Portugal apresenta um dos mais elevados níveis de desigualdade do
rendimento na União Europeia, e o impacto das prestações em dinheiro, na
diminuição das desigualdades, é ligeiramente inferior à média europeia, segundo
um investigador do Banco de Portugal.
No Boletim Económico de Inverno, hoje publicado, um dos artigos, da autoria
de Nuno Alves, do departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal (BdP),
debruça-se sobre a redistribuição do rendimento em Portugal e na União
Europeia.
O objectivo passou por avaliar a eficiência redistributiva das prestações
sociais em dinheiro, nos vários países da União Europeia, sublinhando que estas
prestações incluem todas as transferências em dinheiro, recebidas pelos cidadãos
ou famílias, relativas a desemprego, doença, acidente, invalidez, exclusão
social, educação ou habitação.
O autor lembra que "as políticas redistributivas visam assegurar uma maior
equidade e uma maior igualdade de oportunidades entre os cidadãos", e conclui,
em primeiro lugar, que "as políticas de redistribuição reduzem
significativamente a desigualdade do rendimento na União Europeia, embora com
uma elevada heterogeneidade entre países".
"Portugal apresenta um dos mais elevados níveis de desigualdade do rendimento
na União Europeia - particularmente acentuada no rendimento base e na mediana
superior da distribuição do rendimento - e um grau de redistribuição, por via
das prestações em dinheiro e dos impostos sobre o rendimento, próximo da
média europeia", lê-se no artigo.
Por outro lado, no que diz respeito ao sistema de impostos, Nuno Alves
sublinha que este "tem sempre um papel fundamental" no que diz respeito ao
financiamento "do instrumento mais poderoso de combate às desigualdades no longo
prazo: o investimento em educação".
"Numa sociedade com uma desigualdade excessiva como a portuguesa, existe
necessariamente uma discrepância acentuada entre quem sustenta o pagamento de
impostos e quem mais beneficia das prestações sociais em dinheiros", aponta o
investigador.
Avaliando a eficiência de cada instrumento de política, o autor aponta que,
em Portugal, as prestações em dinheiro (excluindo pensões) têm um impacto
redistributivo relativamente baixo no contexto europeu.
"A decomposição deste impacto permite apurar que este resultado decorre
exclusivamente da dimensão relativamente modesta daquelas prestações em
Portugal", já que, "em termos de eficiência, Portugal é mesmo um dos países em
que as prestações em dinheiro são mais orientadas para os rendimentos mais
baixos", lê-se no relatório.
O autor acrescenta que, no que se refere aos impostos sobre o rendimento, "o
seu efeito redistributivo em Portugal é superior à média europeia, o que resulta
de uma maior progressividade dos impostos sobre o rendimento".
Esta análise teve por base os dados de 2010 da UE-SILC, as estatísticas
europeias sobre rendimentos e condições de vida.
2 comentários:
Companheiro, esta é uma visita rápida, serve apenas para
apresentar e divulgar “o blog 2013 – Centenário de Álvaro Cunhal "
Esperamos visitas de retribuição e colaboração.
Os autores
Enviar um comentário