sábado, janeiro 19, 2013

Soares dos Santos e o Serviço Nacional de Saúde

O sr.  Soares dos Santos é muito parecido com a tia-avó que cada um de nós tem (ou teve) e que gosta (ou gostava) muito de dizer coisas. Coisas sempre cheias de "moral" e de ética e à boa maneira de Frei Tomás... façam o que ele diz e não o que ele faz.
Por isso, aqui tem este senhor aparecido com frequência em "posts" que até algum gozo me deram, também pelo pretexto para publicar (autorizado) um dos excelentes "retrato" de Fernando Campos.

Agora, no Expresso a comemorar 40 anos, lá vem ele "dizer coisas", repetindo  "frases batidas", como aquelas relativas à perseguição a que está sujeita a iniciativa privada em Portugal, e outras incursões por áreas do (con)senso comum, em que adianta sentenças com o ar de definitivas e muito reflectidas.
Desta vez, porém, numa dessas sentenças entrou no campo da ideologia e fez assim o papel do rei que vai nú (ou se despiu).
Vasco Cardoso tratou muito bem da questão, com as suas conexões, no "actual" do avante! desta semana, com o título Admite-se?!, a partir dessa entrevista.



É que SdosS, sobre o Serviço Nacional de Saúde, como a minha tinha-avó teria dito (ou bem aceite), afirmou que:



Claro que para muitos comuns dos mortais, intoxicados  pelo "informação" ideológica a que estão sujeitos, o homem até tem razão e revela profundo sentido ético. 
Tem lá algum jeito o "homem mais rico de Portugal" (parece que é...) ter um pacemaker à custa do Estado, isto é, à nossa custa? 
Ora a verdade é que, segundo a nossa ordem constitucional, todos os cidadãos (incluindo ele) têm direito aos cuidados de saúde e, para isso, todos devem contribuir na medida das suas possibilidades (ou rendimentos), pelo que que se pressupõe que ele tenha contribuído na proporão desses rendimentos que o tornam o mais rico de Portugal. 
Se não o fez - por manigâncias e fugas ao fisco para a Holanda e outras paragens-, o que está mal não é o SNS mas a insuficiência de receitas do Estado para cumprir as suas funções, por falta de contributos dele e de muitos como ele; o que está mal é o individualismo egoísta em vez da solidariedade social (bem diferente da caridadezinha selectiva e ganhadora de benesses celestiais).
Por outro lado, o Serviço Nacional de Saúde se consagrador de direitos constitucionais não impede ninguém de fazer as suas operações cirúrgicas em clínicas privadas no estrangeiro (e na que por aí proliferam, até pela "perseguida" iniciativa privada como o próprio demonstra= ou de compensar a sua fuga aos impostos com contribuições consignadas ao Serviço Nacional de Saúde.
O que francamente me causa alergia é a hipocrisia, a máscara ética de "boas pessoas" com que se escondem os egoísmos e as opções ideológicas em que "eu sou um (e não mais um)" e o outro são... os outros.


Marx escrevia que a “ a moral  da economia política é a riqueza em boa consciência, em virtude, etc., etc., etc.… mas como se pode ser virtuoso se não se existe, como se pode ter uma boa consciência se nada se sabe? (… se se concede ao) ao operário apenas o que ele precisa para que possa viver e ele só pode desejar viver para ter isso com que possa viver.



3 comentários:

Jorge Manuel Gomes disse...

EXCELENTE!

Mesmo, mesmo, na mouche!

Abraço, desde Vila do Conde,

Jorge

Graciete Rietsch disse...

Eu li o artigo de Vasco Cardoso e gostei muito. Agora o sr.SdoSS, saiu-me cá um daqueles colaboradores dos que defendem uma classe com todos os direitos e regalias e outra dos que a nada têm direito, até ao próprio pão.
Como não defender e atuar de acordo com a luta de classes?!!

Um beijo.

Antuã disse...


O Ss vai para o Inferno que se lixa.