sábado, janeiro 09, 2016

Se alguém mentiu, quem mentiu?

Notas de um/para um diário:

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O outro mail, do ..., chamando-me a atenção para um “post” Porque mentes tu, Edgar?, num blog  r/c esquerdo, que é… nauseabundo.

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Porque pega num episódio uma sem importância de maior, e faz dele um caso… “pulítico”.

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Reconstitua-se: num debate mais ou menos equilibrado – embora com alguma latente tensão –, Marisa Matias começou por ilustrar diferenças em relação à candidatura do Edgar, habilidosamente (ardilosamente…) colando-o à aprovação do orçamento rectificativo, o que levou Edgar a, com urbanidade mas com contida irritação, a esclarecer a sua posição.

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À luz da Constituição, Edgar explicou que, com a maioria concreta (PS/PSD, evidentemente casuística) da AdaR que aprovara o documento, o que PdaR teria a fazer seria devolver o documento – o que corresponderia a uma rejeição política – e, no caso da mesma maioria se manter apesar dessa sua rejeição, ao PdaR só lhe restaria 1) rejeitá-lo, o que implicaria 1.i) a dissolução da Assembleia da República ou 1.ii) a sua própria demissão, ou 2) aprová-lo institucionalmente, apesar da sua posição política negativa e declaração, e apenas por se tratar de uma emergência.

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Tudo estudado, no caso presente do orçamento rectificativo optaria pela aceitação "à segunda", o que seria discutível… mas justificado.

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Passado o primeiro incidente, este, em que se confrontou uma posição demagógica e sem base na Constituição e aplicação concreta enquanto putativa/o PdaR e uma posição de um outro candidato a cumprir e a fazer cumprir a CdaRP, o debate continuou sem que a tensão tivesse naturalmente diminuído, mas mantendo-se cordato.   

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Até que o moderador pôs a questão (daquele dia…) dos ensaios nucleares na Coreia do Norte… ao Edgar, claro, a que ele respondeu, claramente, dizendo que, sempre no respeito da Constituição, o PdaR deveria defender a paz e o desarmamento e condenar o seu contrário – como ensaios nucleares – viesse de onde viesse e, embora esta seja a minha “crónica”, referiu os E.U.A., o Irão, a Coreia do Norte

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Resposta dada? Qual o quê, como canta (tão bem, e sempre oportuno) o Xico!

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O que, inopinadamente (?!), para o que o moderador queria uma resposta, era se o Edgar achava se a Coreia do Norte era uma democracia ou uma ditadura, e perguntou-o sic.

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Ao que o Edgar respondeu que o PdaR – lugar a que se candidata – tem, enquanto tal, de se relacionar com todos os Estados, independentemente da sua opinião pessoal sobre a forma de organização de cada um deles, mas não deixou de dizer, de passagem, que não achava que a Coreia do Norte privilegiasse a democracia.

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Marisa Matias aproveitou a oportunidade para afirmar a sua opinião sobre a Coreia do Norte, definitiva e decerto bem informada, à margem da questão inicial do moderador (?), embora incluísse Israel entre os fautores de ensaios e amamento nucleares, referência que Edgar não fizera e… veio por bem.

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Interveio Edgar, sobre o tema, marcando a diferença sobre um voto de Marisa no Parlamento Europeu, em que teria sido incoerente ao votar a favor uma resolução que abriria espaço, segundo legítimas interpretações, à ingerência e invasão da Líbia em 2011, a coberto da defesa dos direitos humanos.

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Que foi ele fazer? Com alguma crispação, Marisa Matias disse que era mentira e mandou que se lessem as actas, o que veio a desencadear um recrudescimento de campanha contra Edgar, que atingiu raias do insulto (Porque mentes tu, Edgar?, por exemplo).

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Gostaria de ser capaz de acalmar as hostes: vistos os actos e as actas, 
  • havia, numa proposta de resolução, um ponto 10 que, pela sua gravidade – por abrir as vias para a agressão militar –, alguns deputados, entre eles Marisa, pediram votação separada e votaram contra; 
  • não tendo sido rejeitado tal ponto, e ficando incluído no conjunto da resolução. Marisa votou-o positivamente, 
  • isto é, votou sim (+) o que, antes e em separado, votara não (–); 
  • terá tido as suas razões, como houve quem tivesse, por razões suas, considerado dever votar não (–) o conjunto em que se incluía o que antes votara não (–).


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Se alguém mentiu, quem mentiu?



















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