Andamos (todos nós? muitos de nós!) à procura das palavras que digam o que importa dizer, neste momento tão particular das nossas vidas (e que, talvez..., nem seja mais particular do que tantos outros que já vivemos, e que viveremos enquanto vivos formos). Um momento particular das vidas de quem decidiu tomar partido, ser de um colectivo que joga xadrez e se recusa a mudar de modalidade desportiva como, por exemplo, o "jogo das damas" ou o "dos matraquilhos".
Neste texto do Miguel Tiago, encontrei palavras que procurava. Palavras que, sendo dele, as tomo para mim, as subscrevo, as reproduzo, aproveitando o envio (e os sublinhados...) de um outro "peão" da cor que é nossa e do jogo que continua, contínuo, com as peças e os movimentos que fazemos. Nunca sem dúvidas, nem sempre certos, sempre prontos a corrigi-los.
As regras do jogo
terça-feira,
26 de janeiro de 2016
Publicado por Miguel Tiago
Se aceitarmos fazer uma partida de xadrez a jogar com
16 peões de pedras pretas contra um adversário que joga com o conjunto regular
de pedras brancas, não podemos gritar surpreendidos "ah, mas tu tens uma
dama!" quando os nossos peões tombarem às investidas da táctica adversária.
Assim é connosco,
comunistas, que aceitámos participar numa luta nas conhecidas e não fáceis
condições que o domínio dos grandes grupos económicos nos impõe. Quando decidimos,
cada um, individualmente, iniciar o nosso percurso nesta marcha pelo futuro, já
sabíamos que o presente não nos daria tréguas, já sabíamos que as forças do colectivo
a que nos estávamos a ligar não tinham amparo nos jornais, nem nas televisões, nem
nas rádios. Quando nos comprometemos com a luta dos comunistas, já sabemos que
dependemos estritamente das forças do nosso colectivo.
Os comunistas não se queixam da falta de atenção que a
comunicação social lhes dá. Os
comunistas denunciam a propriedade e a missão da comunicação social, não para
justificar as insuficiências do seu colectivo partidário, mas para ilustrar o
quão poderosas são as forças do inimigo.
Os comunistas também não se iludem quanto à "inteligência" colectiva do
povo e dos eleitores. Não se trata de haver gente que anda a dormir. Pelo
contrário, o sinal de que os portugueses estão acordados é o facto de
responderem aos estímulos que recebem. Quinze anos de estímulos a entrar pelas
nossas casas adentro, fazendo de um líder do PSD, repentinamente, o Sr.
Professor. Muitas horas de estímulos a menorizar e secundarizar outros
candidatos, entre os quais, o comunista Edgar Silva.
A questão é relativamente
simples: algum de nós seria comunista se em algum momento das nossas vidas não
tivéssemos conhecido o Partido? Se em algum momento não nos tivéssemos cruzado
com o PCP, ou com os seus militantes ou materiais de difusão e divulgação,
teríamos desse partido a imagem que nos é oferecida por terceiros. Isso faria
de nós "gente adormecida", "burra", menos inteligente?
Não!, faria de nós gente. Gente como toda a gente. Que é o que somos.
Tivemos a "sorte",
a vida permitiu-nos, o Partido conseguiu, no nosso caso, romper as barreiras,
furar o cerco, e chegar a nós. De uma forma ou de outra.
São assim as regras do jogo em que decidimos participar, voluntariamente porque
a vida nos mostrou um caminho que entendemos como compulsivo por força da
consciência social. E nessas regras, somos os peões de pedras pretas contra
todo um arsenal. Não dependemos de convencer o adversário da nossa bondade, mas
de redobrar os nossos esforços, melhorar a táctica, defender sem cedência a
estratégia, unir as forças. Levar o Avante! a quem nunca o viu. Organizar na
defesa dos seus interesses quem nunca lutou. Levantar primeiro a cara perante
as injustiças. Ser o exemplo junto dos colegas de trabalho.
Romper o cerco, com as
regras que aceitámos à partida. Até que pelos trabalhadores sejam feitas novas
regras. Até que a ditadura dissimulada dos monopólios seja suplantada pela
democracia dos trabalhadores.
obrigado, Miguel Tiago
5 comentários:
Neste momento todas as reflexões são importantes.Ontem li uma de Manuel Augusto Araújo na Praça do Bocage,muito interessante.Bjo
É um texto brilhante do Miguel!
Excelente reflexão! De quem pensa a sério e fundo.
Boa partilha
Obrigado pelas palavras camarada, revejo-me integralmente nas mesmas. Continuemos...
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