sexta-feira, novembro 11, 2011

Dos serões...

Não serão muito diferentes os nossos serões "normais", isto é, que não tenham nada de anormal.
Arrumadas as coisas,  fica um pouco - por vezes, muito pouco... - de tempo de ante-sono, já que dificilmente será de ante-sonhos quando não é de ante-pesadelos.
Um elemento presente em (quase) todas as casas portuguesas, com certeza..., é a televisão acesa! A contar, à sua maneira, o que vai pelo mundo, e que se ouve, de viso distraído e, por vezes, irritado com interjeições blasfémicas.
São os nomes gregos que não se retém mas que quase todos começam por Papa, é a ideia de que Berlusconi vai andar a Monti, são umas afirmações definitivas (?) sobre folgas e almofadas que repondem a uma evidente encenação de uma espécie de oposição que nada terá de violenta, por mais que se queira dar esse ar para que o pessoal fique convencido de que estão a lutar por menos um  "subsídio" (?) a menos.

Do fim de dia de ontem, transvasaram para hoje duas frases. Em que a Igreja Católica entrou, entrando-nos em casa.
Disse o inefável Rodrigues dos Santos a abrir o telejornal:

"O governo e a Igreja Católica
chegaram a acordo
sobre a eliminação de 4 feriados
para acrescer a produtividade."

Fiquei (e continuo, e continuarei) escandalizado, como economista que sou. Até porque já é recorrente e tem fonte lá do ministro... da economia!
Qual das duas partes do acordo (ou as duas?) se cobre com a capa da mais total ignorância? É que, qualquer que seja a flexibilidade sobre o conceito de produtividade, sempre este terá o tempo de trabalho como denominador de uma fracção, e nunca se pode se pode afirmar que algo cresce ao aumentar o denominador de uma fracção, ceteris paribus ("tudo o mais constante"). Esta afirmação, em que se insiste, é de "cabo de esquarda"... como se dizia noutros tempos, decerto com algum injusto menosprezo por quem era cabo em esquadras.
Mas esta frase (das duas que retive) é menos chocante que a próxima. 

Aqui reunidos ao lado, em Fátima, os bispos portugueses apareceram em todos os noticiários de que se queria fugir, com afirmações de evidente grande importância para os seus fiéis. 

Compungidos com as dificuldades destes, disseram coisas de denúncia e duras sobre o que resulta do funcionamento do sistema (capitalista, digo eu), mas o mais importante dos bispos, com ar um pouco comprometido, foi peremptório:

"Nós temos de vencer a crise
dentro do sistema!"

Ora aqui está uma decisão para que o D. Apolinário, tão imerso na teorização apressada sobre (e na procura de equilíbrios entre) democracia representativa e manifestações de política directa (manifestações, cortes de estradas, "hospitais de campanha a  fingir" e essas coisas...), terá de pedir uma ajuda à sua anfitriã e minha vizinha, para ver se ela faz um milagrezito.  

4 comentários:

Justine disse...

São uns serões muito elucidativos! E mais ainda, depois dos teus comentários...
Aqui vai um beijo:)))

trepadeira disse...

Tive um,digamos,professor de física,de nome igual,e que agora me vem à memória,ao ouvir este.
Se uma lâmpada se fundisse,esperava que chegasse de alemanha.
Costumava brindar as alunas com mimos como-"ó minha menina vai para casa coser meias.".

Vá lá saber-se porquê.

Um abraço,
mário

marco jacinto disse...

pena que o palerma não explique a resolução no quadro em que está a ser feita, a economia financeira parasitando a produtiva, o parasita sugando o hospedeiro: se morrerem os dois que seja.

e a igreja que dá dois feriados, se o estado der outros dois...o trabalhador? fica sem 4 dias de salário, não os deu, quem dá é a puta da igreja e o estado colonizado, ora se eles deram o trabalhador só pode ter sido roubado, nada disto teve o seu consentimento...

Graciete Rietsch disse...

Vaticano, U.E., E. U. têm todas as condições para governar o mundo.
Mas não conseguirão.
A luta será dura mas não desistiremos.
Também é muito necessário dizer a verdade, esclarecer os acontecimentos, embora as pessoas estejam ainda tão obcecadas com o que ouvem dizer que têm dificuldade em abrir o pensamento. Mas a situação está a agravar-se tanto que é impossível não acordarem.
Não podemos desanimar.

Um beijo.