sexta-feira, junho 15, 2012

Os tempos (próximos e minúsculos) que vivemos

De um mail que recebi e traduz (bem!) o que gostaria de aqui (a)postar:

«Os tempos que vivemos são decisivos para o futuro da humanidade. Face ao capitalismo, restam poucas dúvidas de que só o comunismo representa uma saída à barbárie. E se é verdade que apenas as gerações vindouras terão a capacidade de avaliar o que cada um de nós fez nas actuais circunstâncias históricas, além das sombras das palavras e dos discursos, espero que haja a claridade para garantir que as análises se façam pelo que se fez e não pelo que se disse. Não é por acaso que a narrativa da nossa época está nas mãos da burguesia. As palavras têm o poder de encandear e distorcer a realidade.

Sempre que a traição levanta o véu e brande a espada sobre os trabalhadores, há quem reclame que não deve ser denunciada. Não se pode apontar o dedo àqueles que se dizem irmãos de luta. O nosso inimigo comum é o capital e não nos devemos degladiar entre os que reclamam um mundo novo. Mesmo quando há quem de vez em quando apoie o inimigo. Por isso, quando se denunciou o apoio do Bloco de Esquerda à proposta da União Europeia, com o aval do PS, PSD e CDS-PP, de ajudar financeiramente a Grécia, todos os que o fizeram foram apelidados de sectários. Para alguns, é melhor ensombrar a verdade do que evidenciar os que dizem uma coisa cá dentro e fazem outra lá fora.

Poderíamos fazê-lo, é certo. Poderíamos esconder, por exemplo, que esta semana as duas eurodeputadas do Bloco de Esquerda se aliaram à direita europeia e aprovaram uma resolução que legitima as bárbaras medidas de austeridade contra várias países. Uma resolução que elogia o orçamento comunitário e as suas prioridades. Dentro do Grupo Parlamentar da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica, a maioria optou por não aprovar o documento. O PCP votou contra e o BE preferiu alinhar-se com os representantes da oligarquia financeira.

O BE e o Syriza

Ainda assim, a campanha eleitoral grega desatou um coro de indignados com a postura do Partido Comunista da Grécia (KKE). O BE que de tiro em tiro no pé tem vivido os últimos anos tenta agora cavalgar sobre o sucesso temporal do Syriza. As companhias de aviação já devem fazer descontos aos dirigentes bloquistas. É que não há dia em que um deles não pise solo grego para juntar-se à promoção daquela coligação comandada pelo Synapismos.

E das críticas ao KKE tenta-se passar ao ataque ao PCP. Porque a postura dos comunistas gregos é sectária e contribui para a vitória da direita. Porque a posição dos comunistas portugueses não costuma ser muito diferente e sem uma plataforma de entendimento entre o PCP e o BE não será possível derrotar a troika. E mais uma vez se ensombra a verdade. Quantas vezes se aliou o Syriza à direita grega para derrotar o KKE nas autarquias? Quantas vezes se aliou o Syriza ao PASOK no movimento sindical para enfraquecer as posições comunistas?

O BE e o PCP

Por cá, para além das palavras, ficam os factos. Por muito que se acuse o PCP de sectarismo, o BE escolheu pavimentar a sua trajectória com alianças à direita. É certo que os bloquistas sempre acusaram os comunistas de os deixar sozinhos com o Partido Socialista. Como se a reacção do PCP fosse uma expressão de divisionismo e não a postura natural que deveria ter qualquer organização que se diga de esquerda ante um partido de direita como o PS.

Deveria o PCP ter apoiado, juntamente com o BE, o candidato presidencial do PS Manuel Alegre? Deveriam os trabalhadores comunistas ter alinhado com o BE e o PS nas várias propostas reformistas no âmbito do movimento sindical? Deveria o Grupo Parlamentar do PCP ter acompanhado o BE e toda a direita portuguesa no apoio à oligarquia financeira europeia? Deveriam os eurodeputados do PCP ter alinhado com o BE e a direita europeia na aprovação da resolução que elogia o orçamento comunitário?

O facto é que o PCP sempre mostrou abertura para apoiar entendimentos com quem apresente propostas que beneficiem os trabalhadores e o povo. Da mesma forma que os comunistas não têm qualquer pudor em aprovar qualquer proposta bloquista que vá ao encontro das aspirações e anseios do povo português, também não têm qualquer dúvida em combater e denunciar qualquer proposta que beneficie os grupos financeiros e as grandes empresas. Venha ela do CDS-PP, do PSD, do PS ou do BE


subscrevo!
(por isso se publica)

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Eu também subscrevo e este , de hoje, é e será o meu Partido.

Um beijo.

Guilherme da Fonseca-Statter disse...

Como diria o outro... «Os factos são teimosos»...