domingo, outubro 09, 2011

Chipre-3

excertos de "diário" (de bordo):

(…) voamos entre Roma e Lanarka, e quero tomar, aqui, uns apontamentos.

Tirando características mediterrânicas, nós às portas do mar interior e Chipre no seu outro extremo, num encaixe de “legos” entre Turquia, Israel, Egipto, parece que nada mais une estas duas nações, ou estes dois Estados, Portugal e Chipre. nos estados em que estão.

Além, claro, de serem também ambos Estados-membros da mesma União (?!) Europeia.

Uma pequena ilha com poucos habitantes, relativamente a um outro espaço nacional continental (embora com dois arquipélagos e umas eleições a realizarem-se onde tenho o pensmento) e bastante mais habitantes.

Menos de um milhão para mais de 10 milhões, faz a sua diferença… mais de 10 vezes mais gente, e, para nós, muito Atlântico e muito caminho marítimo para descobrir.

Dois países. Duas posições estratégicas “sensíveis” e um ano igualmente muito sensível nas nossas Históricas aparentemente nada comuns.

1974!

No meio da década-entroncamento: qual o fim da “guerra-fria”?

Com o capitalismo em ânsias (sistema monetário a ruir, fim da era colonial “à antiga maneira”, petróleo) e o socialismo “real”, “no terreno” dos Estados, europeus, a lamber as feridas de uma “coisa inventada”, o “estalinismo” (o que “eles” inventam!, e como “nós” ajudamos…)

E os espectros, o “perigo da sovietização”. Em Portugal e em Chipre!

Duas saídas. Ambas “ciáticas”.

A “saída”-tipo Kissinger: invadir e dividir.

A “saída”-tipo Carlucci: conter para já, inverter, subverter aos poucos, em doses suportáveis.

Para esta “solução”, a necessidade de uma “social-democracia” com capacidade e despudor de tudo perverter (conter, inverter, subverter, perverter). A necessidade de um Mário Soares.

Para nosso mal, uma verdadeira figura execravelmente histórica (com alguns “companheiros”… de perversão).

Colocando caroços de azeitona nas engrenagens do processo histórico.

Fiz-lhe justiça, erigindo-o “figura histórica?

Se acaso lhe fizo gosto de lhe chamar  "figura histórica", foi bem contra-vontade ou de mau-grado!

Para compensar, penso que vai ter o enorme desgosto de não ter um funeral como o de Álvaro Cunhal!

Tenha paciência, ele foi contra-a-História, o “outro” viveu ao correr-da-História, procurando ajudá-la.

Mas é a caminho de Chipre que vamos, onde a “solução” Kissinger provocou esta situação aberrante e criminosa de um País ocupado, e com ocupação mantida há 37 anos, contra qualquer respeito mínimo pelas regras de convivência inter-nacional.

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Gostei muito deste teu post. Com ironia e, em poucas palavras, caracterizas muito bem este terrível período da História que estamos vivendo.Mas,como disse ontem o camarada José Casanova no aniversário do CRAVO DE ABRIL,"o ideal eles não matam".
Por isso venceremos.

Beijos e boas estadias

GR disse...

És um bom companheiro de viagem, ficamos a saber um pouco de tudo.

BJS,

GR