sábado, junho 16, 2012

A caminho de uma manifestação sindical e num momento de censura institucional

A prática da cidadania não tem horário de funcionamento. Diariamente não começa às 9 da manhã e fecha às 5 da tarde, não tem nem descanso semanal,  nem feriados, nem férias. A intervenção política  toma todas as formas e gestos com que o cidadão exprime a sua qualidade de actor único, insubstituível, da participação no viver colectivo, em comunidade.
No plano da intervenção quotidiana, corrente, cada um um mas parcela e soma, o cidadão manifesta-se pelos seus gestos e acções que partilha com outros, muitas vezes dizendo que queria que não fosse assim, dizendo que é urgente mudar. E, não raras vezes, a antecipar e a dar sentido e rumo ao que terá de vir a ser a mudança. Ainda que, no momento em que se manifesta pareça que é nulo ou insignificante o gestu, a acção, a manifestação de cidadania. Ou ainda que quem não quer a mudança do futuro, cale, amordace ou faça com que não seja conhecida a manifestação. Mas ela faz-se como forma de afirmar que existe cidadania e de esta se fortalecer, porque se torna mais colectiva e mais interviente quando se manifesta e depois de manifestada.
Na luta política institucional, confrontar os executivos com o seu exercício é tarefa de quem foi eleito para representar os cidadãos. Em determinados momentos (todos históricos), com todo o significado de uma censura formal, que traduz o sentir dos cidadãos representados, mesmo que não consciente. É um momento (histórico como todos) em que não há ambiguidade. Em que se exprime a posição sobre o que está a ser o viver colectivo. 
Quer na prática da cidadania, enquanto cidadãos, quer na sua forma institucionalizada, há quem procure os resultados no imediato, no curto prazo, e se demita de cidadão ou não se ache oportuna a clarificação das posições. Ao fazê-lo, aceita-se o que está e como vai  estando, e dá-se à prática da cidadania e à sua expressão institucional a dimensão do hoje e amanhã e não a do tempo histórico, do presente que se aceita ou rejeita que assim  seja e do futuro que se tem o dever cidadão de trazer para mais perto do presente, e evitando que se tenha de passar por atalhos tortuosos contra os quais, sequer como hipótese, é preciso - é indispensável! - lutar e resistir. E contra que se lutará e resistirá se ñão houver força para os evitar.
Mas, agora, a luta continua. Contra o que se vive e os seus perigos.
Contínua!

Manifestando-nos nas ruas
e censurando institucionalmente.

3 comentários:

Pata Negra disse...

Reflexão brilhante. Leva a minha voz, os meus pés, a minhas mãos e traz-me de volta a força para a próxima vez.
Um abraço da ave nida

Sérgio Ribeiro disse...

Não te faltará!

Um abraço da Casa

Graciete Rietsch disse...

Depois do descalabro a que chegou o País, uma moção de censura ao governo é muito importante e o Povo está com ela, como se vê pelas manifestações.E com quem estará o dito maior partido da oposição?

Um beijo.