domingo, setembro 28, 2008

Pequena crónica dominical

e política ou a falta que faz o exercício da auto-crítica

Conhecedor dos “hábitos da casa”, preparara a declaração política com breve - mas de desejada contundência - nota sobre a situação de crise que se atravessa, com particular ênfase no ambiente de quase desespero que vivem famílias, e em que encontram pequenos e médios empresários, e que se procura adiar e se agrava com os "remédios". Procurando identificar as causas, num sistema que agrava contradições mas tem mais fôlegos que o gato mais resistente, E terminava assim: (…) tudo na “política” (Obama e MacKein, PSD e PS) me faz lembrar ping-pong e um poema de Zé Gomes Ferreira, como sempre cheio de pontaria e genialidade:
«Democracia é alternância»
repetiu de novo a embalar o tédio,
um senhor de sonho espesso.
Como se fosse possível! - ó glória! ó ânsia! –
construir um prédio,
mudando de vez em quando
os mesmos tijolos do avesso.

O modo como correu a sessão até aquele ponto tornaram a intervenção ainda mais pertinente (a meu ver), com os do PSD a atirarem-se ao poder central como gato a bofe e a tentarem passar para ele as culpas das suas dificuldades e incompetências, já em campanha para as autárquicas do próximo ano (para dentro e por fora), e os do PS a valorizarem tudo o que o poder central está fazendo, até descobrindo benefícios incontáveis cá pelo burgo, e já em plena campanha para as autárquicas do próximo ano (para dentro e por fora)-.
Logo a seguir ao que li, veio a intervenção do “leader” do grupo do PS que, lendo a sua intervenção, começou por dizer que havia duas maneiras de fazer política, a social-democrata e a neo-liberal. E disse (mais ou menos) que nos neo-liberais havia uns com vocação para ultra-liberais e outros para escorregar para sociais-democratas e que, entre os sociais-democratas, havia uns com tendência neo-liberal e uns outros ainda agarrados a concepções de intervenção estatal… mas estes em vias de extinção “face ao claudicar dessas políticas por todo o mundo”!
Não fui capaz de deixar de sorrir com toda a cara. No final de Setembro deste ano, quando por todo o mundo claudicam as políticas neo-liberais mescladas de social-democracia, ou as políticas social-democratas mescladas de neo-liberalismo, aquele “político” era peremptório nas suas análises e prospectivas. E candidatava-se à alternância! Isto é, a mudar os tijolos do avesso no poder local, enquanto, no poder central, os que aqui detém o poder se propõem mudar os tijolos para o outro avesso.

(esta crónica estaria talvez melhor no ficçõesdocordel ou, ainda, no porcá-porourém – onde se pode ler a minha declaração integral neste ponto da ordem de trabalhos da AM de 26 de Setembro -, mas fica aqui por ser essencialmente política)

9 comentários:

Justine disse...

No meio da tua indignação,ainda bem que conseguiste sorrir - e fazer-nos sorrir - com estes deslumbrados emproados pacóvios incultos, cheios de arrogância e saber balofo:))

Anónimo disse...

É isso mesmo que eles são. Por cá também temos uma colecção desses homúnculos. Sabem governar-se muito bem à nossa custa.

Campaniça

Anónimo disse...

Camarada, esta crónica crítica, fica bem em todo o lado, a luta contra a imoralidade deve ter livre trânsito!
Dia um lá estaremos!
Abraço grande

Anónimo disse...

-Podíamos mandar ao tal “leader” um video onde na sua adolescência brincava à politica com o homem dos sorvetes?!
-são coisa que o fazem chorar e ele está a precisar.
a.ferreira

cristal disse...

O pior é que são uma praga... Dá-me a ideia de uma infestação de parasitas... Obrigada por nos pores a ler as tuas palavras sensatas...

samuel disse...

Será por tanto mexerem na gaita dos tijolos que alguns se vão desmoronando? Deixa... vão... vão mexendo...

O Puma disse...

Pois - Obama será a continuidade

A indignação continua

Sal disse...

Obrigada pela tua denúncia. Escrita assim, "eles" até saem beneficiados, a saber falar, por exemplo. É que, tu não escreves os erros de português que essa gente dá.
São da pior espécie e estão por Portugal inteiro.
Aqui em Viseu, então, são aos magotes.
beijos

Anónimo disse...

isso é uma cambada de vendedores de banha da cobra como se via nas feiras de há 50 anos atrás. eles também não estão interessados em escrever bem português porque, para eles, fixe é dizer umas coisas na língua do império mesmo que as não percebam.