E dizia ele, o dito senhor Karl Marx nos seus manuscritos de 1844, que
«...a antítese entre Moral e Economia Política é em si mesma apenas aparente; há uma
antítese e igualmente não há antítese. A Economia Política exprime à sua
própria maneira, as leis morais.
A ausência de exigências, como princípio da economia política, é atestada da
forma mais chocante em sua teoria da população. Há homens
em demasia. A própria existência do homem é puro luxo, e se o
trabalhador for "moralizado" , ele será económico ao procriar.
(Mill sugere louvor público aos que se mostrarem abstêmios nas relações sexuais,
e condenação pública aos que pequem contra a esterilidade do matrimónio; não é
essa a doutrina moral do ascetismo?) A produção de homens afigura-se uma
desgraça pública.
O significado da produção com relação aos ricos é revelado no que
tem para os pobres. No alto, sua manifestação é sempre requintada, disfarçada,
ambígua, uma aparência; nas camadas inferiores, ela é crua, franca, sem rodeios,
uma realidade. A necessidade áspera do trabalhador é fonte de muito
maior lucro do que a necessidade requintada do abastado. As moradias em
porões de Londres dão mais aos senhorios do que os palácios, i. é, elas
constituem maior riqueza no que toca ao senhorio e, assim, em termos
económicos, maior riqueza social.
Assim como a indústria se reflecte no refinamento das necessidades, também o
faz em sua rudeza, e na rudeza delas produzida artificialmente, cuja
verdadeira alma é a auto-estupefacção, a satisfação ilusória
das necessidades, uma civilização dentro da barbárie grosseira da
necessidade. As tavernas inglesas, são, portanto, representações simbólicas
da propriedade privada. Seu luxo desmascara a relação real do luxo
industrial e da riqueza com o homem. Elas são, pois, adequadamente, o único
divertimento dominical do povo, pelo menos tratado com brandura pela polícia
inglesa. »
E se, numa outra tradução se pode retirar, simplificando, que
«a moral da economia política é o ganho,
o trabalho e a poupança, a sobriedade…»,
a actividade económica (da economia política) veio tornando-se uma actividade de gestão de recursos para acrescer esses ganhos (para uns) à custa do trabalho e da poupança, da austeridade (para outros).
Mas... gestão de que recursos? Dos directos?, dos que a natureza faculta e os seres humanos colhem e transformam incessantemente para satisfação das suas necessidades materiais, sejam elas "refinadas" ou "rudes"?
... a ver vamos.
2 comentários:
Muitas contradicoes.A "producao filhîcola",ê fomentada pelo
capitalismo,ao mesmo tempo que,cînicamemte,a criticam com argumentos morais.Bom, aprendi mais um pouco.Obrigada,camarada.
Um beijo
Hoje a produção de filhos nem se discute, pois é impossível tê-los, dado o presente precário da juventude, o futuro incerto das crianças e as dificuldades de toda a espécie dos menos novos.
Cada vez mais é preciso organização e luta.
Um beijo.
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