terça-feira, dezembro 09, 2008

BPP? Um banco privado para os portugueses?

De repente(mente) tomei consciência que ainda aqui nada teria dito sobre o Banco Privado. Pareceu-me falta grave, de tal modo acho o caso… paradigmático.
Decidi-me. Comecei por ir à pesquisa Google, li um material promocional ainda (ao que parece) em prazo de validade e informei-me melhor. Está lá escrito, a abrir, que “a sua (do BPP) missão primordial consiste na preservação e valorização do património dos clientes, através da implementação de estratégias de alocação de activos adaptadas às expectativas de rendibilidade e ao perfil de investimento evidenciados”. Pois…
Depois, vi um pequeno filme com protagonistas que conheço bem, o que é sempre bom. Quantos de nós não vão ao cinema por causa dos actores e não do realizador, do tema ou do título? Ver as caras e “performances” de Balsemão, Rendeiro, Miguel Júdice e outras caras familiares (é como quem diz…), e algumas não conhecidas mas jovens e larocas é mesmo chamariz. E o som daquela voz a convencer-nos mesmo… se tivéssemos um milhão de euros debaixo do colchão e o quiséssemos acrescer sem nada fazer a não ser ir ao BPP.
Por ter lido "preservação", fui calçar as luvas com que costumo lavar a louça, que assemelho a preservativos para cinco dedos de cada mão, pois tais preservações começaram a servir para prevenção de gravidezes indesejadas e hoje são para preservar contágios e efeitos nefastos dos detergentes. É verdade, tomei estas precauções antes de começar a escrever sobre "isto", a teclar o que aqui está. Aviso porque se houver erros de “frappe” é por essa razão.
Numa palavra (que serão duas ou três…), isto é uma vergonha! Gritante, ilustre e ilustradora.
Todos poderíamos, agora, exigir que nos compensassem por termos comprado um bilhete de lotaria, ou jogado no euromilhões, e nada nos ter saído. Que nos devolvessem o dinheiro que arriscámos e, pelo menos!, parte do que deveríamos ter ganho na “aposta” e não ganhámos. O facto do governo e a Caixa, que do Estado é, servirem de garantia que quem jogou não vai perder, nem o que jogou nem o que poderia ter ganho, dá-nos esse direito.
Já lá vai o tempo de Marx e Engels que, há 160 anos, escreveram que “o moderno poder exclusivo do Estado é apenas uma comissão que administra os negócios comunitários de toda a classe burguesa”. Hoje, o Estado moderno teria de ter outros modernos poderes, como os de acudir aos que compram vigésimos que não têm terminação.

Pronto! Está bem… já ouvi: ainda é o capitalismo, estúpido! E moderno. E continua a haver a “classe burguesa” e os outros, os das peças para automóveis, e os mineiros, e os trabalhadores rurais e os pescadores, e os escriturários, e os professsores, numa palavra, os assalariados, ou. como está em certos estatutos, a classe operária e todos os trabalhadores.
Também... só passaram 160 anos!

9 comentários:

Anónimo disse...

...e nestes 160 anos cada classe foi evoluindo à boa maneira capitalista os ricos cada vez mais
ricos os remediados cada vez menos remediados e os pobres cada vez mais pobres, e o povo cada vez mais "parvo".
Abraço

Anónimo disse...

No domingo Marcelo Rebelo de Sousa referiu este caso dizendo que o BPP tinha dividas a várias entidades bancárias internacionais e depósitos das Caixas de Crédito Agricola.Como sei que é economista queria pedir-lhe que me esclarecesse se esse facto pode provocar risco sistémico.

Anónimo disse...

O "risco stémico" começou quando os bancos tinham mais de cinco milhões de euros por dia e pagavam impostos inferiores aos nossos.

Anónimo disse...

Se este pico de crise surgiu quando começamos a não ter como pagar as nossas dívidas aos bancos, porque o dinheiro injectado no sistema vai directamente para os bancos, e não são usados para pagar directamente essas nossas dívidas? (está resposta julgo saber)

Quantas casas não ficariam pagas desta maneira. Com o que foi injectado, talvez desse já para pagar os domicílios a todo o povo norte-americano, e não só. Isto sim, era dar confiança!!

Como sei que é economista: há alguma boa razão para que isto não deva ser feito?

samuel disse...

E não havia o "tio" Balsemão de ter feito uma capa toda laroca no seu "Expresso", dizendo (muito feliz) que o Estado salvou o BPP para defender a imagem de Portugal!... Claro que foi!

Abraço

Anónimo disse...

"João Talone, disse hoje, num almoço promovido pela Associação Cristã de Empresários e Gestores de Empresas (ACEGE), que o Governo português tem estado a ter uma “actuação positiva” na resposta à crise. “O sistema financeiro está a funcionar bem e o Governo português está a trabalhar melhor que o espanhol, que só agora começou a tomar medidas”, disse o presidente da “private equity” Magnum Capital."
in Diário Económico.

Anónimo disse...

Isto da banca e outros grupos económicos é tudo gente "boa". Porque é que as mães não os abortaram?

Anónimo disse...

No entanto, na opinião de João Talone, o “Governo tem que fazer um esforço para ser mais transparente” relativamente a essas mesmas medidas contra a crise financeira.

Menos feliz, diz ainda, tem sido a atitude da oposição, principalmente o PSD. Para João Talone, a “oposição não tem estado à altura” e a sua actuação “tem sido destrutiva”. Segundo o empresário, para evitar que a demagogia política afecte casos que envolvem várias instituições financeiras, deve “haver uma plataforma relativamente alargada que junte o PS e a oposição ao centro”.

Nesse sentido, o presidente da Magnum Capital dissse que Portugal pode estar “à beira de acabar com as elites como aconteceu no 25 de Abril”. João Talone recorda que, com a forma como os casos BCP ou BPN foram tratados “a imagem que vai passar é a de que as elites são um conjunto de ladrões e que não estão à altura de resolver os problemas”.

Por fim, João Talone diz que a emissão de obrigações da garantia que a CGD fez a semana passada mostra que “há cada vez menos liquidez”.

“A Caixa foi ao mercado e pagou um ‘spread’ de cerca de 90 pontos base. Isto mostra que os ‘spreads’ estão a crescer face às últimas emissões feitas na Europa. Mas não porque o risco de Portugal é maior do que o de Inglaterra, por exemplo, mas porque há cada vez menos liquidez”, disse.

Ai Jesus, vai de retro Satanás

Anónimo disse...

Quando acabar a liquidez e antes que nos liquidem o melhor é liquidá-los.