Há, decerto, quem não concorde com alguns comentários. Nem Avelãs Nunes alguma vez se terá distraído da sua posição de sempre de recusa do pensamento único. A começar, evidentemente, por não pretender que os seus comentários únicos sejam e esgotem a interpretação dos factos, e que as citações, em que abunda, façam o pleno do que os factos motivam. O que ninguém, com um mínimo de seriedade intelectual, pode deixar de reconhecer (e de agradecer) é o incomparável contributo de Avelãs Nunes para a informação fundamentada da actualidade que se vai vivendo.
O anexo sobre a guerra na Ucrânia, que se sentiu obrigado a juntar a A integração europeia-um projecto imperialista (que estava no prelo), com redacção terminada a 15.05.2022, é o seu mais recente texto[1].
Trata-se
de um verdadeiro repositório, ou arquivo devidamente organizado, de posições múltiplas
e variadas sobre o que tanto se falou e fala, se fez informação caudalosa e
pouco esclarecedora (não era esse o objectivo de tal “informação”…). O
trabalho de Avelãs Nunes é indispensável
para o conhecimento do processo, e não se pode (nem deve) tratar em resumos e
recensões. É, como trabalho de arquivo, para guardar para consultas oportunas e à mão...de semear informação verdadeira.
Não se
quer mais que anotar a publicação. e chamar a atenção para a sua oportunidade e
deixar um exemplo, resultante da nossa leitura. Do nosso estudo a partir do
texto.
Refere
Avelãs Numes, a terminar o seu apêndice (de 48 bem recheadas páginas em tipo de letra não
generoso para o leitor), a Acta de Helsínquia, de 1975, documento imprescindível[2] em
qualquer abordagem da temática das relações internacionais. Refere-a escrevendo
que, nessa acta, se trata de reconhecer que “o direito de um país à segurança não
pode pôr em causa o direito de outro à segurança”.
Sublinhe-se
que essa acta não se ficou por ser um documento. Lembre-se que dela nasceu uma
organização, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa
(OSCE)[3].
Como simples nota, nos acordos de Minsk,
de 2014 (acertados entre a Rússia, a Ucrânia, a França e a Alemanha), houve a última
referência a intervenção activa da OSCE, cuja execução foi, depois, boicotada (como lembra Avelãs Nunes) “pelo governo ‘nacionalista’ da Kiev (creio que com o aval, se não mesmo com o estímulo dos Estados Unidos)".
[1] - se é que o é, e não há, já, outros textos de Avelãs Nunes à espera de oportunidade para o labor que nem a idade nem tempo de férias lhe concedem folga.
[2] - ou que o deveria ser…
[3] - que é a maior organização regional de segurança do mundo, abrangendo
todos os Estados europeus, a Federação Russa, os países da Ásia Central, a Mongólia,
os Estados Unidos da América e o Canadá, num total de 57 membros, existindo
ainda 13 “parceiros para a cooperação” da Ásia e do Mediterrâneo[3].
Portugal participou no processo de formação da organização desde a sua primeira
reunião, tendo sido um dos 35 signatários da Acta Final de Helsínquia (1 de
agosto de 1975) que estabelece os princípios que deveriam reger as relações
entre os Estados participantes..