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segunda-feira, agosto 15, 2022

Reflexões lentas - OSCE, ONU?!... para quê se há a NATO!

Há, decerto, quem não concorde com alguns comentários. Nem Avelãs Nunes alguma vez se terá distraído da sua posição de sempre de recusa do pensamento único. A começar, evidentemente, por não pretender que os seus comentários únicos sejam e esgotem a interpretação dos factos, e que as citações, em que abunda, façam o pleno do que os factos motivam. O que ninguém, com um mínimo de seriedade intelectual, pode deixar de reconhecer (e de agradecer) é o incomparável contributo de Avelãs Nunes para a informação fundamentada da actualidade que se vai vivendo.

O anexo sobre a guerra na Ucrânia, que se sentiu obrigado a juntar a A integração europeia-um projecto imperialista (que estava no prelo), com redacção terminada a 15.05.2022, é o seu mais recente texto[1].

Trata-se de um verdadeiro repositório, ou arquivo devidamente organizado, de posições múltiplas e variadas sobre o que tanto se falou e fala, se fez informação caudalosa e pouco esclarecedora (não era esse o objectivo de tal “informação”…). O trabalho  de Avelãs Nunes é indispensável para o conhecimento do processo, e não se pode (nem deve) tratar em resumos e recensões. É, como trabalho de arquivo, para guardar para consultas oportunas e à mão...de semear informação verdadeira.

Não se quer mais que anotar a publicação. e chamar a atenção para a sua oportunidade e deixar um exemplo, resultante da nossa leitura. Do nosso estudo a partir do texto.

Refere Avelãs Numes, a terminar o seu apêndice (de 48 bem recheadas páginas em tipo de letra não generoso para o leitor), a Acta de Helsínquia, de 1975, documento imprescindível[2] em qualquer abordagem da temática das relações internacionais. Refere-a escrevendo que, nessa acta, se trata de reconhecer que “o direito de um país à segurança não pode pôr em causa o direito de outro à segurança”.

Sublinhe-se que essa acta não se ficou por ser um documento. Lembre-se que dela nasceu uma organização, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE)[3].

Como simples nota, nos acordos de Minsk, de 2014 (acertados entre a Rússia, a Ucrânia, a França e a Alemanha), houve a última referência a intervenção activa da OSCE, cuja execução foi, depois, boicotada (como lembra Avelãs Nunes) pelo governo ‘nacionalista’ da Kiev (creio que com o aval, se não mesmo com o estímulo dos Estados Unidos)".

Para quê a OSCE (e Acta de Helsínquia… e, também, a ONU) se há a NATO para regular, perdão, impor as regras e as guerras?


[1] - se é que o é, e não há, já, outros textos de Avelãs Nunes à espera de oportunidade para o labor que nem a idade nem tempo de férias lhe concedem folga.

[2]  -  ou que o deveria ser…

[3] - que é a maior organização regional de segurança do mundo, abrangendo todos os Estados europeus, a Federação Russa, os países da Ásia Central, a Mongólia, os Estados Unidos da América e o Canadá, num total de 57 membros, existindo ainda 13 “parceiros para a cooperação” da Ásia e do Mediterrâneo[3]. Portugal participou no processo de formação da organização desde a sua primeira reunião, tendo sido um dos 35 signatários da Acta Final de Helsínquia (1 de agosto de 1975) que estabelece os princípios que deveriam reger as relações entre os Estados participantes..

 

quinta-feira, agosto 04, 2022

Reflexões lentas - democracia à moda do capital

 

“democracia” à moda do capital

(modelo e exemplo)

 

O esvaziamento conceptual das palavras, ou a desvirtualização do que é apregoado como valores, faz parte essencial da agressão ideológica que é enroupada de desideológica contra o que (e quem) tem uma ideologia. E  a assume.

Cada vez que é utilizado o vocábulo democracia haveria que procurar o sentido com que a palavra é atirada para comunicação, para a informação aos cidadãos do que se está a passar no mundo que vivemos.

Embora, por vezes, se lhe acrescente a localização do conceito (democracias ocidentais), esse acrescento é distracção, quando não é intenção perversa própria do pensamento único, como se democracia fosse propriedade de uma parte do universo e de mais nenhuma.

Absolutiza-se e privatiza-se o conceito, como, aliás, tudo é pretendido absolutivizar e privatizar, o que corresponde a uma desvirtualização do conceito, a um esvaziamento do(s) valor(es) que encerra.

… porque há mais do que uma democracia?

Não!, porque sendo una, a democracia pode tomar várias formas. Sendo una, enquanto prática da convivência dos seres humanos, em partilha solidária igualitária que respeite as desigualdades individuais naturais; podendo tomar várias formas e não apenas uma, segundo os lugares em que se pratica e as suas formas e histórias das comunidades locais.

O mais grave atentado ao conceito e valor da democracia é o de a espartilhar num modelo único: a democracia é isto!…  e o que assim não seja não é democrático.

 

No seu tempo histórico, a predominância do capital (enquanto relação social) sempre procurou impor a “sua democracia” e, nesse intuito, chega a ser caricata a obsessão de impor um modelo: a democracia ocidental! tornando a palavra, o conceito, o valor humano, numa definição que os dicionários apontam como “regime político”: a democracia é o regime político que… e sai modelo!

E o modelo é a valorização de determinadas estruturas padronizadas, sobrevalorizando esmagadoramente a representatividade traduzida eleitoralmente, relativamente à vertente essencial da participação (informada) de quem é afirmado deter o real poder, assim tornado inconsequente.

O modelo exporta-se, Estado a Estado, com ligeiras e apenas formais diferenças, procurando impor-se em toda a parte e em todas as condições… senão não há democracia!

 

 

No modelo à moda do capital, a estrutura da sociedade é dualista. Coerente com uma ideologia binária, deverá haver situação e oposição, os prós e os contras, o sim e o não, e o resto é (ou tem de ser obrigado a ser) paisagem, acessório.

Vejamos expressões de um espectro político desejado, e adeqado à “democracia”:

·       Democratas e republicanos

·       Sociais-democratas e cristãos-democratas

·       Democratas-cristãos e sociais-democratas

·       Conservadores e trabalhistas (e liberais)

·       PSOE e PP

·       PS e PSD-PPD

·       “esquerda” e “direita”.

 

Depois… tudo se confunde. As políticas são as mesmas, de tão parecidas que, por vezes, é quase surpreendente que as maiores diferenças pareçam existir no interior de um dos lados dos binários.

Por exemplo: as posições de Biden (1ª figura do “modelo de democracia” estadounidense) e de Pelosi (3ª figura do “modelo de democracia” estadounidense) relativamente a uma ida a Taiwan, de que pode resultar (veja-se lá!) uma situação verdadeiramente assustadora para a Humanidade… foram diferentes, embora do mesmo partido, considerado como o mais progressista (ou o menos reaccionário) dos E.U.A..

A decisão que prevaleceu, adoptou, com toda a clareza, a forma de uma provocação, como foi sobejamente advertido pela China, teria sido democrática? Foi da “democracia ocidental”, cujo poder não está no povo dos Estados Unidos mas em interesses ligados a um regime político totalmente condicionado pelos interesses dominantes, pelo complexo industrial-militar.

 

Do que pode estar dependente o futuro da Humanidade! De evidentes e indesmentidas provocações de uma “democracia” à moda do capital!

segunda-feira, abril 12, 2021

Reflexões lentas (na manhã... que é quando começa o dia)

 De manhã, que é quando começa o dia.

12.04.2021

 Foi uma semana atribuladíssima, perturbadora mas, também, esclarecedora para quem quiser ir ao fundo das reflexões e não permita o enredamento deliberado e caotizante, promovido por uma indeformação avassaladora.                                               

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No novelo em que se quer enredar todo o mundo (como se este fosse ninguém), vislumbra-se a fulanização obcecante como mãocheias de poeira atiradas aos olhos e camadas de cera despejadas nos ouvidos dos viventes.

 

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Sócrates, Ivo Rosa e a Justiça que s’acusa e prescreve, Erdogan, Ursula e Michel e a dança das 2 cadeiras mais 2 sofás para 2 mais 2, isto é, para 4… e os parentes europeus na lama, dominaram as notícias, ainda com a ajudinha do finamento de um consorte que chegou aos 99 anos.

 

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E, só de portugueses, os 10 milhões e tal, apesar da queda da natalidade que mais trambulhou?, e os 7 mil e muitos milhares de milhões espalhados pelo mundo todo, umas centenas à briga por acesso a vacinas e multidões à espera do que sobre?, e a Ukrania, com um comediante em Chefe de (de/em que?) Estado a declarar guerra à Rússia e a contribuir para uma situação internacional verdadeiramente explosiva?, e as imagens violentíssimas, incendiárias, repetidas dias após dias, em fundo de notícias sobre as manifestações numa das Irlandas (ou nas 2?), por causa do Brexit e está tudo dito?, e aqui, no cantinho inferior esquerda (que, aliás, preside a uma Europa entre aspas e salve-se quem puder) o incrível mas verdadeiro alastramento dos pobres empregados ou, melhor, dos empregados mas pobres, se não a caminho de fomes?, e etc!...

 

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Sim, tudo isto é triste (e perigoso)… além de ser fado, mas é tão-só (tão-só!) o cenário à frente do qual se movimentam os protagonistas, os Sócrates, os Ivos, os Rosas, os Costas, os Rios (de gente…), os (por)Ventura, as descobertas Susanas por unanimidade, os inventados Zelenkis que não têm Putin por onde se lhes pegue, mas logo recebem o apoio de Binden, nata da NATO.

 

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Está o mundo roto e chove como na rua (ontem choveu!).

 

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Mas, oh!, meus amigos desgraçados (diria o Manel da Fonseca):

 

Ó meus amigos desgraçados

se a vida é curta e a morte infinita

despertemos e vamos

eia!

vamos fazer qualquer coisa de louco e heróico

como era a Tuna do Zé Jacinto

tocando a marcha Almadanim!"

 

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Não se pode deixar que matem a Tuna.

 

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É preciso gritar bem alto, para que oiça quem tem de ouvir, ver e fazer:

 

Que o Sócrates não está sozinho (tadinho), está bem acompanhado (como quem diz…) pela banca privada e fraudulenta, pela privatizada EDP e seus negócios-do-outro-mundo, pelas construtoras de um Algarve para os “beefs” velhinhos e de um Portugal para os portuguesinhos, por amigos para todas as ocasiões, e por aqui se fica...

Que Erdogan, não sendo nenhuma prenda (bem pelo contrário!) tem que muito se lhe diga que não quanto ao protocolo diplomático, um imbróglio caricato que veio ocupar espaço informativo e incómodo (para quem?) de berbicachos, que é como se alcunham negociatas com vacinas, ou vacinegócios, ou negócinas, além de denúncia da escabrosa obrigação de uns se submeterem a regras comunitárias enquanto outros germanofilam bilateralmente.

Que existe um real perigo por detrás de fanfarronadas de bufão, associadas a bloqueios e sanções a quem não cumpre os direitos humanos na versão estado-unidense que se está borrifando para as Nações Unidas (unidas?, só se for à volta da nata da NATO).   

 

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E basta!... evitando conjugar o verbo chegar.

 

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Isto é para não desaustinar.


(...)




sexta-feira, março 19, 2021

Para reflexões lentas e urgentes

 



... também há textos, falas, intervenções, que, em certos momentos, são imprescindíveis.

São as pontes ou, como é moda hoje dizer (e construir!), os passadiços para se chegar às massas e à tomada de consciência




sábado, março 13, 2021

Reflexões lentas... de cadeira em cadeira


Ontem, foi dia marcado por importante evento destes tempos que vivemos.
Como idoso que sou (ah, pois claro....), fui incluído pela Junta de Freguesia na 2ª leva da 1ª dose de "avassinações".
Foi no Centro de Negócios (que agora será de Exposições... mas nunca deixará de ser de negócios) e a organização, se bem que com algumas pequenas falhas, foi satisfatória, com uma larga equipas de solícitos/as orientadores/as do alongado percurso, pessoal de comprovação e registo (1 de 2 gabinetes médico a rastrear), 2 de 4 cabinas de vacinação na concretização da picadela em braço nu mil e uma vezes vista na televisão (desta feita foi o meu), com atenção e cuidados (quase afectuosos), por fim, mais uma espera de 30 minutos para recuperação pós-pica.

Durante o longo percurso que muitos fizemos, sozinhos ou acompanhados, de cadeiras de rodas ou de cadeira-sem-rodas em cadeira-se-rodas, fui folheando páginas do O papel da violência na História (não mais do 2 ou 3 páginas) e observando e pensando…

A reflexão que me foi suscitada como muito impressiva foi a de que… estávamos em 2021, numa fase de surto epidérmico, nem melhor nem pior que outros por que a Humanidade já passou – aqui e no resto do mundo -, decerto não tão universais como este dado que os aviões e o turismo são recentes… e sobre as respostas que estão a ser dadas, hoje e aqui, em 2021.

A universalidade desta epidemia faz com que se agigantem diferenças, reflexo evidente das situações locais e da sua gritante diversidade. Não só entre situações em que os direitos dos cidadãos à saúde são privilegiados como sempre, e não só apenas quando ataca um vírus, e aqueloutras situações em que, por mais escamoteada que seja (porque tem de ser!), o que prevalece são os interesses do capital sobre os direitos dos cidadãos.

Mas, neste lado do universo, este em que nos encontramos, a prevalência, por via de uma ideologia de mercado, torna visíveis (para quem quiser, ou puder ver) os esforços para conciliar o inconciliável, sob uma capa – ou manto pouco diáfana – de uma democracia (apenas política, representativa, de faz-de-conta), em que há interesses a compatibilizar entre a saúde e a economia (reduzida esta, tal como a democracia, à sua expressão de mercado e financeira, alheia às necessidades, nos seus níveis de direitos do ser humano no tempo e no espaço de hoje e para hoje).

E, ainda neste lado do mundo, nesta situação tão clara (embora por necessidade disfarçada quanto possível) haja gradações, haja diferenças resultantes das locais correlações de forças sociais. Confesso que me deu ganas de falar aquelas "massas" - que eu integrava, inteira e solidariamente - mas, tenho a certeza, seria mal recebido, por incompreensão. Há todo um lastro que há que ter em conta, há - ao fim e ao resto, respeitos reciprocos que são essenciais à condição de humanos.

Não tive reacções físicas desagradáveis. À picadela...

sexta-feira, janeiro 22, 2021

Reflexões lentas - a reflexão antecipada

INTRODUÇÃO À MANHÃ – V


Parece terem antecipado a reflexão de uns dias. Ela, a reflexão, estava agendada para logo à meia-noite (como o recolher obrigatório, não é?), mas já a começaram. Aflitos.

 Baseadas ou não em sondagens, encomendadas ou não, as pré-campanha e campanha eleitorais começaram em “lume brando”, de que não se esperava que levantasse muita fervura. Em ambiente de surto epidérmico, de que também não se esperava a dimensão e a gravidade que está a ter.

Para melhor localizar, até se pode dizer que houve uma pré pré-campanha eleitoral numa “histórica” (para a pequena história) declaração do Primeiro Ministro em surpreendente apoio-empurrão ao Presidente da República em exercício, numa visita à Auto-Europa. Mas deixe-se esse episódio para outras reflexões igualmente a procurarem desatar nós em novelo emaranhado.

Bem… era para ser apenas o cumprimento de um ritual, que a Constituição imporia com os seus prazos de mandatos, irrevogáveis sem revisão que teriam prazos para que não se fique fora de lei.

Um mero ritual, baseado ou não em sondagens, encomendadas ou não.

Marcelo seria afectuosamente reeleito. Calmamente (apesar de, ou até porque, teria de dar apoio ao executivo a ter de encarar um teimoso vírus, de que os dois eram a frente visível de combate) percorreria a passadeira cor-de-rosa avermelhada com tons de laranja, até à entronização. Calcorrearia o tempo destinado a campanha, ladeado por damas (e damos) de honor a lançarem pétalas (algumas com inofensivos espinhos) para abrilhantarem a suave e leve caminhada de predestinado para ser, e voltar a ser, presidente.

 Assim se foi ajustando o episódio necessário mas que quase se diria dispensável e, com o agravamento pandemónico, com incomodidade crescente mas sem alterar as previsões e sondagens (claro!).

É verdade que apareceu, com inusitada e excessiva exuberância, um animador nem de todo inesperado, a afirmar-se gritadamente e em atitude provocadora de estraga-festas, fazendo parte do elenco mais conservador. Parte do sistema, a berrar contra o sistema, para ter apoio dos condenados pelo sistema.

 

Também é verdade, mas esta é verdade para ser varrida para debaixo do tapete que, no cortejo, havia quem, insistentemente pusesse em causa o sistema, baseando-se na Constituição que fundamenta o cargo a que se candidatava o “em exercício” e os acompanhantes da campanha (acampanhante…). Era de esperar, não seria novidade essa presença.

No entanto, a campanha como que se desdobrou. Teimosa, persistente, conhecedoramente, esse candidato fez – efectivamente – a diferença. Que já era, mas fê-lo repetindo até à exaustão, sem ser exaustivo, ao que se candidatava: defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição.

Sendo esse o mote, porque era esse o mote!, soube glosá-lo, dominando-o com inteligência e (até) elegância. Nada deixou sem resposta, nunca deu uma resposta esteriotipada, sempre utilizou a expressão-mote em defesa do que ela(expressão)-ele(mote) contém de virtualidades em favor dos desfavorecidos, do trabalho, dos trabalhadores, dos mais pobres, do povo.

Fecho o parênteses, com confessada dificuldade por, ao encerrá-lo, pouco ter escrito sobre o enorme respeito e a merecida homenagem a João Ferreira.


Mas afinal, por aquilo e por isto, pela incerteza do tempo que vivemos, pela imprevisibilidade que é sempre a manhã de amanhã, as certezas de ontem, o inabalável (e quantificado, que há lá algo de mais certo que o número certo às unidades em milhões, que as centésimas em percentagens…) parece abalado ou a abanar.

O temor da abstenção fez nascer a mobilização geral, o apelo aos mais informados e conscientes a votarem útil (ainda que contra a sua consciência!) para evitar que o mais perigoso do sistema que todos defendem, o que se conclama em berraria atacá-lo fique em 2º, a requisição dos meios que se hesita requisitar para travar a pandemia: o VOTO! Dos lares, dos asilos, dos frades e confrades, das irmãs e primas, das donas e serviçais.

 Aux votes! (ont-ils dit), cidadãos… por um dia.

Não importa saber porquê,

para quê,

em quem é

                                e o que defende. 

No dia 24 do mês 1, há apenas 1 (a eleger PdaR); há só 1 (que justificou ao que vem )

João Ferreira

(o 7º de quem desce, o 2º de quem sobe)  

terça-feira, dezembro 29, 2020

Reflexões lentas - Torre Bela a dois tempos

Muito se fala e falará na que já foi célebre (no pós-longínquo 25 de Abril) Herdade da Torre Bela e que parece recuperar celebridade, que não celebração.

Nos idos meados dos anos 70, a Herdade da Torre Bela ficou célebre por ter ilustrado um episódio de revolucionarismo à pressa, de tudo-e-já, que mereceu muito mais revelo no discurso publicado então (esta formulação tem a ver com as últimas reflexões lentas) que os avanços numa reforma agrária, parceladora em unidades e cooperativas de produção no latifúndio, emparceladora no minifúndio.

Pessoalmente, lembro o entusiasmo despertado em jornalistas amigos ou de fresco conhecimento, vindos das Bélgicas e Franças que se acoitavam ou passavam pela casa na Rua do Sol ao Rato… aquilo e assim é que era!(1), e os meus esforços para moderação, e outra ponderação sobre o que se estava a passar.  

Bons tempos, apesar de (e contra) tudo.

Pois agora, ai está a Herdade da Torre Bela de novo na berlinda. Desta feita por um facto que merece geral indignação e repúdio.

No entanto, como também parece generalizar-se, as reacções, as reflexões, os comentários a que se ten acesso, ficam-se pela epiderme, pela veemência, pela espuma (dos dias), não chegando, ou até fugindo de se aproximar do… fundo da questão, das causas do facto.

Haverá (ou haveria) um negócio em trânsito (ao que parece de dimensão apreciável) que se concretizaria na ocupação de um espaço que teria de ser libertado de fauna que o ocupava impertinentemente.

Em vez de uma matança discreta que, sendo discreta, não teria qualquer rentabilidade, encontrou-se, com sentido empreendedor, uma forma de desencadear mais e outros negócios.

Uma transnacional organizou uma batida, um montado, em que o desfrute lúdico de dar ao gatilho e abater seres vivos seria trocado por quantidade vultosa de euros, acrescendo currículos de caçadores eméritos.

Os negócios entretecruzaram-se numa operação de que resultou a limpeza do espaço através da concretização de negócio cinegético.

540 gamos, javalis e veados abatidos?, quantos euros movimentados?

Merecendo todo o espaço que lhe é dedicado, o facto deveria levar a reflexão mais longe, mais fundo, à sociedade “de mercado”, em que o negócio impera imperial e que, por vezes, se desmesura e destapa o que, sem o excesso de ganância, poderia ficar no segredo do negócio... que, ao que parece, é a alma deste.

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E, a propósito, quantos índios navajos e lakotas, das reservas em espaço dos Estados Unidos, foram usados como cobaias humanas, para testes pela Universidade John Hopkins, ao serviço da empresa transnacional Pfizer, quantos morreram, quantos ficaram mais doentes do que já estavam (e, como cobaias; com doenças novas enquanto sobreviventes).

                E não se pode exterminá-lo(s)?...


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(1)- o radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista, como sempre, a ajudar a classe dominante a manter o domínio, sobretudo quando periclita nesse domínio na correlação de forças.

segunda-feira, dezembro 28, 2020

Reflexões lentas (breve)

 São tão “fofinhos”

 A revista do último Expresso dedica duas páginas de Culturas-Livros à (transcrevo) «Segunda obra magna de Thomas Piketty, “Capital e Ideologia”…»[1] e, começando assim, fica-se logo logo a saber que o comentador considera que Piketty tem duas obras magnas, podendo pôr-se a dúvida do que se pode entender por magnitude de uma obra (número de páginas?, encadernação?, tiragem?) mas a dúvida nem terá razão para existir para quem começar a ler.

Isto apesar de outras dúvidas que leitor prenhe de dúvidas pudesse ter a partir do título, Todas diferentes, todas desiguais, no entanto suficientemente esotérico para aliciar para a leitura ou provocar reacção contrária.

Mas, ultrapasse o leitor que somos o título e as linhas patamares de entrada em que o comentador da obra magna (a segunda!) dá a pista de que Piketty se propõe fazer a história social, e económica, e ideológica, da desigualdade.

Lidas as duas páginas, em que putativo leitor é poupado a quase uma pela dimensão da foto do autor, seria injusto dizer que, como era uso dizer (não sei se ainda é) nos tribunais, aos costumes disse nada porque, aos costumes… disse de outra maneira. Mais, aos costumês, disse de maneira que talvez sirva para esconder outras maneiras… De quê?... de abordar a história social e a magna (essa sim, magna) questão da(s) desigualdade(s).

Porque o que parece evidente, a este leitor com dúvidas e em dúvida, é que a Piketty, e ao comentador por ele, o que importa não é fazer a história daquilo que rdiz, o que implicaria procurar as causas, que noutras abordagens se identificam, mas atenuar ou apaziguar os efeitos dessas causas. Assim como que um piscar de alertas dirigido ao poder que controla o(s) discurso(s). Porque são vários os discursos que legitimam o privilégio e, logo, a desigualdade, como o do inventariador dos efeitos, e o do seu comentador.

Sim, porque é quase caricata a apresentação das própostas «como base para um programa de esquerda»: atribuição de poder aos trabalhadores (por quem?, pelo Papa?, pelos que detém o poder e, com ele, controlam o discurso que os legitima?) e… a criação de impostos fortemente progressivos. Pois!

É tão fácil apresentar “soluções. Como diz Jerónimo, o papel aguenta tudo.

Parafrasei-se, “à maneira”, Almeida Garrett (1799-1854):

de quantos desiguais se faz um privilegiado?

Ou cite-se (isto é, recite-se) Cunhal (em 1998[2]):

O capitalismo ter-se-ia superado a si próprio. Teria deixado de ser capitalismo, para ser agora «economia de mercado». Já não haveria capitalistas mas «empresários». Seria um «capitalismo civilizado», sem classes antagónicas, um capitalismo sem proletários, sem luta de classes, nem natureza de classe de governos e políticas, seria uma sociedade nova definitiva e final constituída por cidadãos conscientes, cordatos e mutuamente solidários, aceitando, assinando e cumprindo «pactos de regime», «pactos sociais», «pactos» e mais «pactos» pelos quais os cidadãos trabalhadores (agora dizemos nós) aceitariam renunciar a direitos fundamentais e vitais. Ou seja, ser explorados pelos cidadãos capitalistas e os cidadãos capitalistas continuar a explorar os trabalhadores e a justificar-se perante a opinião pública através dos seus fantasiosos teorizadores.”.


[1] - Todas diferentes, todas iguais, Luis M. Faria

[2] - O Caminho para o derrubamento do fascismo - o IV Congresso, edições avante!

Reflexões lentas - Grito (calado?)!

 GRITO (calado?)!

 “Afinal, quem controla o poder controla o discurso”, li algures[1].

Esse controlo do discurso ganha expressão evidente quando o discurso se torna espectacular, o que quer dizer espectáculo e especulação.

Foi e é o caso do discurso relativo à pandemia que nos (a todos) atacou.

O poder[2] é uma sucessão, ou escada, ou hierarquia, em que o poder económico (dominado pelo poder financeiro, monetário e transnacional), subordina o poder político, apesar da aparência de supremacia deste, por ser dele que se vêem dimanar as decisões… e controlar o(s) discurso(s).

Ora este controlo do discurso, o que se diria ser a informação pública, ou melhor: publicada e/ou publicitada, deu a esta o carácter avassalador, de grande espectáculo, neste período de enorme e algo inesperado surto epidémico. E passou por fases em que se inculcaram sucessivas ou sequentes linhas de força.

Primeiro, alguma desorientação, descoordenação, em que as várias expressões do poder político, cada uma à sua maneira, reagiram aos factos. No entanto, em todas as dominantes aconteceu a clara, ainda que escondida, intenção de aproveitamento de pretexto para ultrapassar, quando não eliminar, constrangimentos que em “situações normais” seriam mais difíceis de contrariar.

O medo!, justificando medidas de excepção, emergência, calamidade, estado de sítio, golpes de Estado à revelia de direitos conquistados e constitucionalizados.

Aos poucos, passo a passo, e sentindo-se a procura de articulação de linhas de força, quase se diria “ajudada” pela não atenuação do surto epidémico ou até do seu agravamento – a segunda vaga, a nova estirpe –, a consolidação e melhor coordenação a partir do real poder. Do poder económico (financeiro, transnacional).

E apregoou-se a luz ao fundo do túnel sob a forma de vacina. Com a afanosa procura de  remédio-remendo que viesse equilibrar o medo e evitar o pânico. Silenciando outras vias, de/em outros hemisférios, ao que parece bem mais rápidas e eficazes para o combate real, verdadeiro, não espectáculo, ao mal que atacou a Humanidade.

Avanços em Cuba, na China, na Rússia, reais passos em frente no ataque ao vírus? Um clamoroso silêncio, acompanhado por uma barulhenta campanha de afirmação das virtudes da investigação científica… em economia livre, “de mercado”. Uma corrida concorrencial que, noutros termos de informação seria, no mínimo, escabrosa. Marketings, jogos de Bolsa, compras às cegas, linguagem em milhões, milhares de milhões, biliões (de quê?, não importa) como carradas de areia para os olhos e os ouvidos, e todos os eventuais outros sentidos dos humanos.

Ainda, os aproveitamentos colaterais dos simultâneos engulhos, mesmo ocasionais, no interior do poder: os Trumps e Boris, o Brexit, a situação dos mais desfavorecidos dos desfavorecidos.

Finalmente, ontem, o grande, o fantástico, o retumbante show das vacinações. O dia D, a hora H, o vacinado V, pela enfermeira E, à vista da ministra M, com comentários dos superiores P e 1º. Aqui, ali, acolá! O dia, o acto que "ficará para sempre na memória"... dos protagonistas. 

Com algumas falhas, alguns deslizes ou prepotências que levaram a traiçoeiras antecipações, é verdade. Mas de pronto silenciados, ou deixados para protestos quando oportunos e inconsequentes, para não estragar o espectáculo de braços nus à espera da espetadela, em várias línguas e cores de pele (ou estou a enganar-me?, e eram apenas peles de rostos pálidos que outras cores, outros paladares, foram antes picados ou ficam para mais tarde).

E aqui, neste parenteses último, salta uma indignação insolente. Que poderia fundamentar uma contra-informação, um contra-poder. Que existe sempre, porque – é vital não esquecer! – nunca o poder se exerce sozinho, resulta de uma correlação de forças em que umas dominam outras, e estas outras constituem o efectivo contra-poder. Que existe!, mesmo quando não será oportuno manifestar-se porque o poder se manifestou com tal força, com tal impacto no sentir e na consciência (adormecida ou mal desperta) dos humanos, que qualquer reserva, ou real, comprovada, informação, vinda desse contra-poder, soaria a despropositada, a ressabiamento, quiçá a terrorismo informativo, no mínimo a estraga-festas

É oportuno, neste choque de informações, opor ao quase delirante, eufórico, espectacular e especulativo episódio histórico, grandioso momento da Humanidade, dia e hora para não esquecer, para fixar em anais e onde mais, é oportuno lembrar o já feito sem pompas nem circunstâncias que tais, em Cuba, na China, na Rússia?  Não provocaria uma reacção generalizada e indignada de repúdio.

Mais: quem se atreverá ou, atrevendo-se, que consequências terá vir lembrar que, nesta corrida demencial para iluminar o fundo do túnel com uns frasquinhos de marca registada (e que já lucros e dividendos de milhares de milhares de milhões proporcionaram), houve quem tivesse sido obrigado a despir (se é que estava vestido) o braço de outra cor, quase esquelético e/ou cheio de doenças ancestrais, para uma universidade ligada a transnacional do capital testar se braços carnudos, redondos, poderiam receber a seringa salvadora, para mais com televisões e outras vias que tais a testemunharem e a transmitir, em directo e em muito repetidos diferidos?

Atrevo-me ou não? Não se trata de saber se me trará, a mim, benefícios ou prejuízos, trata-se de saber se será útil, se dará algum contributo positivo neste momento desta luta insana à pala da saúde pública. Isto é, de TODOS (e neles incluo os sacrificados das reservas peles vermelhas dos Estados Unidos, bem mais sacrificados heróis que os heróis nossos, que, verdade se diga, heróis teriam sido…).

Também com a escassa audiência que este “grito” tem, não vem bem ou mal aos(s) mundos(s). Por isso. publique-se



[1] - li esta frase num outro texto de outro autor e cometo a talvez incorrecção de não dizer onde e de quem porque isso implicaria a exigência de tratar dos pressupostos e ilações que contornam a frase, o que ficará para outra ocasião ou oportunidade… ou, dito de outra forma, não perde pela demora.

[2] - numa/nossa leitura que vem de 1848, e que a realidade sempre diferente/sempre igual vai confirmando,

sexta-feira, dezembro 18, 2020

Reflexões lentas - fascismo, vigentismo, capitalismo, socialismo

 18.12.2020

O uso de máscaras (e de mascarilhas), que para tantos surge como novidade incómoda, é muito antiga.

Só que, cá pelos ocidentes, até este ano de (des)graça de 2020, as máscaras e mascarilhas se usavam para finalidades em que os seus portadores ou queriam esconder as suas identidades (assaltos a bancos por exemplos muito filmados) ou queriam divertir-se em épocas festivas, como os carnavais a antecederam as quaresmas.  

Aliás, os romances de capa e espada podiam chamar-se de capa, mascarilha e espada…

Agora, e aqui por este Portugal, depois de algumas dúvidas, hesitações e balbucios, a Direcção Geral de Saúde acabou por se render e recomendar (ou mais que isso) o uso de máscaras para fins sanitários de prevenção de contágios e de acesso ao nosso interior de vírus e outras espécies virulentas para a nossa saudinha, o que já era uso e costume (injustamente ridicularizado neste jeito euro ou ocidento-centrismo) por cidadãos de urbes orientais.

E encontro aqui, nesta referência à DGSaúde, uma via fértil para metáforas sobre máscaras e disfarces.

É que esta sigla-abreviação já foi em tempos usada para esconder uma coisa que se chamava PIDE, e Pide ficou para a triste História de um tempo português em que a PVDE (“pevide”) a antecedeu como designação abreviada, e foi prosseguida sob a máscara de DGS, ou seja (mas não pegou) Direcção-Geral de Segurança, a DGS de Marcelo que queria continuar salazarismo renovando-o.

E esta dança das designações e siglas para definir, e também para esconder, situações, instituições e factos tem que se lhe diga... é como a Nau Catrineta que tem muito para contar.

Ainda ontem (ou foi anteontem?) apareceu uma palavra nova que perturbou um bocado: vigentismo.

A sua origem (no caso presente… e não sei se haverá outros) está no texto de um jornalista (Germano Oliveira) que chama a atenção – alerta! – para a proposta de emenda à nossa Constituição que começaria por, na introdução, em vez de se dizer que A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascistase diria que… derrubou o regime vigente.

E o jornalista, com todo o discernimento, define o que seria o vigentismo, uma máscara para esconder o fascismo, e abrir-lhe as portas do sistema político democrático para o destruir, e para restaurar o derrubado fascismo!

Gosto de trabalhar as palavras, inventar formas novas de dizer o mesmo mas, também, para as denunciar quando a sua intenção é deletéria, é de corromper, de esconder significados de palavras que se propõe substituírem as conhecidas e usadas.

E é curioso que haja quem, em nome do vigentismo, se proponha anti-sistema, mas qual?, associando-lhe um anti-sistemismo que pode ter todas as variantes que se lhe queira atribuir, com a virtude de mudar… com a armadilha de utilizar o verbo mudar como se fosse verbo não transitivo: mudar para ficar tudo na mesma, como tantas vezes e de tantos se pode citar. 

de tomar o verbo como não transitivo. quando porque mudar tem de conter.

E ao defender-se, ou a propugnar a mudança sem se explicitar de onde e para onde, de quê e para quê, está a tomar-se a posição mais radical da não-mudança,da violência para a continuidade do capitalismo que não tem futuro impedindo a humanização do sistema político em que o ser humano se organiza, a superação pelo socialismo.   

terça-feira, dezembro 08, 2020

Reflexões lentas - com vacina(s) no mercado

 Sem em nada diminuir a gravidade da situação derivada do surto epidémico, chega a ser grotesco o espectáculo dos interesses privados (e de quem tem de os salvaguardar… ó da guarda!) a lidar com o real problema, e a rir até às lágrimas com o aproveitamento dele feito por bons profissionais do humor como Ricardo Araújo Pereira, que deve estar com enorme audiência.

A alternativa saúde-economia é uma falsa questão que esconde a verdadeira, que é a que se pode equacionar (acho eu!) com o dilema saúde pública-ganância de privados.

Vivemos num tempo e espaço em que, na correlação de forças sociais dominam os interesses privados, de classe e de grupos, não sendo, de modo nenhum, despicienda a força do colectivo, sindical e político, da outra força da correlação (embora desconhecida, ou não consciente, por muito das massas que a compõem).

A maneira como chega aos receptores da informação quase obsessiva que se fornece, no meio de anúncios a que só dá ganas de fugir até porque são produto de uma verdadeira devassa dos nossos gostos ou tendências (algumas que se procuram combater) ilustra… o mercado em que uma parte do mundo e de gente se tornou e se pretende que todo o mundo (e toda a gente) o seja!

Mas o que mais impressiona – e assusta! – é que tudo é mercado para quem domina a correlação de forças (e a informação que serve quem a domina), e nesse tudo se incluem as vacinas, esse produto tornado miraculoso antes sequer de existir no mercado… e mercantilizável.

Quantos milhões de milhões já se movimentaram em jogos de bolsa, em publicidade enganosa, em compras antecipadas e sem garantia se existirá(ão) o(s) produto(s) e se cumpre(m) os necessariamente exigentes requisitos relativamente à saúde pública?

 Cito (ou re-cito) Álvaro Cunhal no prefácio a O caminho para o derrubamento do fascismo, edição de 1997, sobre o IV Congresso do PCP, de 1946:

O capitalismo ter-se-ia superado a si próprio. Teria deixado de ser capitalismo, para ser agora «economia de mercado». Já não haveria capitalistas mas «empresários». Seria um «capitalismo civilizado», sem classes antagónicas, um capitalismo sem proletários, sem luta de classes, nem natureza de classe de governos e políticas, seria uma sociedade nova definitiva e final constituída por cidadãos conscientes, cordatos e mutuamente solidários, aceitando, assinando e cumprindo «pactos de regime», «pactos sociais», «pactos» e mais «pactos» pelos quais os cidadãos trabalhadores (agora dizemos nós) aceitariam renunciar a direitos fundamentais e vitais. Ou seja, ser explorados pelos cidadãos capitalistas e os cidadãos capitalistas continuar a explorar os trabalhadores e a justificar-se perante a opinião pública através dos seus fantasiosos teorizadores.”.

É certo que nem em todo o lado será, há populações bem numerosas em que o surto epidémico e a vacinação não foram oportunidade de negócio. Mas dessas situações e lugares nada ou pouco (só o impossível de calar) se fala, embora andem nas "bocas" deste "nosso" mundo por outras e perversas razões, como as de manobras militares ameaçadoras em sua intenção por não se terem submetido ao mercado globalizado.

sábado, outubro 31, 2020

Reflexões lentas - aqui, "ao torno"...

do quase-diário, neste sábado de acalmia (nossa):

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(...)

Entretanto, o "X" mandou-me cópia do mail que enviou  ao psiquiatra dele, relatando-lhe uma queda abrupta por lhe terem cortado os prémios no salário, pelo 2º mês consecutivo.

 

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A fragilidade em que se está a viver é assustadora, e o "X" tem dela consciência, faz dela uma arma e uma justificação… é um caso (diria…) interessante.

 

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No entanto, nessa quase-lucidez ou lucidez justificativa (de quê?, para quê?), o que descortino como muito mais grave é o que está na situação objectiva de tantos e tantos jovens, na sua instabilidade, na precariedade dos seus laços, e na incapacidade (ou dificuldade) de irem bem ao fundo das coisas, não encontrarem, no meio da palha das palavras, o grão da relação laboral.

 

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Que tempo este que estamos a viver!

 

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Escrevia eu, em Março (já, ou só, há 8 meses!):

 

1.     (…)

2.     Num outro plano, no da necessária adaptação das relações de produção à evolução das forças produtivas, o actual momento histórico parece explodir com este rastilho de crise sanitária e, sobretudo, com o seu aproveitamento.

O trabalho em casa, o tele-trabalho e outras modalidades surgem como recurso para compensar a impossibilidade ou perigosidade de grupos e equipas, e afigura-se-me que está a ser tentado fazer, como emergência, o que seria muito difícil de conseguir em situação normalizada e com natural e evidente luta de interesses antagónicos de classe. Nas “soluções” emergentes, devido à emergência!…, o trabalhador fica isolado, o seu camarada do mesmo tipo ou perfil de trabalho surge-lhe – é-lhe apresentado ou sugerido – como seu concorrente, não há contratação colectiva, proíbe-se as greves, horários de trabalho são inexistentes e geridos em função dessa concorrência, também quase impossibilitadora de posições colectivas e solidárias. A precariedade aparecerá como inevitável.

A situação sindical pode vir a ter de confrontar gravíssimos problemas no seu papel de organizações de defesa económica dos trabalhadores e das suas condições de trabalho, nomeadamente na questão dos horários, verdadeiramente básica para a concepção do trabalho como criador e social, e do tempo livre como objectivo e expressão de liberdade.

Nos países ditos desenvolvidos, do capitalismo em fase imperialista, colonialista-nova maneira (expressão que entrou em desuso, mas que não perdeu sentido), as relações laborais poderão vir a sofrer alterações profundas e perniciosas, nessa perspectiva do trabalho como único criador de valor e na luta contra a exploração dos trabalhadores a partir da mercantilização da força de trabalho.

No panorama ou xadrez internacional, na inoperacionalidade ou até servilismo das Nações Unidas, é cada vez maior a importância da China (e do seu modo de ser o mais populoso Estado do mundo, e com um Partido que se afirma comunista no poder), da Rússia (o maior país do mundo, que tem recusado submeter-se à estratégia do capitalismo financeiro transnacional) e dos povos que se libertaram e não aceitam recuar na sua soberania.

(…)

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