segunda-feira, abril 13, 2020

GLOBALIZAÇÃO E LUTA DE CLASSES - 3

continuação

3.
Foi então, há 30 anos, que o vocábulo globalização ganhou aparente cidadania no léxico.
O que impunha pressupostos. 
Teria acabado a guerra fria, com a derrota de quem fizera o muro, como se o muro [aquele muro… porque outros não (se) contavam e só aquele deveria ser injectado na História] separasse mundos, como se aquele muro dividisse o mundo da democracia do mundo da ditadura. Sem se cuidar de definir conceitos, de dar significado e conteúdo a palavras. Esvaziando-as e slogando-as.

Mas não! Aquele era só (apenas e muito) um muro que dividia uma cidade que estava implantada no meio de um Estado (a República Democrática Alemã, Estado-membro da Organização das Nações Unidas, ONU), e se mantinha dividida (a cidade!) em duas partes:

i) uma, integrada nesse Estado de que a cidade partida ao meio era capital;

ii) outra,  a outra metade, estava ocupada, desde o final da guerra, em partilha por Estados que se recusavam a negociar a integração na cidade que ficava no meio do território da República Democrática Alemã, e servia de base para ponte (aérea, e não só) com o outro Estado, também criado no fim da guerra, a República Federal da Alemanha (igualmente Estado-membro da ONU)

Para que nem todos se deixem abater por um significado do muro que seja tornado consensual, quem tenha esta leitura da História tem a obrigação de reagir e de dizer que o muro foi construído não para impedir que os de leste, fugindo para oeste, se libertassem, mas sim para pressionar os que ocupavam aquela parte da cidade-capital daquele (então) País a resolverem o problema que conseguiram arrastar mais do que os 30 anos.
Por outro lado – sim, porque havia dois lados… e não só do muro –, logo que construído, o tão mi(s)tificado muro serviu de forma verdadeiramente exemplar (isto é, de exemplo) de como e para quê, por todos os meios, se passarem mensagens, sem qualquer preocupação (pelo contrário) de que essas mensagens tivessem verdade ou veracidade. Mensagens que eram armas, como o era a ponte aérea, como o próprio muro o era.
O muro foi um excelente motivo e trampolim, como se a luta não fosse de confronto entre organizações sociais mas sim entre pontos cardinais, para propaganda do oeste contra o leste. Com o muro, sobre o muro [não resisto a dizer que estive lá, em cima dele, vendo a quantidade de antenas emissora e ouvindo o que transmitiam… do outro lado, oeste, para (l)este], e a propósito dele, e com o que dele se contava. Urbi et orbi.
     
  continua
(entretanto, vejam-se anexos)

1 comentário:

Olinda disse...

Boa explicação sobre o famoso muro.Dá-me informação porque é que a sua queda teve grande impacto propagandista e serviu e,serve,de marco para a celebração de anti-comunistas sobre o derrube do socialismo,como se fosse um símbolo.Bjo