Intervenção na AM de Ourém de ontem, como declaração política:
(saudações protocolares)
Perdoar-me-ão se as minhas palavras vos levarem a
descortinar algum menosprezo por este órgão e pelos seus membros, o que seria absolutamente
contrário ao meu juízo e conceito de democracia. Nesse juízo e conceito, bem
mais relevante é um órgão que resulta da escolha dos cidadãos vizinhos e compõe
o Poder Local, que discute o saneamento básico e o muro, que uma qualquer
comissão dita europeia que, ao toque de caixa dos mercados e das agências do
capital financeiro transnacional e rating mais parece um colégio de frustrados
mestres-escolas que ameaçam com palmatoadas os meninos que, cumprindo
escrupulosamente as suas más lições e indo além das instruções, não tiveram
resultados que eles considerem suficientemente satisfatórios. Mas só os da fila
de trás (ou lá do sul)… porque a França é a
França!
O facto é que face ao que se passa na dita União
Europeia, e da importância que isso tem para todos nós, para o nosso saneamento
básico, para o muro do vizinho, a minha sanidade básica e a minha pessoal
informação técnico-profissional, que há 60 anos se alimenta de integração
europeia, me obriga a dizer o que poderá parecer deslocado em órgão
democrático.
O não do
referendo do Reino Unido à União Europeia não foi um não à Europa, pois
espaços-nações do Reino Unido continuam todos no continente Europa apesar de se
terem tornado numa real jangada de pedra, como escreveria o nosso, e por isso
europeu, Prémio Nobel José Saramago.
Foi uma maneira de sair de quem nunca entrou na
construção em que sempre esteve em opting
out (isto é, optando por ficar de fora), e se juntou a outros nãos – um dos
noruegueses em 1972 e, na década de 90, outros nãos dos mesmos noruegueses, dos
dinamarqueses, dos suecos (à União Económica e Monetária), dos franceses, dos holandeses,
nãos sempre ultrapassados com artes e manhas, sempre adiando o que agora parece
(repito: parece!) não ter alternativa: o não dos povos e o desmantelar desta União Europeia, na sua configuração e
projecto.
E nós, os cá do Sul? Nós, depois da reverente
gratidão por nos terem destruído a economia produtiva – a pesca, a agricultura,
os portos e estaleiros – por troca de efémeras e endividadas quimeras que bem
caras temos que ir pagando mantendo-nos endividados, iludidos e migrantes,
enredados num sistema monetário-bancário fraudulento. Nós? Basta de submmissão!
Tudo isto previsto e prevenido e sem remédio se
remediado não for. Não!, não vos digo mais mas isto tinha de dizer neste mês de
Junho de 2016, que não foi surpresa.
E regressando à terra, à nossa terrinha, só mais uma
advertência, um exemplo de malfeitorias no Poder Local:
impuseram-nos outras uniões, uniões de freguesias,
sem que os cidadãos tivessem realmente sido ouvidos para os apressados e atamancados
arranjos. Em vários espaços do nosso País isso está a ser revisto e corrigido.
E aqui?
1 comentário:
Uma declaração política bem didáctica!Alguma coisa hão-de os deputados Municipais aprender.Bjo
Enviar um comentário