- «(…) O facto do imperialismo ser parasitário e um capitalismo decrépito manifesta-se, acima de tudo, na sua tendência para a putrefação, que é uma característica de todo monopólio sob o sistema de propriedade privada dos meios de produção. A diferença entre o republicano-democrático e o reacionário-monárquico desaparece no imperialismo burguês precisamente porque ambos se estão decompondo em vida (o que, de forma alguma interrompe o extraordinariamente rápido desenvolvimento do capitalismo em sectores particulares da indústria, em países em separado e em períodos específicos). Em segundo lugar, o apodrecimento do capitalismo manifesta-se pela criação de um enorme estrato daqueles que vivem da renda, capitalistas que vivem de “vales”. Em cada uma das quatro cabeças do imperialismo – Inglaterra, EUA, França e Alemanha – o capital em bancos acumula-se em 100.000 ou 150.000 milhões de francos, do qual cada país deriva uma renda anual de não menos de 5 a 8 mil milhões. Em terceiro lugar, a exportação de capital é parasitismo em alto nível. Quarto, “o capital financeiro luta por dominação, não por liberdade”. A expressão política desta frase é uma característica deste imperialismo. Corrupção, subornos em larga escala e todo o tipo de fraudes. Quinto, a exploração das nações oprimidas – que está inseparavelmente conectada com mais anexações – e, especialmente, a exploração das colónias pelas “Grandes Potências", acelerando a transformação do mundo “civilizado” em um parasita nos corpos de centenas de milhões nas nações não-civilizadas. (…)»
(Imperialismo e a Cisão do Socialismo, V. I. Lenin, Outubro de 1916 - Primeira Edição: Sbornik Sotsial-Demokrata No. 2, December 1916, Fonte: versão (revista) de The Marxists Internet Archive) - «Para o negociante europeu este negócio do sertão era extremamente fatigante e exigia enorme soma de paciência no estabelecimento de relações com o gentio, muitas vezes exigente e caprichoso (…) o indígena aproveitava-se do facto de se encontrar na sua própria terra para protelar o negócio o mais possível, a fim de levar o mercador à transigência, de acordo com o que mais lhe convinha, pois as despesas de deslocação cresciam com o tempo de permanência no interior. Esse aumento de encargos chegava por vezes a não compensar tão longas e fatigantes viagens, com riscos a cada passo.»
(Moedas de Angola, L. Rebelo de Sousa, editado pelo Banco de Angola, 1967, da introdução do autor)
E um apontamento:
Duas leituras aparentemente díspares mas com conexões intrínsecas porque leituras no tempo histórico.
E em tempo histórico estamos. Que é de imperialismo mas em que muito mudou e está a mudar. Hoje. E se a putrefacção é notória, o cheiro nauseabundo e os perigos enormes, as relações de forças são bem diferentes e poderemos - talvez... - falar de imperialismo pós-colonial ou, com menor imprecisão, de imperialismo sobrevivendo em condições de crescente interdependência assimétrica, de domínio do capital financeiro e do dinheiro fictício, e em transformação das relações internacionais no quadro de um processo progressivo (e complexo, e lento segundo algumas escalas) de autodeterminação de espaços que passaram por colónias.
(irá continuando)
1 comentário:
Não sei fazer comentários porque são lições que eu tenho que estudar.
Um beijo.
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