Entrámos no restaurante, em Milfontes, onde amigos nos esperavam e o ambiente era diferente de dias normais. 
Numa parte àparte do restaurante - chamado tasca - havia uma prova de vinhos, a sala onde se jantava parecia uma plateia. Com um palco-televisão, uma mesa como se fosse camarote real, "habitado" por um jovem e grande e louro casal, as outras mesas dispostas em anfiteatro. Numa destas nos esperavam.
Na passagem para o nosso lugar, espreitámos o "palco" e vimos: Alemanha 1- Grécia 0. Passámos adiante... que o que íamos fazer era mais importante: comer e conviver!
Às tantas, os espectadores, até aí silenciosos, manifestaram grande alegria, embora controlada. Olhámos para o palco e vimos o que motivara aquela reacção: a Grécia empatara. De soslaio, espreitámos para a mesa do casal jovem que, procurando aparentar indiferença, não escondia a contrariedade nos rostos fechados.
Voltámos à conversa (e à raia). Entretanto, apercebemo-nos, em rápidos levantar dos olhos do prato e da conversa, que a Alemanha se impusera nas negociações, contrariando algumas falsas esperanças ou ilusões. E até vimos uma senhora que costuma aparecer noutros futebois, a famosa Ângela Merkl, a levantar-se do seu lugar na tribuna, aos saltos, com aquela sua leveza paquidérmica, a aplaudir toda eufórica.
O casal vizinho abria as faces num sorriso de superioridade que me irritou, e achei-os parecidos com a tal mulher pública, a Merkl.
Voltei, rápido, à (ar)raia (esta nada) miúda.
Havemos de nos encontrar numa final qualquer. Pode ser na do Euro (com maiúscula) mas haverá outras muito mais importantes.

Para não dizerem que não falei... do Euro! - 1

Anteontem assisti, sozinho e tranquilo, ao dito Portugal- República Checa. Como que assiste a um espectáculo. De que se gosta, mas que se vê distanciado. À Brecht!
Apreciei algumas demonstrações de verdadeiros "artistas", sendo o maior o que alinha com uma camisola esquisita que dizem ser a portuguesa. Cheguei mesmo a sentir solidariedade com as negaças da sorte a duas das habilidades desse artista que se ficaram por aí, sem resultado prático porque tudo tem limites, incluso as balizas em que a bola teria de entrar.
E se ouço, vejo, leio encómios mil aquela antecipação que permitiu que uma equipa ganhasse e outra perdesse (sem ser por penalties...), e em que o artista artista foi, o meu distanciamento permitiu-me valorizar a retenção de bola de um certo Nani, à espera que um outro certo Moutinho arrancasse com toda a garra e boa técnica para ultrapassar os checos todos e ir centrar para que o tal Reinaldo fizesse uma das suas.
Fiquei satisfeito? Não digo que não, embora sinta que mais uma dose de ópio/circo se injectou no povo com problemas para conseguir o pão nosso de cada dia que, nestes dias de agora, tem de ser bem mais que pão.
E valorizo o exemplo dessa jogada, lembrando que o gesto individual teve um jogo de equipa a possibilitá-lo.   

sexta-feira, junho 22, 2012

"Entre ameaças e ilusões"

Entre ameaças e ilusões
é um grande título!
Como um grande título é
A luta é inevitável!

E estão entre si ligados
e interdependentes.

As ameaças
- as chantagens -
e as ilusões são
formas de luta
(deles).
Contra a luta (nossa)!

E são ameaçados
e são iludidos
aqueles que poderiam
vir à luta
(nossa!). 

quinta-feira, junho 21, 2012

Inevitável... é a luta!

Em dois grandes títulos do avante! de hoje surge esta frase-chave INEVITÀVEL é a LUTA!
Escolhe-se a crónica internacional de Pedro Guerreiro...como poderia ser outra a escolha

Inevitável é a luta!


Por mais que sejam escamoteados, objectivamente distorcidos ou atraiçoados, os resultados das recentes eleições realizadas na Grécia e em França continuam a expressar – no contexto e condições específicas de cada país – a rejeição das políticas da União Europeia e a condenação das forças políticas que, recentemente, protagonizaram a sua tradução e concretização nestes dois países.
Tal constatação assume particular significado na Grécia onde, apesar das constantes e violentas pressões, chantagens e ingerências da União Europeia (contando já com as de François Hollande) e do FMI, a Nova Democracia e o PASOK tiveram cerca de 42% dos votos, muito longe dos 77% obtidos em 2009.
Trata-se de uma realidade política que a imensa distorção introduzida pelo anti-democrático sistema eleitoral (obtendo 42% dos votos, estes dois partidos irão ter 54% dos deputados) não consegue apagar. Tanto assim é que a UE, o FMI, a ND e o PASOK e os interesses do grande capital que estes representam – os responsáveis pelo descalabro na Grécia –, conscientes do forte sentimento de rejeição do «memorando de entendimento», da sua ilegitimidade e da insustentabilidade do status quo, se vêem obrigados a ensaiar uma qualquer «renegociação» que altere algo para salvaguardar o essencial.
As eleições gregas puseram a nu o carácter de classe da União Europeia. Perante a resistência e expressão da rejeição das suas políticas de exploração, empobrecimento e extorsão, a UE, ao mesmo tempo que exige o cumprimento dos seus intoleráveis ditames, brande a ameaça de bloqueio financeiro e boicote económico face à possibilidade de uma qualquer política que os confronte e que possa abrir perspectivas a uma real alternativa que venha a dar resposta às prementes necessidades dos trabalhadores e do povo grego.
Isto é, a UE, pela sua natureza, é objectivamente incompatível e um obstáculo ao direito soberano de cada povo a decidir do seu presente e futuro. A evolução da situação na Grécia coloca em evidência a importância do plano nacional como campo fundamental da luta de classes, para a salvaguarda da democracia e da soberania, para a conquista do progresso e de profundas transformações sociais.
No entanto, estas eleições «não colocaram o conta-quilómetros a zero»... Reflectindo o aprofundamento da crise do capitalismo, a situação económica na UE e na sua Zona Euro continua a agudizar-se. Neste quadro e com o intuito de sustentar o processo de integração capitalista europeu, avolumam-se as vozes dos ditos «europeístas» de diferentes matizes que, de forma mais ou menos dissimulada, advogam «mais Europa», isto é, mais integração federalista na UE, para «salvar o Euro» e a União Económica e Monetária (UEM), instrumentos da sua política neoliberal.
Um processo já em curso com o denominado «tratado orçamental» em ratificação e cujos contornos dos próximos passos começam agora a ser publicamente esboçados. Um processo que, a ser concretizado e aceite, levará ao completo controlo e domínio político e económico dos países da denominada «periferia» por parte das grandes potências (com a Alemanha à cabeça) e dos seus grandes grupos financeiros e económicos. Com tal propósito, está em andamento uma autêntica peneira política e económica que levará à definição daqueles que integrarão (ou não) esta nova fase do processo de integração capitalista europeu – a reconfiguração da UE/UEM.
Uma outra Europa de cooperação, progresso e paz só poderá ser construída a partir da luta dos trabalhadores e dos povos, da sua resistência, confronto e ruptura com uma União Europeia cada vez mais federalista, neoliberal e militarista.

A entrega da moção de censura - um acto político relevante!


... e desvalorizado!
O que só surpreenderá quem esquecer
(ou nunca se tenha lembrado!)
que a História é a luta de classes,
e tudo é condicionado pela correlação de forças.
Que há que alterar!
Por exemplo... com moções de censura!
Com a luta!

Foi bonita a festa, Mário



Foi bonita a festa, pá. Fiquei contente…

O Mário Castrim merecia-a. Pelas sementes que deixou. Poderia (e deveria) ter sido maior e melhor. Mas foram bonitos os encontros, os abraços, o convívio, as palavras (que de letras se formam), as viagens (as lembradas e as outras).
Gostei de ouvir, no meio das palavras, os poemas. Entre outros, o da jarra verde ("Saiu-me numa rifa da festa do Avante/Fiquei muito contente…"), e lembrou-me este:

Viagem através da festa

Reivindicamos a alegria.
Reivindicamos as canções de liberdade.
Reivindicamos a música ordenada do universo.
Reivindicamos as mãos dadas dos amantes.
Reivindicamos o sabor descoberto de todas as coisas.
Reivindicamos as pontes tranquilas.
Reivindicamos a invenção das cidades habitáveis.
Reivindicamos a palavra, o livro, o poema.

Reivindicamos a festa.
Reivindicamos esta arma.

A jarra verde, aquela jarra verde, só na festa do avante! poderia ter saído ao Mário Castrim.
Obrigado, camarada, por no-la teres oferecido.
(O Chico não deve ter comprado rifas...)

5ª feira

É verdade!
Outra vez?!
(Como o tempo está a passar depressa...)

quarta-feira, junho 20, 2012

Mário Castrim - hoje e em "Viagens"

Viagem através
 das palavras de ordem

A realidade não faz pose  "à la minuta".


A realidade tem a sua própria maneira de ser 
que não se adapta aos nossos desejos, nem
que lhe peçam por favor, ou
com os mimos de amante, quando fala.


A realidade só conhece a palavra de de ordem
que é
não apenas conhecer a realidade


mas montá-la.

Na preparação da moção de censura

Em contacto com as populações 
para o esclarecimento 
das razões da Moção de Censura


Nesta semana, no meio de uma autêntica "conspiração do silêncio", estão a desenvolver-se acções de esclarecimento e contacto com a população sobre os objectivos e razões da apresentação da Moção de Censura do PCP.
"É uma expressão institucional da grande contestação que entre os trabalhadores e o povo tem havido a esta política de mais pobreza e desigualdade", declarou Bernardino Soares.
Uma moção de censura que não se prepara, apenas, em gabinetes em que se estudam relatórios e números que reflectem o que as populações estão a viver sofrer com esta ofensiva anti-social. Uma moção de censura que quer traduzir a censura que se sente e ouve da parte de quem escolheu deputados (mesmo quando se absteve ou votou em branco) para que estes os representem na Assembleia da República.

terça-feira, junho 19, 2012

Mário Castrim - escrita e crónicas

Por “culpa” de Mário Castrim, muito me tem convocado à escrita. E não é de hoje ou de ontem. É de há quase 50 anos! Mas particularmente nestes últimos dias em que se assinalam os 10 anos da sua morte.
Assim tem tem sido. Directa ou indirectamente, isto é, por leitura (quase sempre releitura) de escritos seus, à boleia de escritos de outros, ou de outros escritos lidos adrede.



À MANEIRA (pretensiosa) DE ENSAIO
SOBRE CRÓNICAS


Num livro de crónicas – O homem na cidade, editado pela Prelo em 1968 – o prefácio de Mário Sacramento, com o apadrinhamento de Fernão Lopes, escrevia que «Está renascendo na Imprensa a prática da crónica – expressão fronteiriça entre imediato e mediato que jornalismo e literatura polarizam…».
E lembro o ano do escrito (que teria sido de 1968), quando havia, quase só, o jornalismo e a literatura. Com as crónicas no meio, entre o imediato de um e o mediato de outra. A literatura com os romances, as novelas, os contos; o jornalismo com as notícias, as reportagens, as opiniões (editoriais, notas do dia, apontamentos). Com as crónicas entre um polo e outro. De que o Pedro Alvim dizia (se bem recordo) que era um tipo de escrita que não consentia uma palavra a mais ou uma palavra a menos. 
Então os espaços, quer em jornais, quer em livros, contados às linhas, à página, às colunas. Passando pelo chumbo, com provas para a censura (para cortes integrais ou de palavras a mais...) ou apreendidos os publicados já em livro e distribuídos.
Era assim.

Hoje, é outra coisa. De outras maneiras se escreve e pode ler.
Há liberdade de expressão. Conquistada. E vilipendiada pelos "critérios editoriais impostos pelos proprietários, pela finança internacional. 
Mas há mais. Há internet e navegação "blogosférica" (para não falar em facebook e aparentados, que têm pouco a ver com esta coisa de escrita e comunicação… são outra coisa).
Os espaços preenchem-se a uma dada quantidade de caracteres, e entra tudo e tudo sai de computadores. Com os tais caracteres rigorosamente contados. Com e sem espaços. E nos computadores tudo fica, gravado, e pode circular em partilha. Com muito mais gente a mostrar que sabe escrever. E bem!
Cá por mim, aproveitei e “inventei” as 100 palavras (à volta de 600 caracteres com espaços). Foi treino para curtas intervenções no Parlamento Europeu e ficou-me o jeito. E tenho, no baú, muitas estórias em 100 palavras. Algumas, no outro tempo, seriam (talvez depois de ouvir a opinião do Mário Castrim) crónicas com problemática passagem pelo crivo da censura... hoje, são prosa em pousio.

Cavaco Silva "fora da lei"!


É isso mesmo!

Afeganistão - o Pico Karl Marx

De vez em quando sabe bem ver e ouvir (sentir!) coisas destas:

«Assista a algumas cenas, com música de Ensemble Tengir, do Quirguistão, da viagem realizada pelo alpinista Samuel Mansfield pelo Corredor Wakhan, no nordeste do Afeganistão. Entre as aventuras está a escalada do Pico Karl Marx, com mais de 6.500 metros de altitude. A área, inacreditavelmente bonita, fica entre as cordilheiras de Pamir e Hindu Kush e faz fronteira com China, Tadjiquistão e Paquistão. As imagens contrastam com a imagem negativa que a imprensa mundial divulga sobre o país.


Além do Pico Karl Marx, outros revolucionários, como Engels, são homenageados ao longo da geografia do Corredor Wakhan.
O Wakhan foi concebido geograficamente para separar os impérios britânico e russo no século 19 e agora se destaca como uma das fronteiras internacionais mais obscuras. A discordância política, a mistura de viajantes que passam pela região e ambiente inóspito -- os invernos costumam ter neves espessas e temperaturas de até 15 graus negativos -- fizeram com que uma cultura e língua distinta se desenvolvesse na área.
Nas altitudes mais baixas estão os povos Wakhis, uma comunidade que depende da agricultura de subsistência, cultivando principalmente batata e trigo. Eles falam variedades da língua wakhi (onde dialetos da aldeia são muitas vezes indecifráveis ​​uns dos outros), derivados de várias línguas iranianas. Nas altitudes mais elevadas está a pastoral do Quirguistão, onde geralmente habitam sunitas que falam uma língua de origem turca.
Rota de comércio da antiguidade
O vale constituíu uma rota de comércio na aniguidade. Acredita-se que tanto Alexandre, o Grande, e Marco Polo a utilizaram em suas viagens. O português e padre jesuíta Bento de Goes, cruzou o Wakhan até a China entre 1602 e 1606. Em 1906, Sir Aurel Stein, relata que mais de 100 cargas de pônei e bens subiam anualmente o Wakhan até a China.
Até hoje caravanas de camelos ainda pode ser vistas percorrendo a rota e os restos de fortificações que existem na região.
Da redação, com agências»

(em vermelho)