segunda-feira, janeiro 30, 2012

Saboreando emoções

A LONGA ESPERA

Até onde chegará a nossa
resistência?
Até onde
suportaremos nós,
homens de carne e osso,
a tortura inumana?
Até onde, pacientes,
metódicos,
secretos,
seremos capazes de levar
as nossas palavras
firmes e consoladoras?
Até onde ecoarão elas,
e em que ouvidos?
Até onde teremos de mascarar-nos,
de mentir,
de fingir?
Revolução
porque tardas?
Já escarva o chão,
pronto a investir,
o gigantesco toiro,
de baba espessa,
de olhos chispantes
e frementes músculos.
Já desabrocham cravos
no silêncio contido.
Já as ocultas labaredas
se preparam para desfraldar-se
resgatadoras,
ao vento solto.
Já as multidões,
com a sua ira,
quebram em estilhaços
o lavado cristal do dia atento.
Revolução,
porque tardas?
Desdobra, cotovia amável,
como um harmónio,
a tua alacridade,
sob o frio dos escombros.
Semeia, sol,
a luz e o calor fertilizadores
pelos campos lavrados.
Dai as mãos e anunciai,
trabalhadores de todo o mundo,
o grande recomeço.
Soldados,
quebrai com ímpeto
as vossas armas arrependidas
e pisai-as.

E tu, menino, proclama,
com a tua voz de alvorada,
para além dos teus desejos,
os teus sonhos realizados.

Armindo Rodrigues

Obrigado, Amigo,
pela intenção com que o publicaste
em cravodeabril!

3 comentários:

Maria disse...

Soubesse eu escrever um poema de avó... dava-te todas as palavras só para te saber a sorrir.

Um beijo.

Graciete Rietsch disse...

"Olhem o Sol que vai nascendo" Meninos que começam a nascer!!!!

Um beijo.

Sérgio Ribeiro disse...

Maria - Como tu sabes... e a sorrir estou. Obrigado.

Graciete - Apesar do frio, vai nascendo (e lindo) todos os dias.

Beijos