sexta-feira, janeiro 11, 2013

"palavra puxa palavra" - Os Muros


Num blog em que semanalmente  participo com respostas a desafios à criatividade de um grupo de companheiros (sobretudo companheiras...), respondi assim com um texto que deveria ser a substituição das reticências que seguiam as palavras Os Muros, texto que ilustrasse uma fotografia (ou que esta fosse a ilustração do texto). 
Como segundo e outro desafio, "provocaram-me" para que aqui o publicasse. Aqui fica:
   
Os muros são obra dos seres humanos. É preciso lembrá-lo, porque os seres humanos têm propensão para esquecer, e a História é escrita por/para aparentes vencedores que precisam, hoje, que assim – de uma certa maneira... – seja contado o  ontem.
E muitos são os muros! Embora à memória logo nos venha um que foi, e não se pergunta porquê mas se lembra e festeja por ter deixado de ser. 
Porque assim se escreve a História. Que parece esquecer muros que ficaram. E são… muros que nos envergonham, como seres humanos que, pedra sobre pedra, os construímos e com eles convivemos. Lembro só três que não caíram mas que estão de pé, pedra sobre pedra: 
- o muro entre os Estados Unidos e o México, 
- o muro da Cisjordânia, construído por Israel em torno e por dentro dos Territórios Palestinos Ocupados, 
- o muro em Nicósia, que separa Nicósia de Nicósia, cipriotas de cipriotas, um verdadeiro arrepio para turistas de máquina fotográfica em punho para registo de viagens.
Haverá outros… Como os que protegem as videiras dos ventos e das lavas vulcânicas, e mais os que demarcam e escondem quintais e outros locais. E mais...

Miguel Torga disse que o universal é o local menos os muros e, já agora…, mais um muro outro, do imaginário, o que, nas suas aventuras tão maravilhosamente contadas por José Gomes Ferreira, o João Sem Medo saltou para sair de "Chora-Que-Logo-Bebes" e chegar à "Floresta Branca", essa espécie de "Parque de Reserva de Entes Fantásticos".

Abaixo os muros. Não todos, mas quase todos.

5 comentários:

Graciete Rietsch disse...

É preciso derrubar todos os muros, mesmo aqueles subjetivos que resultam do medo imposto pela precariedade que domina o nosso dia a dia. É difícil, bem sei, mas a resignação não pode triunfar sobre a razão e chegará o dia em que esta vencerá.

Um beijo.

Anónimo disse...

Sem seres moralista, lembras-te bem outros muros.

Um abraço.

J. Filipe

Olinda disse...

E os muros econômicos?E os muros sociais?E os muros racistas?

Um beijo

Anónimo disse...

ainda esta semana afixei à entrada do serviço uma frase tirada desses contos (de conhecimento recente) do José Gomes Ferreira "É proíbida a entrada a quem não andar espantado de existir", a abanar muros debaixo da pele.

um abraço

marco_jacinto

Ana disse...

Acrescento:
O muro imperialista que divide as duas Coreias!
O muro imperialista que rouba ao povo saharaui a sua pátria e os condena a viver no exílio no deserto da Argélia!