(continuação)
À pergunta primeira sobre que medidas urgentes para retirar Portugal da situação em que vivemos, Jacinto Nunes começa por dizer que temos um problema que é o défice orçamental, mas logo acrescenta que “o combate ao défice gera contracção”. E avisa que esse combate terá de ser acompanhado de uma perspectiva de crescimento, advertindo para o facto de estarmos a divergir e de irmos continuar, isto é, a afastarmo-nos dos “níveis europeus”, prometidos (ainda se lembram?) com a “convergência” que não vimos, a não ser a fugir-nos, neste milénio. E sublinha, ainda, que a sra. Merkel, ao propor cortes de dezenas de milhares de milhões numa opção de estabilidade, de equilíbrio orçamental, a todo o custo – e não só para o seu País – fecha a porta à tão decantada “solução” da exportação. Então?
Sim, então? Para mais, foi Jacinto Nunes que trouxe à entre-vista o problema da desigualdade na distribuição do rendimento, que diz ter a impressão que se acentua, o que considera grave porque… “pode criar focos de agitação social (e) é preciso cuidado com isso”.
E é aqui que eu paro… Sigo – e há muitas décadas – Jacinto Nunes, leio o que continua o muito que me ensinou e… esbarro. Se a sua tese de doutoramento é sobre “rendimento nacional e equilíbrio orçamental”, se muitas vezes – e já há 60 anos – as reflexões parecem bem encaminhadas (para a minha compreensão, claro…), há como que uma travagem às quatro rodas na descida às causas do que parecia estar a ser (d)enunciado.
O agravamento na distribuição de rendimentos, aquilo a que, em O Manifesto do Partido Comunista – de 1848 –, se chama pauperismo e é consequência do funcionamento do capitalismo, é grave, mas parece que não por, parafraseando Garrett, ser cada vez maior o número de pobres com que se fazem os cada vez mais ricos, e por este facto conduzir, técnica e socialmente, a uma impossibilidade humana… mas é grave por poderem ser criados focos de agitação social! E quais os cuidados a ter com esse perigo, quando todo o funcionamento da economia concorre para o seu agravamento? A demagogia e a repressão?
Claro que Silva Lopes, na fala seguinte da entre-vista, na sequência dessa preocupação de Jacinto Nunes com tal perigo, ataca a fundo: “os grupos organizados e fortes é que fazem o barulho”, logo, eles é que são o perigo, a eles se devem dirigir os cuidados. Mas o “campeonato” de Silva Lopes, agora, parece estar a ser outro…
A desigualdade na distribuição de rendimentos, existe ou não?, cresce ou não?, tem ou não, no plano estritamente técnico, um efeito negativo na procura interna para não falar na situação social?
E há mais com que esbarro. Por exemplo: Jacinto Nunes não é a favor da privatização dos correios… mas porque “na Alemanha fez-se e foi um desastre”. Em que sentido? Não o teria sido, naquela avaliação, por ser um serviço público que, por isso, deveria estar fora das actividades que beneficiam interesses privados.
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Sim, então? Para mais, foi Jacinto Nunes que trouxe à entre-vista o problema da desigualdade na distribuição do rendimento, que diz ter a impressão que se acentua, o que considera grave porque… “pode criar focos de agitação social (e) é preciso cuidado com isso”.
E é aqui que eu paro… Sigo – e há muitas décadas – Jacinto Nunes, leio o que continua o muito que me ensinou e… esbarro. Se a sua tese de doutoramento é sobre “rendimento nacional e equilíbrio orçamental”, se muitas vezes – e já há 60 anos – as reflexões parecem bem encaminhadas (para a minha compreensão, claro…), há como que uma travagem às quatro rodas na descida às causas do que parecia estar a ser (d)enunciado.
O agravamento na distribuição de rendimentos, aquilo a que, em O Manifesto do Partido Comunista – de 1848 –, se chama pauperismo e é consequência do funcionamento do capitalismo, é grave, mas parece que não por, parafraseando Garrett, ser cada vez maior o número de pobres com que se fazem os cada vez mais ricos, e por este facto conduzir, técnica e socialmente, a uma impossibilidade humana… mas é grave por poderem ser criados focos de agitação social! E quais os cuidados a ter com esse perigo, quando todo o funcionamento da economia concorre para o seu agravamento? A demagogia e a repressão?
Claro que Silva Lopes, na fala seguinte da entre-vista, na sequência dessa preocupação de Jacinto Nunes com tal perigo, ataca a fundo: “os grupos organizados e fortes é que fazem o barulho”, logo, eles é que são o perigo, a eles se devem dirigir os cuidados. Mas o “campeonato” de Silva Lopes, agora, parece estar a ser outro…
A desigualdade na distribuição de rendimentos, existe ou não?, cresce ou não?, tem ou não, no plano estritamente técnico, um efeito negativo na procura interna para não falar na situação social?
E há mais com que esbarro. Por exemplo: Jacinto Nunes não é a favor da privatização dos correios… mas porque “na Alemanha fez-se e foi um desastre”. Em que sentido? Não o teria sido, naquela avaliação, por ser um serviço público que, por isso, deveria estar fora das actividades que beneficiam interesses privados.
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Mas... de que estamos a falar?
2 comentários:
O grande perigo é a luta de classes!!!!!
Um beijo.
Oi se é... para eles!
O problema é que, por vezes, "eles" parecem estar mais conscientes do que nós do perigo que somos. Por isso, a demagogia e a repressão!
Um beijo
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