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sábado, abril 18, 2020

GLOBALIZAÇÃO E LUTA DE CLASSES - 10

continuação:

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2. Num outro plano, no plano da necessária adaptação das relações de produção à evolução das forças produtivas, o actual momento histórico parece explodir com este rastilho de crise sanitária e, sobretudo, com o seu aproveitamento.
O trabalho em casa, o tele-trabalho e outras modalidades surgem como recurso para compensar a impossibilidade ou perigosidade de grupos e equipas, e afigura-se-me que está a ser tentado fazer, como emergência, o que seria muito difícil de conseguir em situação aparentemente normalizada mas com natural e não escamoteável luta de interesses antagónicos, de classe

Nas “soluções” emergentes, devido à emergência…, o trabalhador fica isolado, o seu camarada do mesmo tipo ou perfil de trabalho surge-lhe, é-lhe apresentado ou sugerido, como seu concorrente, não há contratação colectiva, proíbem-se as greves, horários de trabalho são inexistentes e geridos em função dessa concorrência, também quase impossibilitadora de posições colectivas e solidárias. A precariedade aparecerá como inevitável. E apresentar-se-é como sendo naturalmente decorrente das novas condições e não como adaptação (e continuidade) da exploração às novas condições.

A frente sindical de origem e razão de classe pode vir a ter de confrontar enormíssimas dificulades para cumprir o seu papel de organizações de defesa económica dos trabalhadores e das suas condições de trabalho, nomeadamente na questão dos horários, verdadeiramente básica para a concepção do trabalho como criador e social, e do tempo livre como objectivo e expressão de liberdade. 

continua

terça-feira, novembro 08, 2011

Leituras de fim-de-semana (e não só) - 5 - Marx e o dia de trabalho - 3

(...)

3. De repente, porém, eleva-se a voz do operário(*), que estava emudecida na tempestade e ímpeto do processo de produção: “(…) Eu reivindico, pois, um dia de trabalho de comprimento normal e reivindico-o sem apelo ao teu coração, pois em coisas de dinheiro os sentimentos não contam. Tu podes ser um cidadão exemplar, talvez membro da associação para a abolição dos maus tratos aos animais e, ainda por cima, teres fama de santidade, mas na coisa que face a mim representas não lhe bate qualquer coração no peito. O que aí parece palpitar é o próprio bater do meu coração. Reivindico o dia de trabalho normal, porque reivindico o valor da minha mercadoria, como qualquer outro vendedor.”
(* - … e de todos os trabalhadores)


Leituras de fim-de-semana (e não só) - 4 - Marx e o dia de trabalho - 2

(...)




2. (...) Embora o dia de trabalho não seja uma magnitude fixa, mas fluida, por outro lado ele só pode variar dentro de certas barreiras. A sua barreira mínima é, porém, indeterminável. (…) Pelo contrário, o dia de trabalho possui uma barreira máxima. Não é prolongável acima de certo limite. Esta barreira máxima está duplamente determinada. Por um lado, pela barreira física da força de trabalho. (…) Durante uma parte do dia, a força tem de repousar, dormir; durante uma outra parte, a pessoa tem outras necessidades físicas a satisfazer, alimentar-se, lavar-se, vestir-se, etc. Para além desta barreira puramente física, o prolongamento do dia de trabalho choca com barreiras morais(*). O operário precisa de tempo para a satisfação de necessidades espirituais e sociais, cujo âmbito e número são determinados pelo estado da civilização. A variação do dia de trabalho move-se, portanto, dentro de barreiras físicas e sociais.
(* - que necessidades são ou virão a ser)

Leituras de fim-de-semana (e não só) - 3 - Marx e o dia de trabalho - 1

Tendo-me aparecido obrigações inesperadas, resolvi aproveitar coisas que estou a ler (a estudar!) para deixar três "posts", programados numa montagem para o dia de hoje. Tinha a intenção de aqui trazer estas transcrições, pela enorme oportunidade para reflexão e aprofundamento ideológico, mas antecipo. Deixo-as - para as 10.30, 13.00 e 16.00 (com um ou outro sublinhado e uma ou outra nota à margem que estavam, e continuarão, a ser tomados) - com a única intenção de comunicar e propor à reflexão aprofundada a que Marx nos convoca, e antecedendo-as de parte que está em "post" anterior, que se repete.

A. «(… ) Onde isto aconteceu, o trabalho servil raramente brotou da servidão; inversamente, foi sim a servidão que na maioria dos casos brotou do trabalho servil (...). 


1. (…) logo que os povos – cuja produção se move ainda nas formas inferiores do trabalho escravo, do trabalho servil, etc. – são atraídos a um mercado mundial dominado por um modo de produção capitalista, que desenvolve a venda dos seus produtos para o estrangeiro como interesse prevalecente, aos bárbaros horrores da escravatura, servidão, etc., é enxertado o horror civilizado do trabalho a mais.
(em simultâneo com o desemprego!...)