terça-feira, julho 08, 2008

Materialismo histórico - 11 (modo de produção)

Tudo começa (ou pretende-se que tudo comece) a interligar-se.
Num quadro de relações sociais de produção, as forças produtivas vão colhendo na e transformando a natureza para que sejam satisfeitas as necessidades, cada vez mais sociais, dos seres humanos.
Ao conjunto formado pelas forças produtivas, sempre em desenvolvimento, e pelas relações sociais de produção, chama-se modo de produção.
O modo de produção – modo de obtenção dos meios de existência indispensáveis à satisfação das necessidades sociais – é o conjunto de relações objectivas entrelaçadas pelos seres humanos na produção social da sua vida material.

O modo de produção é, evidentemente, social. Sem as forças produtivas, que são sociais, não haveria produção, e é o estádio das relações sociais de produção que determina o modo como se produz. A partir desse modo de produção, correspondente ao desenvolvimento das forças produtivas, se distribui o produzido por forma a satisfazer as necessidades sociais.
O trigo com que se faz o pão foi produzido por agricultores em trabalho manual e feito farinha nos moinhos de vento em relações sociais de produção muito diferentes daquelas em que foi (e é) produzido e moído em grandes explorações agrícolas e industriais, com recurso a sofisticados instrumentos de trabalho.
É o modo de produção que, segundo Marx, “condiciona o modo de vida social, política e intelectual em geral”.

Este é um conceito fundamental porque une o que não é separável, por mais esforços (ideológicos!) que se façam:
  • a técnica de produzir, resultante das forças produtivas,
  • e as relações sociais em que se produz, mormente as questões de propriedade das forças produtivas e de apropriação do produzido.

11 comentários:

Fernando Samuel disse...

claríssimo! Só não vê quem não quer ver... ou quem ao conhecimento não tem acesso...

Abraço.

Anónimo disse...

E segundo percebo, a distribuição do produzido está intrinsecamente ligada ao modo de produção, não é? Logo, um modo de produção capitalista só pode resultar numa distribuição injusta do produzido, não satisfazendo as necessidades sociais de todos.É assim?

samuel disse...

Mais um belo passo em frente!
Esta é a grande beleza do conhecimento: o grande prazer de o partilhar.

Anónimo disse...

“”-relações sociais de produção, as forças produtivas vão colhendo na e transformando a natureza para que sejam satisfeitas as necessidades, cada vez mais sociais, dos seres humanos.””

Eles dizem produção para satisfazer as necessidades do mercado.
-Os tipos são finórios, e a malta vai na conversa, escondem o social por trás do mercado e a malta por falta de informação repete a treta.
Obrigado camarada Prof. por mais esta Lição/esclarecimento.
A ferreira

Anónimo disse...

Já verifiquei que tens bons alunos. Isto promete.

Sérgio Ribeiro disse...

fernando samuel - por isso, há que fazer um esforço para que o conhecimento chegue ao maior número possível, enquanto há aqueles que se esforçam para que o conhecimento (que não querem ter ou usar) não chegue a quem lhes possa beliscar os interesses.
aluna aplicada (?) - só pode resultar uma distribuição de acordo com as relações de produção capitalistas em que uma classe se apropria do produzido por quem trabalha e apenas cura de que os "outros" satisfaçam as necessidades "necessárias" para continuarem a produzir. Mas... lá iremos porque antes vamos ver como se chega a essas relações sociais de produção.
samuel - exactamente!
a.ferreira (?) - já iremos dar o passo em que se deixa de arrancar ou transformar da natureza o apenas o que satisfaz as próprias necessidades para começar (também) a fazê-lo para trocar. Lá iremos...
Obrigado a abraços para todos

Anónimo disse...

Estamos ainda noperiúdo nómada, de pescadores e caçadpores, cujos produtos não podiam ser conservados, a impossibilidade de acumular riqueza, a ausência da propriedade privada, não havendo acumulação de riquezas, não existem classes.Mas...não significa igualdade absoluta, por existem as diferenças específicas de cada um.
Stôr:-terá sido por tais diferenças que chegámos a este estado de coisas?
Abraço, e obrigadopela lição

GR disse...

A classe dominante (entidade patronal) era a proprietária dos meios de produção, ao contrário da classe explorada (trabalhadores), na Relação Social de Produção, desenvolvesse então a luta de classes. Sendo a luta dos trabalhadores uma força activa de transformação, iniciaram a Revolução Social.

Com a pressa e sem poder de síntese, talvez não tenha conseguido expressar e saiu confusão!
Desculpa só agora comentar, vou mesmo para o canto da sala de castigo.
Atrasada nos dias, na hora, menos na vontade de ler este excelentes textos.

Um bj,

Guida

Anónimo disse...

bhaahahah

Maria disse...

Mais claro não pode ser. Mais acessível na leitura também não.
Porque é que os outros, que sabem ler, não percebem? Já sei, é porque não lhes convém...
Estou um bocadinho ácida, acabei de ver o nojo do debate na tv e só posso discutir com o écrã...

Sérgio Ribeiro disse...

GR - não saiu confusão nenhuma... temos é de ir por etapas. Vou talvez acabar hoje o quadro em que movem as dinâmiicas que tu já afloraste.
Poesianopopular - estamos nos enunciados, na escolha-definição dos materiais-conceitos. Vamos caminhando, e sinto-me bem acompanhado (com excepções mas... bah!)
Maria - obrigado por teres vindo aqui desabafar um pouco, despejar uma pitada de acidez... que de modo nenhum nos atingiu.
Abreijos