quarta-feira, fevereiro 09, 2022

HORIZONTES PRÓXIMOS

LEITURAS QUE INFORMAM:

O ORIENTE PRÓXIMO HORIZONTE DO MUNDO

Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral

 

Enquanto que os EUA e a UE mantêm guerras, ingerências e sanções em vários países do médio - oriente, o Irão emerge apesar de tudo isto, como uma peça relevante no xadrez político que fervilha no sudoeste asiático. Este país com uma longa história na região procura na Ásia uma saída alternativa.

Como declarou o deputado iraniano Mohsen Zanganeh :" Penso que se concentramos a nossa atenção nos países orientais, especialmente aqueles da Ásia Central, Ásia Oriental , bem como na Europa Oriental em vez de nos concentramos no Ocidente, podemos definitivamente beneficiar do seu considerável potencial económico. "

Desenha-se claramente uma aliança China, Russia e Irão, chamada Parceria da Grande Eurasia que inclusive anunciou já, exercícios navais conjuntos no Golfo Pérsico.

O Irão finalizou um plano abrangente de cooperação por 25 anos com a China e aderiu ainda à Organização de Cooperação de Xangai (SCO). Está também a ser negociado, baseado neste acordo, um outro por 20 anos com a Rússia.

Abriu-se também o Corredor Internacional de Transporte e Trânsito Golfo Negro que irá impulsionar a Iniciativa Rodoviária e do Cinturão Leste - Oeste liderado pela China (BRI) e para o Corredor Internacional de Transportes Norte - Sul, liderado pela Rússia e pela Índia.

Este corredor envolve a Rússia, Ásia Central, Azerbeijão Europa, Turquia, Irão, Afeganistão e Índia, sendo um sistema de trânsito multimodal de 7200 Km em conexão com a (BRI).

Na cimeira da Organização de Cooperação Económica (ECO) o Azerbeijão, Irão e Turquemenistão finalizaram um acordo de troca de gás.

Deste acordo resultou também o desenvolvimento das enormes reservas de petróleo e gás off shore, existentes no Mar Cáspio.

Por outro lado, espera-se a conclusão do Trans Caspian Pipeline (TCP) que atravessa o Mar Cáspio e que irá estabelecer a ligação ao corredor de Gás do Sul e à TANAP da Turquia.

A ramificação final para a Europa será finalmente concluída através do gasoduto Nabuco que traria para a região gás em abundância. É claro se não houver sabotagem política, como facilmente se adivinha.

Convém recordar que numa disputa recente com a UE, o impedimento da construção do gasoduto North Stream 2, fará esta sofrer unilateralmente com a correspondente não utilização, porque indo ao encontro dos ditames dos EUA, impondo a compra do seu gás natural liquefeito (GNL), muito mais caro, devido aos elevados custos de extracção e de transporte.

Em contrapartida a Rússia tem um novo acordo estratégico com a China.

O gasoduto "Power of Siberia", começou a exportar gás do leste da Sibéria para o nordeste da China há dois anos.

Estes países fizeram um acordo para a construção de um segundo gasoduto Power of Siberia 2 que transportará gás natural da península de Yamal no Artico Russo, para o nordeste da China. Tal significa que este gás tanto poderá facilmente abastecer a China como a Europa.

Encontram-se ainda em execução projectos ferroviários para ligar o Golfo Pérsico ao Mar Negro, através do Irão, Azerbeijão e Georgia que permitirá a movimentação de mercadorias dos portos do Sul do Irão para a Europa Central por via exclusivamente terrestre.

Estes factos podem explicar as tentativas de desestabilização e uma permanente política de agressão com recurso à NATO, aos países oriundos ou não da ex União Soviética, através de sanções, chantagens e ameaças perpetradas pelos EUA, lamentavelmente acolitados pela UE.

Não será dispiciendo admitir que estas novas rotas deste importante recurso energético que é o gás natural desencadeie uma desenfreada e perigosa corrida aos armamentos.

Podemos considerar que esta estratégia se destina a enfraquecer a economia da Rússia e da China, forçando - as a aumentar os gastos militares em prejuízo do respetivo desenvolvimento e melhoria social, à semelhança do que foi feito com a URSS que poderá ter conduzido ao seu colapso.

A parceria da Grande Eurásia, é impulsionada pela defesa dos interesses comuns de um conjunto de Estados que pretende criar um novo paradigma multipolar, gerando nova riqueza que harmonize as necessidades de um todo.

E assim, se libertarão do monopólio unipolar dos EUA.


Ver:

Mathew Ehret - Dinâmica global - Dez. 2021

John Foster - Counterpunch - 3 Fev. 2022 

1 comentário:

Olinda disse...

Muito interessante.O mundo unipolar terminou,e o "império" não perdoa !Bjo.