domingo, agosto 12, 2007

Miguel Torga

Em tempos que vivemos, sabia este poema de cor e, de vez em quando, gritava-o! Porque não queria chorar, porque não sabia cantar, porque recusava fugir.
Também hoje, neste tempo que vivemos, por vezes apetece cantar, apetece chorar, apetece gritar, apetece fugir. Mas, nesses tempos que vivemos como neste que estamos a viver, há que gritar, há que chorar, há que cantar. Há que lutar, seja cantando, ou chorando, ou gritando!

Dies irae

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

Miguel Torga

3 comentários:

GR disse...

Lutar é o caminho!
Não podemos ficar emudecidos.
Há que agir!
Mesmo que seja recitando este poema que nos exalta para uma tomada de consciência!
Viva Miguel Torga!

GR

GR disse...

O nosso amigo "canhotices" realça para o facto de não ter estado nenhum representante do governo no aniversário do escritor Miguel Torga!
Digo eu,
Nem 1º ministro, nem ministra da cultura, nem secretário de coisa alguma, nem o secretário do secretário!
Como socrates recebeu tão bem; Bill Gates, Al Gore, Henry Kissinger, Tiago Monteiro, Cristiano Ronaldo e tantos outros!
Dr. Adolfo Rocha era tão-somente MIGUEL TORGA que o desgoverno socrático anticultura desconhece!
Já não há respeito!

GR

Rosa dos Ventos disse...

E continua a apetecer tudo isso...