sexta-feira, julho 04, 2008

Materialismo histórico - 10 (relações de produção)

Dividindo o trabalho, cooperando no trabalho.
De mão em mão, som a som, traço a traço. Gesto a gesto, palavra a palavra, gravura a gravura. Quando o som em palavra se tornou, quando o traço se fez escrita.
Também corpo a corpo, em luta com quem se disputava o mesmo alimento, o mesmo espaço, o mesmo meio.
Assim se foram entretecendo relações. Relações sociais de produção. Que são o conjunto de relações que se estabelecem entre os seres humanos quando produzem (e reproduzem) a vida material, por intermédio dos objectos materiais que servem para satisfazer as necessidades sociais, sendo o trabalho o “cimento” dessas relações.
Para produzir os bens materiais, os seres humanos estabelecem determinadas relações pois as forças produtivas (onde se inclui a força de trabalho) não podem ser empregues produtivamente a não ser no quadro de relações sociais.
As relações de produção podem ser de cooperação e entreajuda ou de domínio e subordinação. De cooperação e entreajuda foram-no nas comunidades primitivas e sê-lo-ão no socialismo e no comunismo; sendo ainda de cooperação e entreajuda entre quem trabalha mas num quadro de domínio e subordinação quando e enquanto as sociedades estão divididas em classes (os escravos que são meio de produção e propriedade dos “patrícios” romanos e outros senhores, os servos da gleba ligados à terra que trabalham e que têm os seus senhores, os operários que são obrigados a vender a sua força de trabalho aos proprietários dos instrumentos e objectos de trabalho).
O que determina o carácter das relações de produção é a forma de propriedade dos meios de produção.
As relações de produção compreendem três elementos entre-ligados:
i) os tipos de propriedade dos meios de produção, ii) a posição dos diferentes grupos sociais na produção, iii) a forma de repartição dos bens produzidos.
As relações de produção agem sobre as forças produtivas, independentemente destas se desenvolverem incessantemente. Tanto podem favorecer esse desenvolvimento como o podem travar. É a chamada lei da correspondência necessária.


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(*) – Vitral, foto de João Santiago

10 comentários:

samuel disse...

E aqui estamos nós, chegados à bifurcação de caminhos que levam a mundos tão opostos em ideais, embora feitos dos mesmos materiais.

Anónimo disse...

Mais um texto cristalino. E mais uma vez o suspense.Lei da correspondència necessária...fico à espera de 3ªfª.

Campaniça

Fernando Samuel disse...

Estes dez textos, mais os que se lhes seguirão, estão mesmo a pedir... publicação...

Um abraço amigo.

Anónimo disse...

"Dividindo o trabalho, cooperando no trabalho.
De mão em mão, som a som, traço a traço. Gesto a gesto, palavra a palavra, gravura a gravura. Quando o som em palavra se tornou, quando o traço se fez escrita.
Também corpo a corpo, em luta com quem se disputava o mesmo alimento, o mesmo espaço, o mesmo meio.
Assim se foram entretecendo relações. Relações sociais de produção."

-Obrigada camarada Prof. Agora já percebi. "o traço se fez escrita" (quando o pau se faz arado) Para aproxima não direi tanta asneira.
-Mas não prometo, é que nestas e noutras coisas nunca se sabe como reage a ignorância ela é atrevida como sabes.
a.ferreira

Sérgio Ribeiro disse...

De regresso ao "local de trabalho!
E aos comentários aos comentários. Grato por não me terem... "abandonado", ou melhor, ao M.H.
Uma referência particular ao a.ferreira (romeiro, romeiro, quem és tu?) para lhe dizer que hosto daquele de quando o pau se faz arado. É isso mesmo!
Abraços para todos

Repararam os meus cados comentadores que, neste regresso, inclui uma gravur(inh)a a que acho muita piada, tirads do "Como o homem se fez gigante" de Iline e Segal?

Justine disse...

Isto está a crescer em interesse e em dificuldade - até já se fala em leis! Mas até até aqui está percebido, não por mérito próprio porque até já faltei a aulas, mas porque a "coisa" está claramente explicada.
Vamos então aos capítulos - perdão, lições seguintes :))

Anónimo disse...

Ó Stôr
As minhas desculpas desta vez atrasei-me, mas a culpa foi das minhas netas!
Continua-mos, na ausência da propriedade privada não é verdade?
Mas já se esboçava o sentido de posse, ou ainda era cedo?
Pois... eu já não devia ter direito a perguntas, reconheço isso , mas que fazer?
Um grande abraço

Sérgio Ribeiro disse...

À Justine venho lembrar que o "episódio 2" se referia às leis - "no sentido de ligação e dependência profunda, estável, regular, entre os fenómenos ou diferentes aspectos de um mesmo fenómeno, são o reflexo de processos objectivos que decorrem na natureza e são a própria essência da evolução social. O carácter objectivo das leis reside em existirem sejam ou não conhecidas pelo ser humano." A esta, da correspondência necessária, voltarei em breve com alguma detença.
Poesianopopular... os netos/as justificam tudo!
A questão da propriedade começa a insinuar-se - espero e -, decisiva. Direito a perguntas? Tens o dever de perguntar!
Abraços amigos e camaradas

Anónimo disse...

e assim por momentos passámos pelo comunismo primitivo, o esclavagismo, o feudalismo e o capitalismo a caminho do Socialismo.estou certo ou errado?

Anónimo disse...

Certíssimo... mas é preciso, antes de fazer o caminho, procurar saber onde se põem os pés, não acham?