terça-feira, janeiro 31, 2012

O Conselho Europeu - mesmo que não queiram, têm de nos ouvir

A mentira e a verdade na Revolução de Abril - 1

Numa tarde de "actualizações", encontramos  esta "pérola", como título de um destaque on-liine no "sapo"
Portugal deverá ter a pior crise económica desde 1975 .
Imediatamente se desperta, no leitor desprevenido ou no passante desatento, a subliminar conotação com o que teria sido a enormidade da crise de 1975, fruto dos "desvarios" da Revolução de Abril.
Em nós, que, além do privilégio de termos vivido, e intensamente!, o ano de 1975, vimos, ouvimos, lemos e retivemos outra informação, logo foi lembrado A verdade e a mentira na Revolução de Abril, o notável livro de Álvaro Cunhal, e outras (re)leituras mais recentes, necessárias para um depoimento que nos foi pedido sobre Francisco Pereira de Moura, como o seu livro O projecto burguês do governo socialista, na colecção Que País?, da editora Seara Nova.
Sendo este livro a publicação de uma entrevista com o cidadão e reputado professor de economia*, feita em 15 e 18 de Abril de 1977, a resposta a uma primeira do jornalista do Diário de LisboaPara começar, poderíamos, talvez, abordar as razões determinantes da crise económica em que o País se debate») é muito elucidativa, e dela se começa por reproduzir o que foi a introdução à resposta, ficando para outros "posts" mais alguns trechos muito elucidativos indo ao fundo das questões e ao que, ideologicamente se procura apagar da História: 

«Francisco Pereira de Moura - De acordo. Mas antes de abordar as razões que a determinam, parece-me necessário recordar como é que se manifesta essa crise, e digo isto porque temos andado, constantemente, a ouvir falar de quebras do produto, desequilíbrios da balança de pagamentos e esgotamento das reservas de divisas, percentagem de desempregados, excessos de despesas, e outras coisas mais, correndo-se o risco de cada um de nós - como cidadão vulgar e não especializado no "calão" e modelos teóricos dos economistas - não conseguir fazer a ligação  entre a referida crise e a sua própria vida e os problemas da sua família e dos seus companheiros e amigos.
Para os trabalhadores dos campos, fábricas, escritórios, função pública, e para suas famílias - e serão cerca de sete milhões de portugueses - a crise aparece-lhes todos os dias sob duas formas: a carestia de vida e a ameaça de desemprego, quando não a perda já verificada do posto de trabalho. E a situação ainda se apresenta mais grave para os que já não podem trabalhar, vivendo de magras pensões de invalidez ou reforma.
Para a "pequena e média burguesia" a crise também é a subida dos preços e, em muitos casos, o avolumar das dificuldades numa existência que não era desafogada (para quem vive de rendas fixas, ordenados certos, pensões e, mesmo, de pequenos negócios no comércio e indústria e, sobretudo, na agricultura). Mas já se consciencializa outro tipo de sintomas e manifestações da crise: no aumento do imposto de transacções e nas notícias sobre reivindicações salariais e de obtenções de empréstimos estrangeiros, ou então ao saberem das dificuldades financeiras de muitas empresas e, mesmo, da falência de algumas.
Entre os técnicos e directores dos bancos e grandes empresas, como entre a tecnocracia do sector do sector público e militar, e nos meios da alta burguesia lisboeta e portuense (a da "doce vida"), a crise é tem ade conversa à luz do mais recente discurso parlamentar, comentário de jornal ou parecer de especialista estrangeiro a que se teve acesso; mas é, sobretudo, a oportunidade para atacar a Intersindical, condenar o "gonçalvismo" e propagandear as virtudes do sistema de mercado... cristão. Simultaneamente, vão-se consolidando laços para a obtenção de lucros e para a redistribuição de  "tachos" cada vez mais bem pagos ou, mesmo, para a criação de alguns "tachos" adicionais, seja num Governo e administração paquidérmicos seja em comissões e grupos de trabalho para analisar, novamente, tudo quanto há.»
(continua) 

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* - Na espécie de concurso aqui esboçado, as frases são de Francisco Pereira de Moura (1925-1998) e retiradas deste livro.

Desemprego no final de 2011 quase nos 14%! - É este o caminho?

Em Diário Económico :

Eurostat (act.)
Portugal fecha 2011
com desemprego recorde de 13,6%
Rita Paz
31/01/12 10:00

A taxa de desemprego em Portugal agravou-se em Dezembro para 13,6%, a terceira pior do euro, anunciou hoje o Eurostat.
Os dados do Gabinete de Estatística Europeu mostram que a taxa de desemprego em Portugal subiu 0,4 pontos percentuais em Dezembro face ao mês anterior. Portugal fica assim na terceira posição do 'ranking' dos países da União Europeia (UE) com a taxa de desemprego mais elevada, apenas atrás de Espanha (22,5%) e Irlanda (14,5%).
No que toca à zona euro, a taxa permaneceu nos 10,4% em Dezembro, o valor mais elevado em quase 14 anos. Na UE a 27 o desemprego atinge 9,9% da população activa.
"Face a Novembro de 2011, o número de pessoas desempregadas aumentou em 24 mil na UE, e em 20 mil na Zona Euro", refere o comunicado do Eurostat publicado hoje, acrescentando que, em termos homólogos, registou-se uma subida de 923 mil desempregados na União Europeia e de 751 mil nos países do euro.
As taxas de desemprego mais baixas foram registadas na Áustria (4,1%), na Holanda (4,9%) e no Luxemburgo (5,2%), que vivem em pleno emprego.
Para a Grécia não há valores. No entanto, é de esperar que o número de desempregados seja também muito elevado, já que os dados de Outubro - os mais recentes - apontam para uma taxa a rondar os 20%.
Em relação ao desemprego nas camadas jovens, este foi de 21,3% na zona euro e de 22,1% na UE, com Espanha também aqui no topo da tabela (48,7%), logo acima da Eslováquia, onde 35,6% dos jovens estão sem trabalho. Portugal ocupa o terceiro lugar do ranking com uma taxa de desemprego entre os jovens de 30,8%.
Por género foram as mulheres (10,6%) que mais sofreram com o desemprego na zona euro. A taxa nos homens é de 10,6%.
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Medindo a tensão...

Três aponta mentes:




1. É curioso o pouco destaque que os jornais, nas suas primeiras páginas de hoje, e a restante comunicação, dão ao Conselho Europeu. Só indirectamente, como para dizer que a Grécia tem de chegar a acordo até ao fim da semana, que Keynes está arquivado em definitivo. 




2. Por outro lado, ou no lado oposto (da página... e não só), a primeira página do mesmo jornal que põe Keynes num canto inferior esquerdo, dá relevo, no canto inferior direito, a uma iniciativa que, espera-se, bem o venha a merecer: Marx em Maio, na Faculdade de Letras em Lisboa.


3. Quando o primeiro-ministro garante, perentório, coisas que se sabe, de antemão, que não irão ser cumpridas - a não renegociação e/ou recusa de um segundo "entendimento", e o "regresso aos mercados" em 2013 -, as agendas de "rating" mantém Portugal em BBB (ou como se faz a notação que nos atirou para o "lixo"), a central sindical unitária CGTP passou, em notação nossa (e bem mais credível), a AA+ (Arménio Alves Carlos)! 

OUTRA INFORMAÇÃO - a "Europa" vista de fora

Em Vermelho - Com agências

Greve geral paralisa Bélgica‎
em dia de cúpula europeia

Grande parte da Bélgica está paralisada, nesta segunda (30), devido à greve geral decretada pelas principais centrais sindicais contra medidas de austeridade adotadas pelo governo, sob imposição da União Europeia e acompanhadas pela ameaça de medidas punitivas. A última greve geral foi há 20 anos. Em Bruxelas não há transportes públicos e muitos dirigentes europeus terão de usar helicópteros, aviões e aeroportos militares para chegar à cúpula da União Europeia, nesta segunda.

O Aeroporto Nacional de Bruxelas regista grandes congestionamentos e atrasos, o de Charleroi foi totalmente encerrado. As comunicações ferroviárias de e para Bruxelas, designadamente com Paris, Amesterdão, Londres e Colónia estão paralisadas, incluindo as composições de alta velocidade.
Os correios não funcionam e os trabalhadores do porto de Antuérpia, um dos maiores da Europa, paralisaram completamente a atividade. Em algumas estradas do país, comissões sindicais promovem operações de paralisação do tráfego para divulgação de informação sobre os motivos da luta social.
A greve geral na Bélgica é a primeira em quase 20 anos. “Sempre dissemos que era necessário um plano de saneamento orçamentário, mas isso deve ser feito protegendo as costas dos mais vulneráveis”, declarou Claude Rolin, secretário geral da Confederação dos Sindicatos Cristãos, considerada a mais forte central sindical do país.
O governo belga de coligação sob a chefia do socialista Elio di Rupo, que pôs fim a uma crise política de 541 dias, diz-se forçado a fazer cortes nas despesas públicas da ordem dos 11 bilhões de euros, quantia que vai abalar toda a economia belga e atingir em primeiro lugar, como na generalidade dos países, os salários e direitos sociais dos trabalhadores.
Sendo a Bélgica um país com a dimensão de cerca de um terço de Portugal, este valor tem um enorme impacto se comparado, por exemplo, com o volume do último corte previsto pelo governo francês, de 7 bilhões de euros.
O governo de Elio di Rupo já está sendo acusado pelos trabalhadores belgas de fazer “um caminho à Zapatero” numa altura em que o flagelo do desemprego se torna ainda mais consciente ao nível europeu com o anúncio de que existem mais de 23 milhões de cidadãos sem trabalho, cerca de 10%, segundo o Eurostat.
A dívida soberana da Bélgica atinge atualmente os 100% do PIB e tem sofrido degradações regulares por parte das agências norte-americanas de notação financeira. As ameaças de sanções proferidas pela Comissão Europeia obrigam a Bélgica a procurar economias suplementares de 1,3 bilhões de euros sobre o orçamento de 2012.
Cúpula Europeia
É nesse contexto de greve geral que os líderes da União Europeia (UE) iniciam em Bruxelas uma reunião de cúpula sobre a crise da dívida na zona do euro. No encontro, os chefes de Estado ou governo pretendem analisar o pacto intergovernamental debatido na última reunião de dezembro para reforçar a disciplina fiscal nos 17 países que utilizam o euro como moeda.
Tal compromisso obriga os Estados a incorporarem em suas legislações nacionais uma denominada regra de ouro que limita o déficit fiscal, como já ocorreu na Espanha.
O plano, que deverá ser assinado em março, prevê também severas sanções para os países incapazes de cumprirem suas obrigações orçamentais ou manter a dívida abaixo de 60% do Produto Interno Bruto, o que implicará novos ajustes.
Em várias nações do continente, as políticas implementadas pelos governos para resolver a crise da dívida às custas do sacrifício dos povos têm gerado protestos massivos, como agora ocorre na própria Bégica.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Brevíssima - o que tem mais significado?

Que, dos 27 ("líderes"...), 25 ("líderes"...) tenham aprovado um pacto orçamental?, ou que o Reino Unido e a República Checa (pelos seus "líderes", que não são nem melhores nem piores que os outros...) tenham ficado de fora?
Grande Conselho...  

Uma anedota e o 11 de Fevereiro no Terreiro do Paço

Mão amiga fez-me chegar um mail em que transcrevia uma anedota e um comentário, publicados no Financial Times de 6 de Novembro. Traduzo (livremente):

Num engarrafamento, um automobilista é abordado por um homem que lhe bate no vidro da janela e o interpela: ”Terroristas assaltaram o Congresso e sequestraram os congressistas. Exigem 100 mil dólares, sob a ameaça de queimarem tudo com gasolina…”, dizia o homem, “estamos a recolher donativos…”. “… e o que tem recebido… assim em média…?”, perguntou o condutor. “… entre 5 a 10 litros…”, foi a resposta que teve.
O comentário do jornal é que esta anedota seria muito mal recebida aqui há uns anos. E diz que Bob Hope nunca a teria metido no seu reportório. Hoje, circula na blogosfera com grande aceitação e divulgação, revelando o clima de descredibilidade em que caíram as instituições ditas democráticas.

Não transcreveria (livremente)esta anedota, e o comentário, se a “nossa democracia”, tão duramente conquistada ao fascismo, não a tivesse tornado oportuna e pertinente.
Depois da exclusão, da responsabilidade maior do PS, do Conselho de Estado do membro do PCP que nele tinha assento desde que existia essa instância, a não audição de partidos com assento parlamentar nas vésperas de reunião do Conselho Europeu, como sempre se fez até à semana passada (embora o primeiro-ministro tenha recebido, com essa finalidade, o secretário-geral do PS…), veio evidenciar o sentido da política no plano institucional. Um sentido de desmocratização… nem sequer se ouvindo quem tenha posição diferente, ainda que com significativa representação parlamentar.

Tudo a apontar para a necessidade do reforço da política ao nível das massas, da intervenção participativa que colmate a deriva autoritária (ou "austeritária"…) da face representativa, redutora da cidadania ao voto … ou até o dispensando, como o ilustram as evoluções grega e italiana. Assim se entende que 3 em 4 irlandeses queiram referendar questões orçamentais, que na Bélgica se esteja em greve geral, que o Terreiro do Paço vá encher no dia 11 de Fevereiro!

Saboreando emoções

A LONGA ESPERA

Até onde chegará a nossa
resistência?
Até onde
suportaremos nós,
homens de carne e osso,
a tortura inumana?
Até onde, pacientes,
metódicos,
secretos,
seremos capazes de levar
as nossas palavras
firmes e consoladoras?
Até onde ecoarão elas,
e em que ouvidos?
Até onde teremos de mascarar-nos,
de mentir,
de fingir?
Revolução
porque tardas?
Já escarva o chão,
pronto a investir,
o gigantesco toiro,
de baba espessa,
de olhos chispantes
e frementes músculos.
Já desabrocham cravos
no silêncio contido.
Já as ocultas labaredas
se preparam para desfraldar-se
resgatadoras,
ao vento solto.
Já as multidões,
com a sua ira,
quebram em estilhaços
o lavado cristal do dia atento.
Revolução,
porque tardas?
Desdobra, cotovia amável,
como um harmónio,
a tua alacridade,
sob o frio dos escombros.
Semeia, sol,
a luz e o calor fertilizadores
pelos campos lavrados.
Dai as mãos e anunciai,
trabalhadores de todo o mundo,
o grande recomeço.
Soldados,
quebrai com ímpeto
as vossas armas arrependidas
e pisai-as.

E tu, menino, proclama,
com a tua voz de alvorada,
para além dos teus desejos,
os teus sonhos realizados.

Armindo Rodrigues

Obrigado, Amigo,
pela intenção com que o publicaste
em cravodeabril!

Pelos caminhos da deSmocratização

Nas vésperas do Conselho Europeu. Uma novidade escandalosamente anti-democrática!
Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre a não realização
das normais reuniões institucionais
entre o Primeiro Ministro
e os partidos com assento parlamentar
em vésperas do Conselho Europeu


1 – O PCP, afirma que a informação prévia da agenda e projecto de conclusões do Conselho Europeu aos partidos políticos com assento parlamentar - independentemente do carácter formal ou informal das reuniões do Conselho - constitui uma prática consolidada ao longo dos sucessivos governos.

2 – A decisão de abdicar deste dever de informação e auscultação é tanto mais incompreensível e grave, quanto este Conselho Europeu abordará questões de relevante importância para Portugal que atingem a sua soberania nacional e colidem com a própria Constituição da República Portuguesa.

3 – A decisão do Primeiro-ministro de se reunir apenas com o Partido Socialista, constituindo um inaceitável acto de discriminação, é em si mesmo expressão indisfarçável do comprometimento que une PS, PSD e CDS na concretização do Pacto de Agressão que arrasta o país para o declínio e empobrece os trabalhadores e o povo português.

4 – O PCP não deixará de fazer ouvir a sua voz relativamente às decisões que estão previstas ser tomadas no próximo Conselho Europeu e que, pelo que é conhecido, representarão mais um gravíssimo passo na estratégia de concentração e centralização de poder económico e político no grande capital e nas principais potências europeias e no projecto de profundo retrocesso social e de ataque aos direitos dos trabalhadores na Europa, num quadro actual de profunda crise do processo de integração europeia

domingo, janeiro 29, 2012

Alegrias

"Quando a esmola é grande, o pobre desconfia", diz o povo e tem razão (como quase sempre, salvo quando, em vez de ordenar, se deixa ordenhar...)
Com tanta alegria junta, estou a desconfiar do que esteja para me acontecer.

A tarefa de ontem. no CT de Carnaxide correu muito bem. Pelo menos, para mim. Pelo ambiente, pelos encontros amigos, pelos rissóis, pelo que ouvi.
Também não faço má avaliação auto-crítica sobre o que disse a uma sala cheia, com duas alas. Uma, à minha frente, a que chamaria dos pais e avós, outra, à minha direita, a que chamaria de filhos e netos. Misturando-se na participação viva, animada. 
E como se não bastasse vir de lá para a Rodoviária, satisfeito, e ter feito a viagem para o cantinho do Zambujal acompanhado, por mero acaso, por uma jovem vizinha, que me falou, com entusiasmo e acerto, da sua profissão e de projectos para a "nossa terra", recebi, hoje, um mail, com o assunto "Estive em Carnaxide", em que uma camarada me diz coisas agradáveis e úteis da sessão de ontem , e junta um seu poema, que colocou na empresa onde trabalha, quando uns prémios foram distribuídos a umas chefias. Partilho-o porque, pela sua qualidade e o seu "tom" brechtiano, me deu mais uma alegria... que não quero só para mim.    

O  P R É M I O

Quem faz a estrada? o projectista
e a casa? o arquitecto
e a ponte? o engenheiro.
Quem faz a fábrica? o patrão
e a empresa? o empresário.
Quem manda? o presidente.
Quem governa? o ministro.
     E estão sós? NÃO, mas pensam que sim.

QUEM tem calos nas mãos
E os ossos dobrados ao peso da picareta
E os olhos piscos da luz intensa
E as rugas das noites de vigília
E os pulmões cheios de pó
E os pés sangrando das grandes caminhadas
E a voz rouca do sol abrasador
E a chalaça cantante das lágrimas contidas
E a presença firme na hora do perigo
E o braço estendido
E a mão aberta
E o coração pronto
para os outros que com ele fizeram esta TERRA?

Então, se aqueles não estão sós,
     porque levam o prémio que também é destes?

Obrigado, Clotilde! 

A "fidúcia" - explicação em 3 imagens



in dollar we trust?



















é preciso traduzir?!

Para este domingo - Gracias à la vida


sábado, janeiro 28, 2012

Campeia infrene...

Retive, de um professor que nos passou pela frente (creio que de contabilidade), a frase "campeia infrene a maio rindisciplina". Não sei se teria sido exactamente assim, mas ao longodos anos - e tantos são... - a frase foi-se moldando ao meu léxico e uso-a, quando não para outros fins para uso interno, sempre que noto alguma desorientação nas hostes, quaisquer elas sejam.
Folheio o Expresso e... campeia infrene a maior confusão por estas hostes!
Eles lá se vão safando, mas a confusão é digna de registo. 
Sobre a crise e Davos, no caderno economia, respigaria uma chusma de exemplos, a merecerem outra exclamação "ninguém se entende!", apesar do ar para leitor ler de que se estão a entender. Deixo só, a propósito de malabarismos pseudo-científicos sobre uma coisa chamada défice estrutural, que cada um calcula à sua maneira, a catalogação de "ciência oculta" por parte de "The Economist".
E ainda se deixa a recomendação do artigo habitual do Nicolau Santos, que não estou com pachorra para transcrever com excepção do título Visões e delírios económicos, em que os visionários e delirantes são o ministro das finanças e o primeiro ministro por estarem a afirmar coisas que se sabe perfeitamente que não irão acontecer. (A seguir-se o rumo em que insistem e persistem, dizemos nós...)

Isto só contado, porque visto não se acredita...

11 de Fevereiro tem de ser um dia
para ver e acreditar!

Uma espécie de concurso

Fora do meu cantinho de trabalho e vida para estes anos, por exultantes motivos - que muitas vezes me levarão a migrar -, trouxe "trabalho para fora de casa", até porque há compromissos a cumprir, como a participação, hoje â tarde, numa iniciativa em Carnaxide, no Centro de Trabalho.

A ler uma entrevista, de que não digo a data nem com quem, surgiu-me a ideia/exercício de transcrever frases e de fazer um espécie de concursos. Algum dos eventuais passantes, quer arriscar

quem foi que o disse e quando?

À pergunta sobre que pensa da previsão do primeiro-ministro (à data) de que, com os empréstimos (a "ajuda") "a nossa economia poderá reequilibrar-se dentro de quatro anos" 

frase 1 - não é assunto para me pronunciar levianamante: tenho responsabilidades como economista.
frase 2 - os empréstimos ajudam a resolver as dificuldades de pagamentos externos.
frase 3 - Ponto importante é o das consequências a médio e longo prazo.
frase 4 - Como se trata de empréstimos e não de donativos, será necessário pagar juros e os próprios capitais.
frase 5 - muitos dos empréstimos contém cláusulas impondo as compras nos países em que se aplicam no país que empresta...
frase 6 - O capitalismo tem os seus códigos de fraternidade - mas os efeitos sobre a balança de pagamentos que se está a ajudar são, por vezes, pesados.
frase 7 - numa situação precária como a portuguesa, o "banqueiro" domina o jogo, agora que está a emprestar e, depois, quando se tratar de cobrar juros e indemnizações.
frase 8 - Eles, nos EUA, na RFA, no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial (vão sendo sempre os mesmos), sabem das dificuldades e da sua provável persistênci:; seguram-se, impondo um juro político que vai da "brigada NATO" até à liberdade de movimentos das forças de direita.

Chega? Mas havia tanto mais e tão interessante! Mais algo virá com a resposta, 2ª feira, aos eventuais concorrentes.
Arrisquem, embora nada haja para petiscar...

sexta-feira, janeiro 27, 2012

OUTRA INFORMAÇÃO - o capital financeiro e a situação social nos Estados Unidos

Citado de "frase da semana" (obrigado, Jorge V):
"Nos Estados Unidos, [...] a relação entre economia e política é quase caricatural: os ricos utilizam o seu dinheiro para adquirirem mais poder e o poder para ganharem mais dinheiro"
Atlas da Globalização - Le Monde Diplomatique (2003)

Do avante! de ontem:

Enquanto a pobreza e a desigualdade alastram

Capital financeiro embolsa milhões

Os seis maiores bancos norte-americanos registaram lucros de dezenas de milhares de milhões de dólares em 2011, cenário que contrasta com o alastramento da pobreza e das desigualdades no país.
De acordo com dados divulgados por agências noticiosas, JPMorgan Chase, Citigroup, Wells Fargo, Goldman Sachs, Morgan Stanley e Bank of America acumularam mais de 50 mil milhões de dólares em ganhos líquidos durante o ano passado, o que representa um crescimento de cerca de 10 por cento face aos resultados conjuntos anunciados em 2010.
No topo da cadeia, JP Morgan Chase, Wells Fargo e Citigroup destacam-se com cifras na ordem dos 19, 16 e 11,5 mil milhões de dólares em lucros, respectivamente.
(...)
Em contraste, (...) Dados oficiais indicam que (...) mais de 46 milhões de norte-americanos subsistem graças às senhas de alimentação. Estima-se, ainda, que menos de 20 por cento dos norte-americanos detenham 85 por cento da riqueza criada. Somente 15 por cento da riqueza vai para os trabalhadores assalariados.
Neste contexto, não é de estranhar que uma sondagem recente efectuada pela Gallup indique que metade dos norte-americanos considera a redução do fosso entre ricos e pobres «extremamente importante» ou «muito importante», e que outra pesquisa semelhante efectuada pelo Centro de Pesquisa Pew garanta que 66%das pessoas acreditam que existe um conflito «forte» ou «muito forte» entre ricos e pobres, contra apenas 47% que assim pensavam em 2009.
Recorde-se que, em 2010, o número de norte-americanos que viviam na pobreza era superior a 49 milhões, de acordo com gabinete de estatísticas dos EUA.
No território, a linha de pobreza é calculada com base num rendimento anual de 22.350 dólares por ano para uma família de quatro pessoas. O índice é criticado por não contemplar as variações no custo da habitação ou as diferenças nos preços dos géneros essenciais existentes nos vários estados da União.
Se esses factores fossem tidos em conta, em média as famílias de quatro indivíduos necessitaria de aproximadamente 40 mil dólares por ano para fazer face às necessidades básicas.

Reflexões lentas - e apropósito...

De reflexões que levam a "textos em carteira", alguns são para posterior aproveitamento público, de partilha. Há um desses textos, longo, que espera fecho e oportunidade, que tem uma introdução com um título "De imensuráveis contributos, por serem enormes, e de contributos imensuráveis, por serem minúsculos – todos únicos e insubstituíveis", de que me salta um trecho a pedir antecipada publicação (porque terá sido?...):

«(...)
Nenhum ser humano nasce comunista. Não vem no código genético.

O ser comunista pode entranhar-se no ser humano. Porque as circunstâncias o tenham provocado e os genes acolhido.
Assim pode acontecer num processo, em que o salto qualitativo pode ser um facto, um encontro, uma conversa, uma leitura. E esse salto qualitativo pode ser também a entrada para um partido com uma prática, uma base teórica, um programa, embora a coincidência não seja automática ou inevitável.
Não há uma via única nesse processo, embora haja uma que é natural, que é feita de exploração, de carne viva, sangue, sofrimento.
Mas se é certo que existe uma dinâmica social imparável, que a sucessão dos modos de produção conduziu ao aparecimento de burgueses e de proletários, pode o conhecimento e a compreensão dessa dinâmica e do aparecimento dessas classes, constituir uma outra via de se chegar a comunista, "tomando partido".
Nenhuma das duas vias é mecânica, nenhuma é fácil. (...)»

quinta-feira, janeiro 26, 2012

OUTRA INFORMAÇÃO - A Líbia o que é?, até onde Irão? (e a Siria, como será?)

Imperialismo segura petróleo no meio do caos


Militares dos EUA ocupam Líbia

Doze mil soldados norte-americanos chegaram à Líbia consumando o domínio do país pelo imperialismo. A ocupação ocorre quando o território está mergulhado em conflitos entre facções do CNT, e um grupo armado supostamente leal ao antigo regime tomou de assalto a cidade de Bani Waled.

(...)

avante!

Brevíssima - a promiscuidade e as clientelas partidárias

Fazer viagens (de "expresso" e por excelentes motivos...) a ler jornais que não se compram na aldeia, pode completar a "informação" audio-visual que nos invade a casa. E comprovar, por vezes com surpreendente surpresa a luta das clientelas partidárias e a promiscuidade entre uma certa maneira de fazer política e o "mundo dos negócios".

Chega a doer!

Chega a doer que se dê crédito a quem diga que "Portugal está a caminho".

Está a caminho de quê o País que já era dos mais desiguais socialmente do "clube OCDE", segundo alguns critérios só discutindo a "lanterna vermelha" com os Estados Unidos, e está a tomar medidas que só podem agravar as desigualdades?
Está a caminho de quê o País em que o desemprego cresce estatística a estatística publicada e, muito mais importante, família a família?
Está a caminho de quê o País que, à podoa, vê ser destruido o seu Serviço Nacional de Saúde, que era dos seus "emblemas", que estava a precisar de ser acompanhado para impedir desperdícios e falcatruas e que, em vez disso, se quer troca por um sistema que aproveite o negócio da doença e "elimine" os custos com os que não podem pagar, como quem sentencia à morte velhos e doentes sem posses?
Está a caminho de quê o País em que os que se endividaram, pessoalmente ou para criarem pequenas empresas, aliciados pelo crédito fácil e barato, negócio dos bancos, se vêem hoje em situações desesperadas ?
...
Por aqui nos ficamos

Este País só pode estar a caminho de muita luta que imponha, ao País, um outro rumo.
Este País tem de deixar de dar ouvidos aos que querem que o caminho do País seja o mesmo que aqui o trouxe, mudando caras, vestimentas, ou com meras cosméticas que só agravarão as situações sociais. Do Povo. 

Ex-citações - O regresso de Nicky Florentino


Na mesma situação. Há muita coisa em que não dá o sebo para a mecha. Daí que não espante que o cúmulo de rendas do senhor prof. doutor Aníbal António Cavaco Silva, contando apenas as - quantas? - que lhe são garantidas pela fazenda pública, não chegue para as despesas decorrentes da vida espartana que declarou levar. Consta que a criatura é experta em finanças públicas. Sabe-se o que significa. Uma ilustração. Em julho de dois mil e dez declarou não valer a pena recriminar as agências de notação financeira norte-americanas. Em julho de dois mil e onze declarou que as mesmas eram uma ameaça à estabilidade europeia e tal. Em janeiro de dois mil e doze declarou surpresa pelo mais de um quarteirão de líderes da união europeia amochar diante das agências referidas. Como atestado, o senhor prof. doutor Aníbal António Cavaco Silva está sempre em pé desde há muito tempo. O que, admita-se, talvez lhe custe mais do que o que consegue arrecadar. Nicky Florentino.

aguarela © Georg Grosz, Unemployed, 1934

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Renegociar? Quanto mais tarde e menos soberanamente, pior!

Notícia no Económico:

Dívida
Risco de Portugal em máximo com rumor de novo resgate

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Seguro contra a bancarrota de Portugal
já custa mais de 1,3 milhões de euros por ano,
 [por cada 10 milhões (13%!)] 

O preço dos credit default swaps (CDS) sobre Obrigações do Tesouro (OT) de Portugal a cinco anos, que funcionam como uma espécie de seguro que os investidores pagam para se protegerem de um cenário de incumprimento por parte de um país, está hoje a aumentar 22 pontos para 1.309 pontos, um máximo da era euro. Além disso, é a maior subida no mundo, segundo o monitor da Bloomberg, que analisa 59 países. Isto significa que é necessário pagar 1,309 milhões de euros por ano para segurar 10 milhões de euros de dívida soberana portuguesa.
Ontem, o Wall Street Journal colocou Portugal na mira dos mercados. Invocando a associação de credores que está a negociar a reestruturação grega, o diário norte-americano escreveu que "investidores, economistas e políticos estão cada vez mais preocupados com a possibilidade de Portugal vir a precisar de um segundo pacote de ajuda e que não será capaz de regressar aos mercados em 2013". Em reacção, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, garantiu que Portugal não vai pedir um novo fundo de resgate à ‘troika'. Os mercados estão, contudo, a dar mais crédito à notícia do WSJ.
Mas não é só o valor dos CDS lusitanos que se agrava no dia de hoje. As 'yields' (rendimentos) das OT da República sobem em todos os prazos. A taxa a dez anos, por exemplo, avança até aos 14,604%. Pelo mesmo caminho seguem as ‘yields' das obrigações de Espanha, Itália e França, perante a falta de entendimento em relação aos termos da reestruturação grega. Os credores privados exigem um valor médio no cupão das novas obrigações gregas de 4%, mas os ministros das Finanças da zona euro só aceitam pagar 3,5%. Além disso, os credores, representados no IIF (o Instituto Internacional de Finança), querem que não apenas parte da dívida privada seja perdoada mas também a dívida detida pelo FMI e bancos centrais, incluindo o Banco Central Europeu (BCE), algo que tem estado protegido pelo estatuto preferencial.

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Só negócios!
Só dinheiro (falso) a "produzir" dinheiro (falso)!
A crescer e a multiplicar-se desvairadamente.
Valha-nos S. Tomás de Aquino, perdão,
valham-nos as massas que são gente!

Que título? Escândalo, desumanidade, crime organizado, genocídio?

Hoje, na Assembleia da República:

Serviços mínimos...

Há 100 anos, quando os trabalhadores dos eléctricos faziam greve, também havia serviços mínimos.
Os "chora". Os "fura-greve" é que deviam puxar!

No Terreiro do Paço, em Janeiro de 1912

A luta continua!
a 11 de Fevereiro de 2012
... nem que seja de "chora!

Uma entrevista para ser lida, relida e reflectida - 3


Ao chamar-se a atenção para esta entrevista, cumpre-se uma tarefa. Não só militante. Também informativa.

Se o primeiro grande título é o de que "A alternativa nascerá da luta de massas", releva-se ainda mais esta afirmação com um trecho da entrevista em que Jerónimo de Sousa diz "Esse é o grande desafio que está colocado. Há quem ache exagerado, mas não é, quando colocamos o desenvolvimento da luta de massas como o factor determinante que pode ajudar à criação de condições para os objectivos que nos propomos. Bem podemos participar valorativamente no quadro institucional, bem podemos fazer reflexão em tese sobre estas magnas questões, que aquilo que é fundamental é o desenvolvimento, a intensificação e a multiplicação da luta de massas."

Outro tema para que a entrevista - e Jerónimo de Sousa - chama a atenção, de forma particularmente forte, é para a realização do Congresso. Cuja preparação, sublinha, não pode ser secundarizada.
É que, tendo os congressos do PCP três fases - preparação, discussão e realização -, nelas se procura sempre envolver o maior número possível de militantes, bem ao contrário dos congressos dos outros partidos em que os militantes apenas contam - tal como os cidadãos - para votarem moções ou líderes.
Jerónimo de Sousa sublinha que o Partido "não suspenderá as tarefas e lutas que estão em curso. Ou seja, não fechamos para Congresso mas também não podemos subestimar ou secundarizar a preparação e a discussão congressual e o envolvimento do nosso colectivo partidário."
Assim o tem sido sempre e, para mais, a realização em 30 de Novembro e 1 e 2 de Dezembro irá cair num momento em que a luta estará mais acesa, e a sua preparação e discussão acompanhará um período em que se sentirão intensamente as consequências da aplicação do pacto de agressão com toda a sua gravidade na realidade política, económica e social da sociedade portuguesa. 

Uma entrevista para ler, reler e ser reflectida - 2








Está quase a fazer uma semana, ficou aqui um "post" sobre a entrevista de Jerónimo de Sousa no avante!.
Tinha-se, então, a intenção de, acompanhando a leitura atenta, ir deixando uns comentários e chamadas de atenção sobre a entrevista. Bem justificada intenção... mas o tempo foi correndo, os dias sucedendo-se, e se a leitura (e releitura) comprovavam a sua justeza, ela ficou por cumprir. Até hoje... véspera de saída do avante! seguinte.
Em jeito de recuperação, neste "post" referem-se, como sublinhado, os grandes títulos, e deixar-se-á uma breve observação; num próximo "post", relevar-se-ão dois pontos que se consideram essenciais e que a entrevista coloca em destaque.

Títulos :
  • A alternativa nascerá da luta de massas
  • PCP foi o primeiro a propor esta solução - Renegociar a dívida antes que seja tarde
  • Permanecer ou sair do euro? - Há que fazer as contas ao que Portugal perdeu
  • O que parece eterno pode ser transformado
  • O Partido tem um prestígio imenso
  • XIX Congresso marcado para 30 de Novembro e 1 e 2 de Dezembro - Não podemos secundarizar a preparação do Congresso
Este "índice" é, com grande abertura e franqueza, largamente tratado por Jerónimo de Sousa. É um retrato do Partido. Que desfaz, mais uma vez e com enorme acerto, muitas perversas "caricaturas".
Não esgota nenhum tema, mas trata-os todos com verdade e sentido de classe e patriótico.
Cada um terá a sua "leitura". Do que está e do que não está, porque 8 páginas são espaço estreito para a quantidade e importância dos temas.
Pelo nosso lado, gostaríamos de ter lido comentários mais aprofundados à situação internacional e referência à base teórica sobre que assenta o Partido, que estando implícita em toda a entrevista, não a tem explícita, mormente quando se fala na formação dos militantes, justamente considerada como questão importantíssima.

terça-feira, janeiro 24, 2012

Janeiro de 1912 - há 100, no Terreiro do Paço

Na Praça do Comércio/Terreiro do Paço,
Janeiro de 1912,
durante a greve dos trabalhadores dos eléctricos
foto de Joshua Benoliel (Arquivo Municipal Lisboa)



Lá estaremos,
a 11 de Fevereiro de 2012.
A luta continua!

Um ano de reincidência presidencial

A propósito do último "post" aqui colocado, e particularmente dedicado a algum passante que, há um ano, acaso em Cavaco Silva tenha votado.

Sobre a acção do Presidente da República,
um ano após as eleições presidenciais de Janeiro de 2011

Breves - não chega já? deixe-se o homem, ataquem-se as políticas de que é protagonista

Invade o meu espaço uma onda criativa (alguma de muita qualidade), traduzindo indignação pelo que o Presidente da República disse, enquanto Aníbal Cavaco Silva. Mas... na minha modesta opinião, acho que chega. Estou a ficar farto, e saltou-me a imagem de se atacar um violador por ele ter mau hálito.
Há que passar da nota de indignação face a uma "escorregadela", para a tomada de consciência daquilo por que Cavaco Silva é responsável, como primeiro ministro que foi longo tempo e presidente da República que reincide.    

Dizendo coisas. Stiglitz e a minha tia.

Há quem goste de dizer coisas. Tinha uma tia que era conhecida por isso… O que não se escreve por crítica, pois então seria auto-crítica uma vez que tal gosto também por cá mora.
Desta vez, quer-se aqui falar de um Nobel da Economia, o Stiglitz, que gosta de dizer coisas. Não é o único, porque há um outro parecido com ele. O Krugman.
E, ao contrário, do que se costuma dizer, muito falam e bastante acertam. Mas…
Ora Stiglitz veio cá à “santa terrinha”, convidado a participar na conferência da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição… e disse coisas, em actos e em entrevistas. Muitas delas certas. Com pontaria. Algumas são de reter. Disse que “não há hipótese dos Estados Unidos entrarem em incumprimento porque devem dinheiro em dólares e controlam a impressora”… a não ser, acrescentou - a rir! -, que a impressora se estrague!
Esta foi uma forma original de pôr o dedo na ferida do actual período do capitalismo. No seu desvario financeiro-especulativo, em que o dinheiro perdeu as raízes materiais, se imprime sem que tenha de ter matéria-metal a que corresponda. Para o que importa lembrar a recente (sim, de 1971!) decisão de Nixon, quando unilateralmente decretou a inconvertibilidade do dólar, e pôs todo o sistema de pantanas, em favor do império com base no dólar fictício, falso, imposto politicamente pelas forças económicas do complexo industrial-militar, a servir-se, também, do crescente sub-império do sistema bancário-bolsista.
Mas… se Stiglitz pôs o dedo na ferida, não foi para a denunciar e procurar remédio que cicatrize. Foi para fazer graça. Aceitando a fraude como fatal, como fatal aceita o sistema que por aí, por esses ínvios caminhos da desvairada desmaterialização do dinheiro, anda e se insiste em que continue.
A “crise europeia”? Ah! De novo começando por acertar, Stiglitz disse coisas. Que assim não vai lá, que o euro deverá vir a… desmembrar-se, que o BCE tem de alterar o mandato, que é preciso dar atenção ao crescimento.
Mas… tal como para os Estados Unidos – o mesmo sistema, duas situações –, andou a remexer na ferida, sem sequer lhes botar sulfamidas. Indiferente, alheio, às verdadeiras causas: o ser capitalista o sistema, e tudo resultar do seu funcionamento nesta relação de forças em luta de classe.
Por isso mesmo, também Stiglitz se meteu onde (e para o que) foi chamado (e, decerto, muito bem pago!). Disse que o acordo de concertação social assinado em Portugal foi muito positivo, que “veio dar estabilidade à economia”. Quem muito fala…
Mas também disse que “há uma coisa que se chama multiplicador do orçamento equilibrado e que significa aumentar impostos – em rendimentos elevados eu eliminando distorções e benefícios – e usar esse dinheiro em educação para tornar a economia mais competitiva”.
Aumentar impostos em rendimentos elevados (há por ai tantos!), eliminar distorções e benefícios, aplicar em educação e tecnologia para se produzir mais e melhor (sem isso não há competitividade!)?
Bem prega frei Stiglitz! No entanto, ele sabe para que deserto prega, ou que os que o ouvem só conhecem rendimentos elevados tirados do trabalho, não os da exploração do trabalho, que as distorções e benefícios são apenas as dos trabalhadores porque uns ganham mais que outros, as das diferenças de mais-valias apropriadas, ignoram-se, por naturais. os altos rendimentos e distorções resultantes dessa apropriação de mais-valias, nas formas particulares de aplicação dessas apropriações – em lucros, juros, rendas, gastos supérfluos e luxuosos, alguns verdadeiramente escandalosos.
É o capitalismo, estúpido.

A minha tia também dizia coisas. E, se errava em muitas, muitas vezes acertava no essencial. Sem o saber…



(entrevista no Expesso)

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Registo de alguns números (em milhões muito pouco líquidos)

A dívida directa do Estado aumentou 23 mil milhões em 2011.
A "ajuda" da troika já chega a 46% do total, cerca de 36 mil milhões.
De comissões à troika já terão sido pagas perto 700 milhões.
No final desta "ajuda", cerca de metade terá sido devolvida à troika em juros, despesas e comissões.
Que raio de "ajuda"! (O raio que os parta.)
E quanto mais tarde, pior.

Marx, sempre... e em Maio - 1

É a altura. É a altura de começar a pensar neste "congresso", Marx em Maio, que se vai realizar... em Maio. Não que não me tenha já feito pensar... mas é tempo de passar "aos actos", de cumprir prazos.
"O «Congresso Internacional Marx em Maio - perspectivas para o século XXI» realiza-se nos dias 3, 4 e 5 de Maio de 2012 (quinta-feira, sexta-feira e sábado). Os trabalhos decorrerão no Anfiteatro I da Faculdade de Letras de Lisboa.
(...) o congresso é composto por várias secções: filosofia, sociologia, história, psicologia, política, economia, movimento sindical, estética, ciência e actualidade. O traço que une esta multiplicidade de áreas de trabalho é a referência ao pensamento de Marx e às novas perspectivas que abriu e que continua a abrir."

A iniciativa é de um Grupo de Estudos Marxistas (GEM), e nele estamos (ou fomos...) inscritos.
Do que se for passando, ir-se-á dando conta por aqui.

Para já, fez-nos ir buscar a uma estante - gesto tão repetido... - um livro, de que um outro GEM é autor.
A edição é de 1982 (Editorial Estampa), traduzindo para português (por Maria José Dias Rodrigues) um original belga, de edições Du Monde Entier, de 1979, da autoria de um grupo com a sigla GEM.
De um outro (que outro?) GEM.
No prefácio que subscrevi na edição portuguesa, que ajudei a promover com o apoio de Jacques Nagels, motor dessoutro GEM (Grupo de Economia Marxista), respondia-se ao incluir a tradução da contracapa da edição original:
«O GEM?
Um grupo de economistas preocupados
com as realidades sociais,
partilhando as mesmas preocupações
face à evolução da crise 
e a mesma inquietação
perante as escolhas dos nossos governantes.
Um grupo criado há 4 anos
à volta de algumas ideias-piloto relativas a:
- função do economista;
- crítica da economia política académica;
- natureza da economia política marxista;
- elaboração de uma opção democrática
para a economia belga

Será fácil compreender-se como este "grupo" nos atraíu, e como nos empenhámos na edição do livro, e da sua saída, que se conseguiu concretizar em 1982, quando "a Europa connosco" era uma palavra de ordem contra-revolucionária, contra o caminho da democracia avançada, numa luta em que era preciso mobilizar tudo o que ajudasse à tomada de consciência do que estava em causa. Com razões que, passados 30 anos, se comprovam. 
A vida não se repete mas, no curto espaço de tempo de 30 anos, repetem-se as siglas e as razões de  uma luta contra o "projecto para a Europa", contra uma "Europa" que nos queria (e conseguiu...) "mata-borrar", ao serviço do capitalismo financeiro-especulativo, então na "infância da arte".

Voltar-se-á, evidentemente.



domingo, janeiro 22, 2012

Em defesa de Maria e Aníbal (modesto contributo)

Andou o fim-de-semana agitado por causa do casal MariAni, acrónimo que, só por si definiria o casal, ou aos dois num só.
É que o Aníbal, com a sua proverbial capacidade de se exprimir na língua pátria, resolveu dizer umas coisas sobre a sua vida privada, e foi, evidentemente, mal compreendido.
Apesar da nossa pessoal e intransmissível compreensão, que nos faz vir em defesa do casal, começamos por admitir que o Aníbal teve alguma culpa. Mas também tem de se aceitar que o homem não é muito dotado para o discurso directo. Mesmo para os discursos escritos por outros, é o que se ouve e vê…
Pois o Aníbal veio lembrar aos compatriotas que a equidade existe, pois ele não escapa às dificuldades que os portugueses têm de suportar, apesar de ser quem é. Ele, Aníbal, e mais a Maria, claro.
Dos soldos de reformados que recebem os dois, referiu a sua reforma mixuruca, depois de décadas de desconto como professor universitário e como investigador gulbelkião, que anda por três salários mínimos. Realmente, para quem tanto deve ter descontado, pode parecer pouco. No entanto - dizem os de tractores... - não referiu as outras reformas que aufere e que, feitas as cont(inh)as, o levaram a abdicar da remuneração a que o cargo lhe dava direito, mas não em acumulação, pelo que as suas/dele reformas são superiores ao que deveria ser o mais alto salário da Nação.
É verdade que não o disse, mas também ele não estava no confessionário, tem de se perceber isso. Até porque, mesmo que fosse no confessionário (se é que ele frequenta esses lugares em que tem de se pôr de joelhos), desconfia-se que nem ao confessor Aníbal confessaria todo o total dos seus réditos. Porquê? Porque, nesse total, vultuosas parcelas são provenientes de inconfessáveis frequentações, de manigâncias de entidades bancárias (de cuja criação se não alhear), das que facultam multiplicações vertiginosas. É quase certo que fugiria a enumerar pormenores sobre a forma como avolumou  rendimentos seus (e da Maria, e da filha, por ele e por ela, e sabe-se lá que mais) provenientes de especulação e usura. É que poderia o seu confessor ser discípulo de S. Tomás de Aquino, e grande seria a penitência, talvez até pondo em causa a legitimidade (não a legalidade demo crática) de ocupar lugar em que se assenta.
É facto que nos perdemos nestas minudências, distraindo-nos da intenção de vir em defesa do casal e das suas/deles dificuldades, que, aliás apenas sofrem (oh!, se sofrem) por tão solidários serem. Mas a nossa defesa é curta, e con tudo contun dente.

Já pensaram - os de tractores, olhando para as suas próprias dificuldades quotidianas - no que deve custar viver em Belém, e não no andar na Rua do Patrocínio para que aquela reforma estaria dimensionada?, já pensaram nas despesas de manutenção (um cano que entupiu, uma lâmpada que se fundiu… e são tantos os canos e as lâmpadas de um palácio!)?, já pensaram nos custos com o pessoal, seja o pessoal menor (os cozinheiros, as criadas de dentro e de fora, os motoristas), seja o pessoal maior (os assessores civis e militares)?, já pensaram nos reflexos do IVA nas refeições?, já pensaram nas exigências do protocolo?, já pensaram nas deslocações, quando não são aboletados em casa de algum parente ou amigo que lhes cede o quarto da filha que estuda em Lisboa?

Oh!, meus amigos, tem de ser no concreto que tudo se aprecia, que tudo se avalia! Não tivesse sido o casal tão poupadinho, com a Maria ao leme do orçamento do casal enquanto o Aníbal se ocupa em promover e promulgar o Orçamento (viram a diferença no tamanho do o?...), e teríamos talvez de passar pela vergonha de ver o “presidente de todos nós” (salvo seja) a recorrer à caridadezinha que tão patrioticamente estimulam (e para que contribuem, evidentemente, com o seu óbolo).
Tenhamos – e tenham como nós – compreensão.

Aliás, devemos dizer, num outro registo, que estas palavras de Aníbal Cavaco Silva, verdadeiros espelhos das suas cultura e sensibilidade, se cotejadas com outras malfeitorias por que é dos maiores fautores (em duração e grau de reponsabilidades), nem mereciam tanto escândalo. Só nos distrairam e fizeram perder tempo. Já se deveria ter conhecimento bastante do personagem para não nos surpreenderem "escorregadelas" destas. 

Neste domingo...

Neste domingo de sol que aquece por dentro, espero o que se espera da vida, tenho notícias do outro lado da vida, fico triste, arrumo-me e desarrumo-me...
Em que é diferente este dia dos outros dias? É domingo!, com a "carga" que nos vem do tempo em que os domingos eram o dia de fazer as coisas mais belas que um homem pode fazer da vida. À Manel da Fonseca.
Ser domingo, para além do dia de descanso do Senhor de alguns (muitos), era o dia em que não se vendiam horas da força de trabalho, em que todas as horas eram nossas, nossas para as usarmos nos trabalhos e quefazerem que quiséssemos.
Depois, com a luta, juntámos-lhe o sábado, com os feriados e as férias. Porque era (e é!) possível que assim fosse (que assim seja) por todo o trabalho feito e cristalizado por aqueles de antes de nós. Pelas suas lutas.
E é isso que nos querem roubar! O termos tempo de vida nossa. O tempo de vida (a vida!) que devemos aos que viveram os séculos e milénios que atrás de nós estão e de somos feitos. Não vamos deixar! Vamos dizê-lo, alto e bom som, no Terreiro do Paço, a 11 de Fevereiro.

Comecei a escrever para dizer outras coisas. Sairam estas. Fiquem e sirvam(-se).

Para este domingo - Fala do homem nascido

Samuel a cantar
poema de António Gedeão
música de José Niza




Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém

Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci

Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr

Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder
minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada

Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham
nem forças que me molestem
correntes que me detenham

Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu

Com licença com licença
que a barca se fez ao mar
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar
com licença com licença
com rumo à estrela polar

sábado, janeiro 21, 2012

21 de Janeiro - Efemérico

Há dias assim. Sendo, como todos, efémeros, há dias efeméricos. Por razões de todos, ou por razões de cada um.
Para este ocupante deste espaço, 21 de Janeiro é um dia desses. Porque a 21 de Janeiro de 1898 nasceu o meu pai, num quarto que todos os dias vejo - mesmo quando no Zambujal não estou, como é o caso de hoje.
Poderá voltar a sê-lo em 2012, hoje, por razão nova, renovada, idêntica.
A vida continua, preenchida de dias efémeros, alguns tornando-se efemérides. Por razões de todos, ou por razões de alguns. 

Hoje, 21 de Janeiro

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Uma entrevista para ler e ser reflectida

Num momento (à escala histórica, de séculos e milénios) de enormíssima complexidade, a todos os níveis, a entrevista com Jerónimo de Sousa, no avante! de ontem é um documento da maior relevância. Não só para os militantes do Partido Comunistas mas para todos os que queiram praticar uma cidadania responsável.
Muito mais que um ponto de situação, é também uma séria reflexão sobre a vida em sociedade e as responsabilidades de cada um em relação ao futuro.
Aqui, nos referiremos com mais pormenor a este documento, que é uma chamada de atenção e um passo para o Congresso deste ano do PCP, que vai ser, pelo que já é na sua preparação, de enorme importância. Neste momento português, europeu, planetário.
O que se afirma sem falsas modéstias nem assomos de megalomania.

Até onde eles irão?

Há que ler crónicas como esta!

avante!
crónica internacional


Escalada de guerra

A escalada de agressão (nas suas dimensões política, económica e militar) que os EUA (e os seus aliados) levam a cabo contra os povos do Médio Oriente atingiu um sério e perigoso patamar, perante as ameaças de intervenção militar na Síria e de confronto directo com o Irão.
Acompanhando o anunciado e previsível termo da missão de observadores da Liga Árabe – que não terá cumprido, até ao momento, o papel de ingerência e de deturpação da realidade como era intenção dos EUA e dos seus aliados da NATO e do Conselho do Golfo –, é abertamente colocada, pela voz do Emir do Qatar, a intervenção militar directa na Síria.
Dando mais uma machada nas Nações Unidas e nos princípios consagrados na sua Carta, Ban Ki-moon, que ocupa o lugar de secretário-geral desta organização, incita «convenientemente» ao branqueamento e ao apoio do Conselho de Segurança à agressão contra a Síria – o que é correctamente rejeitado pela Rússia e pela China.
Por seu lado, a Rússia denuncia os planos de intervenção militar na Síria, que terá origem e base de apoio na Turquia, país membro da NATO que já assume um papel fundamental na operação de ingerência, de desestabilização e de agressão à Síria.

Neste quadro, o governo sírio implementa medidas com o objectivo de promover o diálogo e assegurar a unidade nacional, enquanto grupos armados continuam a boicotar qualquer solução negociada, perpetrando sabotagens e atentados contra objectivos económicos, contra a população e contra as forças sírias, procurando criar o caos e a insegurança e, se possível, a situação que possa ser utilizada para camuflar a intervenção militar directa desde há muito planeada pelos EUA e apoiada pelos seus aliados da NATO e na região.
Ao mesmo tempo, os EUA adoptam novas medidas contra o Irão, legislando a imposição de sanções (dentro de seis meses) a qualquer empresa ou país que efectue pagamentos através do Banco Central do Irão, nomeadamente para a aquisição de petróleo a este país – o que representa, para todos os efeitos, uma declaração de guerra no plano económico e uma manobra com profundas e imprevisíveis consequências para a situação económica de diversos países e ao nível mundial.
Não esperando pelo inicio do Verão, a administração norte-americana procura desde já o apoio da União Europeia e do Japão para o isolamento económico e o asfixiamento financeiro do Irão, advertindo e ameaçando com sanções os países que não acatem o seu ditame. No entanto, esta medida não tem o apoio da Rússia, da China (país a que os EUA já sancionaram uma empresa ao abrigo desta nova medida), da Turquia (que importa do Irão grande parte do petróleo de que necessita) e de outros países.

Sublinhe-se que os EUA adoptam esta nova medida contra o Irão no momento em que concentram (com os seus aliados da NATO) enormes meios militares no Golfo Pérsico – isto é, junto ao Irão –, e em Israel (único país que possui armas nucleares no Médio Oriente) e fornecem significativo e moderno equipamento militar aos seus aliados do Conselho do Golfo. O Irão é ainda confrontado com todo o género de provocações e ilegalidades, de que são exemplo o assassinato de cientistas ligados ao seu programa de energia nuclear – que assegura ter fins pacíficos e ser seu direito desenvolver – ou a violação das suas fronteiras por drones de espionagem dos EUA.
No fundo, os EUA procuram encurralar o Irão, arquitectando o pretexto para mais uma etapa da guerra imperialista, que visa o domínio da Ásia e do Pacífico.
No momento em que se confrontam com a agudização da sua profunda crise, a escalada de guerra promovida pelos EUA no Médio Oriente representa uma ameaça não só aos povos e países que não se submetem nesta região, mas a todos os povos do mundo que reclamem o direito ao exercício da soberania e ao desenvolvimento económico dos seus países – pelo presente e pelo futuro há que detê-la!

Pedro Guerreiro

... e responder com o nosso contributo,
por ínfimo que seja.
Nem que seja, apenas, o de informar,
de fazer circular informação