quarta-feira, janeiro 09, 2013

Este Estado (de coisas) que não queremos, e a insustentabilidade da governação

Num comentário a "post" anterior, Ricardo O, disse:

«"o Estado que temos não é o Estado que queremos", que "precisamos de construir um Estado que não pese tantos aos cidadãos" e que "aquilo que temos hoje não é sustentável"
Reconheço que se deslocarmos estas palavras do contexto e da intenção com que foram ditas elas encerram algumas questões que merecem reflexão:
1. O Estado pesa demasiado para o bolso dos trabalhadores, nomeadamente se tivermos em conta a correlação de forças sociais e tudo o que isso implica no «tipo» de Estado que temos;
2. E, por fim, claro que este não é o Estado que queremos, pois este Estado resulta de um profundo desequilíbrio social a favor dos capitalistas, dos detentores dos meios de produção, pelo que este Estado é insustentável...»

Este comentário ajuda a precisar o que não teria ficado muito claro no "post" e na intenção que levou a dar "tempo de antena" ao senhor(ito) que fez aquelas declarações, a partir de um relatório do FMI que pro/impõe medidas para um Estado novo em Portugal (já tivemos, obrigado!).
Quer isso dizer que este que temos é o Estado que queremos? É evidente que não, e até se pode encontrar aqui um exemplo cabal de toda a falta de seriedade, da demagogia, da mentira por detrás de cada declaração governamental. Porque ninguém quer o Estado que temos, mas já muitos de nós queremos o Estado que a Constituição da República Portuguesa definiria para esta fase da nossa vida colectiva. Muitos de nós que a conhecemos e muitos mais se conhecessem essa Constituição que deveria enformar o Estado que seríamos.
No momento em que o governo nos esvazia as algibeiras, vir dizer que não queremos "este Estado" porque pesa demasiado para o nosso bolso é de arrepiante hipocrisia. Porque o "nosso" problema não são os impostos e todas as alcavalas, é esse peso do Estado sobre uns acontecer por tudo ser feito como um roubo continuado, um assalto à "Robin dos Bosques às avessas", tirando aos que menos têm o que estes deveriam ter e entregando-o aos que têm que chegue e sobeje (ou tiveram e criminosamente malbarataram), e que querem continuar a explorar quem trabalha e trabalhou, descontando para quando deixasse ou não pudesse trabalhar.
Se o peso do Estado fosse para garantir direitos, a saúde, a educação, um viver digno fruto do trabalho de quem trabalho, esse peso seria um alívio porque nos resolveria problemas que nos estão a ser criados, ao mesmo tempo que nos retiram as condições para os enfrentar, que já eram escassas.  
Em resumo, e agradecendo ao Ricardo a ajuda, o que não é sustentável é este Governo, que parece querer colocar a cereja no cimo do estado de coisas que desde há 36 anos nos vem progressivamente impedindo de termos o Estado que queríamos e que poderíamos ter. Agora, nesta época histórica que vivemos.

1 comentário:

Olinda disse...

Completamente de acordo.

Um beijo