Estes caderninhos - de cerca de 20 páginas cada -, do camarada José Barata-Moura, são preciosos (foi dito em comentário e corroboro!).
Leio-os, melhor: relei-os porque já os teria lido, sublinho-os, apetece-me transcrever alguns dos sublinhados. Devo fazê-lo? Porquê fazer prevalecer o meu critério de selecção sobre o que já é uma selecção... e de quem sabe o que deve ser seleccionado sem ser redutor?
Porque sim!, e apenas como convites à leitura. Nem sempre fácil. Para que é preciso disponibilidade e, algumas vezes, esforço de descodificação da linguagem, da construção (filosófica) da frase.
Por isso, aí vai. Também com o sentir solidário de partilhar o que me deu um enorme gozo... porque me interpelou desde o âmago do aconteSer.
Por isso, aí vão dois trechos do caderno 1, quando estou a (re)entrar no caderno 4:
«O pensamento de Marx (...) não se alimenta nem da utopia, nem do simples protesto condoído ante a sorte dos oprimidos e dos desamparados. Não é a partir nem de uma idealização (abstracta) do futuro, nem do estabeleciento de um dever-ser moral (recheado de exigências éticas), que ele se constitui, naquilo que de mais válido e de revolucionário contém, dá a pensar, e concita à realização».
(...)
«A transformação é, sem dúvida, prática - políca, económica, material. Mas não é nem praticismo atarantardo, nem voluntarismo desatado, nem visionarismo enfunado.
A transformação dialéctica do real é o nosso prório destino. A determinação da orientação que lhe podemos imprimir é exercísio consciente da nossa própria liberdade - que não é um poder abstractamente incondicionado, mas uma tendência objectivamente protagonizável.
Aqui se joga a dialéctica da história colectiva. Aqui se joga também a dialéctica do empenhamento pessoal.»
5 comentários:
Emprestas-mos? Prometo que tos devolvo:))))
De facto é mesmo difícil. Não sei se entendi bem. Mas creio que são as próprias contradições da sociedade que têm determinado a dinâmica da sua evolução independentemente das morais e éticas que se apregoam.
A aceitação e partilha dessas transformaçôes depende muito do nosso Ser e Sentir. Decerto não compreendi nada e escrevi para aqui umas palavras confusas e sem sentido.
Desculpa toda esta trapalhada mas, mesmo assim, acho que fico mais esclarecida quando leio o que escreves
Um beijo, camarada.
Justine - claro que empresto... estão aqui... e daqui não saem. Assina o militante (eh!eh!).
Graciete - Camarada, estás a fazer o que é preciso ser feito: tentar perceber... e assim se conseguirá perceber. Para transformar!
Todas as tuas palavras têm sentido. Aliás, insisto, o Marx (e o Engels, e o Lenine... e o Bento de Jesus Caraça) procuravam, erravam, corrigiam, procuravam mais... ogulhosa porque humildemente!
"São as próprias contradições da sociedade que têm determinado a dinâmica da sua evolução independentemente das morais e éticas que se apregoam"? Parece-me no caminho certíssimo. Pensemos nas transformações do real, da matéria...
Isto não pode ser mais que pistas!
Beijos
Obrigada camarada. É bom ouvir-te, neste caso ler-te.
Um beijo.
"Mas não é nem praticismo atarantardo, nem voluntarismo desatado, nem visionarismo enfunado"
Muito bom!
Encontrar o modo de ter uma prática, uma vontade e uma visão, livres dessas "bijutarias", é trabalho para uma vida... e muita atenção.
Abraço.
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