terça-feira, janeiro 30, 2018
CTT - serviço público em gestão PRIVADA
quinta-feira, julho 29, 2010
Permito-me...
sexta-feira, julho 02, 2010
Reflexões lentas - o serviço público e as empresas - 8b (CGD)
Será a última mensagem (pelo menos por agora) porque sinto necessidade de parar. Talvez por cansaço. É que as empresas que tenho vindo a escolher informação são cansativamente repetitivas. E a última que aqui trago, que se esperaria fosse diferente – como, aliás, cada uma das outras – é igualzinha. Na linguagem – no paleio… –, que nada tem a ver com o conceito de empresas de serviço(s) público(s) em que insisto, e pela inserção, melhor se diria no mergulho e afogamento, na esfera da economia de mercado, eufemismo para capitalismo puro e duro.
Ele são as áreas de negócio, a sustentabilidade, os accionistas, os clientes.
A Caixa Geral de Depósitos, como empresa do Estado, teria uma missão. E tem-na. Assim definida:
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A CGD tem como Missão:
• A consolidação da sua posição como um Grupo estruturante do sistema financeiro Português, distinto pela relevância e responsabilidade fortes na sua contribuição para:
– O desenvolvimento económico;
– O reforço da competitividade, capacidade de inovação e internacionalização das empresas portuguesas;
– A estabilidade e solidez do sistema financeiro nacional.
Enquanto líder do mercado, a procura de uma evolução equilibrada entre rentabilidade, crescimento e solidez financeira, sempre no quadro de uma gestão prudente dos riscos.»
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«A CGD, para além das orientações estratégicas definidas para a globalidade do Sector Empresarial do Estado através de Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.º 70/2008, de 22 de Abril, está sujeita a orientações de gestão específicas definidas pelo accionista através de Deliberação Unânime, de 11 de Julho de 2008. Essa Deliberação estabeleceu os objectivos para o ano de 2008 bem como os objectivos para o triénio 2008-2010, os quais têm por referência o documento com as “Prioridades Estratégicas do Grupo CGD para o triénio 2008-2010”.
As Directrizes estratégicas orientadoras da actividade são as seguintes:
I. Consolidar a evolução de crescimento rentável (em Portugal e nos principais mercados internacionais) e contribuir para o desenvolvimento económico;
II. Alinhar com as melhores práticas em eficiência operativa e qualidade de serviço;
III. Reforçar as capacidades e mecanismos de controlo e gestão de risco;
IV. Desenvolver uma política de recursos humanos baseada nos pilares dos Valores e Cultura da Empresa, do Conhecimento, da Comunicação e do Desempenho;
V. Apoiar o desenvolvimento cultural e social, promover a sustentabilidade e ser uma referência de Bom Governo em Portugal;
VI. Reestruturar o modelo corporativo.»
Vale a pena comentar?
2 — As empresas públicas que integram o sector empresarial do Estado devem ser socialmente responsáveis, prosseguindo na sua actuação objectivos sociais e ambientais e promovendo a competitividade no mercado, a protecção dos consumidores, o investimento na valorização profissional e pessoal, a promoção da igualdade, a protecção do ambiente e o respeito por princípios éticos.
3 — As empresas públicas prestadoras de serviços de interesse económico geral devem, em especial, promover o equilíbrio adequado, devidamente evidenciado nos seus instrumentos previsionais de gestão (IPG), entre os níveis quantitativos e qualitativos de serviço público a prestar, tendo em vista a satisfação dos utentes, e a respectiva comportabilidade e sustentabilidade económica, financeira e ambiental, no quadro geral das respectivas fontes de financiamento, e da sua compatibilidade com o esforço financeiro global do Estado com o seu sector de actividade, tal como resulta das afectações de verbas constantes do orçamento do Estado em cada exercício.»
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Onde uma referência aos serviços públicos fora da órbita do lucro, da acumulação do capital financeiro, como deus ex-machina?
E, voltando à Caixa Geral de Depósitos, sublinhe-se que:
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«O capital social da Caixa Geral de Depósitos é representado por novecentos milhões de acções com o valor nominal de cinco euros cada uma, podendo ser representadas por um único título. As acções representativas do capital social só poderão pertencer ao Estado.»
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quinta-feira, julho 01, 2010
Reflexões lentas - o serviço público e as empresas - 8a (CTT)

Certo que reabrirei o tema, fecho esta série com duas notas.
Esta abordagem coloca a questão central no processo de privatizações que transformou empresas com o objecto social de prestar serviços públicos, fora da área do mercado em que o que provoca as movimentações é o lucro e não a satisfação das necessidades que as pessoas sentem, em empresas a ganhar crescente e prioritária (ou até exclusiva) vocação para... os negócios.
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«1. Missão e linhas de orientação específica
1.1 Missão
Os CTT – Correios de Portugal têm por Missão o estabelecimento de ligações físicas e electrónicas, entre os cidadãos, a Administração Pública, as empresas e as organizações sociais em geral. A sua tradição postal é progressivamente reforçada e alargada às actividades e áreas de negócio, onde a vocação logística e comunicacional da Empresa possa ser eficientemente colocada ao serviço dos Clientes.
1.2. Principais linhas de orientação específica
Destaca-se as principais orientações específicas para o Grupo CTT:
- Assegurar a prestação do serviço postal universal, garantindo o acesso dos cidadãos a serviços postais de alta qualidade a preços acessíveis e em condições de equidade, universalidade e continuidade;
- Promover o crescimento e consolidar a liderança nos negócios actuais;
- Desenvolver novas áreas de negócio nomeadamente as de Printing & Finishing, Soluções de Pagamento, Venda de Soluções Postais, Serviços Públicos e Serviços de Interesse Geral, Negócios Internacionais e mercados de influência ou de interesse (ex.: Espanha);
- Gerar crescimento através da Inovação, lançando produtos que tenham a ver com a sua vocação essencial e recorrendo às oportunidades viabilizadas pelo desenvolvimento/ inovação no mundo das comunicações electrónicas (ex.: hub electrónico de comunicações postais, caixa postal electrónica);
- Assegurar o processo de liberalização dos serviços postais, e garantir que a empresa está em condições para entrar no mercado concorrencial.»
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Sobre os CTT, não se anotam, ainda, as consequências da financeirização reflectidas em endividamento anómalo.
No seu «financiamento», diz-se que
quarta-feira, junho 30, 2010
Reflexões lentas - o serviço público e as empresas - 7 (penúltima e síntese)
Enquanto hoje se decide a (não) venda da Vivo brasileira à Telefónica espanhola (*), que é sua co-proprietária na Portugal Telecom, depois de espectaculares golpes e golpaças, de negócios e negociatas, estou mesmo com pressa de acabar esta série de reflexões em que me meti. Não que as considere inúteis, não que não as vá continuar... mas, por agora e aqui, chega!
Assim, antes da última mensagem, que será sobre duas “empresas de serviço público” muito especiais – os CTT e a Caixa Geral dos Depósitos – deixo uma reflexão de resumo sobre as quatro já referidas rapidamente, embora lentamente na reflexão sobre cada uma, cada uma com a sua especificidade embora todas parecendo, mais do primas, gémeas-entre-si.
E o que quero sublinhar na rápida reflexão de resumo (e lenta…) são duas coisas:
- todas elas abundam em áreas de negócio, em segmentos de negócio, em… negócios, colocando num plano secundário o que passou a ser um pretexto para os negócios – o abastecimento de água, o fornecimento de electricidade, de energia, as telecomunicações, aquilo que o “cidadão comum” delas esperaria em vez da… "sustentabilidade" e outras palavras e frases deste teor;
- esses negócios (áreas, segmentos, o que lhes chamem) assentam em esquemas e “engenharias” financeiras, do que resulta o montante global actual de perto de 30 mil milhões de dívida, só para as quatro empresas, ou quatro grupos, o que é número impressionante e pouco referido quando se fala, ou escreve, ou comenta a dívida do Estado português.
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terça-feira, junho 29, 2010
Reflexões lentas - o serviço público e as empresas - 6 (telecomunicaões)

Sr. Zeinal Bava falou (e fala) de “traição” castelhana, o grupo espanhol usou todos os meios que o jogo do monopólio ensina na idade de torcer o pepino, justificados pelo fim do negócio em "vale tudo", Bava dramatizou, aparece como um herói da resistência, não lhe faltam apoios, como ontem surgiu um oportuno da CMVM. Como dizia, num semanário de fim de semana que lhe deu páginas de “tempo de antena”, “há acionistas que gostam da composição do negócio da PT atual. E para eles é um veículo muito atrativo de investimento”, confirmando à exaustão que o que o preocupa “é fazer o melhor para os acionistas”.
É isto, de parte a parte: negócio, atracção de investimento, accionistas, jogos de poder e especulação!
Antes que se pense que tenho alguma posição a tomar entre as partes em litígio (eu?! que nem uma acçãozita tenho, quis, quero, e quererei ter…), mais show-business que real, apenas deixo este registo, com a transcrição desta prosa elucidativa do "relatório de governo da sociedade de 2009"
“As questões relativas ao governo societário têm estado nas últimas duas décadas, crescentemente no centro das atenções e reflexão dos meios empresariais e financeiros internacionais, com especial intensidade em momentos em que a exsurgência de fenómenos negativos de grande dimensão e impacto público tem conduzido a uma redobrada procura de aperfeiçoamento ou substituição de mecanismos existentes, ou até ensaio evolutivo de novas soluções.”
e o acrescento de um dado que venho juntando sobre estas empresas: a dívida bruta da PT

sábado, junho 26, 2010
Reflexões lentas - o serviço público e as empresas - 5 (energia)

As participações qualificadas no capital social da Galp Energia, foram calculadas de acordo com o artigo 16º e 20.º do Código dos Valores Mobiliários. Segundo estes artigo, os accionistas da Galp Energia têm que notificar a Empresa sempre que as suas participações atinjam, ultrapassem ou se reduzam em relação a determinados limites. (...)
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Amorim Energia, B.V. Países Baixos - 276.472.161 acções 33,34%
Caixa Geral de Depósitos Portugal - 8.292.510 acções 1,00%
Eni, S.p.A. Itália - 276.472.161 acções 33,34%
Parpública - Part. Públicas Portugal - 58.079.514 acções 7,00%
Free-float
Restantes accionistas - 209.934.289 acções 25,32%
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- Exploração & Produção
- Refinação & Distribuição
- Gas & Power
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As vendas trimestrais da Galp são de cerca de 3 mil milhões de euros e a sua dívida total era, em 31 de Março de 2010, de 2, 449 mil milhões de euros (eu vou somando...).
sexta-feira, junho 25, 2010
Reflexões lentas - o serviço público e as empresas - 4 (luz)
Daqui resulta que a sua dívida de curto prazo é, actualmente, de cerca de 2,5 mil milhões de euros e a de médio/longo prazo de 13,6 mil milhões de euros.
-0,84%
quinta-feira, junho 24, 2010
Reflexões lentas - o serviço público e as empresas - 3 (água)
Nesta série, não vou deixar mais do que alguns dados, que pistas, que informações sobre coisas do nosso quotidiano mais quotidiano, e no que ele está enredado e enredando-se cada vez mais.
A água. A água é-nos indispensável. Já foi bem livre, não económico. Por isso, o seu acesso, a criação de condições para abastecimento, se processo de "economização", isto é, de transformação em produto, em mercadoria, foi lento, venceu várias etapas, passou inevitavelmente pela de ser objecto de serviço público, fora da óptica do mercado, qual mercadoria cuja preparação e distribuição tivesse a finalidade de acrescer a riqueza individual ou de grupo de uns tantos à custa da exploração de trabalho de muito outros, finalidade inerente ao sistema de relações sociais em que se inseria. Uma espécie de reserva de solidariedade, sem benefícios para uns e sacrifício de outros.
Que vemos hoje?
Diz-nos o grupo de empresas Águas de Portugal (AdP SGPS, S.A.):

Somos um dos grandes grupos empresariais do sector do Ambiente em Portugal e temos por missão contribuir para a resolução dos problemas nacionais nos domínios de abastecimento de água, de saneamento de águas residuais e de tratamento e valorização de resíduos, num quadro de sustentabilidade económica, financeira, técnica, social e ambiental.
Trabalhamos com o objectivo de proteger e valorizar o ambiente natural e humano: a actividade das empresas do grupo engloba a captação, o tratamento e a distribuição de água para consumo público, observando os mais elevados padrões de qualidade; a recolha, o tratamento e a rejeição de águas residuais urbanas e industriais, incluindo a sua reciclagem e reutilização em condições ambientalmente seguras, e o tratamento e valorização de resíduos sólidos.
A Sustentabilidade na utilização dos recursos naturais e a preservação da água enquanto recurso estratégico essencial à vida, o Equilíbrio e melhoria da qualidade ambiental, a Equidade no acesso aos serviços básicos e a promoção do Bem-estar através da melhoria da qualidade de vida das pessoas são os valores fundamentais do Grupo AdP.
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Diria eu: belo paleio!
Com imagens lindas, cativante.

Depois…
“áreas de negócio:
• águas,
• ambiente,
• resíduos,
• outros negócios”
“estrutura accionista:
Parpública - Participações Públicas, SGPS, S.A -. 72,2%
Parcaixa, SGPS, S.A. - 19,0%
Direcção Geral do Tesouro (DGT) - 8,8%
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Mais informações:
quarta-feira, junho 23, 2010
Reflexões lentas - o serviço público e as empresas - 2
Que, nas suas actividades, dêem total prioridade, senão exclusividade, ao fornecimento de electricidade, de água, de energia, de condições de comunicação, que lhes satisfaçam essas necessidades adequadamente ao desenvolvimento alcançado pelas forças produtivas.
E, na generalidade, pouco lhes importará, ao cidadão comum, que tais entidades, empresas, ou seja lá o que forem, sejam públicas ou privadas, tenham esta ou aquela forma jurídica. O que poderá ilustrar o atraso na tomada de consciência, por vezes um recuo no caminho para a consciência da necessidade.
O que esperam – e desejam –, os cidadãos comuns, é que essas entidades lhes prestem o serviço público que, presumem, estará na sua razão social.
Irei ilustrar com alguns casos
terça-feira, junho 22, 2010
Reflexões lentas - o serviço público e as empresas - 1
Mas a evolução das forças produtivas e a relação de forças sociais, e também uma ideologia paternístico-social (mais de padrasto…), fazia com que houvesse áreas de actividade económica que o regime não incluía dentro da lógica do que hoje se chama economia do mercado e outra coisa não é que capitalismo. Eram os serviço público. Que correspondiam a áreas de direitos essenciais das pessoas, e direitos que se traduziam em acessos gratuitos, ou de simbólico preço, para a população em número crescente. Sem pressas, que o tempo por cá não era para isso.
Havia a CRGE, a CAL e similares, os CTT. Quero eu dizer que as Companhias Reunidas de Gás e Electricidade, a Companhia das Águas de Lisboa e outras, os Correios, Telégrafos e Telefones não eram empresas capitalistas, das que tivessem a finalidade de aumentar o capital investido por accionistas.
Isto digo eu, em jeito simplificado, para dizer que as pessoas esperavam, e justamente, que essas entidades lhes fornecessem bens essenciais, primários, fora da área do lucro. A luz, a electricidade, a luz, o correio, as comunicações.
Protestava-se contra haver tanta gente sem esses direitos com resposta, contra os preços, as deficiências de abastecimento, e lutava-se pela acessibilidade. Na lógica de serviço público, ao serviço de que estavam essas, e algumas outras, entidades.