quarta-feira, novembro 09, 2011

Os gastos sociais públicos de Portugal

Portugal é o 11.º país
que mais gastou
em prestações sociais
Económico com Lusa
09/11/11 07:20
Portugal foi em 2007 o 11.º entre os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que mais gastou em prestações sociais.

Lêem-se estes títulos e fica-se irritado. Não por serem falsos, mas por serem “a verdade que convém”.
Que convém a quê?, a quem?
Numa palavra (ou melhor: em três palavras): à luta de classes. De um lado desta.
No que se tropeça, não só no título mas em todo o texto jornalistico, é no que abunda na informação. Que, num relatório logo à cabeça com o título verdadeiramente inquinado - ‘Is the european welfare state really more expensive?' ("Está o Estado social europeu mesmo mais caro?"), divulgado ontem pela OCDE –, em Portugal se está a gastar mais em prestações sociais  do que na média dos países da organização – os 27 ditos desenvolvidos.
Portugal gastaria 25% do seu PIB, contra 22% na média dos 27 , com destaque para as parcelas das pensões e da saúde em gastos públicos. No que os nossos ministros tecnocratas “ideologicamente puros” fundam as suas decisões políticas dando-as por inevitáveis, fatais (para quem?..., para os idosos e para a saúde?!).
Como me parece absolutamente primário, esta abordagem é distorcida e insere-se numa campanha ideológica… (mas eu estou, evidente e assumidamente, infectado ideologicamente).
Estes dados, que se põem em relevo, têm de ser ponderados. Ponderados com os níveis dos PIBs (sendo estes os denominadores, as percentagens dependem desses níveis), com as estruturas etárias, com os níveis salariais (em que estamos longe do 11º lugar...), com as dispersões de rendimentos, com muita outra coisa como passados históricos, de séculos ou décadas (não será por acaso que a despesa social na Polónia passa de 14º lugar para 22º quando, à despesa social pública em percentagem do PIB, se soma a despesa social privada).
Assim, os focos estão dirigidos pela mãozinha da reacção, iluminando o que possa contribuir para consensos sobre a destruição do Estado Social, que outra coisa não é que o resultado de conquistas sociais dos trabalhadores e das populações quando a relação de forças o permitiu.

1 comentário:

Anónimo disse...

É muito útil usar percentagens e estatísticas quando se quer enganar alguém.
Um beijo.