Ontem foi um dia esperado. Nem por isso menos inesperado…
No final do dia pareceu ter ocorrido um tornado. Ou que o caldo foi entornado.
As declarações do ministro das finanças como que destaparam a panela que fervia. E o programa Prós e contras mostrou-o, apesar daquilo que é o programa e da sua condução.
Começo por uma observação – não sei se farei outras… – sobre Vitor Gaspar. A sua escolha teria aparecido como surpresa mas, passados estes meses, absolutamente justificada. O homem parecia tímido, cauteloso. No entanto, logo descortinei (está por estas “páginas”, lá para trás…) uma clara posição ideológica, “de classe”.
No curto prazo de uns mesitos, Vitor Gaspar veio mostrar, sem nunca o ter escondido – faça-lhe justiça... –, uma capacidade de “se meter na função, na tarefa”. A aparente timidez foi-se mostrando contenção e obstinação, a cautela foi-se revelando segurança e determinação. O homem tem mesmo uma opção ideológica clara. Não leu, como disse, Marx. Sem o ter lido (sequer em resumo...), rejeitou-o. Como um espectro. Cavou no poço do sistema, como se não houvesse alternativa, como se o capitalismo fosse o fim da História.
A medida caricaturada como sendo da "meia-hora a mais no tempo de trabalho" quer dizer intensificação da exploração dos trabalhadores. E, ao ser apresentada, com aquele ar quase diria seráfico, como simbólica (paradigmática) para o crescimento, auto-denunciou-o.
Nas suas intervenções de ontem, Vitor Gaspar deixou muito material de estudo para uma actualização do estado da luta de classes.
Esse é um plano. Não desprezável. De modo nenhum.
No plano da luta imediata, quer na frente institucional, quer na luta de massas, atirou petróleo para a fogueira que está em formação.
7 comentários:
Este magarefe é o rosto e o cutelo de todo o executivo. É o executor!
Sonso e hipócrita.
Este Gaspar é como algumas espécies de cancro. Silencioso, rápido e de uma eficácia MORTAL. Este não ladra...morde.
E agora, com a fogueira ateada ao rubro? Ou será que ainda não está ao rubro?
Este Gaspar é mesmo seráfico,mas com um tom de cinismo que denuncia muito bem a sua posição relativamente à obediência às ordens do grande capital e do imperialismo. Não ouvi uma única palavra sobre as riquezas despezadas no nosso país.O aumento de produção, para ele,resumiu-se ao aummento de horas de trabalho dos trabalhadores.
E, em meu entender, as medidas não se ficarão por aqui.
O que nos espera é sofrimento e muita luta.
Um beijo.
Também penso que o gasparzinho está a apagar o fogo com petroleo.Vamos participar ativamente na semana de luta de 20 a 27 de Outubro e a seguir na greve geral de 24 de Novembro.
Conseguiram colocar num ministério difícil uma figura aterradora. O seu discurso altera-me psicologicamente. Ouvi e vi no youtube um discurso de Salazar, confirmei que a sua forma de falar é uma cópia de Salazar. Um homem sem expressão, monocórdico, cínico, “calmo” para mostrar segurança/força, exibindo o seu poder, não quer saber da opinião nem dos sentimentos dos trabalhadores, nem do povo em geral.
É um osso difícil de roer? O outro caiu da cadeira, este cairá também!
BJS,
GR
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