No regresso a casa, revejo e transcrevo o dito:
22ª Assembleia pela Paz!
O testemunho de um economista a entrar na sua 5ª década no movimento da Paz. Que a todos saúda calorosamente, em particular aos que fizeram tão excelente trabalho e aos que o vão continuar.
22ª Assembleia pela Paz, a partir do Conselho Português para a Paz e a Cooperação, com registo de nascimento de há 35 anos. De 1976. Mas já vivo e com História antes.
De 1972. Para não ir mais a antes. Porque todos os agoras e os antes têm antes atrás de si.
!972. Numa economia mundial “em crise”, dizia-se então. Com o petróleo, os não-alinhados ex-colónias, o dólar a tornar-se inconvertível, ou seja, sem cobertura. Como os cheques falsos Desde então, e sempre mais, até hoje. Um movimento pela segurança e a cooperação europeias. Os Estados socialistas . E movimentos de católicos, de comunistas, de socialistas (ordem alfabética).
1972. Uma Assembleia em Bruxelas. A Europa na mão dos povos. Uma Europa que era Europa e não uma alcunha para uma associação de Estados-membros europeus.
A Europa na mão dos povos. Pela segurança e cooperação europeias. Um Assembleia pela Paz. Presidida pelo cónego Raymond Goor. Uma delegação portuguesa. Lembro todos os nomes. De católicos, comunistas, socialista. E o Silas Cerqueira, exilado em Paris, a juntar as pontas, com o Conselho Mundial da Paz.
Um movimento sem preconceitos (ou vencendo-os), a acompanhar e a forçar o trabalho diplomático. Dos Estados socialistas. Pela Paz. Que lhes era vital
No ano seguinte, o Congresso Mundial das Forças de Paz. Em Moscovo. De que, a juntar ao dito sobre Bruxelas, acrescento um apontamento. Em que a delegação plural portuguesa se juntou e confraternizou, pela Paz, com delegações dos movimentos das colónias em luta pelas suas independências! Sei lá… Marcelino dos Santos, Vasco Cabral, Luís Bernardo, autor do “Mataram o cão tinhoso”. Em Novembro de 1973.
Fins de 1973. A luta pela Paz. Sempre a par das lutas. Pelo fim-de-semana para os caixeiros, pelo contrato dos metalúrgicos, pelo salário de 6 contos para os trabalhadores indiferenciados. E mais, e mais. E as reuniões dos capitães. Tudo a preparar Abril. 25 de Abril foi a data, e é a efeméride. O feriado em que (ainda) não se atrevem a beliscar, embora o vilipendiem.
Em Julho de 1975, a assinatura, pelo Estado português, do acordo de Helsínquia, criando a Organização de Segurança e Cooperação Europeias, depois descaracterizada. e de que, nesta semana, o actual ministério dos Negócios Estrangeiros decidiu retirar o embaixador… para cumprir não sei que défice e que ordens.
Mas ainda 1976. O CPPC a ter o seu registo de nascimento, com residência em parte de casa na antiga sede da Mocidade Portuguesa Feminina, já depois do 25 de Novembro de 1975, com a frente institucional já travão e boicote, mas a dinâmica de massas ainda pujante e a ganhar futuro.
No entanto, na economia, a (pequena) Europa (capitalista) e o FMI connosco, isto é, contra nós, porque contra uma economia surpreendentemente sadia (OCDE dixit), contra uma estratégia planificada de emprego e satisfação das necessidades essenciais, com o apoio às pequenas e médias empresas e parques industriais regionais, contra uma democracia a avançar.
O CPPC, e as Assembleias pela Paz, como pólos de resistência, de salvaguarda do conquistado.
Mas luta difícil. Uns anos 80, que diria dramáticos, de que importa fazer a história. Que substituo, na economia, por duas palavras: monetarismo e desemprego.
Duas referências. A Assembleia da Paz em Copenhagen, de 1986, de que se anota a importante delegação portuguesa, integrando uma Natália Correia, então deputada do PSD. Outra, o cruzeiro pela Paz. A Moscovo, de Moscovo a Kiev, a descida do rio Dniepre, até Odessa do couraçado Potemkine, visitando e convivendo, aldeia a aldeia, com a Paz. Na mãos dos povos, com as três letras M I R em todo o lado e os veteranos da guerra como verdadeiros símbolos.
Romantismo? Não! Luta. Dura, de resistência às fraquezas, fragilidades, traições. Tantas por conhecer, por identificar. Então, e ainda hoje.
Fechei o apontamento histórico.
O presente, a contemporânea idade, começou há 20 anos. E tem ganho progressiva dureza e gravidade. A NATO, criada com o pretexto de fazer face à ameaça do que só viria a ser criado 5 anos mais tarde, do Atlântico Norte estendeu-se, alastrou, globalizando-se, como a economia, o comércio, o primado da finança e da especulação. Levando a guerra a todo o mundo e, sobretudo, onde haja recursos não suficientemente controlados pelo imperialismo.
Só não vê quem não quer. Que a economia se militarizou, como os clássicos disseram que seria inevitável em capitalismo. As armas são as mercadorias naturais do capital. Ao consumirem-se destroem-se e destroem. E modernizam-se e armazenam-se, não para serem mercadorias em stock.
Neste sistema, as ditas crises só se ultrapassam, agravando-se, destruindo forças produtivas, contrariando o progresso social, a longevidade com qualidade de vida.
Há que retirar, aos povos, a cabeça de dentro da areia em que a têm estado, e estão!, a envolver.
A recente Líbia, depois do Iraque e do Afganistão, e de tudo o resto, é exemplar e indigna, mas não é senão uma passagem para outras paragens. A Síria, o Irão, as notícias de todos os dias são preocupante, e exigem muito trabalho de informação. De chegar às pessoas, às gentes, ao ser humano posto em causa.
A Paz deixou de ser uma necessidade para. As guerras deixaram de poder ser encaradas como um desperdício pelos meios que usam e que poderiam ser utilizados em outros fins. As guerras são necessárias ao sistema.
A PAZ é uma necessidade intrínseca, sem complemento directo, é uma necessidade. É como a água, os recursos que nos mantém seres vivos, é, hoje, a sobrevivência da Humanidade.
Os povos têm de segurar a Europa e o Mundo nas suas mãos. Como em 1972 – e antes…– nos disseram e comecei a aprender. E – todos – temos de ensinar a todos.