sábado, novembro 10, 2007

Princípios... - 10

5. O princípio e as suas privatizações
ou
Os fundamentos e algumas fundações

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O princípio de direito à cultura
(continuação)
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(...)
E agora?
Assim se teria estabelecido um certo equilíbrio dinâmico. Com um papel predominante para as fundações criadas por “poderosos da Terra”, talvez também como actos de contrição, ou como formas de “chegarem ao céu”, ou para castigar herdeiros imerecidos, ou para se evitarem perguntas sobre as razões desse poderio.
Com obra meritória, não se nega. E, muitas vezes, substituindo-se – como sua função –, às funções que do Estado seriam, ou teriam sido.
Mas todos os equilíbrios dinâmicos tendem a desequilibrar-se. Porque são dinâmicos…
E as fundações antigas e emergentes adaptam-se, como os Estados – e tantas vezes são até ditas serem Estados dentro do Estado – a um capitalismo que perdeu os limites, as condicionantes, as estribeiras. E tudo o que não é mercado… não é. Ou não pode ser!
Daqui, acabarem-se com grupos de bailado com 4 décadas, com a verdadeiramente monstruosa argumentação de que irão apoiar os bailarinos que despedem em resultado da decisão unânime e irreversível, ajudando-os a criar as próprias empresas de bailado.
Tal como foi feito com os metalúrgicos dos estaleiros, ou com as costureiras dos têxteis, ou com os hospitais empresarializados em SA.
Tudo privatizado, cada cidadão uma empresa, ao torno, à máquina de costura, na sala operatória, no palco ou onde se faça espectáculo. Mas, atenção!, uma empresa que tem de "dar lucro". Porque, se não for para dar lucro há quem não perceba o que anda por cá a fazer o cidadão-empresa. Por cá, por neste mundo globalizado e neo-liberal. E passou a ser... descartável.

Só que…
Só que… nós sabemos, ou queremos saber, o que andamos por cá a fazer.
E vamos tomando consciência que não andamos por cá para sermos empresas que dêem lucro, que não é para sermos parte de um mundo em que uns tratam os outros como seus inferiores. Como peças das suas máquinas, ou alimento ou diversão dos seus lobos.
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estes "princípios", por agora, ficam por aqui.
foram o que se sentiu necessidade de afirmar em 2005... e agora.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sérgio, estes princípios são, para além de tudo, princípios de gente séria, ou,como dizia a Mila Manta (de Gouveia)princípios escritos por um homem honrado. E, acrecento eu, qundo são escritos por economista que escreve com tanta clareza, é um regalo lê-los.