O "programa de democracia para Cuba" promovido pelo governo americano é uma “atividade operacional” que requer “continua discrição” sob vários "planos de transição" que Washington considera em seus esforços contra o regime do presidente Raúl Castro, segundo documento oficiais estadunidenses divulgados nesta segunda-feira (21) no National Security Archive.
Por David Brooks*, no La Jornada
Os escritos oficiais divulgados nesta segunda foram
apresentados diante de um tribunal como parte de um processo judicial promovido
por Alan Gross, um funcionário do governo estadunidense preso em Cuba em 2009
por tentar transferir, de maneira clandestina, equipamentos de comunicação para
Cuba. Gross e sua esposa Judy entraram com uma ação no ano passado contra a
Agência dos Estados Unidos para o desenvolvimento Internacional (Usaid) e o
Desenvolpment Alternatives Inc (DAI), este último foi seu empregador quando foi
preso na ilha e é um dos principais aliados da Usaid, acusando-os de não ter
conseguido prepara-lo, treiná-lo e supervisioná-lo adequadamente sobre os
perigos das atividades para as quais foi enviado para a ilha.
Os textos foram apresentados diante do tribunal pela DAI na
semana passada. Um deles, marcado como "confidencial", revela que uma reunião
entre o DAI e a Usaid, em agosto de 2008, funcionários do "Programa para a
Democracia em Cuba" e Planos de Contingência relatam à empresa que "a Usaid não
está informando aos cubanos como ou porque eles precisam de uma transição
democrática, mas que a agência quer fornecer a tecnologia e os meios para
provocar a faísca que poderia beneficiar a população", e que o programa tinha a
intenção de “estabelecer uma base de onde os cubanos poderiam ‘desenvolver
visões alternativas do futuro”.
No mesmo documento mostra que “o governo
dos Estados Unidos tem entre cinco e sete diferentes planos de transição” para
Cuba e que o programa não contempla a redação de outro. Acrescenta que "não é um
projeto de análise, mas uma atividade operacional".
De acordo com outro
documento, a convocatória da Usaid para propostas de empreiteiros para o
programa em Cuba, datado em 2008, diz que o “objetivo principal do governo dos
Estados Unidos é acelerar a transição pacifica (em Cuba) para uma sociedade
democrática e orientada ao mercado, para prestar assistência humanitária e apoio
à sociedade civil. Desenvolver e, se for permitido pelas circunstâncias legais,
ativar planos para lançar uma plataforma programática de resposta rápida que
atenda aos interesses da Usaid para tomar e coordenar uma presença programada na
ilha".
Os documentos divulgados pelo National Segurity Archive, uma
organização independente de investigação dedicada a dar transparência às
atividades da política exterior do governo americano, também incluem comunicados
entre a Usaid e a DAI sobre os programas e propostas de Gross para transportar
computadores, telefones celulares e sistemas de comunicação via satélite com
para ilha.
Nos escritos figura o testemunho de um executivo da DAI
diante do tribunal em torno a denuncia civil dos Gross, no qual afirma que os
funcionários da Usaid "enfatizaram" que o programa em Cuba tinha "riscos",
particularmente "em termos de construção da rede necessária de promotores da
democracia e dos direitos humanos em Cuba". (Os documentos podem ser vistos no
site do National Security Archive: www.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB411/ ).
Peter Kornbluh, analista da National Segurity Archive encarregado do
programa sobre Cuba, entre outros, comentou que durante uma reunião que manteve
com Gross em novembro de 2012, em Cuba, o americano insistiu em que “minhas
metas não são as mesmas que as do programa que me enviou", e pediu ao governo de
Barack Obama para negociar e resolver seu caso com as autoridades cubanas, entre
outras questões bilaterais.
Kornbluh considerou que a decisão do DAI de
apresentar esses documentos diante de um tribunal tem um tom chantagista contra
o governo americano. Em sua solicitação diante do tribunal para que o caso seja
descartado, a empresa afirma que "está profundamente preocupada porque o
desenvolvimento da história, neste caso, todo o conteúdo, poderá criar riscos
significativos para os interesses de segurança nacional, política externa e
direitos humanos do governo dos EUA”. Ou seja, segundo Kornbluh, trata-se de um
aviso ao governo de que se ele não intensificar seus esforços para liberar
Gross, o caso legal poderia revelar ainda mais detalhes dos programas de
intervenção americana na ilha.
Para o advogado José Pertierra,
especialista em assuntos jurídicos e políticos na relação Estados Unidos – Cuba
e envolvido na questão jurídica dos cinco (cubanos presos nos Estados Unidos,
que realizavam atividades antiterroristas para Havana na Flórida), "esses
documentos confirmam que a coisa toda é parte de um plano para desestabilizar
Cuba clandestinamente" e, ao mesmo tempo, verificar que "Gross é culpado do que
é acusado”.
Em entrevista ao La Jornada, Pertierra disse que este é
apenas o início de uma série de documentos que virão à luz pública demonstrando
que "isso não é simplesmente para fortalecer uma pequena comunidade judaica em
Cuba, mas para estabelecer uma rede alternativa de dissidentes operado em torno
dos interesses dos EUA". O advogado sublinhou que "isso é ilegal em Cuba e em
todos os países do mundo, nenhum governo soberano aceita que uma potência
estrangeira esteja envolvida em atividades domésticas, cujo objetivo é promover
a mudança de regime."
Pertierra concluiu que "oxalá, por rações
humanitárias, liberem Gross. Como, por razões humanitárias, os Estados Unidos
libere os Cinco. Claro que os dois casos não são os mesmos. O que é argumentado
aqui está certo: “o programa de Gross pretende desestabilizar Cuba; os cinco não
eram para desestabilizar os Estados Unidos, mas estavam trabalhando para
prevenir atos de terrorismo contra Cuba lançados e patrocinados pelos Estados
Unidos”.
David Brooks é jornalista mexicano correspondente do La
Jornada nos Estados Unidos
(Tradução: Leo Ramires, do Portal
Vermelho
em vermelho)
2 comentários:
Pois,mais uma manobra para desestabilizar o governo popular Cubano.Os EEUU ,jâ nao acreditam na "fruta madura"e,tratam de dar outro empurraizinho,outro entre muitos.
Pode ser que Gross sirva de moeda de troca,com os cinco herôis cubanos,presos antidemocrâticamente,em prisoes americanas.
Um beijo
Mas o Povo Cubano tem o inimigo à porta e portanto resistirá!!
Um beijo.
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